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Resumo
Nos últimos dois anos cresce de forma acelerada os empreendimentos no ramo da construção
civil. Entre as expectativas de crescimento, está o aumento no número de edificações
residenciais privativas unifamiliares, construídas através de financiamentos habitacionais. A
necessidade de garantir a qualidade do imóvel tem levado alguns setores, como o setor de
engenharia da Caixa Econômica Federal a atualizar constantemente suas cartilhas de
especificações técnicas que contém as condições mínimas visando à garantia da qualidade do
imóvel. Dentre as características construtivas pela referida linha de crédito imobiliário, está
à exigência expressa de se realizar a impermeabilização dos alicerces, baldrames e radiers
nas faces em contato com o solo. A metodologia utilizada foi através do levantamento
estatístico a partir de uma amostra selecionada por meio de investigação documental de
fonte própria, com base em vistorias já realizadas em imóveis construídos por financiamento
habitacional. No presente trabalho serão apresentados os custos com impermeabilizações de
infraestrutura. Serão apresentados os danos causados por ausência ou falhas na referida
impermeabilização. Quanto aos principais resultados obtidos, chegou-se a conclusão de que
apesar de existirem instruções normativas que regulamentam e exigem os cuidados com a
impermeabilização da infraestrutura a fim de garantir a estanqueidade da edificação, ainda é
grande a incidência de danos decorrentes das falhas nesta etapa do processo construtivo,
sendo que a execução correta pode ser fácil e de baixo custo.
Palavras-chave: Impermeabilização; Custos; Danos.
1. Introdução
As edificações nada mais são que produtos colocados no mercado, e como todo produto,
devem corresponder às expectativas dos adquirentes e usuários dos imóveis, visando o
desempenho satisfatório. Sendo uma das principais etapas na construção de uma edificação, a
impermeabilização da infra-estrutura ainda é executada com certo desleixo por parte dos
construtores, que na maioria das vezes visando redução de custos, e ainda por falta de
informação, acabam por comprometer a qualidade final pretendida nas edificações.
A coleta de dados foi o primeiro passo para a elaboração deste estudo, foram escolhidas de
maneira aleatória 20 edificações situadas na região sul do Estado de Santa Catarina, mais
precisamente alguns municípios que se encontram na região da Amurel e Amesc, a fim de
analisar o custo em percentual despendido com a impermeabilização, comparado ao custo
total de uma obra. Os objetos do estudo foram edificações térreas em alvenaria, uso
residencial privativo unifamiliar, com área até oitenta metros quadrados, as quais foram
Danos causados por falhas na impermeabilização da infraestrutura de edificações térreas residenciais privativas unifamiliares
com área até oitenta metros quadrados janeiro/13
Aplicando-se este 48% sobre a média do custo total de impermeabilização obtida de 0,44%,
se pôde estimar que o custo com impermeabilização da infraestrutura equivale a 0,21% com
relação ao custo total da edificação (100%). Segundo estimativas do Instituto Brasileiro de
Impermeabilização – IBI, nas edificações unifamiliares residenciais, o custo com a
impermeabilização das fundações é de 0,10% com relação ao total gasto na obra.
Aprofundando o estudo dos custos, quando se levanta a informação de que os gastos com
impermeabilização da infraestrutura da obra é de aproximadamente 0,21%, equivale dizer
que, para uma obra de oitenta metros quadrados, que possui um custo total estimado
aproximado de R$ 76.148,00, o gasto com a impermeabilização da infraestrutura das faces em
contato com o solo, correspondem a R$ 159,91 (cento e cinqüenta e nove reais e noventa e um
centavos).
Cabe informar que o valor total estimado para a construção da edificação residencial com
oitenta metros quadrados, teve como base o custo unitário da tabela do SINAPI divulgada em
agosto de 2011, pelo IBGE e adotada pela engenharia da Caixa Econômica Federal, tendo
sido enquadrada a referida edificação no modelo CR.1-2Q..62 padrão de acabamento normal
com valor unitário de R$ 951,85/m².
