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MU NHC A©OPSeIhament© Biblicg Dr. David W.Smith Seminario Biblico Palavra da Vida Curso de Treinamento de Lideres Vocé Pode (e Deve) Aconselhar por Dr. David W. Smith primeiras palavras? Antes de continuar sua leitura, repare novamente minha afirmagao inicial: "Aconselhamento é dever de cada cristo." Voc8 concorda? Discorda? Qual a sua reagao? Alguns talvez digam, repreensivelmente -- "Acaso sou eu conselheiro de meu irmao?” (ct. Gn 4:9). E passam de largo, como o sacerdote e o levita, deixando as muitas feridas espirituais de seu préximo para algum bom samaritano que possa passar. Outros afirmam: "Aconselhamento é um trabalho altamente especializado, do pastor, do pro- fissional. Assim sendo, é preciso um preparo especial, que no tenho, Além do mais, nao tenho 0 feito’ de consetheiro” Ainda outros reclamam: "Eu aconselhar? Mal consigo lidar com meus proprios problemas! Como, pois, ajudar meu proximo com os dele?" Pergunto novamente -- "Aconselhamento 6, ou nao é, dever de cada cristio?". Como um preparo para andarmos juntos em diregao a uma resposta, quero fazer-lhe um pequeno teste de associagao de palavras, Vou dar-Ihe uma palavra, e vocé vai anotar as idéias que aquela palavra desperta em sua mente. Por exemplo, quando cito a palavra "manga", quais os pensamentos que passam por sua mente? Parte de uma camisa? Fruto? Filtro afunilado para liquidos? Jogador de futebol? Muito bem. Todas essas respostas sio vilidas. Agora, outra palavra: "aconselhamen- to". Qual o "retrato mental” que vocé tem dessa palavra? Talvez org pensou num sofa de couro ¢ um paciente deitado nele, falando 4 vontade num processo de livre associagao. O conselheiro senta-se atras dele, fazendo anotagdes. Ou talvez seu conceito de "aconselhamento" tenha sido 0 de um conselheiro simpatico sentado numa escrivaninha. De vez em quando ele repete as palavras do aconselhado, ora sacudindo a cabega em profunda empatia, ora reformulando as frases do aconselhado, sempre tomando muito cuidado para nunca dar conselho ou sugestdes. Ou talvez vocé pensou numa experiéncia pessoal de acon- selhamento com o pastor ou com outro especializado no assunto. Ou pode ser que vocé tenha pensado numa terapia em grupo, ou de grito primério, ou mesmo dos corredores de um hospital psiquiatrico. Sreio que vocé ja percebeu minha intengao. A palavra “aconselhamento" gera uma variedade de idéias, algumas positivas, outras negativas. Sua reagdo & afirmagao "Aconselhamento ¢ o de- ver de cada cristo" dependerd do seu retrato mental da palavra “aconselhamento” Para o filho de Deus, a "bitola" (a Biblia) precisa determinar seu conceito da palavra "aconse- lhamento”. Hoje em dia, ha muitas idéias distorcidas, € mesmo erradas, sobre aconselhamento, quando comparadas com o padrio das Escrituras. Essas idéias ndo-biblicas tém penetrado pro- fundamente na mentalidade da Igreja de Cristo. Isso, talvez porque ha uma tendéncia de curvarmo-nos perante o mundo secular, esperando -- como cachorrinhos -- que algumas migalhas caiam da mesa dele. Mas as teorias seculares no passam de "Ancoras flutuantes". Elas no tém: (1) um mandado do Senhor para aconselhar, (2) um padrdo absoluto ¢ seguro (além da légica ou consciéneia humana), A conselhamento é dever de cada cristo. Pare um instante. Vocé leu com cuidado aquelas Pagina 1 (3) uma descrigao do homem "ideal", ou seja, 0 alvo do aconselhamento, ou (4) poder (além da propria forga de vontade) para efetuar mudangas de comportamento, atitu- \. de, e pensamento, Considere 0 contraste com 0 aconselhamento biblico. No minimo, ele (1) tem mandado do Senhor, (2) usa a Palavra de Deus como padrio absoluto, (3) possui uma descrigzio do homem “padraio" (por ex., Rm 8:29 ¢ Gl 5:22-23), e (4) depende do poder do Espirito Santo para efetuar mudangas profundas de personalidade. Voltemos a pergunta inicial: "Aconselhamento é, ou nao é, dever de cada cristéo?” Talvez agora vocé responda -- "Mas vocé deu-me apenas 0 contraste do aconselhamento biblico com as teorias no-biblicas, Vocé ainda nfio definiu o aconselhamento biblico." ‘Tem razio. Talvez a seguinte definigao possa servir: "E 0 ministério de um individuo procu- rando ajudar outro, a identificar, compreender, e resolver seus problemas de acordo com a Pala- vra de Deus, pelo poder do Espirito Santo, para a gléria de Deus.” Esse tipo de aconselhamento é dever de cada cristo. Note, por exemplo, os imperativos de Colossenses 3:16: "Habite ricamente em vis a palavra de Cristo; instrui-vos ¢ aconsethai-vos ‘mutuamente em toda sabedoria, louvando a Deus com salmas e hinos e cdnticos espirituais, com gratidéo, em vossos coragoes." Observe, no contexto, que ndo é um versiculo apenas para pasto- res ou profissionais, mas para todo o Corpo de Cristo. Reforgando nossa definigao de aconselha- mento biblico acima citada, o versiculo destaca o papel central das Escrituras ("Habite ricamen- te em vés a palavra de Cristo. .."), 0 aconselhamento matuo (“aconselhai-vos mutuamente...") € a importancia da sabedoria (aplicagao da Biblia as situagdes especificas da vida cotidiana) no aconselhamento. ‘Talvez vooé agora esteja pensando: "Est bem, Estou comegando a convencer-me de que 0 aconselhamento realmente seja dever de cada cristo. Mas certamente ha requisitos minimos pa- ra comegar. . .". Novamente, vocé tem razfio. A prépria Biblia sugere-nos alguns: Gilatas 6:1, por exemplo, diz: "Irmdos, se alguém for surpreendido nalguma falta, vbs, que sois espirituais, corrigi-o, com'espirito de brandura; e guarda-te para que néo sejas também tentado." Observou 0s requisitos do conselheiro? (1) Tem de ser "irméo," no incrédulos, mesmo especializados (2) Devem ser "espirituais" (andando no Espirito Santo, demonstrando o fruto do Espirito (GI A‘ 5:22-23). (3) Tal espiritualidade ha de demonstrar-se num “espitito de brandura’ e a profunda humildade que se guarda para nao cair no mesmo erro. Ainda pengando nas qualificagées biblicas de quem aconselha, note também os termos de Ro- manos 15:14: "E certo estou, meus irmdos, sim, eu mesmo, a vosso respeito, de que estais possu- idos de bondade, cheios de todo 0 conkecimento, aptos para vos admoestardes (aconselhardes) uns aos outros." (1) Novamente 0 aconselhamento no fica restrito a um grupo de especialistas: sto “irm&os". Porém sio irmios (2) "possuidos de bondade’, movidos pelo amor que busca o bem-estar de outrem, (3) "cheios de conhecimento”, 0 rico conhecimento do proprio Senhor e de Sua Palavra, e consequientemente, (4) “aptos para vos admoestardes uns aos outros", capazes de perceber como ajudar alguém a solucionar seus problemas em Cristo. Sim, "aconselhamento é dever de cada cristo." Assim ordena a Biblia, Nao posso passar de largo. Sou conselheiro de meu irmao (e, pela mutualidade indicada nas passagens acima citadas, também posso ser aconselhado por ele). Devo preocupar-me com as feridas espirituais dele. E no apenas em casos extremos, casos de crise, Mas antes que as crises acontegam, antes que a in- feogdo piore, exigindo medidas mais drasticas, no espirito de Hebreus 3:13: "pelo contrario, exortai-vos mutuamente cada dia, durante 0 tempo que se chama Hoje, a fim de que nenhum de vds seja enduurecido pelo engano do pecado." Fica evidente que esse tipo de aconselhamento de- ve ser um processo continuo, no contexto de uma comunidade (a igreja) onde reina o amor, ¢ on- de barreiras entre irmaos nao encontram ambiente para crescerem. Pagina 2 Como comegar? Dispondo-se para desenvolver as qualidades biblicas necessérias para acon- selhar. Verificando seus relacionamentas com Deus, com parentes e amigos. Aplicando a Pala- vra de Deus aos seus proprios problemas (os "adultos" so "aqueles que, pela pratica, tém as suas faculdades exercitadas para discernir nfio somente o bem mas também o mal" -- Hb 5:14). Dai, fique atento as necessidades a0 redor de voc8. Nao haverd falta de oportunidade! em Uma Situkedo em RMRHR viDd Pula, & be Casro. DS © comreko na Corned Mane ea 6 Jor Jo004 Pagina 3 as Uma Ancora Segura ap Dr. David W. Smith Ira, ressentimento, medo, preocupagao, ciimes, depressio, culpa, caréncia afetiva, preguiga, adultério, amargura, revolta, masturbago ~ problemas, problemas, problemas! Dentro ¢ fora da igreja: _ninguém esta isento. Milhdes de pessoas com problemas & procura de alivio, de solugdes € de mudanga permanente Como munca antes, pessoas esto procurando conselheiros para ajudé-las a mudar suas vidas -- isto significa mudar seus valores, suas atitudes, suas crencas, seu comportamento e seus relacionamentos. Mas quem determina 0 alvo dessas mudancas? Ou, de onde vém as instru ¢6es, valores, principios e priiticas no processo dessa mudanga? Ou, quem fornecera 0 poder para efetuar as mudangas? O conselheiro? O aconselhado? Mais alguém? © mundo do aconselhamento ressoa com uma multidao de vozes oferecendo alivio € solu- ges. Mas sdo vozes frequentemente conflitantes. As terapias seculares, como as de Freud, Ro- gers, Jung, Skinner, Maslow, Fromm e outros, no concordam entre si quanto ao alvo das mu- dangas no aconselhamento, muito menos quanto ao processo especifico para atingi-lo. Freud, por exemplo, pressupde ser o homem meramente um animal, fruto do longo processo de evolugao, pacote de instintos basicos (ndo um ser criado por Deus, a Sua propria imagem) Como tal, ele ndo ¢ responsavel por aquilo que faz. Ele é desnecessariamente afligido por con- flitos entre seus desejos egoistas e as restrigdes de uma consciéncia rigida e intolerante (ou, em termos freudianos, 0 conflito entre o Id e o Superego). Cura, para Freud, significa amaciar a consciéncia, “abaixando seus padres ao ponto em que o egoismo & visto com biologicamente inevitavel" (Principios Basicos de Aconselhamento Biblico, por Dr. Lawrence J. Crabb, Jr., p 26), Naturalmente, nao deveria violar os padres da sociedade. Por isso, "como meio de satisfa- zer oS impulsos sexuais, o estupro é inaceitavel porque incorre na ira da sociedade. Portanto, encontre um parceiro cooperativo ou entao pague por isso. Questées de moralidade sao irrele- vantes" (Crabb, p. 27), Em profundo contraste com Freud, Carl Rogers afirma que tudo que esta dentro do homem ¢ bom. © problema vem de fora. A pessoa deixou de ser ela mesma por causa de um ambiente rigido, moralista ¢ oprimente que bloqueou a expressio da bondade interior. A solugdo é remo- ver as restrigdes, permitindo ao homem a livre expresso de tudo o que ele ¢. Obviamente, Freud Rogers esto em total desacordo quanto 4 raiz dos problemas humanos € também quanto & sua solugao. Os dois terapeutas ilustram bem a confusio atual no mundo do aconselhamento secular. Por isso, ndo é de admirar que os proprios alunos das faculdades de Psicologia esto confusos quanto ao sistema de aconselhamento que adotardo 20 assumirem suas posigdes profissionais. Muitos acabam tornando-se ecléticos, fazendo uma "salada mista" de métodos e principios oriundos de sistemas to diferentes como éleo ¢ agua. "Mas", talvez alguém possa dizer, "o crente nio pode aprender nada dos terapeutas secula- res?" Claro que pode. concordo com Dr. Crabb quando ele diz, "o desprezo por todo pensamen- to secular como sem valor nega 0 fato dbvio de que todo verdadeiro conhecimento ver de De- us." Também concordo plenamente com sua conclusio equilibrada, depois de avaliar as princi pais terapias seculares: "Os esforgos da Psicologia, embora esclarecedores em muitos aspectos, so tao titeis para o conselheiro em busca de um fundamento adequado, quanto ancoras flutuan- tes seriam para um navio em aguas tumultuosas” (paginas 23-24), © que precisamos ¢ uma ancora segura, uma bussola no deserto, um farol no escuro, E se procuramos no manual de instrugdes do fabricante do nosso carro as diretrizes para seu melhor Pagina 4 funcionamento, no € ldgico procurar no "manual de instrugées" do Criador as diretrizes para 0 "melhor funcionamento” de Suas criaturas? Claro que sim! Por isso, parece-me um tanto incoe- rente a procura cada vez maior, por crentes no Senhor Jesus e na Sua Palavra, de alivio e solu- Ses para seus problemas nos consultérios de profissionais que no conhecem a Deus, Seu "ma- nual de instrugSes" (a Biblia), ou o poder do Seu Espirito Santo. E essa procura no é para ex- trair um dente ou tirar pedras da vesicula, mas (como ja disse) para mudar valores, atitudes, cren- G28, comportamento e relacionamentos, Talvez pior ainda so os conselheiros e professores cris- tos que adotam e ensinam os métodos e livros desses terapeutas incrédulos quase que sem "pe- neira" nenhuma. Diz o Salmista: "Bem-aventurado 0 homem que ndo anda no conselho dos impios. .." (SI 1:1). Para 0 homem que foi regenerado "mediante a Palavra de Deus, a quail vive © é permanente" (1 Pe 1:23) e cuja "inica regra de {é e pratica" é a Biblia, 0 "livro texto” do aconselhamento deve ser a Palavra de Deus. "Livro texto? De aconselhamento?” talvez diga alguém. "Como assim? Ninguém usa a Bi- blia como 0 livro texto de Engenharia, ou de Arquitetura ou de Odontologia, nao é verdade?” Verdade. "Por qué, entdo, que a Biblia serviria como 0 livro texto de aconselhamento’ A resposta é mais facil do que parece: Nunca foi a intengao de Deus que a Biblia fosse 0 livro texto de Engenharia, Arquitetura ou Odontologia. Porém, ela é sobremaneira um livro de aconselhamento. Primeiro, foi eserita pelo Supremo Conselheiro (Is 9:6). Segundo, ela afirma conter "TODAS as cousas que conduzem a vida e & piedade” (2 Pe 1:3). E por meio de "suas preciosas e mui grandes promessas" que podemo-nos tomar "co-participantes da natureza divi- na, livrando-nos da corrupgao que hé no mundo" (2 Pe 1:4). Diz 0 apdstolo Paulo que cla é "UTIL para o ENSINO (tudo que Deus requer de nds, dando-nos alvos e padrées seguros), para @ REPREENSAO (mosirando-nos nossas fathas quanto ao cumprir dos alvos e padrées dEle para nds), para a CORRECAO (indicando-nos 0 caminho de volia, a cura, a "planta" de uma nova construcéio), para a EDUCACAO NA JUSTICA (0 longo processo de adguirir os novos habitos de um estilo biblico de vida), a fim de que 0 homem de Deus seja PERFEITO (maduro) ¢ PERFEITAMENTE HABILITADO para TODA BOA OBRA" (2 Tm 3:16-17), Note os termos absolutos nestes versiculos, Por isso, voltamos a repetir: a Biblia é sobremaneira um livro de aconselhamento. E 0 livro texto do aconselhamento. ja aponta (como nenhuma terapia secular) 9 alve do aconselhamento: semelhanga com 0 proprio Filho de Deus, 0 Senhor Jesus Cristo (Rm 8:29; 2 Co 3:18). Ela identifica o problema basico do homem: o pecado (Rm 3:23 discorda frontalmente com a afirmagio de Rogers que tudo que esta dentro do homem é bom). Ela indica a fonte de poder necessario para efetuar mu- dangas permanentes: O Espirito Santo (GI 5:16). E ela traca, por principios e preceitos, solu- Ges seguras para uma variedade de problemas que afligem o ser humano. Por isso, 0 conselheiro e aconselhado cristos podem -- e devem -- usar com total confianga a Biblia como livro texto do aconselhamento. Sua verdade é absoluta; sua autoridade final. Seu Autor é catedratico no assunto! Pagina S A BASE BiBLICA DO ACONSELHAMENTO Dr. David W. Smith, I. Aconselhamento: O Dever de Cada Pastor A Ef 4:11,12 B. [Pe. 5:2 At. 20:28, contrastados com a negligéncia dos falsos pastores de Ez. 34:1 - 6 C. At. 20:17~35: as duas atividades principais do apéstolo Paulo durante seu ministério em Efeso: 1. Wy. 20,27- ‘ si - 2. V8.31- PAYS Aeomne lwo mL era € wsorre wom Loerie D. Cl. 1:28: Resumo do ministério de Paulo - 1. Conteddo principal neorec ene : oe 2. Alvo 10. en 3. Método tara, noverha a, - me Il. Aconselhamento: O Dever a ristio A. GL 6:1,2 ele mss ems B. CL3:16 L Ts. 5:14,15- em cron Souedto una decd Cane D. Rm. 15:14: notem os requisitos “irmaos" “possuidos de bondade" “cheios de todo conhecimento" “aptos para vos admoestardes uns aos outros” so pe lll. Aconselhamento: Baseado em Seis (ao menos) Palavras Gregas do N. T. A. Tlapaxadga: O verbo aparece 107 vezes no N.T., com uma variedade de tradugdes em portugués (por ex., "consolar," "confortar,” "implorar," "rogar,” "*suplicar,” "exortar,” “conciliar," "convidar,” "pedir," etc.). A idéia principal é a de chamar ao lado para auxiliar. As vezes significa Pagina 6 (@) rogar, implorar, ou pedi, 0 contexto fornecendo o