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O Mario e o António eram dos meninos que moravam numa vila pescatória, pasavam
o tempo todo a brincar nos cais e a conversar sobre o dia em que se recrutariam num
barco que os levasse além-mar.
Ao anoitecer antes de voltar para casa gostavam de entrar nas tascas do porto para
ouvir aos marinheiros contar histórias de baleias e naufrágios
Uma tarde em “A Baleia Mireia” viram O Duarte Alves, o marítimo português que tinha
um brinco de ouro na orelha esquerda por ter dobrado o Cabo Horn, onde dizem que
fica o inferno, que não é de fogo senão de água e vento.
Nunca antes tinham falado com ele, mas essa noite o Mario, muito corajoso,
perguntou-lhe que deviam fazer para dar a volta ao mundo.
O Duarte sorriu para eles e respondeu que tinham de trabalhar muito duro, mas no
mar a sorte era imprescindível.
O Duarte continuou
- Deu-mo uma mulher num porto da Escócia, ela disse-me que servia para acariciar os
ventos e que se eu o levava comigo, eles sempre me trariam de volta pela superfície.
Quando eu apanhei o pente ela respirou fundo e disse “já vou”, eu não compreendi.
Na manhã seguinte apareceu morta na praia. Ela chamava-se Keira e, porém era
jovem, já tinha o cabelo branco. Contaram-me que quando ainda era uma rapariga
uma noite sonhou que tinha de fazer “um pente dos ventos” para proteger o seu
namorado no mar. Embora como ele teve de embarcar apressadamente esqueceu
levá-lo. Então uma manhã depois de ter sonhado que o jovem afogava-se, ela
acordou maluca e com o cabelo já completamente branco. No entanto o namorado
voltou, mas abandonou-a devido a sua loucura.