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Capitulo XX1 A Posi¢ao Depressiva no Desenvolvimento Emocional Normal (1954-5)! ESTA E UMA TENTATIVA de apresentar 0 conceito de Posigao Depressiva, de Melanie Klein, de um modo pessoal. A fim de manter-me leal aela, devo es- clarecer que nao estive em anilise com ela, nem com qualquer pessoa anali- sada por ela. Decidi estudara sua contribuigdo por seu valor para mim ¢ para ‘o meu trabalho com criangas, ¢ estudei com ela entre 1935 ¢ 1940 sob a for- ma de supervisio para os meus casos clinicos. A apresentagao feita por ela mesma pode ser encontrada em seus escritos (1935, 1940). A palavra ‘normal’ no titulo é importante. O complexo de Edipo carac- teriza o desenvolvimento normal ou saudavel das criangas, ¢ a posigao de- pressiva ¢ um estigio normal nodesenvolvimento de bebés saudaveis (tanto quanto a dependéncia absoluta, ou narcisismo primirio, um estagio normal do bebé saudavel no inicio ou logo depois.) O que gostaria de enfatizar é a pos normal enquanto uma conquista. ‘ano desenvolvimento ao depres Um dos aspectos da posigdo depressiva é 0 de que 0 termo se aplica a uma area de psiquiatria clinica situada a meio caminho entre os lugares de origem da psiconcurose ¢ da psicose, respectivamente. A crianga (ou pessoa adulta) que aleangou a capacidade para relacio- nar-se com outras pessoas, caracteristica do bebé saudavel na época em que aprende a andar, para a qual é viavel a analise normal com suas infini- tas variagdes de relagdes humanas triangulares, wlirapassou e foi além da posi¢io depressiva. Por outro lado, a crianga (ou pessoa adulta) que esta 1 Trabatho apresentado 4 Seyo Média da British Psychological Society em fevereiro de 1955. Publicado no Brit J Med Pawhol vol. XXVIIL, 1955 ariamente as voltas com os problemas inates ct imegtayao dit perse prion nalidade ¢ com o inicio do relacionamento com o meio ambiente ainda nko aleangou st posigdo depressive em seu desenvol imeme pesse Em termos de ambiente: 31 erianga que aprende familiar, constituindo uma vide instintiv imerpessoais, ¢ 0 bebs esta sendo sustentado por uma ma Adar encontee dentro auc se adapt s¢ 0 bebé ou crianga pequena numa situs relagoes necessidades do ego. Entre 0s doi aque chega isso, sendo sustentads to lot encontrs 4 posigdio depressivit sendo sustentidit pela mie, porém mais que ode uma fase de sua vida, Note-se que foi m+ troduzido aqui um fator rempo,¢ a mie suster suarcau de modo que o eat bebé tenha a chance de ins: borin as conscqiigneias de suas experi¢neia tintivas. Contorme veremos, essa elaboragio ¢ comparavel to proceso di- stiv, ¢ Gio complenst situaga A conseqiiéne suma coisa, A técnica materna permite que oamor eo ddio coenistentes no MO Este. ico Amie sustents oc ofazde nove ¢ de nove, num periode er da vida do bebe. al bebé se distingam um do outro, ¢ que em seguida venham st s¢ intersrekt- de que algo pode ser feito a respeito de cionar ¢ tornem- ¢ yradualmente controkiveis « partir de dentro, de um modo que chamamos de saudivel. at idade do desmame. O momento conereto do Imaginemos um bebe desmame v, idade do. ade zcordo com os padrdes cultursis, mas para mim aquela na qual o bebg comes: desmame ¢ bringar de deixar eair as coi Brinear de de Cain ats coisas, dos cinco mes alyo que comega por volts fica normal até, digamos, um ano ou dezoite € prossegue como caracter meses, Portanto, imayinemos um bebé que aperleigoou bastante a cirte de deixarcair coisas — diy 1920. Ver tunbem oC: A posi os por volia dos nove meses de idatde. (Ver Freud, piv Jo depressive ¢ uma aquisigdo que pertence a idade do desma- al nda: metade do prim finn velmenie normal, Sabemos tumbém que, em muits ¢ se encontram em aniilise, a aproximagao ¢ reaproximagio em relagio a posi- gio depressiva so al me. Quando tudo vai bem, essit posigAo | abelecidaem algum INE at ngada ees iro ano. N: tr-se, MesmMo nunr des momento du io é ratro que ela leve: is tempo pars bastante ma ‘olvimento razoa angas ¢ adultos que zuns dos aspectos importantes da anilise, indicando falha anterior 3 ess progresso ¢ to mesmo tempo indicando que houve un fi gus iremias enconteat a Kies ON ‘sem semte uide peopulsemn teptinvide esta dist asia yome vara aguistyde no desces olsuaigate etestonsl OA PEOINIRA A PSICA © € necessiirio fixarmos uma idade exata. possivel ques Icancem wm momento de posigio depressiva an- m ¢ talvez até bem antes desta idade. Uma aquisigzo desse tipo nos forneceria um indicador positivo, mas cla nao implica em que a po- sigdo depressiva tenhit se transformado num fendmeno estabelecido. Quan- do me deparo com um analista que faz uma reivindicagio exe posig2o depressiva na parte do desenvolvimento anterior a lade, sinto pena de que um conceit tao valioso seja desperdiga uso que atenta contra a sua credibilidade. O motivo pelo qual ew nao busco es nio ¢ por considera-la uma époea livre de coi: acontece desde o primeico momento © mesmo desde antes do nascimento. estagio de desenvalvimento, Ni tes do; Mas tenho diividas quanto a se esses incidentes sejam da clevada compleni- dade implicit 4 posigtio depressiva ansiedade ¢ a esperanga por um certo periodo de tempo. Se, no entanto, ficar provado que um bebé teve um momento de posig’ emana de vida, eu 4 Galgo que se localiza entre os seis ¢ os doze meses ¢ que representa um evidéncia cada vez mais forte de um crescimento pe que depende de uma provisio ambiental sensivel ¢ continua. E possivel definiras pre igo dt posigao depre: va. Temos un 10 de experiéncias priticas nesse