Com base na estimativa dos gastos com impermeabilização da infraestrutura de edificações
residenciais unifamiliares divulgado pelo Instituto Brasileiro de Impermeabilização – IBI, que
corresponde a 0,10%, equivale dizer que, para uma obra de oitenta metros quadrados, que
possui um custo total estimado aproximado de R$ 76.148,00, o gasto com a
impermeabilização da infraestrutura das faces em contato com o solo, correspondem a
R$ 76,15 (setenta e seis reais e quinze centavos).
Diante dos valores expostos pode-se chegar à conclusão de que o custo com a
impermeabilização da fundação, especificamente nas faces expostas ao solo, é
consideravelmente reduzido, sendo ainda umas das etapas mais importantes da obra a fim de
se evitar diversos danos, os quais demandam custos bem maiores com reparos, em caso de
Danos causados por falhas na impermeabilização da infraestrutura de edificações térreas residenciais privativas unifamiliares
com área até oitenta metros quadrados janeiro/13
Com relação às condições impostas, a referida instrução normativa ainda cita que, o sistema
impermeabilizante adotado deve atender às exigências de desempenho abaixo relacionadas:
a) Resistir às cargas estáticas e dinâmicas atuantes no plano normal e no plano da
impermeabilização;
b) Resistir aos efeitos dos movimentos de dilatação e retração do substrato, ocasionados por
variações térmicas, antes e após a execução da proteção mecânica;
c) Resistir à degradação ocasionada por influências climáticas, térmicas, químicas ou
biológicas, decorrentes da ação de água, gases ou ar atmosférico;
d) Resistir às pressões hidrostáticas, de percolação, coluna d’água e umidade de solo;
e) Apresentar aderência, flexibilidade, resistência e estabilidade físico-mecânica compatíveis
com as solicitações previstas em projeto;
f) Apresentar vida útil compatível com as condições previstas em projeto.
pressões hidrostáticas, de fácil aplicação por uso de trincha, ou vassoura de pêlo, ou similar,
conforme o que cada fabricante do produto recomenda.
Conforme a norma de desempenho, NBR 15575, apresenta uma lista geral de exigências dos
usuários, sendo utilizada como referência para o estabelecimento dos requisitos e respectivos
critérios estabelecidos na referida norma, a fim de que sejam satisfeitas as exigências dos
mesmos.
Dentre tais exigências cabe citar:
– Estanqueidade;
– Durabilidade e manutenibilidade;
– Saúde, higiene e qualidade do ar.
Sobre a estanqueidade, a edificação deve ser estanque, não devendo permitir a infiltração de
água, a fim de evitar condições de risco à saúde dos usuários. Sobre a durabilidade do edifício
e de seus sistemas, a norma de desempenho especifica que é uma exigência econômica do
usuário, pois está diretamente associada ao custo global do bem imóvel. A durabilidade de um
produto termina quando ele deixa de cumprir as funções que lhe forem atribuídas, quer seja
pela degradação que o conduz a um estado insatisfatório de desempenho, quer seja por
obsolescência funcional. A referida norma ainda cita que, o adequado controle da umidade em
uma edificação habitacional é a chave para o controle de muitas manifestações patológicas
que abreviam a vida útil dos mesmos, reduzindo seu valor de uso e de troca.
Os problemas decorrentes da umidade nas fundações têm a sua intensidade determinada por
diversos fatores, dentre os quais se podem citar:
– Pelas características no lençol freático, que pode ter seu nível variado por razões naturais
tais como precipitações, evaporação, influência das marés, e por razões artificiais como
captação intensa da água do solo, desvio dos recursos de água, construções de drenagens
que modifiquem o ciclo natural da água, dentre outros;
– Pela porosidade dos materiais dos elementos construtivos como concretos, blocos
cerâmicos, argamassas de assentamento e de revestimentos, pisos, dentre outros;
– Pela permeabilidade ao vapor do elemento construtivo;
– Pelas característica do solo onde está assentada a edificação.
