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Por uma histéria social da arte Sergio Miceli Oiinglés .J.Clarkesteeouem1973,com doislivros sobre as elagSes entte pintura, literanura ¢ politica — ao tempo da Revolucio de 1S48edabbteve Segunds Republica francesa —,efirmousitareputagdo.come hhscoriador social da arte com a obra que oleitor tem em ios? Desde oini- cio, ele comava contra a corrente, 20 insistif Wa FENposts pasties; politica mente motivada, daguela geraciode artistas franceses. Oraclestinham dese ameldarisencomendasedemandas do Estado, dialogando com fatura gré- fica de imagens, ora reagiam as tens6es suscitadas pelos conflicas declasse no campo. Suas obras estavam imersas por inceiro no acese das latas politcas. ‘Nacrilha aberca por Schapiro, 20 mobilizarexperiénciascotidianas de classe na raiz do plasma de esquemas pict6ricos, como 0s do realismo ¢ impressionisino na Franca, Clack aprofundou a percepsio da visualidade cde Courbet, movida pela rensio entre dicgo cultae cultura popular, per meivel aos cromos e panfletos.” © empenho em explorar o transito entre 1 LC mee * en, Beta, Univer of Clea Brae 196 esl borin ond Prec 688-151, Berke, Universi of Cafona Prec 998 A primiealaloem ings de Apne avidemadoyatde 1884 e2ecco revs 61987 2 Ne Meyer Schapien"Ceurker eo inagindcopoplrm eso sobre o reise ca atin ony a scemeltran ds XXX. Sto Pale Easy. 1956 pp. 81-131; presi fei on peng, Nows Yor, George Beals, 1997 (Ingres c ous, Sto Pas, Coc Be Naf 202 tad. Ans Les Danas Borg). POR UMA MISTORIA SOCIAL DA ARTE. solugdes plisticas e materiais impressos de proselitismo sinalizou desde ali o partido dialético de Clark no campo da histéria da arte A pintura da vida moderna (1984) constitui um feito marcante 20 tevitalizar por completo a histéria social da arte.O estrondo do resulta- dondo se deve apenas navidade dos objetos ou das obras e artistas exa- minados, 20 recorte cronolégico, 20 manejo do universo um bocado complexo da pintura francesa nos séculos xvii e xrx, no auge decriat dade como modelo hegeménico da arte européia. Aforaos achados de ‘ura imaginativa das telas, a andlise de Clark se impés pelas ousadias da metodologia, o que lhe permitin renovar o paradigma clissico da histé- tia social da arve,remontando as contribuigdes de Antal, Warburg, Haw: ser, Klingender, Panofsky, Wind, entre outras, sem descuidar de corpo- s-corpo comas obras. Assim como havia rastreado fontes documentais até enti pouco uti- lizadas na discipl — relatérios policiats,folhetins,estudos de eruditos provincianos,jornais ocais exe. —, em intercimbio feanco com a hisco- riogtafia francesa naperspectiva dos ‘de baixo’,Clarkndo se Farrow a0 ques iEHIRTE TURES THR dos cOpicas contraversos na agenda da disciplina: as conexées entre 0 mundo social eas praticas atisticas; 0 es tatuto eo papel exercido pelas teadigSes einstituigdes artisticas; as tendén cias complementares de crescenteestetizacioeconseqitente despolitizacio na apreciacao e interpretagio das obras de ate. “Tal poseuta se caracteriza pelo parvido reiterado de conceder ie pin turas, ds obras de arte, tengo até mais qualificada do que aquela investida tno trabalho de recuperar a tessicura adensada das selagées sociais, Clark tenciona, no mais das vezes, recobrar as marcas de classe e género no inte rior da mimese consumada nas telas, em lugar de optar pelo tajeto usual, quando o intérprete pinca nas composicies pictéricas os lembretes de uma dada experiéncia societiria. Essa apreensio frontal das obras de atte como objeco privilegiado, numa reversio de énfases que passou a enxergar os cembates de classe a reboque da formatacio artistica, explicitava um projero arvojado, 0 qual condicionava os ruggos da interpretacio as evidéncias se «retadas pelas obras. POR EMA HISTOREA SOCIAL DA ARTE As lupas de Clark escio sempre garimpando senhas de eitura desde- nhadas, como que se esgueirando em verrenos movedicos, a fim de colher dessa variedade de ligamentos das obras com o entorno as amarras de sua significagio. A argumenta;io avanga em meio a indicios, pitas ¢ travesti rmentos, um simile heueistico da investigacio