sentido, devi- grande niimero de vezes em que observamos pacientes de todas as atingirem esse estigio do desenvolvimento emocional sob as clara de uma anilise bem-sucedida, Os estigios anteriores devem ter s problemas, nit Vide ou na and —tais como a capacidade de sustentar ) ficarei muito perturbado. Até 14, a posigao depressi- soal, crescimento esse digdes para a aqui alongs tradi das 0 Ss idade: aados sem demasind is posi bebe deve ter conseguido estabelecer-se como UMA PX harese CoM pessoas inteiras enquanto pessoa inteira mento que o scio da mae é uma pessoa inteira, pois quando o bebé se toma uma pessox inteira o seio, o corpo da mae. 0 que quer que dela exista, qual- quer parte, passa a ser percebida pelo bebé como ouwem ° oat inteira, ¢ relacio- Considero ni amas, para que a jodepr asejaaleangada. A fim de aleangie! te Mo- O inteiro. Presumindo que tudo o que aconteccu antes aconteceu da melhor 1 neira, poderemos dizer. ao falarmos de um bebé inteiro relacionado a uma ive inteira, que foi aleangado o estigio em que a posigdo depressiva pode ser adquirida, Sendo € verdade que o bebé agora ¢ inteiro, entio nada do que tenho a dizer sobre a posigdo depressiva é relevante, O bebé simplesmente vai em frente sem cla, E muitos assim fazem. De fato, em p: esquizdi- destalvez nao haja uma aquisigao signiticativa da posig care: 388 OY. WANICCT criagdo maica seja utilizada para preencher o vazio do que deserevemos com os termos reparagioc restituigz0. Conhego analistas que buscam a posi- gto depressive em pacientes para os quais 0 ocorrcram as precondigdes nee ssistir 2 um fracasso, ¢ acon: rias. Obviamente é um tanto patético. clusio subseqiiente de que a posigio depr convence. E ao contrario, outros analistas tentam demonstrar fendmenos fi- gados & posigzo depressive quando esta no éa questio central, ns an: ” pacientes que ja a haviam aleangado gragas 4 obtengdo do estado de unidade na primeira infancia. iva ¢ um conccito falso nko de Quando podemos ter certeza de que no desenvolvimento de um bebé o sentimento de ser umi unidade € um fato para aquele bebé, podemos tam- bem presumir que ele esta vivendo dentro do seu corpo. Este detalhe ¢ im- portante, mas n&o posso desenvolver ¢: questio aqui. . um bebé humano inteiro, ¢ temos tam- permitindo arde. Agora temo bem a mae que sustenta a f crianga elaborar certos pro- ce SOs que descreverel Mm: ‘0 lugar, porém, devo f > depressiva’ © depressiva’ é um nome ruim para um proceso nor= mal. mas ninguém até agora encontrou outro melhor. Minha propria suges- ade que o chamemos de “es mento’! A meu ver este & possibilita compreender rapidamente o conceito. Melanie a palavra Mento’ em suas proprias descrigdes. No en- ono cobre a totalidade do conceito. Suspeito que Iguns comentarios sobre ae pre: 10 "pos O temo “post 0. uum termo que nos Klein inclui “concer tanto, esse termo descrit © termo original prevalecera ‘Vem sido freqiientemente assinalado que um termo que implicitamente se refere a uma doenga nto deveria ser utilizado para deserever um proce nomnal. A expressio *posigiio depressiva’ parece indicar implicitamente que ‘cis alravessam uma fase de depressdo ou de uma doenga do jas no & si as criangas sauda humor. ¥ tO que CSSA EXpressdo significa. Quando Spitz (1946) descobriu ¢ descreveu a depressio em bebés pri- vados de um cuidado normalmente bom, ele acertou 20 dizer que no se tra- tava de um exemplo da posigdo depressiva. De fato, uma coisa nada tem a vercom a outra. Os bebés descritos por Spitz mostravam-se despersonaliza- dos ¢ sem esperangas de estabelecer contato com o exterior, filtando-lhes essencialmente as precondigdes para a aquisiy 4o da posigio depressive. 1 Veja numero 2, p, 366 OA PEDIAIRIA A PSICANALISE 369 No conceito da posigio depressiva no desenvolvimento nonnal, nao hé qualquer indicagdo de que a crianga fica realmente deprimida. A depressio, apesarde vio comum, ¢ um sintoma de doenga, indica um humor ¢ implica em. conflitos inconscientes que poderiam tornar-se conscientes. Os processes in- conscientes tm a ver com sentimentos de culpa, ¢ os sentimentos de culpa pertencem ao clemento destrutivo inerente ao amor. A depressio enquanto distarbio da afetividade nem ¢ inanalisavel nem ¢ um fendmeno nonnal. A que se retere, entio, aa sim chamada posigao depressiva? Uma abordagem muito atil do problema é aquela que parte do adjetivo simpiedoso*. A principio (do nosso ponto de vista) a er ainda importancia alguma as consegiténcias d ¢ amor ¢ originalmente uma forma de impulso, cionamento, que proporcionam ao bebé a satisfagao de poder expressar-se ¢ oalivio da tensao instintiva. Além disso, também situa o objeto fora docu. nga € impiedosa. ¢ seu amor instinti+ yesto, CONLALO, Tek Precisamos ter em mente que o bebé nao se sente impiedoso, mas a0 o ocorre nas regressbes) 0 individuo pode vira dizer: * era impiedoso naquela época!’ O estagio € o da pré-piedade, ou pré-com- paixio? Em algum momento na historia do desenvolvimento de cada ser huma- no normal, ocorre a mudanga da pré-piedade para a piedade. Ninguém con- testa esta idéia. O tinico problema é: quando isto ocorre, como, ¢ sob que condigdes? O conccito da posicao depressiva é uma tentativa de responder a essas trés perguntas. De acordo com esse conceito, a mudanga da auséneia de piedade para a piedade ocorre gradualmente, sob certas condigdes defini das de maternagem, durante o periodo entre os cinco ¢ os doze meses de ida- 1 Aqui. pox favor. admitamae a de algo muito diferente que sou ebrigado acmitit:aagres- sividade nto inccente. que deriva ds todo tipo de perseguigss imprevisiveis ¢ advetsas, ds quais ps bobs, mas ado a msi Ou, como prefecem Zeljko Lopatic ¢ Elsa Olivcita Dias, pedecontesnimcato, Lim continuss$o 20 sApostoem Nota do [raduter no Copitule XE O terme *pisdads" Cutilizade aqui no sentido afeti> vo, nJo religiose, Auribuo-the a acepydo espec! cet 3 capaci ados ovo desprazer athsios’. Infctizmente, 2 supsrposigo das iddias de “piedade’ ¢ “pena” € quase inevitse ‘vel, Sctia importante lembrar, portanto, que nto to indaimos perteites, pois “picdads" no im- agcescariaments numa desvalonizagio do objeto da mesma, Pars mais informagdes ver sdutsria 4 Tradugto"em D. W, Winnicott, Ne: Imago Editera, Rio, 1991. Devo actessentor, poxim, gus 0 tetme concern’, embora twas Lam bém uma conetaydoativa (‘I'm concerned about him’), no denoia exclusivamsnte uma a se pelo bea guy Se no seu asprsto negative (auséncia de, picdide cu impicdoso), ro Scuaspesto posi yea interesse". NT esto sujcitos al inha dissussto na “Nota I reset Humana, star de outro, o.@u )épossivel mantera idvia de “pie tales se possaulitizar apalas sto prcocupnds ou allita, indiando9 in portanto, siacia we Ow SNICOT de, ¢ pode n&o se completar até um momento muitissimo posterior, sendo possivel descobrir-se em analise que isto nunca ocorreu, A posigio depressiva, portanto, um fendmeno complexo, um elemen- to inerente no processo da passagem de cada individuo humano da pré-pie- dade para.a piedade, ou concemimento, processo esse cuja existéncia nins estiona. A fungao do ambiente Estamos examinando a psicologia do estigio que acontece imediata- de onovo ser humano teraleangadoo status de unidade. Espe- mente depoi talus {cja bem claro que tudo aquilo que precede a obsengio de é sendo omitido deliberadainente, Gostaria apena roque de unidade de deixar 0 de que quanto mais recuarmos na historia individual. mais ¢ a proposigao segundo a qual nio ha sentido em falarmos aquia observa verdadeira tom: Mos uM ambiente suticientemente bom Nosestigio sobre © individuo sem conside! que se adapta as suas necessidade: iniciais chegamos inclusive uma situagio em que somente o observador poder distinguir entre o indi- mo primario). O individuo noo podera fazer, e viduo ¢ o ambiente (narei neste caso sera mais adequado falar de um conjunto ambiente-individuo, em vez de nos reterirmos a um individuo. O desenvolvimento posterior a obtengio do status de unidade depende, ainda, da simplicidade estivel ¢ contidvel do ambiente. Ama e deve ser eapaz de desempenhar as duas fungdes e de persistir bi s duas fangdes no tempo, a fim de que o bebs tenha a po: de de usar esse contesto especializado, Ela dade do bebé de um modo geral através de suas Wenicas de maternagem (ver Anna Freud, 1953), ¢ 0 bebé passa a conhecer essa S tecnica 3 como fazendo parte da mie tanto quanto o seu rosto ¢ a sua orelha ¢ os colares que ela usa, bem como as suas diversas atitudes (afetadas pela pressa, preguiga. ansiedade, preocupagio, excitagio etc.). A mae vem sendo am da pelo bebé como aquela safe que incorpora todos esses aspectos. O termo s Jo* passa Ff Nesse Contexto, ¢ sio es: icas da as caracteris mie que se incorporam no objeto que tantos bebés manipulam ¢ abragam (ver Cap. XVID. Ao mesmo tempo, a mie vinha sendo objeto de taques durante os mo- mentos de tensio instintiva. Fiea claro, entio, que estou distinguindo as fun- OA . contorne oO bebs esi xcittdo, A mae tem das fungdes, que correspondem aos estidos de trangiiilidade e¢ Por fim, 0 paleo esti armado para que na mente do beby dla mie comecem a se unir. E justamente ness cnormes diticuldad Yoram estudadas de um modo muito espec' pelo trabalho pioncico de Melanie Klein, cujs contribuigdo foi mais rica ¢ produtiva ne: ifigo que em qualquer outro. O bebé humano nao pode accit nas fases tranqtiila goes dic ma cia calmo ou sduas fungdes if momento que pedem s IC CAMPO eSps m ¢ Wo valorizada 6 tito de que pessoa que foi ¢ sera atacada impiedosamente nas fi ses de excitit inteira par de identiticare; O bebé, sendo uma pesso om amie, mas ainda Jo ha, para cle, uma clara distingo entre as suas intengdes ¢ 0 Ro im. nda nao so que de fungdes e sua elibor: muito claramente distinguid em termos de fato ¢ fants: Ogueobebé de- Vera realizar nessa etapa & deveras espantose. Vejamos o que aconyee ami sustentt “angi situagdo notem: po, de modo que o bebé possa experimentar um relacionamento ‘excitado’ € enfrentar as consegiténe! s possiveis, 0 bebs, mal sabendo 0 que se F stado pelo instinto em estado bruto ¢ ocorrem-the idéias podero: picamente instintivas, (Devemos presumir que exista uma amamentacio ra zoavelmente Che: usos inteiramente diferentes da mesma mae. Sure heee: Nos termos mais simpl ara stisfatoria, ou um outro tipo de experiéneia instintiva.) © Momento em que cle comega & perceber que existem a qui dois entio um nove Lipo de ssidade, baseada no impulso ¢ na tensio instintiva que busca alivio, ¢ isto implica num climax, ou num orgasmo. Sempre que ocorre uMA expe rigneia orgisticn ha necessariamente um aumento na dor da frustragio JIMA vex que a excilagie teve inicio 2 a tensio clevou-se. 0 risco entra en cena, Creio que devemos accitar a idgia de que muita coisa ainda tera que ser vivida antes que as implicagdes de tudo isto sejam sentidas de modo inte- Ms Conforme foi dito acima, duas coisas estio acontecendo, Uma delas &t percepgio da identidade entre os dois objetos, am ic dos momentos tangiii- los came usada e ate ats no auge da tensao instintiva. A outa € o inicio do reconhe mento de que . antasits, elaboragio aginativa ermosslini Lo dtussoes evorrem na snalie 362 da fungio, idéias ¢ fantasiss relativas ao fato, mas que nao devem ser con- fundidas com o fato. Uma progressio tio complexa no desenvolvimento emocional nio e redlizar-se sem stajuda de um ambicate sulicientemente bom. [iste alti- da mic, ¢ enquante a crianga nio- o ha lugar para od mo ¢ representado aqui pe liver colecionado suficiente material mnemodnice, n3 la sobrevivenci pareeimento da mie : A mim parece que um dos postulados da woria de Melanie Klein é 0 de que o individuo humano niio pode aceitar o fato bruto do relacionamento ou ataque instintivo ou excitide an la mente da er gragdo da cisdo entre o ambiente dos cut tante (os dois aspectos da mae) nao pode reali matemagem suficientemente boa ¢ da sobreviv« de tempo. Pensemos entio cm termos de um determinado dia, com a ituagdo, Num certo momento, no inicio desse dia, o bebs tem uma simpliticar as coisas eu o imagino mamando, poi realmente a base de toda a questao. Deflagra-se um ataque caniba- listico impiedoso, que em parte pode ser observado no comportamento fisi- co do bebé ¢ em parte pertence a elaboragao imaginative que o bebe fiz da fungio fisica. Ele junta um mais um, ¢ comega a perceber que a resposta & ume dois. A mic da relagio de dependéncia (anaclitica) ¢ também 0 ob- jeto do amor instintivo (impulsionado biologicamente) O bebé ¢ posto fora de combate pela propria mamada. A tensio instinti- va desaparece, ¢ cle se percebe ao mesmo tempo trangii O Ser alrave FSC ne da mae por um periodo susten- ando a neia instintiva, Pai tisfeito © ludibriado. cialmente atis fa petite muito rapidamente. O bebe fica entiio com: a muscular ow impulso primitive (motilidade) nie foi sufici do durante a mamada; ou com um sentimento de fiasco — pois uma fonte do i vole mo tar. Tudo isto aparece claramente na experiénei desmentido pela observagao direta de bebés. Mas nio podemos lidar com muitas complicagdes a0 mesmo lempo. Consideremos dbvio que o bebé experimentou a descarga instintiva. Am oda fontasio, mas devo ds cA PEDIAIRIA A PS CANALS sustentando a siluagio ¢ 0 dia prossegue em sua marcha, ¢ o bebé toma ¢ “trangiiila’ esteve cnvolvida com a grande onda da éncia dequeam expel tiva, ¢ sobreviveu. Isto se repete dia apés dia, ¢ finalmente ocorre um somatério que faz o bebs comegar a reconhecer a diferenga entre sim chamados fatose fantasias, ou entre a realidade interna ca extema. Ansiedade depres Chegouomomento de descrever um fendmeno ainda mai complexo. A experiéneia instintiva provoca no bebé dois tipos de ansiedade. O primeiro & este que acabei de di vo. crever: ansicdade a respeito do objeto do amor instint- Agora, a mae nao é mais a mesma de antes, Se quisermos, poderemes ji um buraco onde para deserever o que sente o bebé, dizendo: pals antes havia um corpo cheio de riquezas. Ha muitos outros modes de formu- lar esta idgia, no caso de permitirmos que o bebé cresga algumas semanas mais ¢ venha a ter id 8 Mais complexas. speito ao interior do proprio bebé. A experién- a pela qual ele acabou de passaro levaa sentir-sc diferente de como se sen A outra ansiedade diz r i antes. ocorre qu cia sexual. Lembremo-nos de que ao lor tentaa situagio. A: nados detalhadamente. seria perfeitamente legitimo fazer s de umn adulto apés uma exper go de todo esse tempo a mie s uma comparagao entre 0 que os sentimentos bons ou ru ra, os fendmenos internos do bebé precisam ser exam periéneia da amamentagao.’ O bebs in Continuemos a examinara ¢: re sentida como boa ou ruim conforme tenha sido Igumra coisa, Lissa coiss ante ou durante uma ex frustragao. Obvia- 4 frustragao ¢ parte integrante mesmo de uma ingerida durante uma experiéneia instintiva geatifi perigneia pertur mente, alguma raiva devida cesso de raiva devida Ja por um boa experién E mas poster Smeno interno, neste momento, o para avaliar de modo mais preciso a stou simplificando ao mi jormente retomarei a qu do bebé a respeito do interior do eu, com suas forgas em conflito © emis de controle, 1 Extoupresumingo queaenpy se assim nde Fosse Sctig n t9 discutir as ceases dods tenalo instintiva ¢ pela peoptia te: 364 0... WINNICOTT Podemos falar das idéias do bebs sobre o interior, porque partimos do pon- tode vista de que a condigio de unidade ja foi alcangada. O bebe uma pessoa com uma membrana limitadora, com um interiore Para o nosso objetivo aqui, esse bebs, depois da mamada, além de sen- tir-se apreensivo quanto ao buraco por ele imaginado no corpo da mae, vé-se também intensamente ds voltas com a contenda no interior do eu, uma briga entre o que € sentido como bom, ou seja, apoiando o eu, ¢ 0 que & sentido como Mat, OU seja, perseculdrio para o eu. Criou-se em seu interior uma situagdo bastante complexa, ¢ a crianga nada mais pode fazer além de esperar as conseqiicncias, assim como depois daamamentagiio ¢ preciso esperar pelos resultados da digestio. Com certeza ocorre entio uma espécie de classificagao, um processo silenciose que tem uma velocidade prépria. Para além do controle intelcetual, e de acordo com padrdes pessoais que se descnvolvem gradualmente, os elementos apoia- dores ¢ persecutérios mesclam-se uns com os outros, alé que € alcangado al- gum tipo de equilibrio em decorréncia do qual o bebé retém ou elimina con- forme a necessidade interna. Juntamente com a climinagio o bebé readquire algum controle, pois esse processo cnvolve novamente uma fungi corpo- enquanto no processo da digestio fisica ocorre a eliminagao apenas de materiais intitcis, 0 processo