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1. Teoria da dissolução
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Arquimedes Lavorenti. Professor Associado do Depto. de Ciências Exatas, ESALQ/USP, Caixa Postal 9,
13418-900 – Piracicaba – SP. E-mail: alavoren@carpa.ciagri.usp.br – Publicação Destinada ao Ensino de Ciências -
Química - 28/3/2002
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q+ q- 1
F = --------- -----
r2 ε
Estes aspectos servem para evidenciar que a solubilidade da substância vai depender
primariamente de sua natureza (carga e tamanho dos íons) e do solvente utilizado.
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Podemos representar o processo de dissolução pela equação:
que compreende a separação dos íons M+ e X- do cristal e sua interações com moléculas do
solvente água.
Quando um composto iônico pouco solúvel AmBn é misturado à água, ele se dissolve
em pequena extensão, a uma dada temperatura. Quando a concentração do sal dissolvido atinge
um determinado limite, a dissolução não continua mais, pois se atingiu um estado de equilíbrio
entre a fase sólida e os íons em solução. Dizemos que a solução está saturada e a seguinte reação
pode ser obtida:
a(An+)m a(Bm-)n
Kt = -----------------------
a(AmBn(s))
onde a(An+) e a(Bm-) representam as atividades dos íons na solução saturada e a(AmBn) é a
atividade do sólido o qual por definição é igual a unidade. Desse modo a expressão de equilíbrio
fica:
Ks = [An+]m [Bm-]n
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onde: Ks = constante do produto de solubilidade aparente ou simplesmente constante do produto
de solubilidade;
[An+]m [Bm-]n = as respectivas concentrações molares dos íons do sal pouco solúvel, na
solução saturada.
Como todo equilíbrio está sujeito a variações com a temperatura, fica evidente que o
valor do produto de solubilidade também variará com a temperatura, quando expresso em termos
de atividade, pois:
∆Go = - RT ln Ks
- ∆Go /RT
Ks = e
porque cada mol de AmBn que se dissolve produzirá m mols de A+ e n mols de B-. Portanto a
expressão do produto de solubilidade pode ser escrita:
Ks = [A+]m [B-]n
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ou
S = m+n
√Ks/mmnn
Portanto, a solubilidade do cloreto de prata é de 1,7 10-5 mol L-1 ou 1,7 10-5 mol L-1 x
143,5 g mol-1 = 2,44 10-3 g L-1.
AB(s) ßà A+ + B-
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sendo: aA+ = CA+ f+
-
aB- = CB- f
aA+ = S f+
-
aB- = S f
aA+ = S1 f1+
-
aB- = S1 f1
log f = -AZ2õ
Fica evidente que para essa solução saturada em água pura o número e concentração
dos íons presentes é menor que na solução saturada salina. Portanto, se chamarmos de µ a força
iônica da solução saturada em água pura e µ1 a força iônica da solução saturada salina:
µ1 > µ
por conseqüência:
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Como a solubilidade da substância pouco solúvel é dada por:
temos:
então:
S1 > S
log f = -A Z2 õ
Quando uma substância pouco solúvel é dissolvida numa solução que contém um de
seus íons, proveniente de outros sais bastante solúveis, ocorre o seguinte:
Admitindo-se que a substância pouco solúvel seja AB, e que se dissolve em uma
solução de uma sal bastante solúvel NaB, cuja concentração molar é Cd. O equilíbrio que se
estabelece entre o sólido e sua solução saturada é representada por:
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Cd = concentração molar do sal bastante solúvel NaB.
Ks = S (S + Cd)
Ks = S2 + S Cd
Como no geral S é uma quantidade muito pequena, na soma S2 pode ser desprezado
em função de S Cd, e a expressão fica:
Ks = S Cd à S = Ks/Cd
Exemplo: Supor que o sal pouco solúvel seja o cloreto de prata, AgCl, que se tenta
dissolver em solução de AgNO3 0,01 M. O produto de solubilidade do AgCl é 2,8 10-10.
Uma outra maneira de visualizar o efeito do íon comum pode ser feito através da
reação:
AB(s) ßà A(aq)+ + B(aq)-
Se o sal pouco solúvel AB(s) está sendo dissolvido em solução solúvel de XB, onde o
íon B é comum ao sal, então irá aumentar a concentração de B-, na solução, deslocando, portanto
+
a reação para a esquerda (Principio de Le Chatelier) e diminuindo a solubilidade do sal AB, para
poder manter constante a constante de equilíbrio Ks.
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4.3. Efeito do pH
MA(s) ßà M+ + A-
S S S
CA = [A-] + [HA]
α = [A-]/CA ou [A-] = α CA
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A partir da equação de ionização do ácido pode-se deduzir os valores de α:
Ka1 Ka2
α = -----------------------------------
(H+)2 + Ka1 H+ + Ka1 Ka2
Ka ef = [M+] CA = Ka/α
5. Formação do precipitado
O estudo do equilíbrio iônico entre uma fase sólida de composto pouco solúvel e os
seus íons em solução não se aplica apenas a dissolução desse composto pouco solúvel, mas
também à sua formação no processo de precipitação.
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Ks = CM+ CA-
onde: CM+ e CA- são, respectivamente, as concentrações molares dos íons M+ e A-. Portanto,
conhecendo-se CM+ pode-se obter a concentração mínima de A- a partir da qual pode ter início a
precipitação de MA, ou seja:
CA- = Ks/CM+
Obs: O que interessa na verdade é obter um valor de concentração, para os dois íons
livres, de tal modo que o produto de seus valores atinja o valor do produto de solubilidade (Ks) da
substância. Ou seja, a substância precipita apenas quando seu valor de Ks é atingido.
Ks = [M+]n [A-]m
Ks = CM+n CA-m
CA- = m
√Ks/CM+n
Se tivermos na solução íons que formam com um terceiro íon compostos pouco
solúveis e se os produtos de solubilidade desses compostos diferirem suficientemente, é possível,
controlando a concentração do terceiro íon, obter a precipitação de apenas um dos compostos
pouco solúveis, ou seja, a separação de apenas um dos íons na forma pouco solúvel. Este é o
princípio da precipitação controlada.
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Como o controle direto da concentração dos íons é difícil, devido principalmente a
localização do íon precipitado no meio da solução, recorre-se a precipitação utilizando o controle
da concentração do íon precipitante, através de outra reação.
Kb = [NH4+] [OH-]/[NH3]
COH- = n√(Ks/CM+n)
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5.2.2. Precipitação controlada de sulfetos
Outro íon capaz de formar compostos pouco solúveis com vários íons metálicos é o
sulfeto. Sendo MS o sulfato metálico pouco solúvel, cujo produto de solubilidade é Ks, a
concentração iônica mínima necessária para precipitar o metal numa solução de concentração
conhecida CM2+, é dada por:
MS ßà M2+ + S2-
Ks = CM2+ CS2-
CS2- = Ks/CM2+
A concentração de íon sulfeto numa solução pode ser controlada, baseada na reação
de hidrólise do H2S, representada por:
desde que uma solução saturada em H2S, à temperatura ambiente, é aproximadamente 0,1 M,
pode-se substituir o valor de H2S = 0,1 teremos:
pela expressão final, nota-se que controlando a concentração de íons hidrogênio da solução, ou
seja, o pH, pode-se controlar a concentração de sulfeto.
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