Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Os autores na área de desenvolvimento ainda podem ser enquadrados pela ótica “moral”
ou “não-moral”. A primeira diz respeito àqueles que seguem a linha cepalina ou
prebischiniana colocando o objetivo social como a razão de ser do processo de
desenvolvimento. A concepção de Marx e de Shumpeter podem ser classificadas como
“não-moral” por definirem como desenvolvimento um processo de forte progresso das
forças produtivas e de ampliação da renda per capita mesmo que este leve a uma
deterioração das condições de vida da classe trabalhadora.
O produto nacional bruto (PNB) per capita é o indicador econômico mais abrangente
por refletir a previsão de bens e serviços e por ter resultados divulgados pela maior parte
dos países membros das Nações Unidas (ONU), entretanto não reflete distribuição de
renda ou bem-estar. Sobre as tentativas de criação de indicadores sociais, praticamente
todas envolveram a construção de números-índices e problemas de aglutinação e
ponderação.
Os economistas clássicos descreveram o desenvolvimento econômico como um processo
de difusão irregular do processo técnico comandado pelos criadores de novas técnicas
que se mantinha devido a salários estáveis, abundância de mão de obra em atividades de
baixa produtividade, acumulação e concentração de renda.
Contudo, a pressão cada vez mais eficaz dos assalariados para aumentar sua participação
no incremento do produto levou as economias capitalistas desenvolvidas, como a
Inglaterra na fase do imperialismo vitoriano e os Estados Unidos durante o século
passado, a um processo denominado homogeneização social. Este conceito não se refere
à uniformização dos padrões de vida, e sim a que membros de uma sociedade satisfazem
de forma apropriada as necessidades de alimentação, vestuário, moradia, acesso à
educação, ao lazer e a um mínimo de bens culturais.
Alternativamente, a teoria do subdesenvolvimento aborda os processos sociais em que
aumentos de produtividade e assimilação de novas técnicas não conduzem à
homogeneização social. Nesses casos, o processo produtivo permanece nos padrões
tradicionais e o aumento de produtividade decorre simplesmente do acesso a um outro
mercado com base na especialização. Mas isso não impedia a chamada “modernização”,
na qual a assimilação do progresso técnico se dava quase exclusivamente no plano do
estilo de vida da sociedade.
Essas experiências nos ensinam que para superar o subdesenvolvimento não se faz
necessário altos níveis de renda per capita, mas sim um processo de homogeneização
social e de criação de um sistema produtivo eficaz e tecnológico via ação dos mercados,
ação orientadora do Estado e exposição à concorrência internacional. Enquanto isso, a
teoria da pobreza relata ser preciso modificar a “distribuição primária da renda”, por
meio de reformas agrária ou do crédito, para romper com a concentração e beneficiar
aqueles em que o único ativo de que dispõem é sua força de trabalho.
Em seu trabalho, Furtado (1992) relata os alguns caminhos que ainda precisam ser
traçados na busca da superação do subdesenvolvimento, dentre eles estão: o processo
de habilitação profissional e de moradia, a inserção da população na atividade política, a
aplicação de recursos na pesquisa científico-tecnológica e um projeto político apoiado na
realidade social.