Você está na página 1de 16
LORDE;, A. Sister Outsider: Trumansburg, Nova York: The Crog. sing Press. 1984 MALCOLM, N. Boonia:ashort history, Londres: Macmillan, 1994, MERCER, K. Welcome to the jungle, in: RUTHE (org). Kdentity:conmmunity, culture, diffe rence and Wishart, 1990. _-. "1968" periodising, postmolern polities and identity GROSSBERG, 1.; NELSON, C. & TREICHLERP lone} Cultural Studies. Londres: Routledae, 1992 MOHANTY, SP. Us and them: on the philosophical base political evitcism, The Yale Journal of Crtitsm, vol 21, 1.31, 1989. G MOORE, 1. “Divided we stand”: sex, gender and sexual dfs rence, Feminist Review, n. 47, p. 7895, 1994, FORD, 5 ce. Londres: Lay. (orgs), NIXON, §. Exhibiting masculinity, in: Hall, $. (org). Repre- sentation: cultural representations and signifying practices Londres: Sage/The Open University, 1997. ROBINS, K. ‘Tradition and translation: national cultre ints ‘global context, in: CORNER, J. & HARVEY, S. (orgs). Enter prise and Heritage: crosscurrent of national culture, Londres Routledge, 1991 ROBINS, K. Global times: what in the world's going on? In: DU GAY, P for). Production of CulturciCultures of Production The Open University, 19 Londres: Sage/ iy. culture, diferer EREORD, J (ong). Hdentity: community. et rmis Teme and Wisat, 10. n years of woe ABOTTILAM, S. Hiden from History: 300 ucars ROW BOT saga hms 79 Jres: Random House i, Orientalism. Lon en oneral Linguists. 140m GAUSSURE, F de, Course 8 Tins, 1978. SOKS JT polities of res Col eater G nd the Orvers Or Fes 1 a ae =. oor: the theory A produgao social da identidads ——___2daditerenea a As questdes do multiculturaismo e ramnse, nos iltimos anos, centai ticae até mesmo nas pedagogias ofcais. Mesin dhs deforma marginal, como tomas taro ang ‘questdes sio reconhecidas, inclusive pelooficalisma, come legitimas questoes de conhecimento. O que causa estranhe. zanessasdiscussées é entretanto, a daidentidade eda diferenga da diferenga tornae wa teoria educacionaler- cia de uma teoria Bm ger o chamado“nulituaisno apin-se em uum vago e benevolente apelo a tolerinciae ao respeito com adversidade ea dierengsE partclarmente ple Intica, nessas perspectivas,aidéia de diversdade. Parece Aifiell que uma perspectiva que se limita a proclamar a eaisténcia da diversidade possa servir de base para uma pedagogia que coloque no seu centro a critica politica da ientidade e da dferenga. Na perspectiva da diversidade,a diferenga ca identidade tendem a ser naturalizaas, ristar lizadas, essencializadas, Sao tomas come das ou tos dla vida social diante dos quais se deve tomar posigio, Em eral, « posigio socialmente aceita e pedagogicamente re- omendada € de respeito ¢tolerineta para com diversi de ea diferenga, Mas seré que as quests da identidade © dacliferenga se esgotam nessa posigio liberal? E, sobretude: «ssa perspectiva € stficiente para servir de base para un Dedaoxlaertica © questionadora? Nao dverianos, antes a, file d Ja, teruma teoria sobreaprodugdo da identidade i diferon ees poiticas de cone eda diferenga? Quais as implicagées p ee caer orenen, klentidade, dversidade, alteridades O que stem jogo ma dentidad? Como configura uma pedagogia e um currieulo que estivessem centradog to na dlversidede, mas na dferonga, conccta a como processo, uma pedagogia e um curriculo que nao se line tassem a celebrar a identidade e a diferenga, mas que Duscassem problematizi-las? E para questoes como eg que se volta o presente ensaio Identidade e diferenca: quilo que é ¢ aquilo que nao é Em uma primeira aproximacio, parece ser ficil define “identidade”. A identidade é “sou brasileiro”, “sow ne vem, “sou home implesmente aquilo que seé 0", “sou heterossesual”, “son jo A identidade assim coneebida parece ser uma positividade (‘aquilo que sou”), uma caracterstica independente, um “fato” auténomo, Nessa perspectiva, ‘dentidade s6 tem como referéneia ast propria: ea € aut- contidae auto-suficient, Na mesma linha de raciocinio, também a diferenga é concebida como uma entidade