Quando as edificações são expostas à água por meio das falhas na barreira física que deveriam
evitar a infiltração, acabam por apresentar danos que diminuem a vida útil da mesma,
podendo até em longo prazo levar ao colapso da estrutura. Os tipos de danos decorrentes das
falhas no processo de impermeabilização da infraestrutura são:
– Danos arquitetônicos, que comprometem a estética da edificação, mas não proporcionam
risco;
– Danos estruturais, que comprometem a estabilidade da estrutura;
– Danos funcionais, que comprometem a utilização da edificação.
Segundo Verçoza (1985), a passagem de água na construção causa uma série de patologias.
As manifestações patológicas podem ocorrer de diversas formas, através dos seguintes efeitos
observados:
– Umedecimento das paredes;
– Manchas de umidade;
– Eflorescência;
Danos causados por falhas na impermeabilização da infraestrutura de edificações térreas residenciais privativas unifamiliares
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– Vesículas;
– Descolamento dos revestimentos;
– Bolor;
– Fungos;
– Corrosão de armadura;
– Mudança de coloração dos revestimentos;
– Apodrecimento;
– Fissuras e trincas;
– Odores desagradáveis.
Todas as três condições devem existir para ocorrer o fenômeno da eflorescência, sendo que se
uma delas for eliminada, não ocorrerá o fenômeno. Dentre os elementos construtivos que
podem ser afetados, estão as fachadas englobando os revestimentos em argamassa e as
pinturas, os pisos, as estruturas de concreto, as pedras, dentre outros.
As bolhas que se formam na pintura são as vesículas, acabam causando a degradação dos
revestimentos.
O bolor ou mofo é uma ocorrência comum, conseqüência da formação de fungos que atacam
principalmente os revestimentos e as pinturas, escurecendo a superfície e deteriorando.
Outro dano que pode se manifestar, é quando o ataque na estrutura de concreto é intenso pode
acarretar na corrosão das armaduras, ocasionando além da degradação do concreto,
carbonatação nas superfícies expostas.
Fissuras e trincas horizontais podem aparecer na base das paredes. Segundo Thomaz (1989),
os componentes de alvenaria que estão em contato direto com a umidade absorvida do solo,
apresenta movimentações diferenciadas em relação às fiadas superiores que estão sujeitas à
insolação direta e à perda de água por evaporação, sendo que essas trincas quase sempre são
acompanhadas por eflorescência o que auxilia o seu diagnóstico.
A ocorrência das fissuras e trincas, em continuidade a umidade constante, na maioria das
vezes leva ao descolamento dos revestimentos.
Conforme exposto, todos os problemas que podem surgir numa edificação em virtude da
impermeabilização da infraestrutura podem originar-se nas falhas de projeto, na falta de
qualidade do material empregado, na ausência de supervisão durante a aplicação, na falta de
mão de obra especializada, na ausência de cuidados posteriores a execução da
impermeabilização.
As manifestações patológicas mencionadas mostram a importância de uma escolha adequada
no sistema de impermeabilização e a importância de se executar de maneira correta o referido
Danos causados por falhas na impermeabilização da infraestrutura de edificações térreas residenciais privativas unifamiliares
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sistema, uma vez que a falta ou a falha na execução prejudicam a qualidade da edificação
podendo desencadear uma série de anomalias e não conformidades.
Quando da ocorrência de alguns destes danos citados anteriormente, se faz necessários os
reparos na edificação. Conforme a intensidade dos danos, para que sejam providenciados os
reparos necessários pode haver a necessidade da remoção dos revestimentos incluindo
argamassas e pinturas, segundo os estudos que comprovam que a umidade ascendente pode
atingir alturas até um metro e meio, a remoção dos revestimentos, para que seja eficaz a
recuperação, se faz necessária nesta extensão. Os serviços de reparo englobam demolição,
remoção, intervenções necessárias, e recompor todo o elemento que foi danificado, no caso
das paredes, refazerem todo o revestimento e repintura.
Ainda há a situação de que, a parte da estrutura onde está ocorrendo o defeito observado, seja
recuperada, e a umidade volte a surgir em outro elemento ou em outra parede que ainda não
estava afetada.