contedido especifico do pedido. Outras vezes significa (b) exortar, admoestar e encorajar, visando incentivar alguém a persistir ou cumprir uma determinada conduta. E ainda outras vezes, significar (c) confortar ou consolar, visando aliviar a dor ou tristeza de uma provagio jit passada. Assim, este iltimo significado focaliza 0 passado, enquanto (b) enfoca o futuro. O substantive napéxAnarc (29 vezes no N.T.) tem a mesma variedade de significados (veja, por ex., 2 Co, 8:4; Rm. 12:8; e Rm. 15:4). Uma outra palavra relacionada, xapéxAnzoc, é nome do proprio Senhior Jesus Cristo (1 Jo. 2:1) e do Espirito Santo (Jo. 14:16, 26; 15:26 e 16:7). B. NovBetéa: O verbo aparece 8 vezes no N.T. (At. 20:31; Rm. 15:14; 1 Co, 4:14; Cl. 1:28; 3:16, 1 Ts. 5:12,14; 2 Ts. 3:15), e © substantivo 3 vezes (1 Co. 10:11; Ef. 6:4 € Tt. 3:10). A palavra significa literalmente, por em mente, E treinar por palavras, instrugo verbal. A palavra contém trés elementos basicos: (1) Existe um problema, decorrente do pecado, no aconselhado, que precisa ser mudado; (2) 0 conselheiro procurar efetuar aquela mudanga por meio de uma confrontagao verbal, utilizando as Escrituras, ¢ (3) a motivagao do conselheiro & a de amor para com o aconselhado, visando seu beneficio, ajudando-o a amar a Deus e ao seu préximo C. THepanvOgonar: Palavra relativamente rara no N.T., 0 verbo aparecendo somente 4 vezes (Jo. 11:19,31 e 1 Ts, 2:12; 5:14) e 0 substantivo apenas uma vez. (1 Co. 14:3). la significa falar bem de perto com alguém, Conseqientemente, denota "consolar" ¢ "confortar," porém com ternura maior que MapaKxcAte, dirigindo-se mais as emogdes do que a vontade. D. MexpoBunéi: A palavra é usada 10 vezes na forma do verbo (Mt. 18:26,29; Le. 18:7; 1Co. 13:4 Ts 3 ITs, 5:14; Hb, 6:15, Tg, 5:7 (2x), 8; 2 Pe. 3:9), mais 14 vezes na forma do substantivo (Rm. 2:4; 9:22; 2 Co. 6:6; Gl. 5:22; Ef Cl. LLL; 3:12; 1 Tm. 2 Tm, 3:10; 4:2; Hb. 6:12; Tg. 5:12; 1 Pe, 3:20 e 2 Pe. 3:15), e uma vez com advérbio (At. 26:3). Ela significa a disposicao paciente © humilde que ndo se ofende facilmente e que nao fica irada em meio a provagdes desprezo. E. Avtéonat O verbo aparece 4 vezes (Mt. 6:24; Le, 16:13; 1 Ts. 5:14 e Tt. 1:9) transmitindo a idéia de "agarrar," "apoiar,” ¢ "amparar." F, Kazaptéti: Um verbo muito sugestivo quanto ao aconselhamento, aparecendo 14 vezes no N.T. (Mt, 4:21; 21:16, Mc. 1:19; Le. 6:40; Rm. 9:22; 1 Co. 1:10; 2 Co, 13:11; GL 6:1; Ef. 4:12; 1 Ts. 3:10; Hb. 10:5; 11:3; 13:21; e 1 Pe. 5:10). No grego clissico, a palavra foi usada para Gescrever © trabalho ‘de médicos ajustando ou endireitando um oss0 quebrado ow ligamento Também descrevia a conciliagao de facgdes politicas e preparos militares e navais. Portanto, no NT, ela significa (1) reparar o que esta errado ou quebrado, e restaurd-lo a sua utilidade planejada, ou (2) completar o que falta (neste caso, ndo implica dano ou erro), ou material ou eticamente, sempre visando sua utilidade maior. OBS. Obviamente, a existéncia de varias palavras que descrevem o aconselhamento biblico leva- nos @ afirmar que nao ha apenas um método correto, por ex., confrontagio verbal. Quatro dos Pagina 7 verbos acima citados aparecem em 1 Ts. 5:14, onde o tipo de abordagem depende da condigaio encontrada (i.e, 03 “insubmiissos’ devem ser “admoestados,” os “desanimados" devem ser "consolados," os "fracos" devem ser "amparados,” e todos tratados com "longanimidade.") Os verbos deste versiculo so imperativos, no tempo presente, significando um dever (ndo apenas opgio) constante. IV. Cristdos Possuem Recursos Unicos para o Trabalho de Aconselhamento A. As Sagradas Escrituras: 2 Pe. 1:3; 2 Tm. 3:16,17 B. O Espirito Santo: Jo. 14:16,18; Is. 9:6; 11:2; 1 Co, 6:9-11; 2 Co. 3:18 C. O Corpo de Cristo: Rm. 12:3 - 8; 1 Pe. 4:10,11 Pagina 8 ALGUMAS PSICOTERAPIAS E A PALAVRA DE DEUS Freudismo Proprio de Sigmund Fre- ud (1856 - 1939), neuropsiquiatra austriaco. CAUSA DOS PROBLEMAS: Instintos barrados, que produzem ansiedade. In- teragéo do Id, Ego, e Su- perego. ‘TERAPIA OU GURA: Desimpedir ou reorientar os instintos, assim colo- cando 0 Id, Ego, e Supe- rego em melhor equilibrio, Na pratica, significa (1) descobrir a motivagdo encoberta, (2) amolecer 0 Superego, "diluindo" suas exigéncias ao ponto de aceitar a auto-satisfagao como um alvo valido, e (3) promover a auto-satisfa- 0 dentro dos limites da realidade e aceitagao so- cial. Behaviorismo Restrigdo da psicologia ao estudo objetivo dos esti- mulos e reagées verifica- das no fisico, com despre- 20 total dos fatos animi cos i. €., pertencentes a alma). Representantes: 8B. F. Skinner, Paviov, Watson. ‘CAUSA DOS PROBLEMAS: Condicionamento errado ou deficiente, ‘TERAPIA QU CURA: Modificar 0 ambiente, re- condicionar 0 paciente, assim aplicando a ciéncia (em que o homem tem confiado em todas as ou- tras éreas de sua vida) também ao comporta- mento humano. Pagina 9 Humanismo Doutrina ou atitude que se situa expressamente nu- ma perspectiva antro- pocéntrica. . .que afirma que a verdade ou a falsi- dade de um conhecimen- to se definem em fungao de sua fecundidade e efi- cécia relativamente & acdo humana. . .e que afirmam ser 0 homem o criador dos valores morais. Representantes: Rogers, Maslow, Pearls, Ellis, etc. CAUSA DOS PROBLEMAS: Potencialidade impedida. ‘TERAPIA OU CURA: Tirar 0 impedimento. PAPEL DO TERAPEUTA: O de arqueologista, "ca- vando" profundamente no passado, e dai, revivendo as experiéncias de uma maneira nao ameagadora (psicandlise/psicoterapia) PRESSUPOSIAO BASICA: O homem nao é respon- sdvel por aquilo que faz. CONGEITO Do SER HUMAN Animal, produto da evolu- 0, "pacote" de instintos primitivos (basicamente, amor e aggressividade). PRESSUPOSIGAO CRISTA’ O homem é pecador, ple- namente responsével por aquilo que faz. Precisa ser mudado. PapeL DO TERAPEUTA: O de cientista, observan- do, medindo, quantifican- do, e assim, mecanica- mente reestruturando ambiente. PREssuPOSGAO BASICA: © homem é meramente um animal cujo valor tni- co é sua contribuigao & sobrevivéncia da raga. CONCEITO Do SER HUMANO: Animal, apenas um pouco mais complexo que um simples rato; treinado e condicionado pelo ambi- ente. PRESSUPOSICAO CRISTA: Cada homem foi feito @ imagem de Deus, preci- sando ser confrontado, persuadido e mudado para o seu beneficio pes- soal e para a gloria de Deus. Pagina 10 PAPEL D0 TERAPEUTA: de catalisadér, apenas ajudando o homem a se auto-realizar, _langando mao de recursos em si mesmo para resolver seus problemas. PRESSUPOSIGAO BASICA: © homem possui, em si mesmo, todos os recur- sos para resolver seus problemas. CONCEITO Do SER HUMANO: Mais nobre que um ani- mal, que deve realizar sua potencialidade plena. PressuposicAo CRISTA: Para que haja mudanga no homem, ele precisa de uma confrantagéo com a Palavra de Deus, para alcangar a potencialidade que Deus planejou que tivesse. Mudanga Biblica Permanente: Sera que ela é possivel? 7 Eumudar...?! Deve estar brincando..: Sabe como é: . ie que nasce torto.., -O ALVO: A IMAGEM DE SEU FILHO (Romanos 8:29) 11 IV oO ° semelhanga com o Senhor Jesus (Rm 8:29, 2 Co 3:18). ¥/ A Mudanga de um habito que tenha se tomado um estilo de vida ¢ algo dificil (Jr 13:23), porém Deus nos capacita 4 Mudanga Biblica Permanente Maria Cecilia Alfano Alvo Alvo da mudanga biblica € nossa Perspeetiva Biblica ra aquilo que Ele exige de nos (Fp. *.dransformados de gléria em gléria, 13; 2:13). A fonte do poder 1a Sua propria imagem..." (2 Co. 3:18) necessério. para que ocorra uma mudanga permanente é 0 Espirito Santo (GI 5:16). > A Algumas Consideracées sobre Mudanga 5 impossivel mudar o nosso passado, mas é possivel mudar os efeitos dos passado no presente estilo de vida ~ € possivel mudar © comportamento atual. Nossa personalidade é formada (1) por uma natureza herdada e (2) por habitos adquiridos. Contudo, somos responsiveis pelo modo como remos lidar com aquilo que herdamos de nossos. pais (1 Pe 1:16-18). Biblicamente a personalidade nao ¢ fixa; mudanga é possivel. homem possui a capacidade dada por Deus de formar habitos, embora 0 processo néo seja imediato e exija treinamento. Uma situagiio pode ser mudada quando mudamos nossa atitude e nossa conduta dentro da situagdo(IPe 3:1). * Mudanga biblica no é uma opgao, é uma ordem (Ef4:1, 17) O Processo de Mudanga O primeiro paso: conscientizagdo do comportamento pecaminoso (SI 139:23,24). E necessario admitir 0 habito, bem como nossa responsabilidade por ele (Pv 28:13). © ponto inicial da mudanga: arrependimento Pégina 13, 1, Arrependimento nio verdadeiro (Hb 12:16,17) 2, Arrependimento verdadéiro (2 Co 7:10) que produz fruto apropriado (At 26:20, Mt 3:8), yeravote (“metanoia") significa "mudanca de mente", normalmente acompanhada de auto-exame, contrigio, e abandono do pecado (Mt 21:28-30). C. A "formula" biblica: Ef4:22-24 Ef4:22 __| Despojar-se dos maus habitos Ef 3 Renovar-se, programando a mente com 0 padrao biblico Ef 4:24 Revestir-se do novo habito biblico D. O instrumento de auxilio: a Palavra de Deus (2 Tm 3:16). Ensino:da os alvos ¢ padrées seguros Repreenstio:aponta as falhas de nossos alvos e padrdes pessoais Corregao indica o caminho de volta Educago na justica:encoraja o processo de treinamento para adquirir novos habitos Elementos Envoividos no Processo de Mudanga de um Habito Dr. Jay E, Adams em seu livro © Manual do Conselheiro Cristiio (cap. 19) destaca 7 elementos do processo de desabituar-se e de reabituar-se: 1, Tomar consciéncia do habito que deve ser mudado. -- natureza ~~ freqiténcia situago provocadora reas atingidas 2. Descobrir a alternativa biblica Descobrir a "estrutura" que facilitara a mudanga: atividades ambiente = associagbes (Pv 13:20; 14:7, 22:24-25; 1 Co 15:33) 4, Quebrar 05 "elos” na "corrente” pecaminosa, © resistir, deliberadamente rejeitar determinados modos de agir. (Tg 47, Py 17:14) == restringir, nao permitir que 0 pecado se expresse livremente (Py 15:1; 29:11, 10:19, 15:28; 17:27) 5. Receber 0 auxilio de outras pessoas (Pv 16:18) Pagina Ld = "= incentivo e cobranga crista (Pv 27:17; Gl 6:2; Hb 10:24,25) *© oragdo (Tg 5:16) Enfatizar o relacionamento total com Cristo: "= a motivagdo para amudanga: obedecer a Deus (Ef4:1) ¢ viver segundo o que de fato somos em Cristo (Rm 6:11) "= 0 foco durante 0 processo: Cristo atuando e sendo refletido em todas as areas da vida, endo o problema, Praticar 0 novo habito: ®= requer disciplina (1 Tm 4:7; Hb 5:14) = implica um esforgo persistente (Le 9:23) Pagina 15 Mudanga Biblica: De Cima para Baixo por Dr. David W. Sint "A mudanga biblica é a meta do aconselhamento,” afirma Dr. Jay E. Adams (Q Manual do Conselheiro Cristo, p. 164). Isso, porque 0 alvo do Senhor para cada filho dEle é que nos conformemos a imagem de Seu Filho (Rm 8:29) ‘A mudanga, porém, nao é facil, Diz, Jeremias 13:23: "Pode acaso o etiope mudar a sua pele ow o leopardo suas manchas? Entéo podarieis fazer 0 bem, estando acostumados a fazer 0 mal" A interpretago comum dessa passagem é que Jeremias refere-se 4 natureza pecaminosa com que ‘os homens nascem, Mas, com muita raziio, Adams (citando Calvino) insiste em que o profeta estava ressaltando a quase impossibilidade de romper padrdes fixos de vida, de mudar 0 "habito contraido apés longa pratica" Qualquer pessoa que tendo lutado com habitos que "apds longa pratica" tenha-se tornado estilo de vida, conhece bem de perto a profunda dificuldade de mudanga. A ansiedade que se entrega a0 Senhor, mas que, momentos mais tarde, esta de volta. O génio forte entregue ao controle do Espirito Santo que volta a explodir. Os pensamento de lascivia e luxtiria que escravizam. O medo que paralisa A amargura que corréi Mesmo para o filho de Deus, habitado pelo Espirito do Senhor, a mudanga ¢ dificil. Apesar de ser nova criatura em Cristo, muitas vezes ele continua a seguir 0 mesmo padrio de habitos e pensamentos de antes. O pastor Erwin Lutzer ilustra isso com 0 caso de um homem recentemente liberto da prisao, que estava encontrando muita dificuldade em adaptar-se 4 sua nova liberdade: Fez esta experiéncia: pegow uma garrafa com forma distinta e abarrotou-a com fias, uns pequenos, outros grandes. Apés algum tempo, quebrow a garrafa com marteto, O resultado? A maioria dos fios reteve a forma da garrafa. Aqueles.fios precisavam ser endireitados um por um. O hontem demonstrara sua dificuldade: é possivel estar livre e ainda reter os tracos da escravidéo(a revista Moody Monthly, p48, margo, 1978), Mas, embora dificil, a mudanga é possivel, em Cristo - mesmo a mudanga de maus habitos que nos tem afligido com persisténcia angustiante durante muitos anos. E essa mudanga comeca "de cima para baixo”, Ela comega com a mente: "Endo vos conformeis com este século, mas transformai-vos pela renovagtio da vossas mente..."(Rm 12:2). A transformagio de atitudes ¢ conduta é "pela" renovagao da mente. Por isso, a mente € um ponto estratégico e, conseqiientemente, alvo de frequientes ataques inimigos. Afirma o Pr. Lutzer, no capitulo, "Podemos Controlar Nossos Pensamentos” de seu excelente Aprenda a Viver Bem com Deus ¢ com seus impulsos Sexuais (estarei citando varios trechos deste livro no decorrer do artigo): ~ Todos nés sabemos que as batalhas sto ganhas ou perdidas na mente. A parte mais importante de nossa pessoa é aquela que ninguém vé~ a nio ser Deus. Se pudéssemos projetar numa tela todos 08 pensamrentos que tivemos na semana passada, teriamos uma boa idéia de como est nossa situagao espiritual. Os préprios pensadores seculares também afirmam a vital importancia da mente para a vida do homem William James, pai da psicologia moderna, declarou que "a maior descoberta desta geragao é saber que os homens podem mudar suas vidas alterando suas atitudes mentais”. Disse Ralph Waldo Emerson, “o homem é 0 que pensa durante todo o dia (ambos citados em Stott, Crer é Também Pensar, p. 34.) Portanto, a batalha pela mente é feroz € os ataques inimigos vem de fora e de dentro. De fora Pagina 16 vvém os ataques de Satands e do mundo (0 sistema de falsos valores que 0 diabo propaga). "Receio", iz o apéstolo Paulo aos Corintios, “ gue assim como a serpente enganou a Eva com a sua astiicia, assim também sejam corrompidas as vossas mentes, e se apartem da simplicidade e pureza devidas 4a Cristo" (2 Co 11:3). O diabo no é um bobo: ele logo mira a cabega para conseguir 0 corpo todo. Como diz Juan Carlos Ortiz, em O Discipulo (p. 49): Quando alguém sai para cagar veados ou qualquer outro tipo de caga, ele faz mira na cabega do animal e nao na sua canda, pois se.0 tiro 0 alingir na cabega, pega o animal todo. Mas ha um compl6. 