independente. Apenas, nes te-caso, em oposicio a identidade, a diferenca & aquilo que © outro é: “ela é italiana’, “ela é branca’, “ela é homosse- ela € mulher”, Da mesma forma en identidade, a diferenga & nesta perspeetiva, concebi como auto-refenenciaa, como ago que remete asi pps A diferenga, tal como a identidade, simplesmente ei E facil compreender, entretanto, ave Mende eae enga estiio em uma relagao de estreita dependéncia: 40° sj se nea ‘onder essa relagio. Quando digo “sou brasileiro” pa “ que estou fazendo referéncia a uma ide gotaem si mesma. “Sou brasileira” essa afirmagio porque naire Em totalmente homogéneo, no qual todas as pessoas partie sem a mesma identidade, as afirmagées de identidade nay fariam sentido. De certa forma, éxatamenteistoquueccone com nossa identidade de “humanos”, E apenas em circus, tincias muito raras e especiais que preeisamosafrmar que ‘somos humanos’. entidade «ue se es Ponto. Entretanto, en 1 existem outros sexes Aaafirmagio “sou brasileiro”, na verdade, 6 parte de uma ‘extensa cadleia de “negagoes”, de expressoes negativas de identidade, de diferencas. Por trés da afirmagio “sou brasi- leivo” deve-ser ler: “no sou argentino”, “nao sou chines”, “ndo sou japonés” e assim por diante, numa cadeia, neste 280, quase interminavel. Admitamos: ficaria muito compli- cado pronunciar todas essas frases negativas cada vez que eu quisesse fazer uma declaragio sobre minha identidade A gramética nos permite a simplificagio de simplesmente dizer “sou brasileiro”, Como ocorre em outros casos, a gra Imética ajuda, mas também esconde. Da mesina forma, as afirmagées sobre diferenga s6 fae em sentido se compreendidas em sua relagio com as afr. ‘magies sobre a identidade. Dizer que “ela 6 chinesa’ significa ly ndo ¢ argentina’, “ela nfo é japonesa” ete Uicluindo a afirmacio de que “ela nio é baile’, isto 6 que tlando &0 que eu sou. As afimmagées sobre eiferenga tans dependem de uma cadeia, em geral ocuta, de declaragoes dees sobre (outa) dentidades. Assim comoa identade Geen da diferenca, a diferenga depende da identidade. Meteo iernge so. pos cata ene a geval. consideramos a diferenga como wn produto derivado de ientidude: Netaperpecive stlew eae referéncia, 60pontooriginal we} lativamenteao qual se define ff a-p _—s_— sto refete a tendencia a tomar auilo que gp, a ference [oP nomna pela qual descrevemos ce male, mas com ito somos. POr Sa VEZ, Na perspectiva ato desenvolver,identidale © dferenga ae reste sno mutuamente determinadas. Numa visio neg ‘eal entetant, seria posivel dizer que, contatinnes, primeira perspectiva, é.diferenga que vem em primens ugar Pra 850 seria preciso considerar a diferenge ney simplesmente como resultado de um processo, mas some processo mesmo pelo qual tanto a identidade quamte Aiferengacompreendida, aqui, como resultado) so pode zidas. Nacrigem estariaadiferenca compreendid,agorg como toon processo de diferenciagio. E precisamentecrs nogio que esti no centro da conceituagio lingifstic de dliferenga, como veremos adiante Identidade e diferenca: criaturas da linguagem ‘Além de serem interdependentes, identidade e diferen ssapartilham uma importante caracteristica: clas si oresth tadodeatos de criacio lingiistica. Dizer que si00 resultado de atos de criagto significa dizer que nio sho “elementos” da natureza, que nao si0 esséncias, que nio sio coisas que estejam simplesmente af, & espera de serem reveladas ot descobertas, respeitadas ou toleradas, A iddentidade ¢ 4 diferenca tém que ser ativamente produzidas. Elas nio io sen Gearactrzado pel dferimentog, pidentidade e a diferenga: ofa presen) pela ciferenca (clativamene Jésabemos que aidentidudecaditenes adam i) as crcteristics que Detida ste a iemaiearis ton si), ds ° deum processo de produgio simbolce eae Soe Seco cesso de adiamentoe diferenciagiolingtiste ual clas sio producidas esté Tonge, encase Simétrico. A identidude, tal eomo-e dhe renga, é uma social. Iso significa que sta definigio ~ diseursivg tica ~ est sujes va vetores de