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CAPÍTULO INTERMEDIÁRIO

EFEITOS DA FORÇA CORTANTE NAS PEÇAS ESTRUTURAIS

Distinção entre cisalhamento e corte

Cargas axiais e cargas transversais

As cargas axiais são forças que atuam paralelamente à dimensão dominante das
peças estruturais, tendo como suporte o próprio eixo das peças e originando forças internas
do tipo normais (N).

Figura 0-1

No caso das cargas transversais sua atuação se dá segundo a direção perpendicular


ou inclinada (oblíqua) em relação ao eixo da peça

Figura 0-2
Efeitos das cargas transversais

Existem dois tipos de efeitos de cargas transversais:


Capítulo Intermediário: Efeitos da força cortante nas peças estruturais 2

-Oblíquas ao eixo da peça → podem ser decompostas em duas componentes:


a) Componente paralela ao eixo da peça → carga axial;
b) Componente perpendicular ao eixo da peça.

-Perpendiculares ao eixo da peça.

A componente das oblíquas que é perpendicular ao eixo da peça, juntamente com


as cargas transversais que já se aplicam nesta direção, origina as denominadas CARGAS
TRANSVERSAIS propriamente ditas.
As cargas transversais originam nas seções retas das peças sobre as quais atuam
dois tipos de esforços internos: a força ou esforço cortante (FC ou EC); e o momento fletor
(MF).
*Solicitação ao corte: a influência do momento fletor é desprezível em relação à da
força cortante, de modo que o comportamento da peça é comandado pela FC. Isto ocorre em
peças curtas e grossas submetidas a cargas transversais.

Figura 0-3

*Solicitação à flexão: a influência do momento fletor é preponderante em relação à


da força cortante, de modo que o comportamento da peça é comandado pelo MF. Isto ocorre
em peças longas e finas submetidas a cargas transversais, nas quais a influência da força
cortante é secundária, caracterizando apenas um cisalhamento sobre a peça.

Figura 0-4
Capítulo Intermediário: Efeitos da força cortante nas peças estruturais 3

Exemplos de solicitação ao corte

Introdução

Existe um grupo de peças estruturais que trabalham eminentemente submetidas ao


corte. Tais peças constituem os elementos de ligação entre outras peças na composição das
estruturas e se classificam nos seguintes tipos:
→ conectores: pinos, rebites e parafusos;
→ soldas;
→ tarugos de madeira.

Exemplos de ligações com pinos e rebites

Características dos pinos:


- Têm diâmetro da seção transversal da mesma ordem de grandeza do
comprimento;
- São colocados entres as peças a ligar sem nenhum procedimento adicional de
ajustagem;
- Permitem grandes rotações entre as peças conectadas;
- São geralmente utilizadas em estruturas desmontáveis

Características dos rebites:


- Grande diâmetro da seção transversal em relação ao comprimento;
- Trabalham submetidos a tensões iniciais, geralmente desprezíveis;
- Só permitem pequenas rotações entre as peças conectadas;
- Só devem ser usados em estruturas não desmontáveis

Obs.: apesar de serem elementos de ligação distintos, em termos de tensões


atuantes os pinos e os rebites apresentam comportamento análogo.

Exemplos de ligações com pinos e rebites:

Figura 0-5
Capítulo Intermediário: Efeitos da força cortante nas peças estruturais 4

Figura 0-6

Figura 0-7

Exemplo de ligação com solda

Figura 0-8

Exemplo de ligação com tarugos de madeira

Figura 0-9
Capítulo Intermediário: Efeitos da força cortante nas peças estruturais 5

Análise das Tensões nas ligações com pinos ou rebites

Natureza das tensões atuantes

Considere a ligação com pinos ou rebites esquematizada abaixo:

Figura 0-10

Nesta ligação podem ser considerados os seguintes tipos de tensão:


i) Tensão de cisalhamento (ou corte) no pino ou rebite → é a tensão que surge em
cada plano de corte;
ii) Tensão de esmagamento do material das chapas ou do conector → é a tensão
normal de compressão que ocorre na região de contato entre a parede lateral do furo das
chapas e o corpo do conector. Essas tensões estão representadas na figura anterior pelos
símbolos:
* σ I → Tensão de esmagamento do material das chapas principais (I);

* σ II → Tensão de esmagamento do material das chapas auxiliares (II).

Normalmente se usam conectores de materiais mais resistentes que o das chapas,


de modo que o esmagamento tende a ocorrer ao longo da superfície lateral dos furos das
chapas e não do conector. Na figura anterior estão representadas por:
iii) Tensão de arrancamento do material das chapas disposto longitudinalmente
entre dois conectores consecutivos ou entre o conector e a extremidade da chapa → é uma
Capítulo Intermediário: Efeitos da força cortante nas peças estruturais 6

tensão do tipo cisalhante ocorre sobre planos de corte perpendiculares ao plano das chapas,
tomadas na direção longitudinal em relação à solicitação, tangenciando o corpo do conector.
* τ I → Tensão de arrancamento do material das chapas I;

* τ II → Tensão de arrancamento do material da chapa II.


Obs: desde que sejam respeitadas certas distâncias mínimas, estabelecidas em
norma, entre os conectores e entre estes e as extremidades das chapas, essas tensões de
arrancamento não constituem perigo algum para a ligação, podendo ser, dessa forma,
desprezadas durante o dimensionamento.

Cálculo destas tensões

Esse cálculo depende das particularidades de cada ligação, devendo, portanto, ser
feito de acordo com estas.
De um modo geral, admitiram-se valores médios das tensões, embora a distribuição
real seja dificilmente conhecida, sendo calculadas por:
FC FN
τ = e σ =
A A
Onde: FC → Força Cortante
FN → Força Normal
A → Área da seção ou região na qual atua FC ou FN

Exemplo de Ilustração:
Considere a ligação com pinos ou rebites ilustrada na figura a seguir:

Figura 0-11

*Particularidades desta ligação:


→ quantidade de rebites: 6
→ força em cada rebite: P/3
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→ quantidade de planos de corte em cada rebite: 2


→ diâmetro dos furos das chapas = diâmetro dos rebites (acabados) = d
→ espessura das chapas principais: t I

→ espessura das chapas auxiliares: t II


→ espaçamento longitudinal entre os furos das chapas principais e a extremidade
mais próxima: lI
→ espaçamento longitudinal entre os furos das chapas auxiliares e a extremidade
mais próxima: lII
* Distribuição das cargas na ligação

P/3

área considerada no
cálculo das tensões
normais

Figura 0-12

*Cálculo das Tensões


I) Tensão de cisalhamento no rebite:
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P6 4P 2P
τ = ⇒τ = ⇒τ =
πd 4
2
6πd 2
3πd 2
II) Tensão de esmagamento
σ I → esmagamento das chapas principais
P3 P
σI = ⇒ σI =
tI d 3t I d
σ II → esmagamento das chapas auxiliares
P6 P
σ II = ⇒ σI =
t II d 6t II d

III) Tensão de arrancamento


l

P/3

área considerada no
cálculo das tensões de
arrancamento

Figura 0-13

τ I → Tensão de arrancamento do material das chapas principais


P6 P
τI = ⇒ τI =
lI t I 6lI t I
τ II → Tensão de arrancamento do material das chapas secundárias
P 12 P
τ II = ⇒ τI =
lII t II 12lII t II

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