de climinagao imaginativa tem um potencial tanto bom quanto ruim, Deliberadamente omitirei toda referéncia as experiéne! m exterior, anal ¢ uretral enquanto tipos de s stintiva em si mesmas, pois este aspecto per- tence a uma discussao outra. No presente contexto, as experitncias anal ¢ uretral sio a parte exeretora do processo de ingestio ¢ digest&o como um todo. Ao longo de todo esse tempo a mae sustenta a situagao, Assim prosse- gue odia do bebé. A digestio fisica ¢ também a sua correspondente elabora- gio tomam o seu lugar na psique. A claboragio demora algum tempo ¢ 0 bebé pode apenas aguardar os seus resultados, entregue passivamente ao que se passa la dentro? Na satide, esse mundo interno pessoal transforma-se no infinitamente rico nicleo do eu. Ao final desse dia na vida de um bebé saudavel qualquer, os resultados. do trabalho interno fazem com que ele tenha para dar coisas boas ¢ coisas nuins. A maeaceitaobom ec oruim, ¢ é preciso que ela saiba distinguirenteeo que ¢ oferecido como bom ¢ o que ¢ oferecide como ruim. Neste momento o U_ Eats ponto ests de acorda com um dos componentes exer As propostacde A. Freud (1982) ic do teabalho de Paiehairn (1982). DA PEDIATRIA A PSICANALISE 368 bebé pela primeira vez dé algo, ¢ sem esse dar nao havera um verdadeiro re- ceber. Tudo isto faz parte das coisas priticas do dia-a-dia da criagao de fi- thos, ¢ também do tratamento analitico. O bebé abencoado com uma mae que brevive, que reconhece um ges- to de doagdo quando este ocorre, esté agora em condigdes de fazer algo a res- peito daquele buraco, o buraco no seio ou no corpo, criado imaginariamente no Momento instintivo original. Aqui entram em cena as palavras reparagao. tuigdo, palavras que tanto significam no contexto adequado, mas que tio facilmente transformam-se em clichés quando usadas de modo irrespon- savel. O gesto de doagio pode vir aalcangar o buraco, sea mae fazasua parte. Espero que tenha ficado clara a razao da minha insisténcia sobre a im- portancia de a mae sustentar a situacdo no tempo. se agora um circulo benigno, Em meio a todas as complica- gdes, podemos discernir: Um relacionantento entre o bebé e sua mie complicado pela exper timtiva. Um ténue vislumbre das conseqiiéncias (0 buraco), Uma elaboragaio interna, com uma triagem dos resultados da experi Uma capacidade de dar, devida a separagiio entre o bom ¢ o tuim internos. Reparagio. a Acconseqiiéncia do fortalecimento dia apés dia do circulo benigno ¢ade que o bebé torna-se capaz de tolerar o buraco (resultado do amor instintivo). Aqui estara, entdo, a origem do sentimento de culpa. Esta ¢ a tnica culpa verdadeira, visto que a culpa implantada ¢ falsa para o eu. A culpa surge através da jungdo das duas mies, ¢ do amor trangiiilo ao amor excitado, ¢ do amor a0 ddio, ¢ este sentimento vem compar, & medida que cresce, uma fonte normal e saudavel de atividade nos relacionamentos. Esta é uma das fontes da poténcia ¢ da construtividade sociais ¢ também do desempenho ar- tistico (mas nao da arte em si mesma, cuja origem € mais profunda). A grande importincia da posi¢ao depressiva ¢ portanto evidente, ¢ a contribuigdo de Melanie Klein & psicanilise revela-se aqui uma verdadeira contribuigao a sociedade, a criagao de filhos v4 educagao. A crianga saudé- vel tem wna fonte propria de culpa, e nado precisa ser ensinada a sentir culpa ou compaixdo. Obviamente, uma certa parte das criangas nao é saudavel neste sentido, nio alcangoua posi¢do depressiva, ¢ precisa que lheensinema distinguir entre o certoe oerrado, Este é um corolario da primeira afirmagio. Teoricamente, pelo menos, toda crianga tem 0 potencial de desenvolver um st nento de culpa. Clinicamente encontramos criangas destituidas desse sentimento, mas nao ha crianga humana incapaz de encontrar um sentimento 366 WINNICOIT pessoal de culpa se the for dada a oportunidade, antes que seja tarde demais, para alcangara posigao depressive. Em casos limitrofes presenciamos esse desenvolvimento mesmo fora da analise: por exemplo, ao observarmos criangas anti-sociais cuidadas em escolas para os assim chamados "desa- justado: Na operagio do circulo benigno, a compaixdo toma-se tolerivel para 0 bebé através do reconhecimento recém-desperiado de que, havendo tempo, algo pode ser feito respeito do buraco ¢ das varias conseqiiéncias dos im- pulsos do id sobre 0 corpo da mie. O impulso, assim, adquire mais liberdade, ¢ riscos maiores podem ser corridos. Uma culpa maior ¢ assim gerada, m: segue também uma inten- ificagdo da experiéneia instintiva com sua elaboragio imaginativa, levando Aconstituig%o de um mundo interno mais rico, que por sua vez acarreta um potencial de doagio maior. Vemos estas coisas acontecerem na andlise muitas ¢ muilas vezes, quan- doa posigao depressiva ¢ alcangada na transferéncia, Vemos uma expressio do amor seguida de ansiedade a respeito do analista, ¢ também por receios hipocondriacos. Ou vemos, mais positivamente, uma liberacdo do instinto ¢ um desenvolvimento em diregdo a riqueza da personalidade, ¢ um aumento da poténcia ou do potencial para a construtividade social. Aparentemente, apds algum tempo 0 individuo sera capaz de constituir memérias de experiéncias sentidas como boas, de modo que a experiéncia da mie sustentando a siuntgao torna-se parte do cu, ¢ assimilada dentro do ego. Desta forma, amie real passa a ser cada vez menos necessiria. O indivi- duo adquire um ambiente intemo. A crianga poderd encontrar novas expe- riéncias de sustemtagao da situagio, e com o tempo podera também tornar-se aquela que sustenta 2 situago para uma outra pessoa, sem ressentimento. Alguns fendmenos extremamente interessantes acontecem a partic des- se conceite do circulo benigno da posigao depressiva: 1. Quando o circulo benigno ¢ quebrado, ¢ a mae que sustenta a situagao nao é mais um fato, o processo passa a destazer-se, tendo como conseqti ciaa inibigdo dos instintos ¢ um empobrecimento geral da personalidade, ¢ ‘em seguida também uma perda da capacidade para sentir culpa. O sentimento de culpa pode ser recuperado, mas somente pelo restabelecimento da situagdo sustentada por uma mie suficientemente boa como um fato. Sem o sentimento de culpa, @ crianga pode continuar a ter prazeres sensuais instin- tivos, mas perde a capacidade de amar com alvigio. 