forga, a rages de re © Poder de detiniy oresiltady iva. O proe Por meiodg ‘Tada essa conversa sobre bree a erve part mostrar que se & verdade que renga serve Da Certaforma, governados pel estratura daly podemos dizer, por outro lado, qu Se Wate exatamente de umaestrutura muito segura. Somos dependenten see oso simplesmente definidas das stoimponeg Mesto to cretrutura que balanca. O adiamenta i, Seconiven becpoesasrenta lado a lado, em um canpa defindo do significado e sun dependéncin de uma one sm hierarquias; clas sio disputad, racio de diferenga significa que 0 processo de signer, sem hierarquias; el putadas, 406 fndamentalmente indcterminado, sempre necey to © dife. somos, de !agem, nig Nio se trata, entretanto, apenas do fato de que a defi eacilnte. Ansiamos pela presenga do siguhede sio da dentidade e da diferenca seja objeto de disputaentrs referente (a coisa 2 qual a linguagem se refer) Masta ‘srupos sociais assimetricamente situados relativamente as medida em que nio pode, nunca, nos fornecer ‘essa desejads poder. Na disputa pela identidade esta envolvida uma di presenga, a linguagem & ¢ ‘aracterizada pela indeterminagio puta mais ampla por outros recurs da sociedade. A afirm: Essa caractristica da linguayem tem conseqiéncs Merengatraduzem o d importantes para a questio da diferenca e da identidade ae eeticamente: culturais. Na media 10s simbélicos e materials e pela instabilidade. vio da identidade e a enunciagio da lesejo dos diferentes grupos sociais, situados, de garantiroacesso privilegiade la em que sio definidas, em part, por meions sociis. A identidade ea diferen : 1a esto, pois, em meio da linguagem, a identidade e a diferenga nao podem “streita Conexdio com relagoes de poder. O poder de definir dleixar de ser marcadas, também, pelaindeterminagaoe pela alentidade e de marcara diferenga nio pede set separado instabilidade. Voltemos, uma vez mais, ao nosso exemple da Sa ls amplas de poder. A identidade e a dife identidade brasileira. A identidade “ser brasileity” nio enga nao so, nunea, inocentes, ode, como vimos, ser eompreencida fora de um processo rdei® dzer que onde existe diferenciagio ou ee de producao simbélica e discursiva, em que 0 “ser brasile- lentidade e diferenga ‘esté presence cago ou ae, ro" nio tem nenhum referente natural ou fixo, nfo é um fat € 9 processo central pele qual identidade oe absoluto que exista anteriormente a Hinguagem e fora dea Prods Havens emt «ac Ela sé tem sentido em relagio com uma cada de significt ate tradvzem ena eens UIA rie de outros a0 formada por outras identidades nacionais que, por sua es tmpouco si as, natura on predterminas, E suma, a identidade ¢ a diferenga sio tio indeterminadas instiveis quanto a linguagem da qual dependem, 0 a ). normalizar (nds. somos aconais © ia so anormais”) jes so. be bo da tdentdetos de inchte © de exclu implcam, sempre, fe somes” significa também dizer Come vim, =" -identidade ea diferenga se traduzem, chin em declares sobre quem pertence e sobre quem cass atence, sobre quem esti incluido e quem esta exclu eo ieare ila gnifica demarcar fronteiras, sig. frmar a identidade significa de soca fest iingded Gale Ge hea Gennaio a fica ilentidade esta sempre lizada a uma forte separagan entre "née" e "cles". Essa demareagio de fronteirss, esa separagio dstingio, supdem e, ao mesmo tempo afitmam e reafirmam elagbes de poder. "Nos" e “eles” no so, caso, simples distingbes g som a marcagio da diferenga A afr reste cais. Os pronomes “nds” ¢ les” no sio, aqui, simples eategorias gramaticais, mas evidentes indicadores de posigdes-de-suje inareadlas por relagées de poder ‘ito fortemente Dividir © mundo social entre que ocorre com os mecansmos rrccaraivos e lingisticos nos quais se sustenta a produsio se dentidade. Tal como a linguagem, a tendnca da iden dante e para a fixagio, Entretanto tl como ocore com 2 Tinguagem, a identidade esti sempre escapando.