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Uma viagem e tanto no primeiro texto “Como se fizesse um cavalo”, como se


estivesse a cavalo, como se fosse um cavalo, a percorrer de crina ao vento
como aquele seu unicórnio, levando na montada não o rei errante, mas a
rainha de rédeas em punho, narradora que nos conta o mundo possível,
imaginado, temido, desejado. O mundo que nasceu de seus olhos, passou por
seu coração e mente, desceu às páginas que estavam em branco e por seus
dedos hábeis nos legaram travessias que sozinhos não as faríamos.

Assim, Colasanti vai destrinchando suas leituras e se desfazendo delas para


que, ao final, possamos saber o que sobraria de si, Despedindo-se de Peter
Pan, de Monte Cristo, de Os três mosqueteiros e muitos outros personagens,
Marina desvenda o abismo da alma que podemos possuir sem a leitura
fantasiosa a qual nos proporciona entender muito do nosso convívio social. Sai
das fantasias de criança até as leituras homéricas, mostrando que não deveria
ser possível viver apenas de um gênero. É como nos avisasse que não
podemos perder tempo dispendendo forças em apenas um tipo de história.
Como se fosse nossa responsabilidade nos inquietar: esculpir um cavalo, e
para isso terei que me desfazer de outro. Empurro sobre suas rodas, para fora
da minha infância, o Cavalo de Troia. Nunca mais cavalos serão tão
importantes por dentro quanto por fora. Terei que aprender em outra parte o
poder da astúcia, e o custo da boa fé.

E quanto ao que aprendeu nos livros que criavam mundos ou que transmitiam
o que acontecia na realidade, Marina expõe a fragilidade do homem frente ao
mundo que nos rodeia

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