poliial, rago recorrente dos melhores historiadores da arte. Preocupa-se em deslindar os materiais € procedimentos de confeccio das obras, os teores da substincia expressiva, até poder lidat com os efeitos estétices da recepeio, por onde se completa 2 ‘ravessia entre a descrigio das telas e o movimento histérico, ‘Talvez se possa esbocar uma visio concisa da pastura de.Clark por meio de seus mados de tornear as questdes ins dager. Em lugar de oferecer ao leitor pardfrases sitidos algumas de suas formulagdes abusadas, despidas dos clichés e ma- antes desse tipo de abor labarismos com que por vezes se quer enftentar as convencdes do senso comum eradito em histéria (social) da arte. Sem abdicar da filiagio marxista, desde o comeco recusou anslises da arte lastceadas em alguma nacao de’reflexo" owdererminacio", como se as obras pudessem, num efeito esponja, se deixar impregnar por ideologias, ox entéo, por osmose, oxteneat marcadores ciftados de eelagées seciais ou tendéncias histéricas. Todavia,a critica cerrada dessasp pelo automatismo, nao serviu de alibi ao expediente maroto de denegat és esvaidas problemas mais gerais da acticulagao entre arte e sociedade, da qual os puriscas do culeo a Clark defende istico imaginam poder selivrat, sma leirura colada a0 tecido interno da obras, sem ade: o cultuada pelos especialstas do belo, prontosa cenxergaraatividade ivesseo condéo deengendrar suas préprias mudancas, de dentro para fora, 4 revelia de qualquer ingeréncia do mundo social. Elenao hesitaem rechacar conceitosreducionistas,sem abrir ‘mao das indagagSes por eles suscitadas, Ou melhor fato de desqualificar ‘omenosprezo pela macéria expressiva da atividade artisica ndo se estende {as variadas modalidades de articulagio entre arte e sociedade, a qual sub- sisce como o fulero intelectual da disciplina. Eleevidenciaem suasanilisesos embararoscomquesedefrontam ost POR UMA HISTORIA SoctAL DA ARTE +0%0s das leiturasformalistas 20 professarofetchismo des obras autonomi- zadas,como se nao houvesse nadz fora delas que merecesse ser conhecido. Na pratica, tanto 0s semniélogos de plantio como os seguidores convictos do pés- ‘modernismo fazem coisa ber distinta do que alardeiam. Por mais eategori- ado que seja ointéxprete, como os materais de linguagem néo se prestam ao deciframento pelo valor facial oscriticosant-historcisss,embora inclinadosa enxergarna obrade arteuma prfeigio formal infensa sssasconstrigSes,ere- sistentes a enquadramentos sciolégicos que consideram predaérios da ma- Jesrade estética, nao obstante se vem premidesainvocar discretas evidéncias ‘externas como se fossem,notem bem, bafejos de uma realidade opressiva A avitude, tio louvada em circulos de esterase diletantes, de evitat as noses de'contexto' ou de’analogia entre forma atisticacideologia social’, por mais que se esforce em buscar sucedncos, jamais logrard de fato passar 20 longe de tai balizas, suspeitas no aracado de produzir evocagées mate- tialistas ou genéticas, que até 0 mais empedernido purista nio consegue deixar de fazer As escondidas Actitulo de exemplo,no intuito de comprovarofblegoeo padrio deexi- génciss enunciadas pelo autor, Sin FRIST HS dae aE nas décadas de 1860 e 1870, basta conferir a bem urdida rentontagem da charnada"haussmanizacio" de Paris, cema do capitulo de abereura deste liveo. Sem perder o fio da meada, Clark conecra as mudanas deflagradas ‘num panorama no qual se mesclam o choque de interesses econémicos i. vestidos om projetos de reforma urbana, o tearranjo de grapos ecategorias, socioprofissionais, as rvalidades policcas e sua repercusséo na imprensa, ecoando nos escritos dos porta-vozes dos setores divigentes, a reiclagem cessas lucas no ceatro, no romance, no ensaio, a edificacio de grandes ave nidaselojas de departamentoscomo pontas-de-langade uma nova esteutu- rade tarismo, moda, recreagio e enteetenisnento. Detais fatores vio se des- prendendo achegassobreas pinvuras.edelas emergervisadas esclarecedoras acereados condicionantes. Esse movimento depinga na sondagem recolhe rrunfos em mo dupla, ainda mais quando se percebe o angamento da andlise atavés