0 diabo e 0 mundo tém um aliado, um traidor que continua existindo no crente: a carne, "O pendor da carne & inimizade contra Deus, pois ndo esté sujeito a lei de Deus, nent mesmo pode estar" (Rm 8:7). Essa velha natureza é uma "disposigdo mental reprovavel” (Rm 1.28), um "entendimento cego" (2. Co 4:4). Ela domina o proceder do incrédulo, como afirma Paulo: “também todos nés andamos outrora, segundo as inclinagdes da nossa carne, fazendo a vontade da carne e dos pensamentos..." (Ef 2:3). Mais tarde, novamente retratando 0 homem sem Cristo, © apéstolo ordena aos Efésios “que ndo mais andeis como também andam os gentios, na vaidade (futilidade) dos seus préprios pensamentos, obscurecidos de entendimento, alheios a vida de Deus por causa da ignordncia em que vivem, pela dureza de seus coragées" (Ef 4:17-18). fica evidente que @ carne pode ter (se deixarmos) uma enorme influéncia até no filho de Deus. Até aqui, temos visto que a mudanga biblica comega "de cima para baixo" e que hi uma batalha com adversérios astutos e poderosos para conquisté-la, Perder essa batalha significa perder a guerra. Custe 0 que custar, temos de ganhar. mas como? Na realidade, ja indicamos 0 primeiro passo: Reconhecer Os in iid No minimo, temos de identificar as origens dos nossos maus pensamentos. "Bem-aventurado 0 homem que néio anda no conselho dos impios..." diz 0 Salmista (SI 1:1), porém veja algumas mentiras em que muitas pessoas acreditam: © no posso ser hipdcrita: preciso seguir 0 que sinto, eu nfio amo mais minha esposa. Por isso, separei-me dela. Deus ¢ injusto, pois nos dé desejos e depois restringe a satisfagdo deles. Se formos bem cautelosos podemos pecar secretamente, sem causar prejuizo a ninguém. ‘Um bom prazer erético vale qualquer castigo que Deus possa impor-nos depois ‘Uma pessoa pode viver no mundo da fantasia e ainda assim ser um bom cristo ((iradas, em parte, de Lutzer, p. 115), Sem identificar 0 inimigo somos (infelizmente) capazes de conviver com ele scene O segundo passo é cpnecer E Usar Nossas rae? As armas da nossa milicia nd so carnais, e sim, poderosas em Deus, para destruir fortalezas; canulando sofismas e toda altivez que se levante contra 0 conhecimento de Deus, levando cativo todo pensamento &@ obediéncia de Cristo (2 Co 10-4-5). Entre outras “armas" mencionadas nas Escrituras, Pagina 17 LUCIANO MARINHO mencionaremos apenas uma: a palavra de Deus, que ¢ "espada do Espirito" (Ef 6:17). Na batalha contta os maus pensamentos {parece desnecessério dizer, mas nao é!), ela precisa ser utilizada. O proprio Senhor Jesus referiu-se ao poder dela: conhecereis a verdade e a verdade vos libertara" (Jo 8:32), Libertaco, porém, dos maus pensamentos normalmente seré conseqiiéneia de uma estratégia cuidadosamente planejada e executada. Cheguemos ao terceiro passo. econ ecer E Aplicar A Estratégia piv Deixe-me sugerir algumas diretrizes concretas nessa estratégia W(1) Identitique uma ou duas areas onde vocé mais luta com maus pensamentos: preocupagio, medo, sexo, orgulho, cobiga, inveja, ia, preguica, amargura, etc. Seja até mal educado com eles: chame- os de pecado mesmo, W (2) Procure na Palavra de Deus versiculos, ou mesmo passagens inteiras, que falem ao seu coragio quanto aquela area de batalha mental (Incluirei no fim do artigo algumas sugestSes) W (3) Decore as passagens mais pertinentes. Nao deixa de ser a verdade 0 Salmo 119:11: "Guardo no coragao as twas palavras, para ndo pecar contra 1.” No Seminario Biblico Palavra da Vida, todos (alunos e equipe) decoram no minimo um versiculo por semana. W (4) Dai, esteja preparado para a disciplina e perseveranca necessirias para desenvolver novos tos no seu pensar. Note que pus em negrito a palavra "habitos". O Novo Diciondrio Aurélio define posigaio duradoura, adquirida pela repetigaio freqiiente de um ato, uso, costume” (a énfase € minha). Dizem alguns especialistas que a formagao de novos habitos exige um esforgo constante, concentrado, e consciente durante seis semanas! Por isso, resista a tentagio de achar que o problema acabou com a primeira vit6ria, ou de entregar os pontos com a primeira derrota! W(5) Quando vier'o mau pensamento, no fique logo aborrecido. © pecado ndio exté’em ficar tentado, mas em ceder A tentagZo, O préprio Senhor Jesus fbi tentado, tendo até que avaliar em Sua mente as sugestées tentadoras do diabo. Mas Ele levou-as numa confrontagao direta com os pensamen- 10s de Seu Pai, identificando-as e rejeitando-as como (literalmentel) diabdlicas (Mt 4:4,7,10) (6 Mantenha-se em plena comunhao com o Senhor, levando cada pensamento na presenga Ale, sem esconder nada, Josue e os principes da congregagio de Israel entraram em apuros quando aceitaram a "perfeita” logica dos moradores de Gibeom, e erraram, pois "no pediram conselo ao Senhor" (Js 9:14). Caimos quando queremos escolher quais os pensamentos que levaremos a0 Senhor, em ver de levar todo pensamento cativo a obediéncia de Cristo. A vitéria nfo sera nossa, enquanto reservarmos para ns mesmos (isolados do Senhor) alguns pensamentos em que est o nosso secreto ( licito) prazer O segredo da vitoria esté na comunhao totalmente aberta com Deus. Quando Davi convidou 6 Senhora conhecer "os meus penssamentos” (SI 139°23),usow uma palavra rara do hebraico que aparece apenas mais uma vez no V.T. (SI 94:19, traduzida “cuidados"), e que pode ser traduzida como "pensamentos desinquietadores, angustiantes, ou ansiosos". Ee tinha uma "mente totalmente aberta’ aberta a0 Senhor, nio escondendo nada dEle, O Pr. Lutzer ressalta o valor dessa comunhio : ‘Se quisermos fer pensamentos corretos, a primeira perguntaa fazer ser esta: Serd: que tenho um coragao Pagina 18 voltado para Deus?..A combo com Deus é mais importante do que a vitéria sobre o pecado (embora precisemos desta, para termos a primeira)... Desejo dominar minhas paixdes apenas para ter uma consciéncia pura, ter sucesso nat vida e uma boa familia, ou estou totalmente empenhado em viver para o louvor e gloria de Deus? (p. 113) W(1) Neste contexto de comunho com Deus, confronte o mau pensamento com 0 texto apro- priado (¢ memorizado) da Palavra de Deus, citando-o mental ou verbalmente, obedecendo qualquer ordem ou reivindicando qualquer promessa nele contido. Uma breve ilustrago do processo, Na lita com a ansiedade, posso preparar-me para o proximo ataque decorando Filipenses 4:4-9, Em vindo a onda de ansiedade, logo concentro meus pensamentos no trecho, citando-o mentalmente. Lembro-me que 4 minha alegria esta no Senhor, no nas circunstancias (vs. 4) "perto estd o Senhor", junto comigo na minha "tempestade pessoal” (vs. 5) devo orar sobre tudo, primeiro, inclusive "com agdes de graga” (mesmo quando ainda no veja a resposta) (vs. 6). devo estar ocupando minha mente com coisas boas (a preocupaciio nfo se inclui entre elas!) ¢ sou responsivel por meus pensamentos(vs. 8) devo praticar 0 certo, sem ficar paralisado com a preocupacdo (vs. 9) Assim sendo, o Deus da paz. seré comigo (vs.9), e Sua paz guardara o meu coragdo ¢ a minha mente em Cristo Jesus (vs.7) Note que, implicito nessa estratégia, esta o principio da substituigaio. Aconselha Dr. Stephen A. Grunlan, pastor: "Nao lute contra maus pensamentos habituais; substitua-os"("So You Want to Kick the Habit", Moody Monthly, fev., 1984). Alguns alunos de nosso Seminario com quem tenho conversado tém substituido os fortes pensamentos de lasciviae luxtiria com a recitago personalizada de passagens como Romanos capitulos 6 e 8, com grandes vitorias. Temos tragado algumas diretrizes que talvez possam ser-Ihe iteis na batalha pela mente, ‘Miudanga biblica comega ai. Guardando a fortaleza da mente pela estratégia divina, seremos capazes em Deus de ganhar a guerra toda Algumas sugestées de versiculos para memorizar: Preocupagio Filipenses 4:4-9 [Pedro 5:7 Mateus 6:34 Medo Provérbios 3:25-26 Sexo, Lascivia 2 Timéteo 2:22 Romanos 13:14 Romanos 6 Mateus 5:28 Jo3il 2 Corintios 7:1 Orgulho Tiago 4:6 TPedro 5.5-6 Galatas 6:3,14 Cobica, Inveja Salmo 119:36Lucas 12:15 Colossenses 3:1-61 Timéteo 6:6 Hebreus 13:5 Filipenses 4:11-12 Ira Salmo 37:8Efésios 4:26, 31 Provérbios 14: 29Colossenses 3:8 Provérbios 16:32Tiago 1:19-20 Falta de dis Romanos 12:11 1 Corintios 9:26-27 Hebreus 6.12 Filipenses 4:12-13 Amargura Effsios 4:31-32 Hebreus 12:15 Pagina 20 Mudando os Maus Habitos por Dr. David W. Smith tes, e continua com a transformagio de nossa conduta Neste artigo, queremos mirar a estratégia biblica para mudarmos os velhos e errados habitos, que fazem parte do "velho homem", o velho estilo de vida que nos caracterizava antes de nossa conversdo. Ji tocamos de leve nesse assunto no artigo anterior. Agora, vamos ao fundo Me: comega "de cima para baixo" -- comega com a transformagao das nossas men- E Habito Mesmo? Quando é que um ato torna-se "habitual"? Dr. Jay E. Adams, conselheiro cristdo que tem dedicado muitas paginas a este assunto em varios de seus livros, nos ajuda: Um ato torna-se "ha- bitual" quando a pessoa “se sente @ vontade quando poe em pratica o seu hébito. Nao se sente mais desajeitada e tensa, quando assim o faz." E quando ela "reage automaticamente a deter minadas situagdes (ou estinulos), de maneira habitual”. E ainda, é quando ela "se atira a essa pritica (ou pelo menos comeca a fazé-lo) sem que para isso tenha de decidir-se, sem pensar conscientemente no que faz" (O Manual do Conselheiro Cristo, p. 182). Uma Dadiva do Senhor Deus nos fez com a capacidade de formar habitos, e sua vital importancia para 0 nosso dia-a- dia fica evidente numa segunda citagZo de Dr. Adams: O hébito permite aos seres humanos a possibilidade de agirem sem decisbes conscientes numa variedade de circunsténcias, para que possam empregar suas mentes em outros assuntos, le focalizarem centenas de detathes mondtonos (amarrar sapatos, abotoar camisas, etc ete., ete.). Mas, por sua vez, muitos pequenos atos habituais, em conjunto, formem estilos de vi- da (por ex., dirigir um carro movimentos do pé, mao, olho, brago, etc., juntam-se para formar um comportamento que se chama "dirigir" More Than Redemption: a Theology of Christian Counseling, p. 161) em vi Estragada? Mas a dadiva foi estragada por nds pecadores. O habito é uma faca de dois gumes: podem-se formar bons habitos como também podem-se formar maus hibitos. E um mau habito que leva alguns crentes a deixar a comunhio com 0s irmaos: "Nao deixemo-nos de congregar-nos, como é costume de alguns...(Hb 10:25). Ha pecadores cujos corages s4o "exercitados (treinados, por longa prética) na avareza" (2 Pe 2:14). Por outro lado, os (espiritualmente) maduros ja criaram 0 bom habito de, "pela priitica, (ter) suas faculdades exercitadas para discernir néio somente 0 bem, mas também o mal" (Hb 5:14). Nao é Moleza! Pagina 21 Mudar um habito profundamente enraizado nao é moleza! Grande parte do crescimento espi- ritual, porém, é justamente isto: examinarmos os nossos habitos um por um, eliminarmos os ma- us, e adquirirmos (ou, fortalecermos) os bons. Como escrevi no ultimo artigo, tal processo exige do crente um esforgo constante, concentrado e consciente, no poder do Espirito Santo. Mais uma vez. Adams descreve bem tanto 0 processo como o preso: S6 existe um modo de alguém tornar-se uma pessoa piedosa, a saber, orientando a vida na direcéio da piedade, e isso, padréo apés padréo de vida. Os velhos caminhos pecaminosos, dé proporctio em que forem sendo descobertos, terdo de ser substituidos por novos padrées segun- do 03 moldes da Palavra de Deus. Esse 60 significado do viver disciplinado. A disciplina, antes de tudo, requer (1) 0 exame préprio; em seguida envolve (2) a crucificagdo dos amtigos cami- hos pecaminosos (dizendo-thes "no" a cada dia), ¢, finalmente, exige (3) a pratica no seguir a Jesus Cristo, conforme novos caminhos, mediante, mediante a orientagao e forga que o Espirito ‘anto prové por intermédio de Sua Palavra, Esse caminho biblico para a piedade ndo é empresa {facil ou simples, mas & 0 caminho sélido (O Manual do Consetheiro Cristdo, p. 174, numeragio € énfase minhas). “Formula” DRR Digo aos meus alunos de Aconsethamento Biblico que o segredo aberto da mudanga biblica é a Formula DRR (que, na realidade, inclui os trés fatores citados por Adams). A "Férmula" baseia-se nos trés verbos principais de Efésios 4:22-24: No sentido de que, quanto ao trato passado, vos despojeis do vetho homem, que se corrompe segundo as concupiscéncias do engano, e vos renoveis no espirito do vosso entendimento, e vos revistais do novo homem, criado segundo Deus, em justiga e retidéo procedentes da verdade. Nao creio que os trés fatores sejam necessariamente cronolégicos, porém sao absolutamente vitais no processo de mudar os maus habitos D: Despojar-se dos maus habitos do velho estilo de vida sem Cristo. R: Renovar-se, programando sua mente com 0 novo padro biblico. R: Revestir-se do novo habito biblico, fazendo-o parte de sua vida. Trocando em Mitidos Agora vamos trocar em mididos as implicagdes dessa "Formula" (na realidade, "formula" nao € a melhor palavra, pois sugere que o sucesso vird com a simples e facil aplicagao de trés passos. Muito pelo contrario! O processo exige paciéncia perseveranga. Mas ja que ¢ facil lembrar des- sa palavra, fico com "fGrmula"), Ou seja, vamos ampliar os trés fatores da "formula" para nove itens 0 minimo para voté quebrar, eliminar, e substituir um mau habito Wa Fazer exame proprio, orientado pelo Espirito Santo (SI 139:23-24), identificando 05 maus habitos a serem despojados, tendo cuidado de no fazer vista grossa quanto a pecados habituais que tem praticado ha anos. Diz Jerry Bridges, autor de um excelente livro sobre a pro- cura da santidade (The Pursuit of Holiness): Nosso espirito critico e néio perdoador, nosso hxibito de fofocar, ou a nossa tendéncia de jul- gar outros, sio (habitos) Go pecaminosos como muitas alividades que apontamos no mundo ndo crisidio. O Espirito Santo nos ajuda a percebermos as dreas especificas em que precisamos cres- cer em santidade (revista Moody Monthly, jan., 1985), Pagina 22 W (2) Admitir que tenho 0 habito ¢ que sou responsivel por ele. O bébado que insiste que consegue largar seu habito a qualquer hora, na realidade, nao admite seu problema. Se insiste em culpar 0s outros pelo problema dele, ainda ndo assumiu a responsabilidade por ele. W (3) Procurar do Senhor o desejo de vencer o habito. Jerry Bridges afirma: Somente aquele que tem aquele desejo forte (dado pelo Espirito do Senhor) perseveraré na tarefa lenta e drdua de procurar a santidade. Os habitos da nossa velha natureza ¢ atragdes da tentagéo iriam vencer-nos se nao fosse pelo Espirito Santo atuando dentro de nés. Afinal, "Deus é quem efetua em v6s tanto o querer como o realizar, segundo a sua boa vontade" (Fp 2:13). E. "tudo posso naquele que me fortalece” (Fp 4:13). W (4) Reivindicar, quanto aquele habito especifico que quero ver eliminado de minha vida, Romanos 6:11: "Considerat-vos mortos para o pecado, mas vivos para Deus em Cristo Jesus". Bridges novamente aconselha quanto a aplicago pratica dessa verdade: Quando me vejo confrontado por uma tentagdo perante a qual tenho sido especialmente vul- nerdvel, devo dizer para mim mesmo: "Morri para o dominio do pecado; nao tenho obrigagéo de ceder aquela tentagéio. Posso dizer-the "ndo". Dai, oro, "Senhor Jesus, procuro de Ti o poder de que preciso para resistir équela tentagdo”. Conto com o fato que, porque estou vivo para Cristo, posso apossar-me do poder dEle para persistir em dizer "ndéo", mesmo quanto a tentagio nao desaparece. (5) Reconhecer que o "despojar-se” anda de mios dadas com o *revestir-se". Em outras palavras, o mau habito além de ser despojado precisa ser substituido por um bom habito. De- vo procurar na prépria Palavra de Deus os habitos biblicos para substituir os maus habitos. Note, por exemplo, como o "despojar-se" e o "revestir-se" sempre aparecem juntos nas ilustragdes do apéstolo Paulo, em Efésios 4:25-32. A mente que se ocupa apenas com 0 negativo, muitas vezes acaba caindo no proprio erro proibido. Pense, por exemplo, na placa, "Nao toque; tinta fresca!" Se vocé s6 ocupar-se com a proibigao, a tendéncia é de tocar mesmo ! Uma de minhas filhas, quando bebé, tinha uma fasci- aco com a tomada na sala onde ela brincava, querendo enfiar o dedinho no buraquinho! Pare- cia que as proibigdes apenas aumentavam o desejo de fazé-lo. Precisivamos discipliné-la, ¢, 0 que se aplicava ao caso, ocupé-la com outras coisas, assim distraindo-a da tentagio da toma- da. W (6) Estar preparado para disciplina e perseveranga de aplicar, diariamente, 0 novo habito até que ele se torne "natural" para mim. Dirigir carro ¢ Pelé tém algo em comum, diz Dr. A- dams" Pense sobre 0 que Pelé e Maria Ester Bueno aprenderam a fazer, dessa maneira ( prética da disciplina). Como foi que vocé aprendeu? E como eles aprenderam? Mediante a pratica, a pritica diseiplinada. Voce guiou o seu automével por tanto tempo, que guiar um automovel fornow-se uma parte de vocé mesmo. Tudo se tornou, para voce, uma segunda natureza. Era dis- so que Paulo falava, ao escrever a Timéteo: "Exercita-te pessoalmente na piedade" (1 Tm 4:7). E dessa forma que uma pessoa estabelece um estilo de vida e passa a viver de acordo com ele” (O Manual do Consetheiro Cristdo, p. 172). W (7) Evitar situagdes tentadoras; procurar situagdes edificantes, Paulo escreveu a Timéteo: "Foge, outrossim, das paixdes da mocicade” (2 Tm 2:22). Parte dessa "fuga" talvez seja evitar coisas no erradas, em si, mas que facilmente possam levar-nos & pritica do velho mau habito, Por outro lado, Paulo continua: "Segue a justiga, a fé, 0 amor e a paz com os que, de coragéo puro, invocam ao Senhor”. Devo procurar circunstancias e ambientes que favoregam e fortale- Pagina 23 LUCIANO MARINHO gam a formagao do novo habito biblico. Lembro-me nitidamente como minha frequéncia a igreja e de grupos de orag%o, logo'apés minha conversio na faculdade, ajudou-me a despojar-me em pouco tempo de falar palavrdes! Foi bem mais facil cair nesse ponto no salao de