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Tornar-se trans, o agir político e o transcender dos padrões de gênero.

Tomando como referencial a proposição de ( ) que asserta que o gênero é uma construção social
na qual os indivíduos são inseridos compulsoriamente, defende-se neste texto o caráter psico-
sociopolítico da identidade de gênero. Para além dos processos intrapessoais envoltos no
processo de identificações de gênero, a relação dos sujeitos com esse constructo social: gênero,
assume um caráter sociopolítico. Estar no mundo enquanto um sujeito que não se enquadra nas
normas sociais de gênero é um ato de contínuo confronto e quebra do status majorante da
cisgenereidade. Em contrapartida a este modo de viver sua identidade, institui-se como
mecanismo de eliminação de seus corpos, discursos e espaços de poder a violência ética. Este
mecanismo elucidado por Buttler e citado por Mirella de Andrade (2017) constitui-se no ato de
tentar silenciar, neutralizar e extinguir os diversos modos de agir e estar nas relações sociais
devido a uma incapacidade de abarcar este modo de ser.

A partir do conceito de violência ética pode-se compreender as violações instituicionais dirigidas


aos corpos que não cabem na cisnormatividade. A patologização destes pelo saber médico, as
barreiras jurídicas enfrentadas para o exercício de seus direitos civis e as adversidades
enfrentadas no acesso as tecnologias biomédicas que funcionam enquanto possibilidades de
expressão das identidades destes corpos. Os corpos que não se encaixam nas normas sociais
não são lidos enquanto modos de estar no mundo válidos e por isso sofrem a todo tempo
tentativas de deslegitimização. Nesse sentido ao mesmo tempo que o sujeito trans se percebe
enquanto não enquadrado na cisnormatividade, é também violentado nas diversas relações
sociais e institucionais que vive. Apreende-se a partir disto que o tornar-se trans é indissociável
do agir político.

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