de suas re- fragdes nas pinturas, ou, ao contririo, dos ensinamentos visuais das telas POR UMA HISTORIA SOCIAL DA ARTE sobre os significados das transformagies sociais. O leitor logo estard per- suadido do acerto de Clark em centrat o foco na pinturs,quase 0 inico vei- culoa dispordos recursos técnicos para absorverexgares.emascaras da mo- dernidade naquela conjunstia Nio haveria, portanto, esquemas peé-fabricados pars dar conta de analogias univocas entreformae contetido ideolégico,mas ampoucoadis- pensa delidar comos troperosinerentesa esse confronto,sendopreciso,em cifea hisedrica, desentranhar as conexdes que vio se armando entre dife- rentes dominios da pritica social. O desafio se aplica aos modos histories ‘mente situados pelos quais essas aproximagées vio sendo insticuidas em meio erama de enlaces identifcados pela andlise. O designio consiste, pois, em qualificar, especificar reconbever e n0- ear as eransagSesinteragdes que compéem a tessitura dessa experiéncia hiseérica,ousnelhor, emevidenciar de que manciraso que eenxerga como “concexto” se transfigura em’texto’,A bem da verdade, as provoragées ana~ liticas de Clark sempre foram muito mais ficeis de dizer do que de imple- ‘mentat, 20 menos nessa voltagem de ambic4o. LLogo,em vezde encampat umallieuca da Olympia, de Manet, pelo 4 non dos coneagradas mus enascentistas,a comecar pela ticianesca Venus d Urbino ele conseruiu uma interpreracdobaseada num compésito intrincado romance queestéIendo. Quados sia intercep;des:emum segundo, vai clarear ea leicora vai encontrar de novo seu lugar no livro.(Ouseus lugares, para.ser mais preciso: ela parece ir paraa frente e para tris nahi eindcador eo polegar mario dans piginas derenes) Bo ean o -2capa comorelhas nas bordas:o cfozinhe,apul ro chapéu de palha da goveanea,s40 todos concretos« permanentes —~ spermanentes no simples fato de estar diante dos othos — como s6 a pintu- p22 éleo pode Fazer. O proprio vapor se espalha com uma forsa surda 20 ‘mesmo tempo oposta eequivalente em diresao as grades que pressionam dev o vapor que se dissipa, ampouco as barras de ferro que o tornam um espeticulo seguro. Néo é0 bem manejade olbar para fora do quadro nem o mundo de devancio — a Ansia pelo drama da pRerdcto A eptgho nevista fa interior de outra pessoa — que 0 dedo indicador aponta. A moderni- dade é2 cocxisténcia do pathos das dois estados — 0 péthos mas tambémn 0 tenso delete. eso éo queas pinturas ao capazes de nos dizer etalvex ape- nas elas. Qu apenas as pincuras sio capazes dé fazer a proposicio dia no parecer forcada, ou pelo menos de envolver tal condigio na particular ) dade silenciosa do momento. zagio dum de seus efeitos mais profundos) equate sempre con- eas trés dimensSes em duas. Acima de tudo, subtrai da ealidade as ( palavras,Seu mundo é sensévio e concentrado masigualmentereduzido:é | tum mundo de procedimentos, de prazeres e ordens erigida pela con especial de um mefo. Nao raro esses prazeres ¢ ordens s 1s da mente, pela comparacio com desen previamente, por vezes talvez sécu 15.Elatem 0 que 0s miisicos dejazz ch: ficados enasaparéncias do ‘mundo em acelerario, que renova sua: do sobre rodas! Wizz duas dimensées? A pi modo dedescobrir doquadio que caps "relizacio" fica — 0 que vale dizet, confiema — 0s signficados e as | aparéncias, ou os dispersa e modifica? Ela mostea sua transformacio em algo diferente (na prtica,em miniarura,o modo como sao achatados,deri- PREEACIO A BDIGAO RE Thados e justapostos)? Hi alguma coisa Ié fora (ov aqui dentro) capaz de passar pelo cesce da representacio? Se eu a desenhas cla sobreviverd? ‘As respostas a todas essas perguntas,no caso de Manet, parecem estar ‘em aberto, Sei que a maneira como apresentei minha incerteza no livro gecou alguns mal-entendidas, por isso vou ser mais explicico, embora cor tendo oFiso de ser efadonbo. Ning pode lhe para Le Chemin deer ce duvidar do aperite de Manet por novas sensagées ou de sua aceitacao_ modecnisdade como uma esfera na qual seu apetite podia ter rédea sota ‘nos sapatos da garotinha, ou no vestido branco engomado,deseja que nanta —, estejamos ali com a mio agayrada & grade fra. E claro {que as grades sio absteatas ¢ implaciveis, separando-nos do mundo que segue seu curso. preto é uma tangente cruel para testae a bochecha da oquesevéasvoleascom ‘onosso olhar e que conheceo nosso tipo: so das piginas — a possibi nosso dedos: é 0 nosso olhar gu erusos, sentimos a pres ade da liberdade de imaginacgio — contra mas piginas (para se we define quem as tem eem que condi ide de continua liagao, negociagéo ¢ controle na cagio ¢ deslocament sacional— oconjuntode qualidades quadto de Manet esc profundamente em desacordo com a modernidade de que se alimenta. Nele,o espagg.tem um ar improvisado, declaratéri comose fossea emanacéodoslhares ixos dameninae da governanta e,por de segregasio eaucodeter"|” de organizacio, a encenagio do ver e sez visto — 0 | pREFicto A upigae nevisTa essaraaio,arbitrério econfinado, Da grade a0 plano do quadro no parece haver mais do gue meio metro. A semelhanca é perfeita mas superficial. «acho dewvas queagarotinha derrabou — aquelasuvas de natureza-morea la Chardin, derramadas por sobre a moldura para que o espectador as. pegue — é como uma pés-imagem patética de sensualidade ja meio di vida no arrarefeito do experdculo, ‘Profundamente em desacordo com a modemnidade de que se alimen- 1a." A dificldade de descrever um Manet consiste em manter ativos ambos os ados da caracterizago. Esta, por sua vez, tenho certeza, esti en questio do discurso dos quadros'a espectadores imaginados — fan que ocupam nosso lugar na frente das eels. E: fo de que o olhar que os quadres convidam, ow antec tido se for imaginado como proveniente de uma masculino"] que eles escancatam por com modo irresoluto, para um presente histérico esvaecido, Nest relato, 0 possi- vel espectador fi situado como un ue segura sua bengala de cabo d rods metrépole — alguém nio todo ndo permite que ela se asfeministasté 10 Sal por espectadoras como por espectadores — e em alguma medida isso ido evado em conta, E nao seria perfeitamente po: olhar da governanca foi endercado a alguém pertencente & sua prépria classe? Nio pode = por exe tal leitara forne: idade paca- re relacionado comacer do quadro. Os azuis so tio frescos e discretos, os pretos eos bran os, tio impassivels, eos taques de vermelho, codes natimortos) Bem. talvez os espectadores tendem a discordar quanco a esse ponto, ea discustio gira, como de costume, em torao de que Inevitavel prerkcto A epigho Revista — em parti — émaisplausivel historicamente e faz mais sentido naorganizacio geraldo quadro — no que diz reapeito& estruttra, a capac, a selecéo justaposi- «ode deealhes. Dei minha eaaies para crer que Le Chemin de fer €, no seu. 1d mais profun nentanea, para © pequeno mundo de oura pessoa — 0 mundo do cuiado (0 ciozinho ea .do da imaginagio (o romance, os erens que partem). E. penso que qualidade da incrusto,ou da perturbagZo momentinea de uma economia frigil — oe ; de que ponto de vista, em termos de género. sabre olhar, como uma intrusio m || cavado para a recreagio (para a modernidade) —,émais bem comprees | aqui como uma questo do sexo”apresentando a si mesmo":Sem di claro; nio hi duvida de que a governanta levanta 0s olhos do livro daquel2 tinea vezes por hora: ede quea garotinha dé 2s costas a tudo, a fim caplendor,e de que continuard a [ feminino — ele pode ser qualquer um dos dois,ou ambos “mas sobre que encenacio da troca de olhares do quadro (e qualquer encena: ‘io seri demasiado literal) corna de eudo, as pinturas de ence ympia, ou de vé-la como alguém semelhante « faria, ou de ver como que de lugar nenhum — do or" ou'ctcco” que os demas. Bo que quadro faz com suas des importa,néoa identidade que ele primeiro experimenta como’sua | | paericro epigko REVISTA ] Doquessasa A pinturada divia que sobeerudo do L nero da pincura com um mito da modernidade, e des modos — os ‘momentos — pelos quais esse encontro 0 pée & prova; des mados como 2 ppincura percebeu a insuficiéncia das imagens e dos pardmetros de entendi- mento disponiveis em Paris (sobre Paris) ¢ reuniu outra imagistica’ (am novo enguadramenco) do mesmo material. Mas isso, porsis6-é demasiado abstrato. No momentoem