bilhar! W (8) Procurar uma "cobranga” erista. Hoje mesmo uma pessoa afirmou que, para superar uma fase dificil contra um velho habito, sua ajuda foi a cobranga que Ihe fiz. E assim que pode- mos “levar as cargas uns dos outros" (GI 6:2). Eclesiastes aconselha: "Methor & serem dois do que um,..porque se cairem, um levanta 0 conpanheiro; ai, porém, do que estiver 86; pois, cain- do, néo havera quem o levante" (4:9-10). (9) Lembrar que um lapso no é fatal. Em seu artigo bem pratico sobre como abandonar os maus habitos, pastor Stephen A. Grunlan escreve Psicdlogos dizem que a maneira pela qual alguém lida com uma fatha determinard se ele, no Jinal das contas, consegniré vencer 0 habito. Se eu descubro que ja estou no processo de devo- rar um pacote de bolachas (assim violando meu regime) enquanto leio um livro, posso reagir dizendo, “Fathei redondamente. Comi algumas bolachas. Nessa altura, sé me resta terminar 0 pacote todo e comegar meu regime tudo de novo amanhd." Ou posso dizer, "Eu néio devia ter comido essas; vou colocé-las de volta na cozinka jé." A primeira reagdo leva-nos & derrota, a segunda @ vitoria (So You Want to Kick the Habit", Moody Monthly, fev., 1984) Pigina 24 Disciplina: Uma Pratica Perdida & Dr. David W. Smith Meus parabéns! ciplina ndo é um assunto muito popular em nossos dias. E se voc8 comegou a ler este Disc: apesar do titulo, pode ser que vocé realmente reconhega a necessidade de uma vi- da mais disciplinada No século vinte, a disciplina pessoal em prol de uma santidade individual é uma prética qua- se que perdida. Ninguém, porém, negara ser ela vital, Tanto nas Olimpiadas de Seul, quanto nas "Olimpiadas Espirituais" do crescimento espiritual, nao ha atletas instanténeos e nao ha vitorias sem disciplina. Juntos com mais de um bilhdo de telespectadores pelo mundo inteiro, assistimos a 13.000 atletas de 161 paises que competiam em Seul, A principio foi facil esquecer os meses e meses de disciplina que os levaram 20 momento "magico" da competigao olimpica. Mas quando nosso atleta Robson Caetano ganhou a medalha de bronze nos 200 metros rasos, Joaquim Cruz a meda- Iha de prata nos 800 metros rasos, ¢ Aurélio Miguel a medalha de ouro no judé, ficou mais do que evidente que nfo haviam decidido entrar na competi¢do na manha de suas vitérias, sem nun- ca antes terem-se preparado. Agora pense na corrida espiritual, que tem um valor incomparavelmente maior (1 ‘Tm 4:8) Muitas vezes somos to relaxados! Apesar de desejarmos ser como Cristo, ficamos "parados", fora de forma espiritualmente, Velhos ¢ maus habitos voltam a nos afligir, novas resolugdes nun- ca se realizam, ¢ as vezes mal falamos "Bom Dia!” ao Senhor em nosso apressado momento de- vocional Paulo nos deixa um conselho simples e objetivo: "Exercita-te pessoalmente na piedade." (1 ‘Tm 4:7). Em outras palavras, da mesma forma que a disciplina era crucial para as vitorias em Seul, a disciplina pessoal também determina a vitéria na corrida espiritual. Certamente vocé e eu gostariamos de conseguir a vitoria. Por que, entio, a disciplina pessoal se torna uma pratica que- se que perdida em nossas vidas? O Alvo: Esquecido? er Talvez 0 alvo do nosso “exercicio espiritual” tenha ficado esquecido ou perdido de vista, Uma vez, minha filha mais velha assustou-me com uma pergunta que vale Bas a pena fazer-nos de vez em quando: -Papail ~ disse a garo- tinha, ent&o com trés anos de idade, - Por que estou aqui?- Sondando mais o assunto, descobri que ela estava indagando a razo de sua existéncia — por que ela fora colocada neste mundo, E 16s? Qual o alvo do nosso "exercicio espiritual"? De acordo com Paulo, o alvo é a "piedade". O termo no significa "pena" ("tenha piedade de mim"), muito menos “comiseragdo" (como em "autopiedade"); ele significa uma "atitude pessoal para com Deus que resulta em ages que Lhe agradam," (Jerry Bridges, The Practice of Godli- ness, p.18), Observe que "piedade" é mais do que uma atitude de devogao ou reveréncia para com Deus: uma atitude que gera agio; é devocao a Deus que produz um estilo de vida coerente com a Palavra de Deus e com Pessoa de Jesus Cristo (Rm 8:29). Nas palavras do dr. Jay E. Adams, Pagina 25 piedade "significa tomar-se cada dia mais como 0 proprio Deus. © homem piedoso leva uma vida que reflete © préprio Deus... devemos agradar a Deus através de ser, ‘pensar, agir, falar © sentir, conforme Sua vontade" (Jay E. Adams, Godliness Through Discipline, p.2). Seja no lar, escola, no emprego, portanto, meu alvo é refletir a Pessoa do Senhor em tudo que fago. As vezes, porém, posso esquecer desse alvo. Posso perdé-lo de vista, mergulhando-me nas atividades ¢ empreendimentos do dia-a-dia, Parece que Pedro reconhecia esse problema quando escreveu, "pois aquele a quem estas cousas (qualidade que compoem o carater de Jesus em nds) ndto estilo presentes é cego, vendo sé 0 que esta perto, esquecido da purificagdo dos seus peca- dos de outrora” (2 Pe 1:9_. Sem a perspectiva das coisas "li do alto" (Cl 3:2), € muito facil a “miopia espiritual” que s6 enxerga e se envolve nos negécios deste mundo. Momentos de desanimo, cansago, migoa ou mesmo rebeldia também podem tirar meus olhos do alvo da "piedade". Talvez queira jogar tudo para o alto, desistir. Mas, quando deixo de prosseguir para 0 alvo, sinto um vazio em minha vida, tristeza, a impresso de que a vida esti passando por mim sem que eu esteja realmente participando dela. E Espirito do Senhor a chamar-me de volta para ativamente buscar a piedade através do exercicio espiritual. Mas, mesmo que eu esteja compromisso com alvo de Deus (Lembra? "Uma atitude de pro- funda devog%o ao meu Senhor que gera a ago didria de uma conduta de acordo com a Pa- lavra."), posso ainda no estar exercitando-me em prol da piedade. Talvez seja por pura desobe- digncia, inéreia, ou comodismo, Mas pode ser que eu nao compreenda a natureza desse "exercicio" espiritual. Vejamos cinco esclarecimentos sobre o tipo de disciplina que Paulo tem em mente aqui. A Disciplina: Mal Compreendida A disciplina significa “esforgo proprio”. Talvez vooe esteja dizendo: "Mas, é claro! Isso é mais do que dbvio!" Mas ha pessoas que pensam (etradamente): "Tudo que eu fago é suspeito, porque, embora salvo, sou pecador. Paulo nio disse 'Sou carnal, vendido a escravidao do pecado'? (Rm 7:14). E a carne milita contra o Espirito. (Gl 5:16). Ainda mais, dominio proprio (alicerce da disciplina propria) € fruto do Espi- rito (GI 5:22, 23), nao de mim mesmo." Assim pensando, alguém poderia concluir que nao deve- ria fazer nada, porque tudo que faz carnal. Poderia achar que seria melhor cruzar os bragos, deixando que Deus fizesse tudo, © erro nesse pensamento esta em identificar o "eu" apenas com a "carne" ou o "velho ho- mem", Isto me leva a rejeitar qualquer esforgo proprio como sendo “contaminado", ou "pecami- noso", Quando Paulo fala "exercita-te pessoalmente na piedade", ele obviamente dirige a sua exor- tagdo a mim, Ele entende que a mudanga biblica envolve uma atuagdo dupla: a atuagdo de Deus @ minha também. Isso porque 0 proprio Senhor & "quem efetua em nds tanto 0 querer como 0 realizar, segundo a sua boa vontade" (Fp 2:13). Portanto, meu “exercicio espiritual”, embora dependente ("vivo pela fe"), ndo deixa de ser uma disciplina pessoal, ardua e consciente. Pagina 26 a hoya uma vida qe ele 0 pring Deus , A disciplina significa "moderagio" Em segundo lugar, a disciplina na vida cristi nfo significa apenas domar uma legido de impulsos errados que ameacam expressar-se em mim, Em outras palavras, no & apenas algo negativo. Por ser fruto do meu profiundo desejo de amar a Deus a 20 meu proximo, a disciplina ndo foge apenas do mal, mas também segue o bem. Nas palavras de Paulo, "foge, outrossim, das paixdes da mocidade," mas também, “segue a justiga, a fé, 0 amor e a paz com os que, de cora- go puro, invocam ao Senhor”. (2 Tm 2:22), Se pensdssemos em termos de um regime alimentar, por exemplo, "disciplina" no significa abstinéncia nem gula, mas moderagao. Alguém definiu a disciplina desta maneira: "E a capacida- de de dizer ‘nao! aquilo que é certo, e ‘consinto' aquilo que é a minha obrigacéo." (Mayhall, "Gossip: Holding the Tongue in Check", DJ 44:88, p.27). A disciplina significa “negara si mesmo” Terceiro, a disciplina na vida cristd é muito mais que negar-me coisas que eu possa desejar (por exemplo, uma saborosa sobremesa, quando estou fazendo um regime). E negar a mim mes- mo! Disse Jesus: "Se alguém quer vir apos mim, a si mesmo se negue, dia a dia tome a sua cruz e siga-me." (Lc 9:23). Comenta dr. Jay Adams, "com a frase 'si mesmo’, Jesus significa os velhos desejos, as velhas praticas, os velhos hébitos adquiridos antes da conversio. Eles se tornaram parte da vida pratica e didria de tal forma que acabaram sendo ‘naturais’. Nascemos pecadores, mas levou tempo para desenvolver nosso estilo individual de pecar." (Adams, p.4). Por isso, precisamos identifiear os velhos hibitos, sejam palavras ou penssmentos, atiudes ou ages, que compiem o velho estilo de vida (0 "si mesmo" de Lucas 9:23), e precisamos nos despojar deles (Ef 4:22) A disciplina significa “praticar novos habitos” iga-me", diz 0 Senhor Jesus (Le 9:23). "Despojando-me" dos velhos habitos e caminhos, a disciplina também significa revestir-me de novos caminhos ¢ habitos pelo Espirito ¢ pela orien- taco da Palavra de Deus Quando me converti, no tltimo ano da faculdade, eu vinha sendo "fiel discipulo" de um Pagina 27 encanador com o qual eu trabalhava durante o vero; pare- cla que cada quarta palavra era palavréo! Comecei uma luta interior que durou alguns meses, "Nao saia da vossa boca nenhuma palavra torpe", diz. Efésios 4:29. Com 0 profundo desejo de amar ¢ agradar meu Senhor, procurei obedecer a Sua ordem, Mas a vitéria foi realmente confir- mada quando comecei a praticar 0 novo habito de ouvir atenciosamente e falar de modo edificante: (..e, sim, unicamente a que for boa para edificagao, conforme a necessidade, e assim transmita graga aos que ouvem". " | A disciplina “provém de uma motivasio correta” u__ . Finalmente, ¢ evidente que ha uma diferenga entre o incré- dulo disciplinado e o filho de Deus. Os empresarios incrédulos, co- menta dr. Larry Crabb ("The Sin in Self-Discipline", Discipleship Journal, 4:18-21), chegam ao escritério as 6:00 horas, terminam suas cartas até as 7:00, ¢ ini ciam suas reunides de equipe pontualmente as 8:00. Si0 as pessoas mais disciplinadas neste mundo, Mas nfo realizam seus empreendimentos pelo poder de Deus, muito menos para a gloria de Deus, © crente, porém, também pode disciplinar-se pela motivagdo errada. Pode adquirir a "sindrome de Marta", sendo constantemente ativo por motivos que, no fundo, sio egoistas, Pas- tor Alan Redpath avaliou 24 anos de sua vida nestas palavras "Pensei que eu fosse tao espiritual, porque estava trabalhando como um escravo ent prol do amado filho de Deus, sete dias por semana, quatorze horas por dia, as vezes mais. Néo havia tempo para o meu lar, nem para a familia, nenhum tempo para mais nada, exceto trabathar. Eu havia substituido trabalho pelo Senhor Jesus, servigo por submisstio, ortodoxia por obediéncia...havia substituido meu conhecimento da verdade por meu conhecimenio de Deus." (Barker and Rank, The Martha Syndrome, p.12). A motivagao correta da disciplina teria sido um profundo ¢ sincero desejo de amar ao Se- hor e de nao entristecé-Lo em nada. Vocé se sente parado na vida crista? Lembre-se do alvo: piedade (profunda devogio ao seu Senhor que gera aco em prol da semelhanga com o proprio Senhor). E comece a disciplinar-se em sua vida crista, lembrando que tem todos os recursos de Deus a sua disposigao. "Tudo pos- so?" Sim! “Naquele que me fortalece" (Ep 4:13) Posso "mortificar os feitos do corpo?" Sim! "Pelo Espirito" (Rm 8:13). Posso exercitar-me pessoalmente na piedade? Sim! "Pe/o Meu Espi- rito" (Zc 4:6). Sim, langando mao de todos os recursos divinos que jé esto a nossa disposigao ("visto como pelo Seu divino poder nos tem sido doadas todas as cousas que conduzem 4 vida e & piedade" - 2 Pe 2:3), exerga toda sua diligéncia (2 Pe 1:5, 10) a procura de cardter e conduta que agradem a Deus Um mero incrédulo, Alexandre 0 Grande tornou-se oficial da Macedénia com 16 anos, gene- ral vitorioso com 18, rei aos 20 anos, mas estava morto aos 32 - vitima de suas proprias paixdes indomadas. Conquistou o mundo inteiro, mas nao conseguiu conquistar a si mesmo. Mas vocé, em Cristo, pode mudar ~ pela disciplina que, sim, é dificil e dura, mas na de- pendéncia de um grande Deus: "Zudo paso naquele que me fortalece". Pagina 28 DIAGNOSTICANDO O PROBLEMA Problemas encontrados no aconselhamento de pessoas freqtientemente expressam-se em varios niveis ou aspectos: 1. Fisico PROBLEMA 2. Emocional SS 3. Espiritual 4. Conceitual (0 que o aconselhado pensa sobre 0 problema) 5. Objetivo (os fatos; 0 que aconteceu; conduta e palavras objetivas) 6. Habitual (quando 0 problema do aconsethado jd & um hdbito, tendo acontecido repetidas vezes) Pagina 29 OITO ELEMENTOS do ACONSELHAMENTO BiBLICO (Material do Dr. Wayne Mack; ‘uaduglo adaptag: Prof, Francisco Figueiredo de Souza Dr. David W. Smith) INTRODUCGAO Esto aqui apresentados oito elementos que ajudarao o conselheiro a avaliar € aprimorar seu trabalho de aconselhamento, pois contribuirdo para: desenvolver sua habilidade como conselheiro avaliar 0 aconselhamento a luz do padrao biblico identificar as fraquezas tragar planos coneretos para tornar as fraquezas em pontos fortes. 1. ENVOLVIMENTO A qualidade da presenga do conselheiro tem sido reconhecida como crucial no aconselhamento efetivo. O conselheiro esta presente através do que diz ¢ faz, mas nem sempre o que ele faz corresponde a0 que diz. Assim, é de suma importéncia que ele se conscientize da mensagem nao verbal que transmite, pois é desta forma que demonstra se tem interesse ou ndo pelo aconselhado. Uma pesquisa revelou que nosso éxito no aconselhamento esta relacionado a capacidade de mostrar interesse genuino, Assim, a consisténcia do que dizemos e a expresso subjacente demonstra valorizago ou nao de um individuo, na seguinte proporsao: 7% expressao verbal -- 0 que dizemos 38% expresso vocal -- qualidade de voz 55% expresso facial -- expressdes no verbais Desta forma € necessirio que o conselheiro verifique se esté havendo coeréncia entre a sua mensagem nfio verbal e verbal Aspectos priticos’ Como estabelecer envolvimento. A. Sendo caloroso e agradavel ao receber 0 aconselhado (Pv 15:30) B. Orando com o aconselhado, por ele e pelo encontro (Pv 15:8; 3:5-6; Tg 1:5), e lendo as Escrituras. C. Demonstrando interesse real através da comunicago nfo verbal, aquela que transcende palavras ditas ou escritas. Pagina 30 1. rt 1. 0 interesse real é transmitido através do contato visual © natural © constante 2, O iinteresse real comunicado pela postura fisica (Egan, paginas 62, 65, 66). O corpo deve estar ligeiramente inclinado para a frente. A maneira como sentamos. comunica respeito ou desrespeito 3. 0 interesse real ¢ transmitido pelo tom e velocidade da voz © alto, baixo © suave, éspero © rapido, vagaroso © — caloroso, indiferente (frio) Sendo auténtico, lembre-se de que a transparéncia é um dos fatores mais importantes (Pv 20:6). Sendo brando e gentil (2 Tm 2:24; Fp 4:5). Sendo compassivo e paciente, inimigo de contendas (Pv 20:3) Sendo sensivel as necessidades imediatas do aconselhado. Ouvindo cuidadosa e ativamente, positiva e entusiasticamente (Pv 15:28; 18:13). Sendo simpatico (Rm 12:15). Levando a pessoa a sério ("Eu sou burro mesmo!" Nio se deixando enganar pelo aconselhado (Pv 26:4-5; Jo 2:24-25). Dando esperanga (1 Ts 1:3; 1 Co 10:13). Levando 0 aconselhado a um compromisso de trabalhar seriamente no problema. Explicando seu plano e a abordagem biblica a ser usada, o ZZPAermomm ENGAJAMENTO. Refere-se habilidade do conselheiro obter um compromisso s6lido e sério por parte do aconselhado para tratarem juntos o problema. Aspectos Praticos: Como conseguir engajamento: A. Mostrando a sua necessidade e seriedade. "Vocé quer apenas um ‘band-aid! ou esté disposto a receber cirurgia radical?" B. Quebrando a resisténcia do aconselhado. “Eu ndo consigo." "Sabe como é: pau que nasce torto. .." C. Tornando 0 compromisso definido e especifico "Voce esté disposto a encontrarmos uma vez por semana durante seis semanas e completar as tarefas que eu the der?” ENCORAJAMENTO Refere-se habilidade de produzir esperanga biblica no aconselhado de modo que ele decida ser © que Deus quer que cle seja. Motivar o individuo a buscar sabedoria como 0 alvo dominante Pagina 31 da sua vida. A “ Importancia do entusiasmo e de uma perspectiva positiva, combatendo a idéia de que “Nao hé mais saida para mim,” ou "Realmente, agora ndo fem jeito mais". O coragao alegre & bom remédio (Py 17:22; 12:25, 15:13, 15; 18:14; 15:4). Palavras agradaveis: os efeitos psicossomiticos ou cardiossomaticos (Pv 16:24). Esperanga é uma expectativa confiante no futuro fundamentado em Deus, Seu propésito soberano, ¢ Suas promessas, atitude que produz perseveranga no aconselhado (Hb 6:19; Rm 4:18; 1 Ts 1:3; Rm 8:24, 25). Esperanca é uma visio entusiasta da realidade sabendo que Deus est no controle das irounstancias e que o amanha Ihe pertence (2 Co 5:1-10). Aspectos Priticos: Como encorajar 1. Estabelecendo um bom envolvimento no qual vocé transmitira o seu estusiasmo outra pessoa. Para que isto acontega é preciso que vocé mesmo seja um homem de esperanga, e que mostre isto na sua atitude para com o aconselhado - Rm 15:4, 13. 