& facia se Mendéncia e, ao mesmo tempo, uma imposibilidade “Ateoria cultural social pos-estruturalista tem peter” sd lentidade para tentar dese a fix quanto quel iene ee dents de geneo, a ented dies oe fenadades raciais etnicas. Emboraes fancionamento, nessas diversas esc enti Fano, ambos 0 Hos de PPOEEOE ct cas dierent: a ae iy biologia 6 evidente processo semelhante. a0 ido os diversos tervit6r ver tantoos processos que tent impedem sua fixagéo. Tem sido fo recurs a" meio de argumentos biolgieos, po Utilizado nas tentativas de estabelecimento ‘ss identidades iho masculina por No caso das identidades nacionais, éextremamente anum, por exemple, oapclo a mitosfndadores, Ardent Sie ciocatt Sunleces, om ponds pone por eae ddaquilo que Benedith Anderson chamou de “comunidades jmaginadas”. Na medida em que no existe nenhuma “co- munidade natural” em torno da qual se possam reunir as, pessoas que constituem um determinado agrupamento na- ional, ela precisa ser inventada, imaginada. E necessério criar lagos imaginarios «que permitam “ligar” pessoas sem eles, seriam simplesmente individuos isolados, sem nenhum “sentimento” de terem qualquer coisa em comum ‘A lingua tem sido um dos elementos centrais desse processo ~ i histéria da imposigio das nagGes modernas Coineide, em grande parte com a histria da imposcio de uma lingua nacional nica e comum, Juntamente com a lingua, é central a construgéo de simbolos nacionas: hina, tndeiza, brasdes. Entre esses simbolos, destacam-se os chamados “mitosfundadores”. Fundamentalmente, um mi- tofundador remete a um momento crucial do passado.em ue alum gest, algun acontecimento, em geal her ‘opi, monumental, em gera inci ow executado Bor alguma figura "providenetal”nauguron as bases de una supose identidade nacional Posico importa se 08 fos assim narrados sio “verdudeiros” ow ni; 0 que im ports € ave a hart fundadora funciona pt da entdade nacional a tiga sentimental afetva que The os 30, sen as quais ela necessiia eficca, nag 0 fides que tendem a fixar as identidades mplo importante de essencia- sbora aparentermente baseadas em arg, ae ipfontativasde ixagioda identidade que esa ve i ee aula ort das muleres ou de cetos erupos “Tacks” aoe luna upostacaacteistica natural ou biokgia nip eettesmente um ero “eentifico”, mas a demonstra da au gdo de uma elogdente grade cultural sobre na nature anne, em si mesina, é~ culturalmente faland ~ silencona ‘as chamadas interpretagées bioligicas so, antes de serem biolbieas, interpretagies, isto 6, elas nao si0 mais do que a imposigéo de uma matviz de significagio sobre uma matéia aque, sem elas, nio tem qualquer significado. Todos os essen- Cialismos sio, assim, culturais. Todos os essencialismos nas cemdo movimento de fixagio que earacteriza 0 processo de produgio da identidade e da diferenca. tismo cult Subvertendo e complicando a identidade Mais interessantes,entretanto, io os movimentos que conspiram para complicar e subverter a identidade. A teoria cultural contemporanea tem destacado alguns desses movt- mentos. Alias, as metéforas utilizadas para descrevé-los recorrem, quase todas, i prépriaidéia de movimento d -viagem, de deslocamento: didspora, cruzamento de fronte- ras, nomadismo. A figura doflaneur, descrita por Baudelaire € retomada por Benjamin, constantemente citada como par de identidade m6vel. Embora de forma inet as metiforas da hibriizago, da niseigenasio, do ae ‘mobilidade entre os diferentes teritoros da identidade. ts etaforas que buscam enfatizar os processos que com” came subvertem a identidade querem enka taste como processoqque tent xis aioe para comtrapors prowess 1 530 Ie com essas perspectivas, esses Processo8 86 te tebricos; cles sio parte integral da dint ntidade e da diferenga ee {io com 0 processo de produgio das identida- des nacionai tnicas, Na perspectiva da teoria cul- tural contemporinea, o hibridismo ~a mistura, conjungo, 0 fntercurso entre diferentes nacionalidades, entre diferentes te dferentes raga = colo em ae aes pro- jue tendem a coneeber asidentidades como fimdamen- Sinente separa, dividida, segreyadas. O processo de h Iridizagio