2. Por um longo periodo, a crianga pequena precisa dealguém que nao € apenas do, mas que se disponha a aceitar a poténcia (ndo importa se se P DA PEDIAIRIA A PSCANALS 367 trata de um Menino ou de uma menina) em termos de restituigdo ¢ reparagao. Dito de outro modo, a crianga pequeni precisa tera chance de darem relagao aculpa derivada das experigncias instintivas, porque ¢ deste modo que se ec. Aqui ha dependéneia em alto grau, mas nao a dependéncia absoluta gios iniciais © brinear construtivo ivelmente envolvida, quando nao ativamente parlicipante, nos aspectos construtivos desse brin- car. Um elaro sinal dit ineapacidade de compreender criangas pequenas (ou criangas que sofreram deprivagao ¢ necessitam de experigncias regressivas capazes dle curar) pode ser visto nos adultos que pensam ajudara crianga dan- do-the algo. sem perceber que a importancia priméria de sua presenga ali sem receber. . Sv os Fendmenos internos criam problemas, a crianga (ou o adulto) am todo o seu mundo interno, pi ndo a funcionar num nivel baixo de alidade. O estado de ‘ito € oda depressiio. lim minha deseri it em que o termo depressio foi vinculado de modo inerente ao. meira ¥ pl conceito da posigio depre depressdes encontradas clinicamente na psiquiatria pouco tém a ver iva. com a posigdo depri Referem-se mais a despersonalizagao, ou a deses- perang: quanto aos relacionamentos objetais. Ou dizem respeito a sensagao de inutilidade que deriva do desenvolvimento de un falso cu. Esses fendme- Nos pertencem ao 2io anterior a posigaio depressiva no desenvolvimento individual. sse notorio feriado da depressio: a defese maniaca, A detesa mani tudo aquilo que ¢ sério. A morte transforma mM Vitalidade exagerada, osi- léncio ¢ transformado em barulho, nao ha sofrimento nem preocupagao', nao ha trabalho construtivo nem prazeres trangiiilos. Tal defesa consiste numa formagio reativa relativa a depressio, ¢ deve ser estudada como um conceito por direite proprio. Sua presenga, clinicamente falando, implica 1 Sima paver e craton mi eave sentido do ‘preocepaydo”, Mac dum erte dar ao temo corto fozem alguns teaduteres, pois asses 6260.1 palay fa ucada em inglis seria LENO “concer” NT. rer 368 DW YANNICONT cm que a posigio depressiva foi realmente aleangad laa dis- mais do que perdida. O diagnéstico mais freqiiente na clinica pediaitrica é 0 que passei a cha- mar de io ansiosa comum’ (em 1930, antes de tomar conhecimento das idéias de Melanie Klein) — trata-se de um fendmeno clinico cuja ca- racteristica central éa negagio da depressio, Tal doenga em ri muilas vezes desperecbida, pois facilmente oculta-se por tras da vivaci- dade ¢ da agitagdo que pertencem a infincia. Enquanto doenga, a agitagao ansiosa comum corresponde ao estado hipomaniaco dos adultos, o mesmo igo muitos ¢ variados distirbios psicossomaticos. A agitacdio maniaca deve ser distinguida da agitagdo persecutéria, da elagdo ¢ da mania fa, mas & mantit lancia ou negads ons aminande o mundo interno Neste momento, ainda que muito r toos fendmenos do mundo intemo, Trata Devo lembrar-thes que delibe tamento dado & questio da posigdo depressiv pectos ligados @ alimentagio ¢ dis substancias ing alimentado, Nao se tra pam-nos as experiéncias instintiv: maus consistem na verdade dos bons © maus sentimentos que resultam da vida instintiva do individuo, claborada imaginativamente. Uma afirmagio mais complexa precisa G30 to breve quanto pidamente, examinare’ mais de per- unplo. mplifiquei so maximo o trax atendo: damente Ne SOMENLE HOS as- ridas pelo bebé quando é porém, apenas de alimentos, ou de Ieite. Preocu s de todos 0s Lipos, ¢ os objetos bons ¢ ser feita mesmo numa comunic Omundo interno do individuo ¢ construidode trés maneiras princips A == Experidneias insti B_— Substancias incorporadas, mantidas ou climinadas. C — Relacionamentos (otais au situagdes magicamente introjetadas, Destes (és tipos, 0 primciro ¢ fundamental a todos os seres humanos universalmente, ¢ sempre o sera. O segundo ¢ mais ou menos semelhante para todos os bebés onde quer que vivam, ainda que os observadores encon- trem diferengas (seio, mamadeira, leite, banana, agua de coco, cerveja ele.), confonne os costumes que prevalecem em determinada cultura em cera época. O terceiro & essencialmente pessoal, pertencendo ao individuo em seu contento concrete, incluindo situagdes vividas com a mae, enfermeira numacasa, casebre ow tenda reait clacle que de fato se faz outiare: OA PEDIAIRIA A PSICANALISE 369 presente. Aqui deveriamos também incluir a ansiedade, o mau humor ea confiabilidade da mie, tanto quanto a sua capacidade de ser uma mie sufi« cientemente boa de um modo geral. O pai participa indirctamente enquanto marido, e diretamente enquanto mae-substituta. A fim de vincularo mundo interno da posigao depressiva com o trabalho