2. Usando as motivagdes biblicas - promessas Py 1:8-9, 33; 2:5-9, 11, 20; 3:2, 4, 6, 10; SI 23; Fp 4:6-7; Hb 13:6; 1 Co 10:13 3. Falando a verdade em amor ao chamar o pecado de pecado - Ef 4:15. 4. Mantendo o controle da sessio 4 medida que vocé houve atentamente o aconselhado, zelando para que © seu objetivo seja alcangado - Pv 18:4; 20:5. Cuidado com as manipulagSes do aconselhado: lagrimas, resisténcia ao ensino 5. Modelando com sua prépria experiéncia o ensino aplicével a situagao do aconselha- do. 6. Usando de provérbios, méximas, alegorias que provoquem o pensamento, importunem e motivem - 2 Sm 12:1 Ex: "Deus ndo se cansa de novos comesos." 7. Corrigindo o pensamento errado do aconselhado com as Escrituras, Cuidado para ‘nfo usar o texto fora do contexto, 8. Mostrando ao aconselhado que é preciso assumir responsabilidade se quer de fato resolver o problema. Nao permita que ele culpe os pais, ambiente, sociedade, etc. - Gn 3:12-14. E importante empatizar com ele em sua dor, especialmente se houve injustiga contra ele, sem no entanto compactuar em sua autocomiseragao. 9. Utilizando a capacidade, 0s recursos, o potencial do aconselhado para resolver seu. problema. 10. Dando crédito ao que o aconselhado esta dizendo. Recusando menosprezar a seriedade de suas palavras. "De fato 0 problema ¢ sério, talvez seja mais sério do que vocé pensa que é." 11. Exaltando o poder de Deus na solugao do problema - SI 107:17-20. 12, Utilizando termos biblicos ao invés de linguagem técnica psicolégica que sé os especialistas entendem. Ex: Medo em lugar de parandia, Ansiedade em lugar de neurose E bom isolar o sintoma e identificé-lo biblicamente. Se a pessoa softe de esquizofie- nia, o que ela tem sentido, feito e dito? Pagina 32 Alucinagdes - O que significa? Vozes? Pensamentos irracionais, impuros? 13. Ajudando 0 aconselhado a reconhecer que'ele aprendeu a ser como € através dos habitos adquiridos em sua vida. Mostre-lhe que os habitos podem ser mudados. "Eu nasci assim" - "Eu aprendi a ser assim" Veja a instrugaio a respeito em Ef, 4:17-32 + Despojando (Desabituacao) « Renovando + Revestindo (Reabituagao) Associagao (exemplo), companheirismo (apoio) e discipulado (ensino e cobranga) podem ser usados como um dos meios para adquirir novos habitos. 14. Confrontando 0 aconselhado em sua linguagem derrotista. AC "Eu nao posso" - "Eu ndo consigo" CO "Vové nio pode, ou vooé nao quer?” Veja O Manual do Conselheiro Cristo de Jay Adams - pp. 412, 413. © aconselhado quer escapar as suas responsabilidades. 15, Estabelecendo projetos especificos, concretos ¢ criativos que o manterdo ocupado na resolugao do problema antes do proximo encontro. 16. Conscientizando o aconselhado do progresso alcangado desde 0 comego do tratamento 17. Ajudando 0 aconselhado a buscar a sabedoria como alvo dominante da sua vida - Pv 4:7,, 8:34 - 0 temor do Senhor. 18. Estimulando o aconselhado a planejar "caminhos retos para os pés" e a niio se desviar deles - Pv 4:26, 27. Iv. EXPLORACAO Diz respeito a habilidade do conselheiro coletar (cavar, minar, escavar, esquadrinhar, sondar) informagdes (dados) sobre a vida do aconselhado de sorte que seja capaz de diagnosticar a natureza real do problema Ilustragdo: cirurgia exploratéria. Relevancia 1. Diagnosticar 0 problema para dar o remédio certo. Vida ou morte, Pv 18:21 2. prudente atenta para os seus passos - Pv 14:15; 14:8. Como explorar e obter infogmagdes? 1. Usando a folha de informagdes pessoais (FIP). 2. Tomando notas na folha de anotagdes. 3. Ouvindo atenta e ativamente as palavras ¢ expressdes no verbais do aconselhado (Egan, The Skilled Helper - p. 63). Ao ouvir as palavras pergunte a si mesmo: "O que ele esta querendo dizer?" b. Atente para as experiéncias (perdeu o emprego), fatos, Atente para 0 comportamento (0 que fez.0 que nfo fez). Atente para os sentimentos (associados ao comportamento ou aos fatos). ©. Ao ouvir o comportamento nao verbal, observe e interprete o que o aconselha- Pagina 33 do est dizendo através da expressio facial + © movimento do corpo + tom da voz + respostas fisiolégicas do sistema nervoso auténomo (ties, suor, labios secos, mao amida, tremores, bochecha vermelha, voz trémula). 4, Ocomportamento no verbal: + Confirma ou repete o que esta sendo dito Ex.: olhos brithando quando vocé fala algo, lagrimas, tensdo facial. + Nega ou confunde Ex.: sorriso de ira + Fortalece ou enfatiza Ex.: coloca as mos na cabega - "Ou ndo, eu nunca poderia fazer isto!" + Controla ou regula o que esta acontecendo Ex.: franzir a testa quando alguém faz algo. Como interpretar 0 comportamento nao verbal? Nao se prenda a um unico detalhe, mas junte os dados para interpreta-los em conjunto. 4, Utilizando estimulantes verbais e nfo verbais. a. Verbais “Hum Hum" “Certo!” "Entendo!" "E ent&o" le mais a respeito. "Continue" "Sei" b. Nao verbais, Siléncio acompanhado de expresses faciais de empatia, interesse, respeito, sortiso, balangar a cabega, etc. 5. Fazendo perguntas corretamente. a. Abrangéncia © homem total, através de exploragio intensiva e extensiva. fo \ (ssn Famitin | LT Go, / Ne /ipia \/ Ne a EXTENSIVA INTENSIVA (1) Exploragao extensiva - todas as areas da vida (2) Exploragao intensiva - concentrando-se numa 4rea ou ponto especifico Pagina 34 b. Tips de perguntas Q) 2) Perguntas abertas - sfo aquelas que buscam mais do que uma palavra (sim ou nfo) como resposta, Estas devem ser usadas frequentemente. Exemplos: + Como posso ajuda-lo? + O que voeé mais aprecia em sua esposa? + Quem? (fechada) + Quando? (fechada) . Para que? « Fico imaginando se vocé nao se sentiria tio importante para Deus ‘ocupando uma fungiio que nao Ihe trouxesse 0 reconhecimento que esta traz. «= Eu me pergunto se vooé esta realmente engajado em resolver seu problema = — Vocé poderia fazer uma avaliaciio do seu desempenho como lider do grupo? Perguntas fechadas - devem ser usadas esporadicamente, quando o conselheiro precisa esclarecer um assunto através de um dado especifico. Exemplos’ + Quantos comprimidos vocé tormou? + Quando foi a ultima vez que vocé teve 0 problema? + Vocé quer de fato fazer a vontade de Deus? + Quem? c. _ Fatores que prejudicam a obtengao de dados através das perguntas e que devem ser evitados Ao fazer perguntas evite: q) Q) @) (4) A impressao de que 0 aconselhado esta sendo interrogado (tribunal). Fazer uma série de perguntas de uma s6 vez. Faga apenas uma pergunta, sumarizando 0 seu conteiido antes de fazé-la. Perguntas insinuantes que fardo 0 aconselhado pensar que vocé esti do lado de alguém contra ele. Mostre que vocé esta do lado de Deus. Perguntas irrelevantes que apenas servirio para satisfazer a sua curiosidade. Pagina 35 —_—_—__-~ LUCIANO MARINHO (5) Quso de "Por que' Use-"Por que?” na hora eerta, depois que tiver dados suficientes para definir uma situagao. Refletindo as palavras do aconselhado Refletir de modo que venha a expandir e tornar claro 0 que estat dizendo. 1, Ha trés maneiras de refletir as palavras do aconselhado: a, Papagaiando - ecoando as palavras, substituindo 0 eu por vocé. "Eu tenho um problema sério na minha vida" "Vocé tem um problema sério na sua vida" b, _Parafraseando - interpretando as palavras do aconselhado. “Bu tenho um problema sério na minha vida" "Vocé esta encontrando dificuldades em lidar com uma érea da sua vida" ¢. Sumarizando - interpretando e expandindo as palavras do aconselhado. "Eu tenho um problema sério na minha vida" "Vocé esta dizendo que tem encontrado dificuldade em lidar com alguma rea da sua vida, que € algo muito importante para vocé, ¢ isto o tem levado a procurar ajuda de modo que o problema possa ser tratado" "O que estou ouvindo voeé dizer é..." Estou percebendo que vocd.." " Aparentemente vocé..." Ao refletir as palavras do aconselhado + Vocd mostra que entende o que ele diz, ¢ cle o corrige se estiver errado. + Vooé mostra que 0 est ouvindo. + Voce ajuda o aconselhado a organizar e cristalizar sua perspectiva do problema. + Voc@ estimula a exploragio de temas relevantes 20 aconselhado. + Vocé obtem informagées de um aconselhado que pode estar nervoso, de ‘maneira no ameagadora, + Vocé evita que o aconselhado tente escapar por uma tangente © controle a sessio. Refletindo acuradamente os sentimentos do aconselhado, “Minha esposa fica pegando no meu pé 0 tempo todo dizendo - Por que vocé nao disciplina os seus filhos, por que voeé, por que...?" "'Se a minha esfosa Agisse assim comigo provavelmente eu ficaria bem irado com ela." Ao refletir os sentimentos do aconselhado: 1. Vocé facilita a obtengdo de informagies. 2. Voce ajuda o aconselhado a conscientizar-se de seus propri expressa-los biblicamente dirigidos 3. Vocé demonsira que entende 0 aconselhado. ‘Usando tarefas praticas que fomecerao informagées relevantes sobre cada area da vida do aconselhado. $ sentimentos © a Pagina 36 F Listas Cartdes com anotagées “ Diarios Exames médicos Outras ‘onsultando pessoas que possam dar informagdes com 0 consentimento do aconselhado. Familia Amigos Pastor Médico Colegas de trabalho PAWN RQUaYNe Vv. ENTENDIMENTO Refere-se a habilidade do conselheiro interpretar para si e para o aconselhado a natureza do problema, A A interpretagao deve ser: Biblica O conselheiro deve ser capaz de ver 0 problema do ponto de vista de Deus e nio de um sistema psicol6gico (Freudiano, Rogeriano, etc.). Da mesma forma, 0 aconselha- do precisa interpretar o problema a partir da perspectiva biblica. O conselheiro deve tomar cuidado com preconceitos culturais ou de treinamento para que nao determinem as suas conclusdes acerca do problema. Dindmica O conselheiro deve retratar para o aconselhado uma perspectiva biblica do problema Acurada A interpretag&o deve ser baseada nos dados oferecidos pelo aconselhado a luz do ‘ensino escrituristico. Clara Um problema ¢ claro quando é visto em termos das experiéncias, comportamento © sentimentos do aconselhado e como estes se relacionam ao problema. Um problema pode ter varios niveis: 1. Fisico 2. Emocional * 3, Espiritual 4, Conceitual - o que 0 aconselhado pensa sobre o problema 5. Objetivo - 0s fatos 6. Habitual - quando o problema do aconselhado é um habito Util Em que maneira a percepgio do problema aponta algum tipo de agdo que leve a mudangas no comportamento, Como tal interpretagdo ajudaria o aconselhado a tratar 0 problema na pritica? Em outras palavras, a interpretagao ajudou a classificar a situagao problemitica e trouxe sugest@es praticas de tratamento? Ajudou o aconselhado a descobrir Pagina 37 VI. VIL, coisas importantes a respeito de si mesmo e as implicagdes daquilo que esta fazendo? ‘Um pesquisador disse que o aconselhado nao ira entender seus problemas até que aja. Por exemplo, pessoas que tém dificuldades de relacionamento com outros’evitam contato ‘mais profindo com as pessoas. Ao terem uma tarefa de envolverem-se mais profundamen te com outros, poderdo identificar suas inadequagSes sociais e trabalhar no problema a partir do procedimento logico, ENSIN Refere-se 4 habilidade de instruir 0 aconselhado. “Aconselhamento ¢ a instrugao habilidosa do conselheiro ao aconselhado.” 'O ensino sabio ¢ fonte de vida para que se evitam os lagos da morte." Py 13:14 toda Escritura é util para o ensino, Este ensino deve ser 0 aconselhado precisa aprender 0 padrio de Deus para a sua vida - Is 55: B. Relevante Deve ir ao encontro das necessidades do aconselhado. C. Atraente conselheiro deve mostrar entusiasmo. D. Pratico Deve apontar maneiras de ser colocado em pratica, E. Especifico Deve atingir uma determinada area de cada vez. F. Criativo © conselheiro deve utilizar diferentes procedimentos dramatizacao, audiovisuais, lousa, etc. G. Acurado O conselheiro deve basear sua instrugdo na exegese cuidadosa de textos biblicos. "Texto fora de contexto é pretexto" H, Organizado Se for necessirio, o consetheiro deve usar esbogos ou breves artigos sobre 0 assuntos a ser tratado. Por exemplo: Divércio. 1. Abrangente E preciso que o conselheiro transmita toda o conselho de Deus ao homem como um todo. (Abranger todos os aspectos da vida do aconselhado). J. Persuasivo A forga maior através da persuasdo é uma vida sébia - Pv 16:21, 23 "O que voce troveja tao alto que nao posso ouvir 0 que vocé diz" K. Adequado O conselheiro precisa tomar cuidado para nfo presumir que 0 aconselhado sabe coisas que ndo sabe, bem como frear o impulso de dar uma palestra sobre o assunto do problema laticos, tais como: EXERCICIO (Tarefas praticas) Refere-se a aplicagao (implementagao) da instrugao biblica no viver didrio do aconselhado. Pagina 38 ° Relevancia © Deus tem uma resposta para 0 meu problema © Ha principios absolutos que funcionam na pratica. © A sabedoria consiste em fazer, no apenas conhecer - Mt 7:24-27. Exemplos em Provérbios: © "Agora pois faze isto filho meu" (6:3) © “todos os teus caminhos sejam retos" (4:26) Beneficios de boas tarefas praticas Estabelece um padrdo para a agdo e mudanga. Aclara expectativas. (J. Adams - MCC, p.281) Elimina a necessidade do conselheiro profissional. Ajuda a obter informagées. Mantém MOMENTUM entre as sesses de aconselhamento. Abrevia o tempo do aconselhamento (0 periodo). Forga 0 conselheiro ¢ 0 aconselhado a serem especificos e concretos. Serve de medida para avaliar 0 entendimento e 0 progresso do aconselhado. (J.Adams - MCC,p.284) 9. Falha nas tarefas préticas apresenta uma oportunidade para a obtengio de informa- es, para avaliagdo e exortacao. 10. Diminui a dependéncia que o aconselhado tem do conselheiro. 11. ‘Oferece um excelente ponto de partida para cada sessio. 12. Constroi confianga no aconselhado & medida que descobre a solugdo de Deus para 98 seus problemas. 13. Promove transformagao biblica permanente, pois forga o aconselhado a implemen- tar ¢ praticar a Palavra de Deus. 14, “Torna-se um manual de solugles de problemas que pode ser usado no futuro 15. Fornece material com o qual o aconselhado pode ajudar outras pessoas SN AWeeNe Natureza de boas tarefas praticas 1. Sao biblicas - esto de acordo com as Escrituras - 2 Tm 3:15-16. 2. Sao especificas - esteja certo de que o aconselhado entende as tarefas. © qué? Como? Quando fazer as tarefas? 3. Sio executiveis - pergunte-se "Como fazer isto2" Mt 28:10; Jo 4:16; Le 3:7-14; Me 10:17-22 4. So flexiveis a. O que vocé da? Alguns aconselhados tém dificuldade para ler. Dé-thes uma fita para ouvir, b. Como dar? Pagina 39 Fitas (video, audio), leituras * c. Quando dar? Cuidado para ndo dar demais, nem de menos. 