Vale lembrar que, existem casos em que o usuário da edificação não efetua qualquer tipo de
reclamação ou registro dos danos quando do surgimento das primeiras manchas, em outros
casos os clientes recém donos de seus imóveis realizam as reclamações e, no entanto não
obtém sucesso com relação ao atendimento de alguns construtores, outros usuários acabam
tendo que arcar com os prejuízos e gastos com as recuperações, outros adentram com ação na
justiça requerendo seus direitos, e a aqueles que reclamam e recebem os devidos reparos por
parte dos construtores
Por isso, os reparos devem ser muito bem planejados e estudados, a correção deve ser
eficiente, no sentido do defeito não voltar a reincidir. Deve-se localizar a origem, a fim de
solucionar de maneira eficiente o problema.
6. Conclusão
O setor da construção civil tem registrado crescimento acelerado nos últimos anos. O volume
de recursos aplicados pelo governo para financiar a construção de moradias tem impulsionado
a economia, gerando mais empregos, aumentando a arrecadação nos cofres públicos, mas por
outro lado também acarreta em efeitos negativos como a falta de mão de obra especializada.
Com base no exposto, podemos observar que as patologias causadas por falhas na
impermeabilização, podem ocorrer desde a fase de planejamento, de escolha do material,
como também na fase de execução, e os cuidados que requer posterior a execução.
Conforme visto, os gastos com impermeabilização da infraestrutura representam uma
incidência pequena com relação ao valor montante da obra. Os procedimentos de execução
são simples, além da existência de diversos produtos no mercado de comércio de materiais
para a construção civil.
Para se evitar a presença de umidade ascendente, deve-se durante a construção garantir a
realização da adequada impermeabilização na infraestrutura, através do uso de um sistema
eficaz, para isso se faz indispensável o papel do engenheiro responsável pela obra.
Esta negligência tem levado transtornos a todos os envolvidos no processo construtivo, desde
o construtor que tem seus custos aumentados consideravelmente com uma recuperação,
desnecessária caso tivesse realizado a impermeabilização da maneira correta, e ainda
perdendo credibilidade junto ao mercado da construção, até o desgaste do cliente que vê seu
sonho da casa própria transformado num problema que muitas vezes é obrigado a conviver
durante meses até que os responsáveis assumam os erros e providenciem os reparos.
Danos causados por falhas na impermeabilização da infraestrutura de edificações térreas residenciais privativas unifamiliares
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Além dos danos citados, cumprem ressaltar os efeitos psicológicos negativos causados nos
usuários da edificação. Além disso as manifestações patológicas como os mofos, fungos,
acarretam problemas à saúde dos usuários, danos aos bens existentes no interior da
edificações como os móveis, desvalorização no imóvel, desgastes entre todas as partes
envolvidas no processo como cliente e construtor.
Os danos e as manifestações patológicas listadas anteriomente, devem ser corrigidas a curto
prazo, pois tendem a piorar com o passar do tempo, por degradarem cada vez mais o
elementos construtivos da edificação, e acabam ocasionando o surgimento de outras
anomalias.
Os danos observados na maioria das vezes não colocam em risco a segurança e a solidez da
edificação. Cumpre ressaltar, entretanto, que os problemas internos e externos nas edificações,
prejudicam as suas condições de utilização. Além do exposto, devem ser considerados os
aspectos estéticos e o fator psicológico, pois as anomalias impressionam negativamente e
geram insegurança nos freqüentadores da edificação.
Além da realização adequada da recuperação, a que se corrigirem as causas de maneira
planejada, a fim de evitar reaparecimentos de danos ou prejuízos decorrentes dos mesmos
motivos aqui apontados.
Para que não se cometam os mesmos erros durante da execução da obra, recomenda-se que os
reparos quando necessários, deverão ser providenciados com material de qualidade e mão de
obra qualificada, dentro dos padrões construtivos estabelecidos por normas técnicas, sob a
supervisão de um engenheiro responsável devidamente habilitado pelo Conselho Regional de
Engenharia, Arquitetura e Agronomia – CREA, com a respectiva Anotação de
Responsabilidade Técnica – ART.
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