de C. J. Jung ¢ dos psicdlogos analiticos, deveriames nos limitar ao estudo: do primeiro conjunto. O que ocorre aqui pertence & humanidade como um todo, ¢ propicia as bases de tudo aquilo que é comin aos sonhos, & arte. a re- ligi&o ¢ aos mitos do mundo, independentemente do tempo. E desta matéria que é feita a natureza humana, m: MENte NOS casos eM que oO individuo al- Ng ou a posigao depressiva. Assim sendo, nio temos aqui o mundo interno ianga em sua totalidade, ¢ nio deveriamos negligenciar os dois outros conjuntos cm nosso trabalho clinico, As organizagoes arquetipicas, porventura encontradas no mundo intemo, n&o devem levar-nos a esquecer que as mudancas terapéuticas permanentes podem ser proporcionadas somente por novas experiéncias instinlivas, ¢ es= las s6 serio levadas a bom termo no contesto da neurose de transteréncia den- tro de um tratamento analitico, Nao hé como mudar um arquétipo, mostrando a0 paciente que a sua fantasia ¢ idéntica 4 mitologia. Quando olhamos para o mundo intemo de um individuo que aleangoua 10 depressiva, podemos ver: Forgas em contiite (conjunto A). Obdjetos ou material objetal, bons ou maus (conjunto B). Materiais percebidos como bons, introjetados para fins de enriquecimento ¢ abilizagao da personalidade (conjunto C). al pereebido como may, introjet es Mater junto C). ito de ser controlado (con- Ao dizermos que numa terapia as verdadeiras mudancas em termos dos conjuntos A ¢ B provém do trabalho na transferéncia, sabemos que ha ai seqiiéncia ordenada, embora reconhegamos a sua infinita complenida- de em cada caso especifico, mesmo quando o paciente é uma crianga pequena. E aanillise do sadismo oral na transferéncia que leva ao abrandamento em termas econémicos do potencial persectasrio no munda interno do paciente Os varios tipos de defesa Uma das detesa dos. NOS. das as conseq' contra as ansiedades depressivas ¢ a relativa inibigao Mesmos, resultando numa NUigdo quantitativa de to- das icias instintivas Outros mecani como: nos de de! Controle yeneralizde, susper a Isolancate de vertos ageupamentes persecntossos Eneapsulacie (enguistamented Inttoieg Ocultag’ ompartimentay 20 ode um abjeto idealizado. o cm segreda de coisas boas Projegto magica do bom. Projegio magiea do ruin, Eliminagio. sago. ¢ ertitérie ¢ como examinar todo o espeetro do brinear in- se da mesmi coisa. pois tude isto vem & tona no brinesr. ilo individuo sleangar um alivie temporario dit cncapsulagiio de um agrupamento persccutdrie projetando-o. A conseqiiéne porém, ¢ un, estado delirante, ¢ nds o denominamos loucura, a nao ser que a realidade ex- tena providencie um exemple perfeito do material a ser projetido. Uma ur de ser mencionada, ii ficou claro que essa consteuyaio do mundo interne através de um sem-naimero de complicagao a mais no pade deis experigncias instintivas teve inicio bem antes do est estudamos. io que o Bem antes dos seis me: x 0 bebé humano ja esta sendo formade pelas expe- rigneias que constituem ov m razko disto, poder fendmenos dos quais venho falando iniciam +r da infincia, experigneias instintivas ou nie, objetar que alguns do no naxeimento, ow na era an waem semanas ou dias, visto que t excitadas ou trangiiilas terior ao nascimente. Isto, porém, nao fz com que x posigo depre si mesma ocorra} W entre fate ¢ fantasia ¢ sobretudo do fato dit integragie do individuo. E muito e sustentando a sittntgio ¢ 0 esse fate, nao ser no caso de um bebe ji su- dificil accitar a existéncia de tudo isto, ver ama bebé fazendo um use conereto d ficientemente erescido car de deixar cair coi: ponte de br (Certa vez observei um bebe de doze semanas colocar o dedo dentro d boca de su modo mags ma fle foi criado de um : todit ver que cktoamamentava ae scio. ico ¢ aknalmente, aos dez anos, é um dos meninos mais saud: veis que conhego. E tentader dizer que cle talvez estivesse ma posigio de- pres considerar, ¢ além do mais nao é freqiiente que tal coisa acontegat sos tes meses, ¢ Muito raro que ocorra antes. Devemos levar cm conta igualmente & iva. Mas existem todos esses estranhos processos de identificagao DA PEDAIRIA A PSICA 37 integragao aparente que resulta de um manejo confiavel, ¢ nao confundi: com a verdadeira aquisigao da integragdo na independéncia.) Se comegarmos « investigar nio a posigio depressiva, mas as origens dos clementos persecutorios ¢ das forgas apoiadoras dentro do ego, teremos de ir para bem antes da segunda metade do primeiro ano de vida. Neste caso, : 3 ‘aa deterioragio da fronteira rio recuar para o esti io recuarmos, ambém para a Bo Integra lO, Para a aus 0 de viver dentro do corpo. 5 entre fato ¢ fantasia, ¢ sobretudo sera neces pendéncia a mae que segura o bebs todo o tempo, ¢ possivelmente para oque ja absoluta poderia ser chamado de duple dependéncia, onde a dependéne’ porque o ambiente nao ¢ percebido. Mas posso deixa da formagio inicial 1 de lado a tio complexa psicolog dos clementos benignos ¢ persecutorios ¢ ater-me 4 minha inteng%e prim ra, a de comegar no ponto em que 0 individue torna-se um todo, uma uni- dade, lidando com as importantes quests na satide. sariamente a esse e: -guems Reagio a perda Os tabalhos de Melanie Klein enriqueceram a compreensio que Freud nos legou da reagao a perda. Quando a posigao depressiva foi aleangada ¢ plenamente estabelecida num individuo, a reagko a perda é a de dor, ou tri teza. Se ocorreu alguma falha na posigao depressiva, a conseqiténcia da per- da & a depressio. O luto significa que o objeto perdido foi mag introjetado, e (conforme Freud mostrou) esta 1a sujeito