5. Sao verificdveis - supervisione, cobre - Le 10:1-20 D. Tipos de tarefas praticas Listas Estudos biblicos Atividades Diérios Fichas de material de leitura Planejamento e avaliagdes ‘Tarefas de verificagdo (check up) registros Novaype Exemplos ¢ leituras sobre 0 assunto: Adams, Jay - O Manual do Conselheiro Cristo - pp. 273 a 315 Collins, Gary - Aconselhamento Cristiio - pp. 25 a 27 Mack, Wayne - Tarefas Priticas Para o Aconselhramento Biblico E. Sugestdes para o conselheiro Estabelega uma agenda Identifique 0 que tem de ser despojado e revestido de modo concreto. Desenvolva uma estratégia para 0 aconselhado vencer as tentagdes Exercite sua criatividade ao maximo nas tarefas praticas. Trace projetos que sejam controlados pelo padrao biblico. Utilize projetos apropriados a pessoa e ao problema, Passe projetos durante a sesséo (ajuda a no esquecer no final). Condicione a continuagao do tratamento ao cumprimento das tarefas praticas. Verifique cuidadosamente, branda e pacientemente por que 0 aconselhado falhou em cumprir as tarefas. CRN AwWaAYRE Motivacao. Foram além da capacidade do aconselhado. Nao foram coneretas, Nao estava na hora de tratar aquele assunto. aconselhado nao esta levando o aconselhamento a sério. aconselhado no concorda com a sua abordagem. meaoge VIL. ENCAMINHAMENTO Refere-se a habilidade do conselheiro terminar o aconselhamento. Sinais que indicam o tempo de terminar 0 aconselhamento: ‘A. O aconselhado ja sabe andar sozinho no caminho da sabedoria - Pv 4:11 Pagina 10 B. O aconselhado foi transformado. “ C. QO aconselhado tem a sabedoria como 0 alvo dominante da sua vida - Rm 8:29. D. Todas as areas foram tratadas - Tg 1:4; 1 Ts 5:24. Pagina dt Depressao LA Extensio do Probl "Se hé um inferno na terra, ele se encontra no coragao do homem melancélico”, diz Robert Burton (The Anatomy of Melancholy, citado em As Mascaras da Melancolia por John White, p.9). Esse "inferno", que chama-se depressio , tem sido reconhecido como um problema h4 mais de 2.000 anos, afirma Dr. Gary Collins (Aconselhamento Cristi, p.73). Unimamente, porém, ou porque o problema tem se alastrado assustadoramente, ou porque ele tem sido identificado com mais preciso, a depressio tem se tornado tao comum que ela j@ foi chamada "o resfriado dos problemas psicolégicos”. Inclusive, alguns "esto chamando nossa época de ‘era da melancolia’, em contraste com a ‘era da ansiedade’ que se seguiu a Segunda Guerra Mundial" (Ibid.). Collins também afirma: A depresstio 6 algo que todos experimentam até certo ponto ¢ em periodos diferentes da vida. Um artigo no Jornal da Associagio Médica Americana sugeriu certa vez que 0 homem tem softido mais Ninguém me ama, ninguém me quer. Pagina 12 I como resultado da depressio do que de qualquer outra doenga que tivesse afetado a humanidade. A depressio tem sido decididamente considerada como "o sintoma psiquiatrico mais comum", encontrado tanto em carater temporario "na pessoa normal que passou por uma grande decepgiio" como na "profunda depressao suicida do psicdtico” (Ibid) Estatisticas podem enganar,c estatisticas sobre a frequéncia de depressio no Brasil quase niio existem. Mas o problema é mundial, e por isso, as estatisticas norte americanas podem nos esclarecer quanto a extensio do problema numa sociedade moderna. Naquele pais, uma de cada vinte pessoas softe de depressio, num total de 20 mithdes ao ano. Desses, cerca de sete milhdes estZo clinicamente deprimidos, sem procurarem tratamento. A depressao é duas. vezes mais freqiiente nas mulheres do que nos homens. Antigamente comum nas pessoas mais idosas, ela hoje aflige todas as faixas etarias, inclusive jovens ¢ criangas, com maior freqlncia nos adultos de 40 a 50 anos, Ora ela aparece depois de um conflito ou crise, ora surge sem aviso e sem qualquer causa aparente (chamada "depresstio end6gena"). Ela manifesta-se com mais freqdéncia no inverno, ¢ especialmente no natal e no ano novo quando pessoas desquitadas, divorciadas ou vitivas (pessoas que jé constituem um grupo de "maior risco” quanto & depressdo) sentem uma profunda solidio. Quase todos tém tido slguma experiéncia de depressao, seja ela uma "fossa profunda" ou “tinel escuro” que dura semanas, meses, ou, mesmo, anos. E muitos "experts" prevéem um aumento no nimero de depressées sérias no futuro, citando maior longevidade (a possibilidade de depressio aumenta nos idosos), maior "stress" nos jovens ¢ criangas, um ritmo de vida cada vez mais acelerado, e maior desilusdo (mesmo com tantos avangos na tecnologia, as dividas e incertezas s6 aumentam num mundo cada vez mais complexo). Depressiio e Suicidio Depressio é a causa principal de suicidio, que, por sua vez, esta em décimo lugar como causa de morte (Nos E. U. A., 55.000 suicidios sto registrados por ano, mas o némero talvez seja mais perto de 75.000 porque muitos "acidentes" ndo sdo registrados como suicidios) Quinze por cento das pessoas com depressdes sérias tiram suas préprias vidas, e afirma Dr Archibald D. Hart (Dedo da Escola de Pés-graduagdo em Psicologia de Fuller Theological Seminary): "Em minha experiéncia, jamais conhecia alguém que procurasse tirar a propria vida que nao estivesse deprimido" (Counseling the Depressed, p. 232). As mulheres tentam suicidio cinco vezes mais que os homens, mas a tentativa delas tende a ser um grito inconsciente de socorro ou um gesto de manipula¢do. Os homens, porém, so mais "bem sucedidos": duas vezes mais homens do que mulheres morrem por suicidio. Em geral, os homens usam meios mais violentos (armas e acidentes de carros, por exemplo); por isso, as tentativas dos homens tendem a ser mais decisivas. Durante os iiltimos 25 anos,a taxa de suicidio entre pessoas com 15 a 24 anos de idade triplicou,e, mundialmente, o suicidio é a segunda causa de morte entre universitarios. A taxa tem aumentado também entre pessoas com mais de 60 anos. Roosevelt M.S, Cassorla (em O que é Suicidio 2, p. 80) nota que, embora o Brasil esteja entre 0s paises de taxas pequenas de suicidio (3,97 ébitos por 100.000 habitantes em 1980), "certamente estas taxas esto subestimadas", Em termos de tentativas, Cassorla lamenta estatisticas ainda mais falhas do que as de suicidios realizados. Numa pesquisa pessoal entre Pagina 43 IIL. hospitais que socorrem os casos e em conversa com individuos em seu domicilio, Cassorla chegou a taxas de 150 a 160 tentativas por 100.000 habitantes em Gampinas, e, presumindo taxas semelhantes em Sao Paulo (8,5 milhdes de habitantes em 1980), chega a 13.000 tentativas (36 por dia) para aquele municipio. Nota-se a prevaléncia de condigoes deprimentes tanto em relago aos suicidios realizados como também em relagao as tentativas nessas duas cidades brasileiras: Dados de Séo Paulo e que colhi em Campinas mostraram que 0s suicidas preferem matar-se as segunda-feiras, talvez porque os conflitos tomem dificil iniciar uma nova semana, Jé as tentativas predominam aos sibados, pois ¢ ai no final da semana que ocorrem atritos com pessoas emocionalmente importantes, levando a atos impulsivos (Cassorla, pp.95,96). Uma Definieao (ou, “Descri¢io) de Depressio ‘J que a Biblia no apresenta uma definigo formal de "depressao", utilizaremos a de Dr. Les Carter (Mind Over Emotions, p. 38) Depressiio € um sentimento de tristeza ¢ desinimo acompanhado por uma perspectiva mental melancélica. Ela normalmente envolve uma lentido mental que manifesta-se por meio de uma variedade de sintomas, incluindo falta de concentracao pensamentos tipicamente pessimista, Ela pode durar algumas horas, varios meses, ‘ou, em alguns casos raros, até anos. Depressi distingue-se de simples infelicidade por durar mais do que as circunstancias justificam. Os Siritomas de Depressio Collins nos fornece uma deserigdo abrangente dos sintomas mais comuns da depressao: Os sinais de depressao incluem tristeza, apatia ¢ inércia, tornando dificil continuar vivendo ou tomar decisdes; perda de energia fadiga, normalmente acompanhadas de insOnia, pessimismo e desesperanga; medo, auto-coneeito negativo, quase sempre acompa- nhado de autocritica e sentimentos de culpa, vergonha, senso de indignidade e desamparo; perda de interesse no trabalho, sexo & atividades usuais, perda de espontaneidade, dificuldade de concentra- Gio; incapacidade de apreciar acontecimentos ou atividades agrada- vis, ¢fieqiientemente perda de apetite, Em alguns casos, conhecidos como “depressio mascarada", a pessoa nega sentir-se triste, mas eventos tristes na vida do aconselhamento seguidos por alguns dos sintomas acima levam © conselheiro a suspeitar que a depressao acha-se presente por tras de uma fisionomia sorridente (pp. 73,74). Na realidade, ha uma enorme variedade de sintomas de depressio, tanto fisicos, como mentais, emocionais, e espirituais, A propria variedade ressalta a enorme complexidade de depressio. Um especialista secular, A.T. Beck, identifica quatro sintomas mais basicos de depressao: 1. desalento ou tristeza, 2. pessimismo, 3. auto-criticismo, e 4. retardagio ou agitagao de movimento. Pagina d4 VL. Os Tipos de Depressio “ Na literatura psicol6gica, alguns pesquisadores apresentam a depressio sob duas categorias. a depressio exdgena(ou reativa, porque é uma reagio a uma perda real ou imaginaria, ou qualquer outro trauma da vida), cuja causa provém de fora da pessoa, ¢ a depressio enddgena, que surge espontaneamente do intimo da pessoa. A segunda é normalmente vista como biolégica (envolvendo fatores fisicos) e reage melhor mediante aconsellramento. Outros pesquisadores tendem a ver a depresso como um fendmeno unitario que varia de "amena" a "severa" (Beck, "Depression: Clinical Picture and Classification", Baker Encyclopedia of Psychology, p. 304) O debate continua. Pelo menos, pode-se dizer que a depresso "é um estado comum mas complicado, dificil de definir ou descrever com exatidao e dificil de tratar"(Collins, p. 74), ‘Na realidade, hoje em dia a palavra "depressiio” descreve uma série de estados afetivos com diferentes causas, sintomas, e graus de severidade. Perante tamanha complexidade, devemos ter muito cuidado para nao sermos simplistas e para diagnosticarmos com precisdo cada caso. No minimo. é mister distinguir entre depressdes "normais" ¢ depressdes "clinicas" Curtos periodos de desénimo, tristeza, e desalento fazem parte da vida. Sio depressbes “normais". Mas quando uma depressdo normal no cede depois de um periodo razoavel (por ex,, duas semanas), ela torna-se uma depressdo “clinica”, Archibald D. Hart (Counseling the Depressed, pp. 47,48) descreve algumas diferengas entre a depressdo normal ¢ a clinica: ~ A depressiio clinica é uma forma mais severa de depressio do que a normal ~- A depressao clinica ¢ claramente um "problema" para o sofredor,depressio normal niio o€ -- Nao ¢ facil, e ¢ fieqientemente impossivel, o sofredor de uma depressio clinica curar-se asi mesmo. ~ Depressies clinicas duram muito mais que depresses normais. ~~ Depressdes clinicas so qualitativamente diferentes de depressdes normais no que tange 4 impacto que o problema exerce na personalidade toda. ~- Depressdes normais freqiientemente so "curadas" pelo passar de um breve periodo de tempo ou por alguma distragao. -- Depressdes normais muitas vezes sio nada mais que periodos breves de infelicidade generalizada ~- DepressGes clinicas claramente demonstram queglgo esta seriamente errado Conceitos Errdneos Quanto 4 Depressio Voltamos a ressaltar 0 fato que existem muitas manifestagdes € causas de depressio. Conseqtientemente, evitaremos procurar uma sé causa ou dar uma s6 explicagao simplistas da depressio, Concordo com Hart (Ibid., p. 25), que afirma: "Idealmente, deveriamos ter desenvolvido rotulos diferentes para as diversas manifestagdes de depressdo. Ja que isto nao aconteceu, teremos de tolerar 0 uso de um nico termo para uma enorme complexidade de manifestagdes. 7 ____ Pagina 45 TUCIANO MARINHO Vil Uma perspectiva simplista, ou mesmo ignorante, de depressdo tem gerado varios conceitos errados quanto depressio. 1. "Depressio € consequiéncia do pecado” 2. "Depressio ¢ fruto de falta de fé em Deus" 3. "Depressdo é 0 castigo de Deus contra mim" 4, "A cura de depressio depende exclusivamente de um aconselhamento biblico" ‘Teorias Sobre a Depressio Para que © conselheiro biblico possa compreender algo da confusio e complexidade existentes na psicologia secular e para que possa ter ao menos uma nogao do tipo de terapia secular anteriormente recebida por alguns aconselhados, daremos uma breve descrigao das 6 principais escolas de pensamento quanto a depressZo, e dos 10 modelos de depressio que clas apresentam (Hart, pp. 49-55; White, pp. 85-116): 1. Escola Psicanalitica Modelo 1: Perda de objetivo Modelo 2. Agressao voltada para o interior Modelo 3: Perda de auto-estima 2. Escola Cognitiva Modelo 4: Tendéncia cognitiva negativa 3. Escola Behaviorista Modelo 5: Perda de reforgo Modelo 6: Incapacidade adquirida Pagina 46 Vu, 4, Escola Sociolégica Modelo 7: Perda de "status quo” 5. Escola Existencialista Modelo 8: Perda do significado da existéncia 6. Escola Biolégica Modelo 9: Deterioragdo da amina biogénica Modelo 10: Disfungao neurofisiolégica C D 4 As causas de depressio so diversas, algumas delas indicadas nas teorias acima relacionadas. Desconfio que, na maioria das vezes, a depresso ¢ conseqiiéncia de um conjunto de fatores, Num livro fascinante, entitulado simplesmente Depression, o Pr. Don Baker termina 6 relato sobre sua pripria depresséo: Qual a causa de minha depressio? Nao sei. Acabei de relatar exatamente que aconteceu. A historia é veridica. Atribuir tudo a Satanas da-lhe mais crédito do que ele merece. Culpar apenas o lado fisico tira 0 devido peso dos pensamentos ¢ emogdes confusos que existiam dentro de mim. Culpar apenas o orgulho, ambigdo, e vangloria parece-me razodvel, mas ainda incompleto Provavelmente, todas estas causas estavam envolvidas -- e possivelmente ainda outras (p.110). ‘A seguinte lista ndo esta completa, e ha sobreposigao. Mas ela dé-nos pelos menos um ponto de partida: 1, Causas fisicas: 2. Perdas: Muitos pesquisadores tém observado alguma perda envolvida na depressio. Num estudo entre 373 pessoas em 1971, Dr. Eugene S. Pakyel alistou 25 situagdes que mais provocaram depressdes (em Beating the Blues, H. Norman Wright,p. 76): 1, Morte de um filho, Pagina 1? 2. Morte de um cénjuge 3, Pena de prisio, 4, Cénjuge infil. 5. Sérios apuros financeiros, 6, Faléncia de um negécio. 7. Demissio do emprego. 8. Aborto ou nascimento de crianga morta, 9. Divércio. 10. Separagio conjugal devido a uma discussio 11, Ser levado perante tribunal. 12. Gravidez indesejada. 13, Doenga séria na familia 14, Desempregado por um més. 15. Morte de um amigo intimo. 16. Rebaixado no emprego. 17. Doenga séria pessoal, 18, Inicio de relacionamento ilicito, 19, Perda de objetos pessoalmente valiosos. 20. Ser processado. 21. Fracasso académico. 22. Casamento de um filho sem aprovacao da familia 23, Noivado desmanchado. 24. Contrair uma divida grande. 25. Um filho "convidado" a servir nas forgas armadas As perdas tendem a enquadrar-se em 4 categorias: a. Perdas Concretas b. Perdas Imaginérias c. Perdas Abstratas d. Perdas Futuras 3. Auto piedade: 4, Pensamentos e percepgdes negativos 5. Desobediéncia (pecado) 6. Ressentimento, ou ira Ix, 7. Incapacidade aprendida: 8. Tens&o (ou,"stress"): 9. Decepgaio e desapontamento: 10. Culpa: por causa de sua importancia em relagio depressio, ela recebera um tratamento mais completo (a seguir) Culpa e Depressio: Culpa e Consciéncia: Culpa judicial nfo se sente: é um estado de condenagio perante algum padrio, independente de qualquer sentimento. Sentimentos de culpa, porém, so produzidos pela consciéncia. E por ela nfo ser "a voz de Deus na alma humana" (ie., ela néo é infalivel), pode produzir “culpa no merecida", um profundo senso de auto-condenaco por causa de um padrao errado. Essa culpa sem base fiel pode levar alguém a uma depressio tio profunda quanto aquela produzida por uma culpa merecida, Veja 0 artigo “Culpa! Verdadeira e Falsa, ¢ 0 que Fazer com Ela”, na pagina ? desta apostila. Tratamento de Depressio: 1, Na medida do possivel, identificar as causas. 2. Examinar e corrigir os pensamentos negativos e distorcidos (SI 42 € 43) 3. Reassumir suas responsabilidades normais aos poucos: "de volta as Atividades" 4, Desenvolver um espirito grato. 4. 5. Comunicar, e no se isolar. 6. Rejeitar a autocomiseragao. 