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Amir Dervisbegovic
Polyana Barros Schwan
Zaneir Gonçalves Teixeira
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Introdução
1 “Apesar de uma aparente relação direta entre desenvolvimento econômico e consumo de energia, esses
parâmetros não estão ligados de maneira indissolúvel.” (GOLDENBERG; LUCON, 2011, p. 83).
decorrentes, especialmente, da intervenção antropogênica no meio ambiente após a Revolução
Industrial2. Assim surge a premência de um Estado com um sistema normativo regulador
operativo e articulado, com o intuito de dirigir não só a expansão da demanda energética, mas
também o consumo sustentável.
2 “Em um curto espaço de tempo (os cerca de 150 anos após a Revolução Industrial) os impactos ambientais de
origem antropogênica se tornaram comparáveis aos causados por efeitos naturais por sua magnitude. Tais
problemas são extremamente importantes hoje: nas considerações do cientista russo Vernadsky: homem se
tornou uma força de proporção geológicas. Para se ter uma idéia, as forças naturais (como vento, erosão, chuvas,
erupções vulcânicas) movimentam cerca de cinqüenta milhões de toneladas de materiais por ano. Os atuais seis
bilhões de pessoas na face da Terra consomem em média oito toneladas de recursos minerais por ano,
movimentando algo em torno de 48 bilhões de tonadas. Há um século a população era de 1,5 bilhões e o
consumo menor do que as duas toneladas per capta: o impacto total era dezesseis vezes menor. Como resultado
novos tipos de problemas ou áreas de interesse no campo ambiental se tornaram objeto de estudo e de
preocupação.” (GOLDENBERG; LUCON, 2011, p. 112).
3 “O consumo de energia é a principal origem de grande parte dos impactos ambientais, em todos os níveis. Em
uma escala micro, é o caso das doenças respiratórias pelo uso primitivo da lenha. Num nível macro, é a principal
fonte das emissões de gases de efeito estufa, que intensificam as mudanças climáticas e causam perda da
biodiversidade. Em algumas situações a energia não tem um papel dominante, mas ainda assim é importante: é o
caso, por exemplo, da degradação costeira e marinha devida, em parte, a vazamentos de petróleo e outros
desastres ambientais” (GOLDENBERG; LUCON, 2011, p. 112).
preços competitivos, reduzindo também os impactos ambientais, exige não apenas condições
econômicas favoráveis ou naturais mínimas, mas também a opção por estratégias eficazes.
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Especificamente em relação ao setor elétrico, a predominância da matriz energética
de origem renovável é advinda de hidrelétricas. Mesmo assim, o potencial brasileiro na
produção de energia por essas fontes ainda não é suficientemente aproveitado, nem tampouco
há uma grande diversificação, embora seja observada uma evolução neste sentido nos últimos
anos. A diversificação se faz imprescindível, tendo em vista que quando há uma crise gerada,
por exemplo, por falta de chuvas, a energia torna-se mais cara com a ativação das
termelétricas. Além do impacto ao valor tarifário, esta medida causa também impactos
negativos no ecossistema.
Ainda sobre o novo modelo criado em 2004, ressalta-se que houve uma
desverticalização da ação das empresas, havendo, assim, uma proibição de uma mesma
empresa poder controlar e atuar na geração, transmissão e distribuição de energia. Neste novo
modelo também observamos uma convivência de empresas estatais e privadas atuando neste
setor, havendo também competição na geração e na comercialização. Os preços no ambiente
livre podem ser livremente negociados, podendo ocorrer tanto na geração, como na
comercialização. Já no ambiente regulado, é feito por licitação pela menor tarifa e leilão. As
sobras ou déficits do balanço energético são liquidados na Câmara de Comercialização de
Energia Elétrica (CCEE), ou por Mecanismos de Compensação de Sobras e Déficits (MCSD)
para as distribuidoras.
Duas formas para celebrar contratos de compra e venda de energia elétrica foram
também instauradas neste período: a primeira reservada para empresas geradoras e
distribuidoras, denominado de Ambiente de Contratação Regulada (ACR), e a segunda para
empresas geradoras e comercializadoras, bem como para importadores e consumidores livres,
intitulado de Ambiente de Contratação Livre (ACL)4.
Por fim, outro aspecto importante é a Eficiência Energética, que está inserida no
Plano Nacional de Energia. A projeção da eficiência no uso da energia compreende dois tipos
de progressos, o autônomo e o induzido. O progresso autônomo versa sobre a dinâmica
natural de aumento da eficiência e está relacionado tanto a programas e ações de conservação,
como por modificação tecnológica. Já o progresso induzido trata do estabelecimento de
4 “A parte que compra a energia são os consumidores com demanda maior do que 500kW, que devem ser
destinados ao uso próprio.” (PINTO, Energia Elétrica, 2014, p.98).
programas e ações específicas, dirigidos a determinados setores e reverberando políticas
públicas.