quecolococ’problems"dolivroemtermosgerais, coro risco de deixar escapar as razées pelas quais a pintura,entre todas as coisas — eas obras de Manet em particular —, me parece uma evidéncia crucial. O que quero dizer quando falo da pincura que'reuniu outta imagis- tica'ou que conferiunovo enquadramento a modernidade’? Decerto eunio cestava preocupado em buscar guadres que mastrassem um aspect rea da vida moderna que ficavaafatado do paleo — a pobreza eaca rondandoas ruas novase rel “sa aptisionada pelos prorocolos do lar. Se fosse sé isso 0 que eu estava bus ences, por exemplo, ouuma’ Mulher" burgue cando, entio Goeneutte ou Berthe Morisot io. Ex procurava otra coisa. Uma pintura nio re c1ecoloquem sob pressio nogbes estabe PREFAcIO A EDIGKO REVISTA Nio s6"espetdculo’ “classe”, mas especiculo e classe como formas expeificas de visualizagao, que dividem o mando em campos fechados de objerividade, interioridade e desejo. Isso €0 que Manet e Seurat fizeram em sua melhor forma, em oposigio a Goeneutte ¢ Cailleboree (ow a Renoir e Signac).Foio que Cassar fez com os materiais muito mais dificeis eintrasaveis, da‘femi- nilidade” edo ambiente doméstico, em oposigio a Morisor.(Esses foram mais dfceis para pintara nos anos 1860 e 1870 porque careciam de visibilidade plena na esfera pablica, Ainda nao existia a fo verda- deira, corrente ¢ espetacular da Mulher ¢ do Lar com a qual 0s pintores, pudessem se atracar como podiam fazer com’art sual 3" ou’ ocafé-con. certo". Foi sé posterior seus focos.F ele se rornou um dos grandes cemat — nio res modernismo. Nao quero sugerir que os esforcos de Mor primeico Monet, pata trazero inte pouco relevane dis roumesmo do para campo da representaciosejam smpouco que o contraste Cassatt-Morisot sea claro. As bes que faco se baseiam na minha percepgio dos eépicas di agorar Mas ¢ uma percepeivy provisdriar rue esse terreno sendo escavado e pode parecer muito diferente em poucos anos.] ada eseé iade da pratica eseética (O que ofereci até aqui éuma defesa da especi forgacognitva. Dig fo qui pequeno ¢ duvidoso esse grau poder quando uma ideologia esté no primeiro ardor da juventude. O texto ¢obr es que optaram por ado las — comegamos a acertar contas com 0 apelo ea amplizude das representagies tio, (De tal modo que hoje, com a modernidade se e¥ansformando liberdade edo uma inf nidade de"informagio’ — mais uma vez eqpacializada cacelerdda —, aque les que nao simpstizam com a euforia tém grande dificuldade para explicar, e poreanto para confronta, sua invaséoe sua estrucurasao da v a de tecnoeufora,imaginando 26 PREFAGLO A EDIGAO REVISTA /~ cotidiana) A ike coisa que tive a incengio de he que o mito da smodernidade sé precisa se transferid para uma pinturaparaque Sque dente seu sérdido Indo oculo, ou suas exclassedleviangh Mas, mesmo com jserninhadefeeadapistura v8{Contarpouco para parce I academia de esquerda, na qual reina uma hosilidade ;suave" arte — combinada com um entisiasno afada mais suave pelareo- ria. Os quadoe nada rém de importante > nada/de expeciio ou dif ortodoria dominance. (E uma mensagem 3 daarte sempre dé ouvidos.E ela coexiste dem raplenamente pacifica com aproliferacio atual de imagens como objetos de esse para as ciéncias humanas e os estudos culturais — pois o que porta €que as imagens si tratadasem toda parte como ilustracdo pnarca, fungées de um script preestabelecido. Purim sorodn ese Em todo caso, incar base na espécie de defesa tedrica da pintifa q acabo de eshocar me parece no fim das.con dapequena elacéo comoquede! — interessado em compreender o aleance da forga da s,enganose, uma vez que guar soacontece na concepgiodeum| | profundamente esquivo, da si fo da: ew também ras de Manet impuserama-se 20 meu estudo porque me diziar, 1cas de qualquer outro, dos poderes e dos limites dos sistemas de | representacio que me nurriam e que eu desprezava. Eu nio dispunha de ‘tempo para me preocupar com o fato de a burguesia apreciar aspectos das rease Jacques Chirac conhece Rimbaud Bob Dylan? Chegueiacer- rmesmas performances. Que iny decorsouseBi onconlere

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