7. Aprender a agir (tomar iniciativas) e nao somente a reagir. Pigina 49 COMBATENDO A ANSIEDADE Introdugio: L (1) Ansiedade e preocupagao, problemas muito connns no século vinte Enciclopédia de Saiide Mental: mais ansiedade e preocupagdo no século vinte do que em qualquer época desde a Idade Média. -- A ansiedade tem sido chamada "um dos problemas mais urgentes de nossos dias," "a emogao oficial de nossa época’, a base de todas as neuroses, e 0 fendmeno psicoldgico mais difundido hoje" (Gary Collins, Aconsethamento Cristao, p 51). H. Brandt: "a era da ansiedade.” John Haggai (que sofreu um colapso nervoso aos 25 anos de idade): Ansiedade 0 inimigo pablico niimero 1: Acelerar-se, Preocupar-se, Enterrar-se. -- Earl Derby: Cada palestra exigiu dele 2 noites de insOnia: uma, antes da palestra, pensando sobre o que ele deveria dizer; e uma, depois da palestra, pensando sobre como ele poderia ter feito uma palestra melhor! -- Ansiedade é como uma cadeira de balancar: vocé consegue ocupar o tempo mas no vai a lugar nenhum! (Vance Havner), -- Preocupagio: 0s juros antecipados sobre problemas que muitas vezes nem acontecem! (2) Epossivel combater e vencer a ansiedade e preocupagéi -- Fp. 4:7: "a paz de Deus" & 0 patriménio hereditario de cada filho de Deus. -- Pedro (At 12) dormia tio profundamente antes de sua execugao que 0 anjo precisava tocar o seu lado para desperté-lo! (At 12:6,7). A Esséncia da Ansiedade (1) Nio € um cuidado sadio, como o de Timéteo (Fp 2:20) ou o dos Filipenses para com o préprio apéstolo (Fp 4:10). (2) Nao é pensar de antemdo, ou planejar: Tg 4:13 - 16, corretamente interpretado; Pv 22:3; 16:3. (3) Ela é uma emogdo de apreensio, mal-estar, preocupagao, angistia e/ou medo. A ansiedade manifestada através da afligao e angustia é resultado de um afastamento de Deus, Em vez de reconhecer a Sua soberania e superioridade, carregamos sozinhos os fardos da vida e supomos poder solucionar os problemas sem ajuda por parte dEle. Quando o homem se afasta de Deus e faz de si mesmo o seu deus, é inevitavel a intensificagao da ansiedade. Nao ¢ entdo de surpreender que numa época de crescente impiedade, aumentem também as manifestagdes de angiistia (Collins, p. 52), (4) Consequéncias da ansiedade Pigina 50 — instabilidade e inseguranga (T'g 1:8) palavra grega: dividido, rasgado por dentro produz tenstio e peso no coragao (Pv 12:25) produz uma perspectiva pessimista e critica (Pv 15:15) produz falta de concentrago, distrago (Le 10:40) npede que o ansioso veja os beneficios e béngaos de Deus (1 Tm 6:17; Sl 68:19) IL Os Efeitos da Ansiedade (1) Efeitos Fisicos (Pv 17:22): iileeras, taquicardia, suor frio, asma, perda de peso, tontura, profundo cansago, ins6nia, urticaria, est6mago espastico (convulsivo), constri¢ao na garganta, boca seca, visio embagada, tremedeira, pressio alta, gaguejo, hiperatividade, urinagio frequente, mudangas na composigdo quimica do sangue, etc. (2) Efeitos Emocionais (Pv 12:25; 1 Jo 4:18): infelicidade, espirito critico, murmuragao, descontentamento, depressio, ete. (3) Efeitos Sociais (Le 10:38 - 42): autocomiseragao, espirito critico, murmuragio, ete (4) Efeitos Profissionais e Académicos (Le 10:40, Mt. 25:25-29); falta de concentragdo, problemas de meméria, distragao. (5) Efeitos Espirituais: ~ Pv 29:25. "Quem teme 2o homem arma cilad: seguro." ~ Le 8:14: "A que caiu entre espinhos so os que ouviram e, no decorrer dos dias, foram sufocados com os cuidados, riquezas e deleites da vida; os seus frutos nio chegaram a amadurecer.” ,, mas 0 que confia no Senhor esti II. A Escapatéria da Ansiedade Fp 4:4 - 9: 5 principios aplicados de modo constante e coerente, para que produzam um. novo estilo de vida, uma nova maneira habitual de reagirmos perante situagSes potencialmente cheias de ansiedade (1) Cultivar consciente ¢ habitualmente a alegria do Senhor (Fp 4:4): As "ondas" e os "ventos" das circunstancias mudam, o Senhor nio (ef. Fp 4:11 -- contentamento que independe das circunstancias). (2) Cultivar consciente e habitualmente a priitica da presenca de Deus (Fp 4:5 -- "Perto esto Senhor"). Por isso, posso demonstrar "moderagiio" perante todos os homens: significa "ser razodvel nas opinides e julgamentos. . .uma firmeza paciente e humilde, capaz de submeter-se a injusticas, desgragas e maus tratos, sem édio om maidade, confiando em Deus a despeito de tudo" (Rienecker e Rogers, p. 415) (3) Cultivar consciente ¢ habitualmente a oracio (Fp 4:6); No momento que surge a Paigina St situagdo preocupante, volte os olhos espi propasito; como devo reagir? -- oraglo que enxergue a grandeza e soberania de Deus (ef. At 4:24 - 30). oragdo constante ("em tudo") oragao fervorosa ¢ humilde ("petigdes" e "siplica") oracdo especifica (*petigoes”) oragao grata ("com ages de graga") - pela fé e pela memoria da provisto ¢ protegéo Ele no passado (2 Cr 20:15ss, especialmente 20:22) ais para o Senhor: Senhor, qual o Teu var co ec ¢ habitualmente um pensar biblico (Fp 4-8): os sentimentos tendem a seguir os pensamentos ¢ decisdes: 2 Co. 10:4,5. A pessoa ansiosa tende a focalizar seus pensamentos em coisas erradas -- aquilo que nao ¢ real, falsas imaginagdes, aquilo que nao encoraja, edifica ou constréi, aquilo que é impuro, imprdprio, nas deficiéncias, érros, doengas, e criticas. Pelo contrdrio, devo pensar nas qualidades de Fp 4:8, nas solugdes, propésitos, presenga ¢ recursos de Deus, no somente nos problemas. 2 listas 1. Lista de pensamentos 2. Lista de motivos de gratidio (5) Cultivar consciente e habitualmente ages biblicas (Fp 4:9): sob um aspecto, ansic- dade e preocupagdo devem nos levar a alguma ago: como dor no corpo nos leva a procurar alivio, a ansiedade na area espiritual e emocional deve nos levar a algumas ages biblicas Conclusio: Praticados de modo diligente, persistente e constante, esses 5 principios nos levaraio a experimentar "a paz. de Deus que excede todo 0 entendimento” e que "guardara os vossos coragdes € as vossas mentes em Cristo Jesus" (Fp 4:7). Pagina 52 VERDADEIRA E FALSA, E O QUE FAZER COM ELA por Dr. David W. Smith 6G ULPADO!" A palavra Ihe deu calafrios e fez suas maos tremerem. juiz.continou: "Culpado de todas as acusagdes - mentir & esposa, sonegar 0 de renda e roubar o patrao’ Ele se pds em pé de um salto e gritou: "Nao é verdade! Posso explicar tudo Siléncio!" interrompeu o juiz. "O veredicto permanece. Vocé estara detido até que cumpra a sentenga." Bateu seu martelo com forga. Bill pulou da cama como um rai, Suas mos estavam timidas. Seu travesseiro, ensopado de posto suor - Bill? 0 que ha, perguntou sua esposa, assustada, - Nada, Apenas um sonho mau. Assimn comega o fascinante livro, Honestidade, Moralidade e Consciéncia, por Dr. Jerry White ~ livro que recomendo e que serve de livro-texto numa das minhas matérias no Seminario. Culpa, aquele horrivel sentimento de mal-estar e de autocondenagao que todos nds conhecemos, perseguia Bill até no sono, Culpa. Gerou medo no coragaio do homem no jardim do Eden. E continua hoje a afligir muitos coragées a ponto de um autor afirmar: "A culpa & a doenga que causa mais aleijGes no mundo de hoje!" Mas sera que a culpa &, de fato, uma "doenga" que s6 traz dano e desttuigéo? Biblicamente, claro que a resposta é nao! Embora seja verdade que ninguém pode viver com a culpa e que o homem \uta desesperadamente por evité-la, justificé-la ou encobri-la, deus nunca tencionou que a culpa 0 levasse ao desespero, e sim, ao arrependimento. © apéstolo Paulo escrevera uma forte repreenséo numa carta aos Corintios - carta que provocou um profundo senso de culpa e de tristeza em seus leitores. Mas 0s corintios reagiram e corrigiram © erro. A nova carta de Paulo muito nos instrui sobre a fungZo correta da culpa “Agora me alegro, n&o porque fostes contristados, mas porque fostes contristados para arrepen- dimento; pois fostes contristados segundo Deus, parra que de nossa parte nenhum dano sofréssei Porque a tristeza segundo Deus produz avrependimento para a salvagdo que a ninguém traz pesar; mas a tristeza do mundo produz a morte." (2.Co 7:9, 10) Deus, portanto, tencionava que a culpa levasse o homem ao reconhecimento de seu pecado, a0 arrependimento, e & confissio que restaura a comunhao com Ele. Conseqtientemente, é importante que eu verifique qual a causa de minha culpa, para distinguir entre a culpa "segundo Deus", que me leva ao arrependimento, ea culpa que no é "segundo Deus" © que pode produzir conseqiiéncias desastrosas Alguns especialistas distinguem entre "culpa real” e “culpa falsa". Mas, na realidade, culpa é Pagina 53 culpa. A “culpa falsa" ndio é menos dolorosa que a “culpa real’. Isso porque, quando falamos de "culpa’ referimo-nos a um SENTIMENTO (ou emogiio), produzido pela nossa consciéncia ao violarmos algum padrao. O sentimento é sempre real. Mas é 0 PADRAO que pode ser "verdadeiro" ou "falso” Para ilustrar, imagine uma secretéria que tenha levado para casa, durante varios anos, material de escritério, Além disso, j4 fez muitas ligagSes interurbanas pessoais, pagas pela firma. Um dia, ela Jembra das palavras "Nao furtards” (Dt 5:19), e sente-se profundamente culpada. E culpa "segundo Deus", porque sua consciéncia acusa a violagdo do padrio de DEUS, padrio "verdadeiro" Imagine, por outro lado, um jovem criado em regime de legalismo. Ele termina a faculdade, casa-se, e continua morando perto dos pais. Os pais exigem que 0 jovem casal almoce cada domingo a tarde com eles. O so pensar em "violar” esse compromisso traz profundo senso de culpa ao coragao desse filho. O sentimento de culpa € muito real, mas 0 PADRAO ¢ falso. Quando me sinto culpado, portanto, devo examinar a “causa” - devo avaliar o padrdo que tenho violado. Se eu descobrir que o padrao violado ¢ biblico, devo confessar meu pecado ao Senhor (1 Jo 1:9), ciente de que Ele no s6 perdoaré os pecados especificos confessados, mas também purificar- me-d “de toda injustiga,” i.6., das ofensas das quais eu nao estava ciente. Pelo contrario, se eu descobrir que o padrio violado nao ¢ biblico, devo avalia-lo 4 luz das Escritu- ras € ajusté-lo ("Quero honrar meus pais e manter um bom relacionamento com eles através dos almogos de domingo. Porém, se nao almogarmos com eles, ndo estarei violando uma lei de Deus, e nao devo sentir-me culpado por isso.") Asyvezes, mesmo reconhecendo que o padrao ¢ errado, o sentimento de culpa continua a perturbar- me. Preciso "banhar-me" na Palavra de Deus e memorizar versiculos pertinentes ao caso. Aos poucos, minha consciéncia deixara de acusar-me, 4 medida que cla esteja absorvendo ¢ assumindo 0 novo padrao. Pessoas importantes do nosso passado (pais, parentes, professores, etc.) influenciam grandemente na formagio do padrao de nossa consciéncia, Filhos de pais criticos e exageradamente exigentes podem experimentar um sentimento constante de culpa flutuante. Mesmo certos de que "jd nenhuma condenagdo hd para os que esidio em Cristo Jesus”, e que "Ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados" confessados, eles lutam para livra-se de um sentimento de culpa. Talvez seja necessario voltarem a exeminar as experiéncias do passado que gravaram © padrio errado em suas consciéncias. Depois, uma "santa lavagem cerebral" por meio da leitura e memorizacao de passagens da Palavra de Deus que tratam do assunto ajudara a estabelecer na consciéncia um novo padrao, Paulo ordena-nos "e vos renoveis no espirito do vosso entendimemto" (Ef 4:23) e "transformai-vos pela renovacdo dos vossa mente," (Rm 12:2), E, por ultimo, a pratica constante e coerente do novo padrao durante varias semanas logo transformé-lo-a em convicgao pessoal, parte do proprio estilo de vida ‘Tenho a impressio,, portanto, que nossa luta maior nao é a de distinguir entre a culpa "real" & a “falsa". Nosso esforgo principal deve ser dirigido & "construgdo" de um padrao cada vez mais biblico. Isso porque CULPA também é um termo juridico, ¢ ndo meramente um sentimento. A propria Biblia normalmente usa a palavra "culpa" no sentido juridico, assim descrevendo nossa condigdo objetiva ao violarmgs um padrao, Todos, por exemplo, so objetivamente culpados perante Deus (Rm 3:10, 23; Is $3:6), MESMO QUE NAO SE SINTAM ASSIM. Com um padrdo de conscigncia forjado pela Palavra de Deus, a culpa pode tornar-se uma grande amiga, alertando-nos quanto as violagGes da vontade do niosso Pai, trazendo-nos de volta a uma intima comunhao com Ele através do arrependimento e confissao sinceros. Pagina SI Principios.Cruciais Quanto ao Perdio por Dr. David W. Smith Jo materialismo, afirma que Deus é as real fonte do nosso prazer, e, implicitamente, da nossa capacidade de desfiutarmos dele: "...nem depositem a sua esperanga na instabilidade da riqueza, mas em Deus que tudo nos proporciona ricamente para nosso aprazimento (1 Tm 6:17; @ palayra "aprazimento" no original grego significa "prazer, desfruto, ou g0z0"). Existe, porém, um mal que tira nossa capacidade de experimentar o legitimo prazer -- um mal que tenho encontrado com muita freqiéneia em meu ministério de aconselhamento, Chama-se "amargura" Em hebreus 12:15 somos advertidos contra o desenvolvimento de uma "raiz de amargura que, brotando, vos perturbe e, por meio dela, muitos sejam contaminados". uma raiz comega pequenina, contudo pode crescer ao ponto de rachar 0 alicerce de um prédio ou uma pedra que pesa toneladas. Amargura assim. Ela pode comegar como uma mAgoa quase insignificante, logo transforma-se em ressenti- mento que, por sua vez, torna-se em amargura. As vezes, a amargura ferve, transformando-se em édio, E talvez a indiferenga e desdém sio piores do que imaginamos, sendo formas de um "odio congelado"! Alguns me tém afirmado -- "Nao tenho raiz de amargura. Tenho um TRONCO !" A amargura e seus "parentes" tiram-nos a capacidade de experimentar o prazer legitimo. Observa © médico, Dr. §. 1. MeMillen (A Provisao Divina para Sua Satide, p. 77) ‘No momento em que comego a odiar um homem, forno-me seu escravo, Meus res- sentimentos produzem: horménios de tenséio no corpo e fico cansado apés poucas horas de trabatho. O trabalho, que antes me divertia, é agora insuportavel. Até mesmo as ferias deivam de me dar prazer. O homem que odeio me acompanha onde vou. N&io ‘posse escapar a esta pressao da mente, Quando 0 garcom me serve bife com batatas, caspargos, salada e, em seguida, morangos com creme, tenho a impressio de comer pio duro com agua, Mastigo e engulho, mas o homem que odeio néto me permite sabo- rear a comida. O rei Salomdo deve ter tido experiéncia semethante, pois escreveu: "Melhor & um prato de hortaligas onde het amor, do que 0 boi cevado, e com ele o odio"(Pv 15:17), O homem que odeio néio me permite dormir, Minha cama & wna tortura, Realmente devo entender que sou tn escravo do homem sobre quem reccrin omen édio. Todos nés experimentamos ofensas -- um amigo que nos trai, um filho ingrato, a parcialidade dos pais, uma palavra éspera, uma acusagao falsa, uma data pessoal esquecida, a indiferenga para comigo de alguém que me é importante, etc. Disse 0 proprio Senhor Jesus, "E inevitdvel que venham esedindatos..." Perante as ofensas exercemos uma escolha. Podemos “perdoar ow tornar-nos ressentidos...amar ou odiar, estabelecer relacionamentos ou retrair-nos. A primeira escotha leva-nos é liberdade constante, uma vida de sinceridade © opedes. A segunda escotha, inevitavelmente, leva-nos a uma escravidéo dentro de nés mesmos. A primeira resulta em crescimento espiritual, a segunda, em amar- gura"(Diane V. Funk,"Bitterness: a Bondage," The Christian Leader, 18 de marco, 1975, p.4), Acura é perdio. Mas perdoar nunca ¢ facil; inclusive, "perdéio geruino — perdoando uma injiria indescuipdvel e devastadora -- & milagre" (Ralph F. Wilson, "Don't Pay the Price of Counterfeit Forgiveness," Moody Monthly, outubro, 1985, p. 108). Quando escolhemos nao perdoar, a vide é como se estivéssemas a sis num buraco profundo. A nossa liberdade acaba. De dia vemos 0 sol, ouvimos as conversas ¢ risadas dos outros ao redor, desfrutando de uma vide sadia, porém sabemos que nés estamos deixando de experimenta 0 goz0 O: razer tem um lugar legitimo no plano de Deus, O apéstolo Paulo, numa adverténcia contra Pagina 55 de viver que deveria ser nosso (Richard P. Walters, Forgive and Be Free, p. 16) Muito astuta a observagao do esctitor George Herbert: "Aquele que recusa perdoar destréi a powte sobre a qual ele mesino precisa passar para alcangar os céus, pois cada um necesita do perdéo". Embora dificil, o perdao nao € opcional para 0 filho de Deus. 0 Senhor Jesus disse: "£, quando estiverdes orando, se tendes alguma cousa contra alguém, perdoai, para que vosso Pai celestial vos perdoe as vossa ofensas"(Me 11:28). Portanto, pelo fato de ser 0 perdao uma ordem do Senhor, € pelas consequiéncias desasirosas de ndo