Hoje em dia, o maior problema é o alto custo da EEG: 23.58 bilhões € em 2013
tiveram que ser financiados pelo consumidor, o que resultou em adicionais 6,24 € por kWh, a
chamada taxa de realocação na conta de energia. Recentemente, muitos políticos reforçaram
que os custos para o consumidor não devem subir mais e que os produtores de energias
renováveis devem participar de pelo menos alguma competição de mercado. Porém a
implementação da energia renovável deve continuar, e a EEG é ainda assim considerada um
sucesso. Em 2012, algumas mudanças ocorreram, principalmente, relacionadas com a
diminuição das restituições e a implementação de mais instrumentos de integração no
mercado. Esta foi uma reação contra os altos custos, e também causou alguns desconfortos
para os investidores que são sensíveis a ações de curta-atuação e mudanças no cenário.
A rápida ascensão da energia renovável provoca também uma tensão na rede e nos
produtores mais conservadores de energia. A penetração das energias renováveis flutuante
representa uma tensão para a rede e, muitas vezes, a energia precisa ser vendida para o
mercado externo. Os produtores de energia conservadora têm prejuízos. Como eles não
podem alimentar em plena carga, obtem ineficiência devido à mudança das mesmas.
Podemos observar que a EEG tem duas fases e está mudando nos últimos anos, de
um sistema administrativo com tarifas fixas (primeira fase) para um sistema mais eficaz em
termos de custos do mercado que utiliza propostas e outros instrumentos competitivos
(segunda fase). Isto deve resolver o problema de custo e expor os operadores de energia
renovável a mais riscos econômicos. Pelo controle da expansão das energias renováveis, a
ênfase é colocada sobre as tecnologias mais rentáveis e em uma expansão constante, para que
as redes possam se adaptar a um melhor desenvolvimento.
Estas alterações da EEG não significam que a lei foi um fracasso, muito pelo
contrário. A EEG é a razão para a grande expansão das energias renováveis e da grande
redução de custos das tecnologias (ou seja, redução de custos da energia fotovoltaica em
80%). Agora que a tecnologia está competitiva, é pertinente que seja exposta ao mercado.
Assim, ambas as fases foram importantes e poderiam ser um exemplo para o Brasil.
No caso do Brasil, embora boa parte da matriz energética do setor elétrico seja
advinda de fontes renováveis, o governo não deve se eximir da necessidade de expandir ainda
mais o uso dessas fontes, de forma plural e com tecnologias eficientes.
De acordo com o sistema implantado, fica claro que a aderência ao sistema somente
é valorada por aqueles que detêm mais de uma unidade consumidora sob a mesma
distribuidora, pois o consumidor é condicionado a pagar pelos custos de disponibilidade do
sistema ou da demanda contratada, mesmo que produza mais energia do que efetivamente
consumiu dentro de um ciclo de faturamento. Torna-se difícil o sistema para qualquer
interessado, e fica claro que este destina-se não a todos, porém àqueles consumidores de
médio e grande porte.
Além do retorno financeiro não ser garantido, certo, ou tampouco previsível, a energia
excedente produzida pelo consumidor será dada à distribuidora em um momento inicial. Seu
eventual retorno financeiro ocorrerá em um momento futuro através do sistema de
compensação.
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Considerações Finais
Referências
ALEMANHA. BDEW. Erneuerbare Energien und das EEG: Zahlen, Fakten, Grafiken
(2014). Anlagen, installierte Leistung, Stromerzeugung, EEG-Auszahlungen,
Marktintegration der Erneuerbaren Energien und regionale Verteilung der EEG-induzierten
Zahlungsströme. Disponível em: <http://www.bdew.de/internet.nsf/id/bdew-publikation-
erneuerbare-energien-und-das-eeg-zahlen-fakten-grafiken-2014-de/$file/Energie-
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<http://www.auswaertiges-amt.de/DE/Aussenpolitik/Laender/Laenderinfos/Brasilien/
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firmado em Brasília, em 14 de maio de 2008. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/_Ato2011-2014/2012/Decreto/D7685.htm> Acesso em: 13 mar. 2015.
BRASIL. Mercado de Energia Elétrica. 2006-2015. Rio de Janeiro: EPE, 2005.
BRASIL. Lei 9.991, de 24 de Julho de 2000. Dispõe sobre realização de investimentos em
pesquisa e desenvolvimento e em eficiência energética por parte das empresas
concessionárias, permissionárias e autorizadas do setor de energia elétrica, e dá outras
providências. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/CCivil_03/leis/L9991.htm> Acesso
em: 20 mar. 2015.
BRASIL. Resolução Normativa n° 482 de 17 de abrilde 2012. Estabelece as condições
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Disponível em <http://www.aneel.gov.br/cedoc/ren2012482.pdf> Acesso em: 19 fev. 2015.
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de Janeiro: LTC, 2014.
PNE 2030: Disponível em: <http://www.epe.gov.br/PNE/20080111_1.pdf> Acesso em: 14
maio 2015.
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Currículo dos Autores:
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Amir Dervisbegovic - Graduando em Economia Energética Internacional na Universidade de
Ciências Aplicadas em Ulm, Alemanha
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Polyana Barros Schwan - Graduanda em Direito pela Universidade de Fortaleza (UNIFOR)
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Zaneir Gonçalves Teixeira - Advogada, Bacharel e Mestre em Direito (UFC), Doutoranda
em Direito (UFC), Professora da Universidade de Fortaleza (UNIFOR).