confinde a suposta pureza e insolubilidade dos grupos que se retinem sob as diferentes identidades nacionais, racials ou étnicas. A identidade que se forma por meio do hibridismo nio é mais integralmente nenhuma das identi- dades originais, embora guarde tragos delas. Nio se pode esquecer, entretanto, que a hibridizagio se di entre identidades situadas assimetricamente em relacao ao poder. Os processos de hibridizagio analisados pela teo- ¥acultural contemporsinea nascem de relagées conflituosas entre diferentes grupos nacion ou étnicos. Eles estio ligidos a histérias de ocupacio, colonizagio e destr Gio, Trata-se, na maioria dos easos, de uma hibridizagio forgada. O que a teoria cultural ressalta é que, ao confundir jubilee fing a identidade, a hibridizagio, de gum forma, também afeta o poder. O “terceiro espago” (Bhabha, 196) que rela d bie saad date he tenes Seu questionamento. ‘idadle hegemsnica: que constituia possibilidade de Obibridisino est Aue permite @ contate cone dkisporas, os deslocany . tents de nts. te sido aos movimentos ¢ sibrenter identidades: as het eases mon tPerspectiva da teoria eultinal on tes tovinenton pena ncaa 0s nds ca e jeans por meio da eseravizg. ee snplesmestemetaline soo for exemplo, pode signilicar simples livremente entre os territ6rios simbélicgs S” significa nig hiagra gaa S iruzar front eines identidades. “Cruzar front ‘sins: que demarcam ~ “artificiahn Mas 6 no movimento literal, concreto, de grupos em movimento, por obrigagio ou por opgao, ocasionalmente on constantemente, que a teoria cultural contemporanea va Inusear inspiragio para teorizar sobre os processos que tens dem a desestabilizar ea subverter a tendéncia da ide tidade | fixagio, Diisporas, como a dos nexros africanos eseraviza, dos, por exemplo, a0 colocar m contato diferentes culturas © a0 favorecer proce fo, colocam em nio- vimento processos de hibridizagio, sineretismo e eriouliag so cultural que, forgosamente, transformam, desestabili zam e deslocam as identidades oxiginais, Da mesma forma, ‘movimentos migratorios em geral, como os que, nas tltimes éeadas, por exemplo, deslocaram grandes eontingentes Populacionais das antigas coldnias para as antigas metrépo- les, favorecem processos que afetam tanto as identidades subordinaudas quanto as hegeménicas, Finalmente, 6a viagem tem geral que’ € tomada como metifora do eariter necessarie ‘mente mével da identidale. Embora menos tranmitica que a a wid devem ser respeitadas ou toleradas ~ no exercicio de uma olerincia que pode varia desde um sentimento patermalis- tote Zuma altde de sfestiogiocosmapol de convivenciaparaa qual nad que éhumanolhe 6 “estan lagosicamente a criances os jovens, nas escola, se paste dtnaladoe seater cniato, sob us mas ot das formas, com as mais diversas expresses culturas deg diferentes grupos culturais. Para essa perspectiva ad, versidade cltoral é boa e expressa, sob aaupenice ae ‘a natureza humana comam. O problema central aut que esta abordagem simplesmente deixa de questions, as relagbes de poder e os processos de diferenciagto ue antes que tudo, produzem a identidade ea dferengu Eng eral, o resultado € a producao de novas dicotomias cons a do dominante tolerate e do dominado toleado ou ad identidade hezem@nica mas benevolente e da identidade subalterna mas “respeitada Uma segunda estratégia, que poderiamos chamar de “terapéutica’, também aceita, liberalmente, que a diversi dade é “natural” ¢ boa, mas atribui a rejeigio da diferenca € do outro a distirbios psicologicos. Para essa perspectiva, a incapacidade de conviver com a diferenga € fruto de sentimentos de discriminagio, de preconceitos, de crengss distorcidas e de esteredtipos, isto é, de imagens do outro que sio fandamentalmente erréneas. A estratégia pedagi- gica correspondente consistiiaem” paenoganer te essas atitudes inadequadas. Como o tratamento pre concetvato ¢ discriminatrio do outro & um detvio de conduta, a pedagogia e 0 curriculo deveriam proporcionst staining seeneen & yom de aoa = Permitissem que as estudantes e os estudantes mudhser suas atitudes, Para essa abordagem, a disriminasio 6? reeoneeito so atitudes psioldgicasinapropiads © vem receber um tratamento que as corrija. Di a grupo, exercicios corpora, dramatizaghes so estratégias comuns nesse tipo de abordagem * Em algum lugar intermediério entre essas duas aborda: gens, situa-se a estratégia talvez mais comumente adotada xa rotina pedagégiea e curricular das escolas, que em apresentar aos estudantes e as estudantes uma visas superficial ¢ distante das diferentes culturas. Aqui, o outro aparece sob a rubrica do curioso e do exético. Além de nao questionar as relagies de poder envolvidas na produgio da ‘dentidade e da diferenca culturais, essa estratégia as refor. ‘2, a0 construir o outro por meio das categorias do exotismo edacuriosidade. Em geral, a apresentagao do outro, nessas abordagens, é sempre o suficientemente distante, tento no espago quanto no tempo, para nio apresentar nenhumn sce de confronto e dissonancia Finalmente, gostaria de argumentar em favor de uma stratéwia pedagégica e curricular de abordagem da identi. dade e da diferenga que levasse em conta precisamente ag contribuigées da teoria cultural recente, inspiragio pés-estruturalista, N fogiae ocurriculo tratariam aider ‘questoes de politica. Em se da identidade e da diferen« crucial a guiar 0 planejam« », Sobretudo aquela lessa abordagem, a. peda- "u centro, estaria uma discussio 'sa como producao. A pergunta be are ento de um curriculo e de uma edagogia da diferenga seria: como a identidade e a diferen- Sto produzidas? Quais sio os mecar coun aca . explique 0 processo de produgéo da identidut eda ae ferenca iu strate due simplesmente admita e rea, [tesa o fato da diversidade torna-se ineapar te never stir a a psn eng cy sdentidades culturais e que as separam por meio dadiferen. wenlltal Antes de toerazrespeltare admit a diferenga € precio exo como ela € ativamente prodvida. ersidade biolGgica pode ser um produto da natureza; 9 dees hte der dadiveratade cultura Aner, sidade cultural néo é, nunca, um ponto de origem: ela é,em ver iso, 0 panto final de wm proceso condo pr operagées de diferenciagio. Uma politica pedagégiea e cur. além das benevolentes declaragdes de boa vontade paracom a diferenca. Ela tem que colocar no seu centro uma teoria que permita nao simplesmente reconhecer e celebrar a di ferenca ea identidade, mas questioné-las Por outro lado, os estudantes e as estudantes deveriam ser estimilados, nessa perspectiva, a explorar as possbil- dades de perturbagio, transgressio e subversio das identi dades existentes. De que modo se pode desestabilizilas, denunciando seu cariter construfdo sua attficialidade? ‘Um curriculo e uma pedagogia da diferenca deveriam ser capazes de abrir o campo da identidade para as estratégias que tendlem a colocar seu congelamento e sua estabilidade em xeque: hibridismo, nomadismo, travestismo, cruzamen- to de fronteiras. Estimular, em matéria de identidade, 0 impensado ¢ o arriscado, o inexplorado e o ambiguo, em vee do consensual e do assegurado, do conhecido e do assenta- do. Favorecer, enfim, toda experimentagio que torn difiel © retorno do eu e do nés ao idéntico. Aproximar ~ aprendendo, aqui, uma ligio da chamada “filosofia da diferenca” — a diferenga do miltiplo e nio do diverso. Tal como ocorre na aritmética, o miltiplo é sempre lum processo, uma operagio, uma agio. A diversidade 6 estitica, é um estado, é estéril. A multiplicidade 6 ativa, 6 tum fox, € produtiva. A maltipicdade ¢ uma maquina de Drodduzir difereneas — diferencas que sio imedutives identidade. A diversidade limita-se ao existente, A multipl- 100 —_ La" wea cidade estende e multiplica, prolifera, dissemina, A diversi- dade ¢ um dado ~ da natureza ou da cultura. A multiplicidade 6 um movimento. A diversidade reafirma o idéntico. A rnulti- idade estin ol 0 identico. Como diz José Li Respeit ‘outro seja como eu sou” ou “deixar que o outro seja diferente

Você também pode gostar