perdoar, quero destacar algumas observagées sobre 0 perda0 que nem sempre aparecem nos livros e artigos sobre o assunto. Decisio (1) Primeiro, perdio nao é uma emogao; é uma decisao, pela fé. Em Efésios 4:32, por exemplo, é uma ordem dirigida a nossa vontade, nao as nossas emogdes;"Aries sede uns para com os outros enignos, compassivos, perdoando-vos uns aos outros, como também Deus em Cristo vos perdoou" Uma ordem deve ser obedecida, mesmo sem as emogSes apropriadas. Na realidade, se fOssemos esperar as emogdes apropriadas, possivelmente nunca perdoariamos. Normalmente perdoaremos enquanto estamos ainda sofrendo as consequéncias (inclusive consequiéncias emocionais) da ofensa, como também 0 Senhor Jesus perdoou enquanto estava sendo crucificado: "Pai, perdoa-thes porque nao sabem o que fazem"(Le 23:34). Alguém ja descreveu 0 processo de perdoar sem que as emogdes coneordassem Mas como perdoar se, ds vezes, nem semimos 0 desejo de perdoar? Essencialmente 0 perddo é um ato da vontade e néto das emogdes (caso contrario, no seria uma ordem). Vocé pode perdoar mesmo que néo sinta 0 perddo. Diga a Deus em oragéio: "Deus, eu fui ofendido e fique magoado e amargurado. Mas, ent nonre de Jesus eu perdéo ao fulano. Amém." A sua vontade perdoou. Deus aceitou esta decistio e, com ‘0 fempo voce sentiré o perdéo (B. R. B.,"Vocé tem Certeza que Nao Esta Doente?"). Corrie ten Boom, num emocionante capitulo ("Ama o Teu Inimigo"), de seu livro Andarilha para © Senhor, mostra como 0 perdao como decisio ¢ nao emogo funcionou perante um ex-guarda dela no terrivel campo de concentragio Ravensbruck. Disse o ex-guarda num encontro pessoal com ela, depois de uma palestra dela sobre o perdao: "Mas depois daquele tempo...eu me tornei um cristéo, Eu sei que Deus perdoou as coisas cruéis que eu fiz ali, mas gostaria de ouvir também de sua boca, Fraulein". E, mais uma vez a (suc) mao se estendeu. "4 senhora me perdoa?” Parecia-the que horas 0 ex-guarda ficara ali, de mao estendida. Eainda assim eu estava ali parada, com um frio apertando men coragéio. mas 0 perdaio ndo é uma emogdo, eu sabia disso...0 perdao é um ato da vontade, ¢ a vontade pode funcionar independente da temperatura do coragao. "Jesus, ajuda-me!"eu orei silenciosemente. "Eu posso levantar a méo, isto eu posso fazer. Tu supres 0 sentimento”. E enidio rigidamente, mecanicamente, estendi minha méo para aquela que se estendia para mim. Quando eu fazia isso, aconteceu uma coisa inerivel: a corrente comegou em meu ombro, desceu pelo meu brago, explodiu em nossas maos juntas, Entéio este calor que cura pareceu inundar todo 0 meu ser trazendo ligrimas aos meus olhos. "Eu lhe perdéo, irmao!”. exclamei, "de todo 0 meu coragéio" (paginas 70-71) Perdao e Terapi Pagina $6 4 (2) O perdio é unilateral, O ofensor no precisa merecer meu perdao antes de eu o conceder. Se cu retiver o perdio , sou eu mesmo que soffo as conseqiiéncias, "Amargura é uma doenca de nossas proprias almas e somos nés que nurchamos em consegiténcia de sua devastagdo. precisamos tomar 0 remédio do perdao (anilateral) para sermos curados (Funk, p.5). & verdade que alguns trechos da Palavra de Deus condicionam perdao ao pedido do ofensor:"Se por sete vezes no dia (0 ofensor) pecar contra ti, ¢ (se) sete vezes vier ter contigo, dizendo: Estou arrepenulido, perdoa-Ihe" (Le 17:4), utras passagens biblicas, como Efsios 4.32, expressam a ordem de perdoarmos, sem que haja mérito ‘ou mesmo um pedido da parte do ofensor. pessoalmente, tenho feito uma distingzo entre perdo unilate- ral eo perdao "oficial". O per-dao unilateral é concedido o quanto antes, sem o ofensor merecer ou mesmo saber do fato. O perdao "oficial" é verbalizado no momento em que o ofensor 0 pede, reconhecendo seu erro e arrependendo-se dele. Perdio -- Uma Escolha (3) O perdio nao é esquecer-se da ofensa. Provavelmente seria quase impossivel haver o total esquecimento de uma ofensa profunda, neste ponto, somos diferentes de Deus. diz 0 Senhor (Jr 31:34, citado no N., em Hb 8.12 e 10:17). Como seria possive! a um Deus onisciente deixar de lembrar os nossos pecasios? Se vamos entender Sua afirmagao literalmente, parece-me que teriamos de imagind- Lo estabelecendo um decreto: Haja esquecimento de seus pecados. E ha! Nos, seres humanos, porém, Wo temos a capacidade de uma amnésia seletiva: no podemos simplesmente arrancar do nosso "arquivo mental" certas pastas indesejaveis, Mas lembre-se de que perdao é uma deciso, uma escolha. e como Deus escolhe nio lembra-Se de meus pecados, também posso decidir nfo levantar o assunto (uma vez entregue a Deus em oragao) perante Deus, perante os outros (inclusive 0 ofensor), e perante mim mesmo, Normalmente, a tiltima tarefa (a de lidar com meus proprios pensamentos) ¢ a mais dificil O ato de perdoar & como soltar a corda de um sino que venho tocando, decido soltar a corda, mas © sino continua balangando por algum tempo até parar. As memérias da ofensa, como os blens-blons do sino, me perturbam, insistindo em invadir meus pensamentos, mas recuso reviver a experiéncia No pego de novo a corda do sino; 0 "replay" néio é uma opgio biblica. Afirma Wilson que "a distingdio entre 0 perdéio eo fato de ainda lutarmos com memérias dolorosas é crucial. Quando temos perdoado, escolhemos ndo pensar de modo consciente nos pecados do ofensor. Até, porém, que Deus nos cure otalmente, a nemoria da ferida e dor pode nos oprimir vez apés vez. Cada vez, precisamos “escrever” PERDOADA sobre a pessoa que nos ofendeu. Apesar de termos, ds vezes, de recordar memértas dolorosas no processo de curar delas, precisamos recusar ao inimigo 0 "Iuxo" de temperd-las com amargura" (p. 107) 0 oie Mudancga (4) O perdao traz-me de volta para viver int do passado. Nao que as ofensas do passado tivessem mudado, mas deixo de ser controlado por elas. Eu mudei. e embora eu no tenha garantias de ficar isento de ofensas no futuro (cf. Le 17.1), © perdao me deixa livre no presente para também perdoar no futuro Testemunho e prazer Pigina 57 5) Finalmente, o perdao significa abrir mio de um direito que na realidade nao é meu. A vinganga pertence ao senhor, no a mim, Mas, “dis vezes, é dificil abrir mito dos ressentimentos. Eles nos fornecem assuntos "garantidos" nas conversas sobre alguém que possamos culpar pelas nossas deficiéncias. Freqitentemente eles despertam comiseragdo nos oulros para comigo. permitir que a amargura se torne parte de nossas vidas é muitas vezes uma simples desculpa para agirmos de modo irresponsavel"( Funk, p. 4 ). E enquanto retivermos 0 "direito” de vingar-nos, no teremos condigdes para amar os nossos inimigos. Disse 0 apéstolo Paulo: "Nédo vingueis a vés mesmos amados, mas dai lugar @ ira (de Deus, como fica evidente nas seguimes palavras); porque esta escrito: A mim ime pertence a vinganca; eu retribuirei, diz o Senhor" (Ran 12:19), E Salomao escreveu em Provérbios 20:22: "Vingar-me-ei do mal, espera pelo Senhor, ¢ ele te livrara” Terminamos com a citagdo de um conferencistacristao entre universitérios no mundo inteiro: Dar e receber perdéo é 0 maior poder é nossa disposigdo hoje para resolver conflitos. uma das maiores necessidades no mundo inteiro. E mostrar ao mundo o cardter de Cristo por sermos pessoas que'perdoam & um dos testemunhos mais poderosos que poderiamos oferecer. (Josh McDowell, "Bypassing the Roadblocks of Forgiving" Moody Monthly, outubro, 1985, p. 112). Nao permita que a magoa, o ressentimento ¢ a amargura tirem 0 "sabor" do prazer que Deus quer the conceder. Perdoe, ¢ dai construa "pontes" de relacionamentos com os que ofenderam vocé. "Nao te deixes vencer do mal, mas vence 0 mal com 0 bem" (Rm 12:21). Pagina 58 IRA:. Inimiga da Mansidao por Dr, David W. Smith Mansidao: Alvo Aleancavel? ¢ existisse um prémio para 0 "Homem Mais Manso do Ano", provavelmente poucos de nos iriamos nos candidatar, Raros so os dias em que nfo ficamos irritados, sendo irados, e até uriosos. Mas a Biblia descreve Moisés, um mero mortal, com "mui manso, mais do que todos os homens que havia sobre a terra" (Nm, 12:3). Parece-nos um pouco mais facil imaginar © puro Filho de Deus dizendo: “aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coragdo” (Mt. 11:29), Mas um mero homem como nés, contaminado com uma natureza pecaminosa. . .0 mais manso na face da terra?! Perante a lideranga enérgica de Moisés sobre 0 povo de Israel, sabemos que mansidéo nao gnifica ser fraco, possuir um temperamento fleumatico, ou ser um lider "banana". Pelo contré- rio, "mansidao" significa "amansado” — alguém que pela gentileza, humildade, consideragio e meiguice revela-se "amansado" pelo Espirito de Deus, Como escreveu A. T. Robertson, especia- lista na lingua original grega, mansidao transmite "uma perfeita combinagio de equilibrio espiri- tual e poder". Disse outro, "é 0 fiuto do poder", Amansado pelo proprio Senhor, 0 manso nao se ressente da adversidade porque aceita tudo como efeito do sabio e amoroso propésito de Deus para ele, sabendo que até as injurias so permitidas por Deus para seu bem final O Moisés descrito como homem mais manso tinha, no minimo, 80 anos de idade (Compare At 7:23,24 com 7:30). Mas no foi sempre assim, Quarenta anos antes queria iniciar o éxodo, prematuramente, matando um egipcio que espancara um hebreu, um do seu povo (Ex. 2:12). Mesmo depois de amansado por Deus durante os 40 anos como fugitivo e peregrino na terra de Midia, e ainda'apés ampla experiéncia liderando 0 povo de Israel no deserto, sua profunda irrita- 40 com a inctedulidade do povo levou-o a rebelar-se contra a ordem explicita do Senhor de fa- Jar com a rocha para que saisse agua: "feriu a rocha duas vezes com a sua vara (Nm, 20:11) € foi disciplinado por Deus, proibido de entrar na Terra Prometida (Nm. 20:12). Vocé as vezes se identifica com Moisés? Eu também! Muitos psicélogos teriam-no incenti- vado, crendo ser melhor "ventilar” (expressar aberta e plenamente) a ira, do que reprimi-la. Mas © Senhor Jesus comparou ira com homicidio: "Eu, porém, vas digo que todo aquele que se irar contra seu irmao estaré sujeito a julgamento, . . ¢ quem the chamar: Tolo, estard sujeito ao in- ferno de fogo." O apostolo Paulo coloca "iras" entre as obras da velha natureza (Gi. 5:20). Nao é de "ventilago" que precisamos, e sim, do perdio de Deus. Indignagio Santa? Sim, existe uma "indignagao santa". © proprio Senhor Jesus irou-se com os cambistas e co- merciantes que transformaram © Templo num "covil de salteadores”. Irou-se também com os fariseus que queriam proibir a cura no sibado do homem com a mio ressequida (Mc. 3:1 - 5), Mas, como observa Dr. Mark Porter, "quando preso e ilegalmente processado, Ele se conservou quieto. Quando os homens negaram e violaram seus direitos como o Filho de Deus, Ele ticou em silencio" "Talvez possamos definir indignagao santa", continua Porter, "como ira provocada por um tratamento injusto de outrem. Pagina 59 Ira Humana:Um Quadro Feio A maioria das expresses da nossa ira, porém, no entra nessa categoria" De fato, a Biblia pinta um quadro quase que exclusivamente negro quanto 4 ira humana e suas conseqiéncias "Todo homem, pois, seja. . tardio para se irar. Porque a ira do homem ndo produz a justiga de Deus" (Tg. 1:19,20). “O homem iracundo suscita contendas, mas o longdnimo apazigua a luta " (Pv. 15:18). "Nao te associes com 0 iracundo, nem andes com 0 homem colérico, para que néio aprendas as suas veredas, e assim enlaces a tua alma” (Py. 22:24,25). “0 insensato expande toda a sua ira, mas o sabio aftnal Iha reprime” (Pv. 29:11). Normalmente, ficamos irritados e irados quando alguém nos ofende, nfo pelo "tratamen- to injusto de outrem”, Ira é um sinal quase que infalivel de uma expectativa pessoal nao preen- chida ou de um direito pessoal violado. Pense no seguinte — A expectativa de poder expressar a minha opinido e ser ouvido com respeito. ~ A expectativa de poder descansar depois de um longo dia de trabalho. -- A expectativa de escolher 0 uso de meu tempo de lazer. ~~ A expectativa de que meu amigo mantenha confidencial aquilo que compartithei com ele. -- A expectativa de que meus filhos mantenham seus quartos arrumados. -- A expectativa de que os outros conversem em voz baixa quando estou falando ao tele- fone. -- A expectativa de ter 0 uso exclusivo do banheira de manha quando estou preparando- ‘me para sair para 0 trabalho. Satansis Pode Tirar Proveito (0 ss uae geese Se nao lidarmos com nossa ira, Satands tirara proveito: "ndo se ponha o sol sobre a vos- sa ira, nem deis lugar ao diabo" (Ef. 4:26,27). Temos de parar o proceso antes que fique fora de controle. Por exemplo, Py. 17:14 nos aconselha: “como o abrir-se da represa, assim é 0 co- mego da contenda; desiste, pois, antes que paja rixas." Efésios 4:31 sugere uma sequéncia: ‘Longe de vis (oda a amargura, e célera, e ira, e gritaria, e Blasfémias, e bem assim toda a ma- licia". A seqiiéncia comega com "amargura" ("Realmente, fiquei um pouco chateado, magoado, ressentido, ferido", etc.), ¢ se no perdoarmos uns aos outros como também Deus nos perdoou em Cristo (Ef 4:32), a amargura logo produz algo pior: "nem haja alguma raiz de amargura que, brotando, vos perturbe e, por meio dela, muitos sejam contaminados" (Hb. 12:15). Amargura "curtida" produz "célera", que no original grego descreve uma emogao turbu- lenta © mais temporaria do que a "ira" que a segue na seqiiéncia de Efésios 4:31. "Ira", por sua vez, é mais duradoura e expressiva, visando a vinganga. Um acimulo de irritagdes (0 almogo queima-se, a crianga chora, marido atrasa, os filhos nao ajudam, o telefone toca. . .) elevam a temperatura interior, e, de repente, quando Jofozinho derruba seu copo de leite, ver a explosdo. Pagina 60 Ai, ocorrem og proximos dois termos na seqiéncia de Ef. 4:31: gritaria ("refere-se aos gritos das discussdes") e blasfémias (linguagem de insultos, falar mal dos outros). + Como Parar? eee Como parar 0 proceso para que a seqiiéncia ndo se cumpra?_O Senhor perguntou a Ca- im, "Por que andas irado?” ¢ depois aconselhou-o: “"eis que 0 pecado jaz a porta; 0 seu desejo serd contra ti, mas a ti cumpre domind-lo" (Gn. 4:6,1). Tragicamente, Caim nao "amansou" sua ira e a consequéncia foi a morte de seu irmio Abel. Lembro-me de um senhor que eu estava aconselhando, Ele, quando trabalhava numa usina como o engenheiro encarregado, certo dia explodiu de ira contra um funcionério irresponsivel, atirando nele uma ferramenta pesada que por pouco nao atingiu a cabega, e que ficou presa na parede de alvenaria! (0 "dominio" da ira significa, primeiro, perdoar o ofensor. Depois da triste seqiiéneia de Ef 4:31, Paulo continua: "Antes, sede uns para com os outros benignos, compassivos, perdoando-vos uns aos oulros com também Deus em Cristo vos perdoou" (Ef. 4:32). Quando comegamos a relembrar 0 quanto fomos perdoados por Deus, tomna-se mais facil perdoar os que nos ofendem, Perdao é entregar a Deus as ofensas e qualquer retribuigo que a vinganca requei- ra, recusando levanté-las doravante perante Deus, os outros, e mim mesmo. Perdao € decidir (eu nao disse "sentir"!) nao levar em conta a ofensa, orando pelo ofensor e procurando beneficié-lo. © "dominio" da ira significa, em segundo lugar, entregar a Deus a expectativa pessoal no preenchida, © direito pessoal violado. O proprio Senhor Jesus "ndo julgou como usurpasdo 0 ser igual a Deus" (Ep. 2:6), Ele nfo ficou agarrado aos Seus direitos como Deus, mas, entregou-os, "“/ornando-se em semethanga de homens" (Kp. 2:7). "Quando ultrajado, néo revida- va com ultraje, quando maltratado ndo fazia ameagas, mas entregava-se aqul:le que julga reta- mente" (1 Pe, 2:23). Ele devolveu Seus direitos ao Pai, deixando a justiga com Ele. Até que Enfim, a Mansidao Voltemos a Moisés, nosso "homem mais manso do ano". Quando Mirii e Ardo rebelaram-se contra sua lideranga, Moisés recusou defender-se, deixando sua defesa com Deus Como consequéncia, “a ira do Senhor contra eles se acendeu” (Nm. 12:9) € Miri&t achou-se le- prosa. Mas Moisés orou pela cura de sua ima, e Deus 0 atendeu. Moisés no procurava vingan- fa ~ houve perdiio em seu coragdo e 0 direito de defender-se estava entregue, Amansando desta forma a nossa ira, podemos cultivar em nossas vidas a mansid4o que nos assemelhara a0 nosso amado Salvador.

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