ao édio. isto significa que € possivel o seu contato com clementos pers Incidentalmente, 0 equilibrio de forcas & perturbado, de modo que os ele- Mentos persceutdrios aumentam enquanto as forgas benignas ou apoiadoras, sao enfraquecidas, Surge uma situacdo de perigo, ¢ o mecanismo de defesa que implica num amortecimento generalizado preduz um estado de depres so. : ‘© campo de batalha é como que coberlo por um nevociro, permit em num ritmo mais lento, dando tempo para que todas as defesas po! Mm aconteccr ¢ poss bilitando a elaboragio, de modo que em algum momento posterior ocorra restabelecimento espontanco. Clinicamente, a depressio (dessc tipo) tende a um fendmeno bem conhecido pelos psiquiatras. No individuo cuja posigao depress olidamente ocorre o que chamei de introjegdes do conjunto C. ous amente meu ver, ecutorios, depressio é um mecanismo de cura do uma tria desaparec: abelecida |. Memérias de boas: 372 ede objetos amado: mo sem um apoio ambiental. O amor & repre: na de objeto externo pode diminuir o ddio ao objeto amado introyetado pro- vocado pela perda, Desta ¢ de outras manciras, o Into pode ser vivide ¢ elaborado ¢ a tristeza pode ser sentida enquanto tal. experiéne S.€ estas PeeMILEM que O sujeilo Prossige o seucaminho me: to inter Obrincar da crianga de deixar cairas coisas, sobre o qual coloquet tama- nha énfase, ¢ um indicio de que a mesma ext capacitada a lie dar com a perda, sendo portanto uma indicags brincadeira implica num certo grau de introjegdes do conjunto C. cada vex mit 9 para o desmame.! Essa O conccito do scio bom Finalmente, consideremos it expresso *seio bom’. Exteriarnicnte. 0 seio bom é aquele que, uma vez comido, espera para de outro modo, na verdade trate-se nada ma 2 situagdo no tempo do modo come desctevi anteriormente ser reconstruide. Dito is nada menos que di mvc que sustenta Na medida em que o seio bom ¢ um fendmeno interno (presumindo: que 0 individuo tenha alcangado a posigio depressiva), devemos aplicar nosso principio dos és conjuntos a fim de compreender 0 conecito © ado neste contexto. Ems perignes ntivas Conjunto A: O conceito nio pede ser utili lugar referimo-nos a experigne’ jas arquetipicas, oa er gratificantes. Conjunto B: Nao ¢ possivel reconhecer 0 seio bom neste conjunto, po se ele ¢ bom, foi comido, ¢ esperemos que tenha sido usutruido. Nao h material referente ao seio bom enquanto tal. A criang er desse material, climinando o que nao € necessirio ¢ 9 que € sentido como ruim. sce por intermédio Conjunto C: bom Aqui, finalmente, pode ser empregada a expressio ternalizado’. As memorias das experigneias de situagdes bem sustentadas ajudam a ngat a ulteapassar curtos periodos de falha da mie. ¢ proporeionam as ba- ses em primeiro lugar pura os ‘objetos transicionais’.¢ em se nhecida sucessio de substitutes da mac ¢ do scio. paraaco- ode um scio bom & va. O seio (mie) & Gostaria de acrescentar o lembrete de que st introjeg’ por vezes altamente patologica, uma organizagao defens 1 Ao casionaro ene, devodsinar dy Lado o fate de que por teas demesne eacontersga dee EQIATIRA A PSICANAUSE 373 ado, ¢ essa idealizagio indica uma desesperanga quanto 20 ¢a0s. auséncia de concemimento dos instintos, Um scio bom baseado. em memorias selecionadas, oun: necessidade da mac de ser boa, proporcio- seguramento, Um seio introjetido idealizado desta maneira dominao cenirio, ‘Tudo parece muito bem para o paciente mas no tanto para os scus s, pois um scio bom introjetado desse tipo precisa ser anunciado, ¢ 0 paciente toma Os anal ¢ uM propagandist do *scio bom’. as detrontam-se com esse dificil problem: nhecidos em nossos pacientes? Sempre o somos, mas no gosta 2 SereMos reco+ nos disso. Detestamos nos tomar um scio bom intemalizado em outros, ¢ ouvir os antincios.a nosso respeito apregoados por aqueles cujocaos intemoe do precariamente contido pela introjegio de um analista idealizado. O que queremos, envio? Queremos ser comidos, mio magic: sen- ente ine rcomida ¢ odesejoe na verdade a necessidade de uma mae nos primeiros estagios da criagdo de um bebé. Isto significa que os que nio sko canibalisti dos ten- dem a sentir-se fora do alcance dos atos reparadores ¢ restituidores dos de- mais, ou seja, fora da sociedade, Se formos usados até o fim, devorados ¢ roubados, somente entio pode- remos accitar minimamente que nos introjetem de modo magico, ¢ que seja- mos colocados na prateleira de conservas do mundo interno de alguém. Resumindo. a posigzo depressiva, que pode estar a caminho em circuns- Kincias favoriiveis entre os seis ¢ os nove meses de idade, geralmente niio & alcangada até que o sujeito venha 4 andlise. Quanto aos individuos mais esquizdides, ¢ a todas as populagdes dos hospitais psiquidtricos que jamais. chegaram a viver com base no verdadeiro eu ou na auto-expressio,a posigao depressiva ndo ¢ o mais importante. Para estes, ela ficaré na mesma con- digo da cor para os dalténicos. Por contraste, para todo o grupo de ma- i ‘os, que constitui a maioria das assim chamadas pessoas nor- o depressiva no desenvolvimento normal nao pode deixa de set o problema da vida, que seja aleangada. Em pessoas realmente saudiveis podemos conside! um fato inques vel, incorporado a vida ativa em sociedade. A erianga, el por ter alcangado a posigio depressiva, pode ir em frente rumo 20 problema dos relacionamentos res, 0 classico com- plexo de Fdipo. trojetados. E nao ha masoquismo algum neste ponto. mais, a questi ser deinada de lado. Ela é ¢ nunca nio ser saudi

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