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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS

Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas


Departamento de História
Textos e documentos

A História – Conclusão
[A operação historiográfica]

François Dosse

“A paisagem historiográfica atual caracteriza-se por uma tensão entre dois pólos durante muito
tempo considerados como alternativos, mas que podem ser pensados de maneira complementar. De
um lado, alguns pesquisadores colocam o acento na história como escritura subjetiva, como prática
ligada à tradição narrativa de literatura e, de outro, contra as derivas negacionistas, alguns insistem,
sobre a noção de prova, sobre o caráter precário, falsificável, da asserção histórica em função das
fontes documentárias e, portanto, sobre seu caráter de saber objetivado. Ora, é na articulação desses
dois imperativos categóricos, entre ciência e ficção, que se define a história que, de fato, situa-se no
cruzamento de três dimensões, como ressaltou Michel de Certeau em A escritura da História, em
1975. De um lado, ele define a operação historiográfica como produto de um vínculo social
marcado pela instituição histórica e, mais amplamente, por sua relação com o corpo social; de outro
lado, a história é mediada por uma técnica, redistribuindo um espaço de pensamento e, nesse
sentido, ela revela-se de um fazer, de uma prática que começa pelo gesto de separar, de se constituir
pela diferença. Enfim, a história é escritura, o que implica estar atento às regras discursivas de suas
fontes e de sua enunciação sem, contudo, encerrar-se apenas na dimensão lingüística”.

Fonte: DOSSE, François. A História. São Paulo: EDUSC, 2003, p. 303.


Tradução: Maria Elena Ortiz Assumpção
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