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NOdz WILLIAM JESUS CRISTO PARA ium HOJE Tradugaéo de Dina Rizzi Ilustragiio de Phyllis Reily Capa de William Garrison IMPRENSA METODISTA Caixa postal 8051 01000 Sao Paulo - SP Traduzido do original em Inglés “Jesus Christ For Today” Copyright 1973 do Conselho Mundial do Metodismo Lake Junaluska, NC 28745 — USA Todos os Direitos Reservados Permissio concedida para esta edigao em Portugués Nota: Toda a matéria publicada dentro de quadros, isto é, com uma linha em toda sua volta, NAO PERTENCE AO LIVRO CONFORME O SEU ORI- GINAL e foi incluida na presente edicio pelos editores no Brasil, com a fina- lidade de adequar esta publicacio a estudos em grupos ou escolas dominicais. ORIENTAGAO PARA O ESTUDO Para 0 aproveitamento desta obra em Classes de Escola Domi- nical ou Grupos de Estudo: — Leia 0 prefacio para conhecer em que contexto surgiu a presente obra. — Cada capitulo servird como ligo para dois domingos (ou encontros). O iiltimo capitulo é para um domingo, perfa- zendo o total de treze domingos ou um trimestre. — Durante o trimestre, faga o possivel para ler todo o Evan- gelho de Lu — Leia cada capitulo, de um modo geral. A seguir, verifique © esbogo do capitulo. — Leia os textos biblicos indicados abaixo do titulo “Ieia em sua Biblia durante a semana”. — Leia todo o capitulo, novamente, de forma mais detalhada. Se desejar, procure na Biblia outros textos mencionados € que nao foram selecionados como leitura para a semana. — Pense sobre as possiveis respostas as questdes que aparecem dentro dos quadrinhos, ou outras que esto no proprio ca- pitulo. — Procure relacionar os aspectos importantes de cada capi- tulo com aquilo que acontece em sua vida ¢ na vida da Igreja hoje. Composto ¢ impresso na Imprensa Metodista Sao Bernardo do Campo — SP INTRODUGAO SOU profundamente consciente da honra e da responsabilidade que me foram conferidos pela tarefa de escrever estes estudos sobre a vida de Jesus, de acordo como foi registrada no Evangelho de Lucas. Nao fiz tentativa alguma de escrever um comentario em minia- tura. Concentrei-me inteiramente em descobrir 0 que Lucas diz a res- peito da pessoa e do cardter do evangelista, Jesus Cristo, e da obra da evangelizacao. E quase totalmente impossivel, ao se completar o estudo de Lucas, nao estar a par da beleza e da extenséo do amor de Deus em Jesus Cristo. O meu desejo e oragdo a respeito destes estudos é que eles possam capacitar 0 evangelista a ver a sua tarefa claramente e estar inteiramente desperto para os recursos que tem, em Jesus Cristo, para realizd-la, William Barclay ‘The University of Glasgow Abril — 1973 Apresentagao da Edigéo em Portugués CONTA um escritor que 0 Metodismo, mo- vimento religioso que deve sua origem a Joao Wesley, apareceu demasiado tarde para poder classificar-se como reformista. E acrescenta que nao foi reacdo contra o cato- licismo, visto que nasceu na Inglaterra, pais protestante. Representa uma “virtude espi- ritual de religido renovada, que surgiu no deserto, irrompendo através da crosta de for- malismo da época com novo ¢ vital entu- siasmo”. William Barclay, renomado professor da Universidade de Glasgow, escrevendo este Tivro especialmente para 0 estudo biblico do pressa na introdugdo seu descjo, que tam- bém é o nosso, de que os metodistas reco- brem © entusiasmo que marcou seu apa- recimento no cenério religioso do mundo: “O meu desejo ¢ oragdo a respeito destes estu- dos é que eles possam capacitar o evangelis- ta a ver a sua tarefa claramente e estar intei- ramente desperto para os recursos que tem, em Jesus Cristo, para reali E um livro de estudo sim, mas que de- safia o crente a “ser discfpulo” e a “fazer discfpulos” buscando ter mais de Cristo na vida. Nao tem, por isso mesmo, como obje- tivo, ser um manual que discorra sobre formas, métodos ¢ meios de evangelizagio. Lendo-o, sentimo-nos enviados ao homem em qualquer grau de desenvolvimento, sob qualquer forma de vida, em qualquer padrao de cultura, e de atitudes e modos de com- preensio diferentes. Entregando esta primeira edigio em portugués aos queridos leitores no Brasil ¢ além mar, resta-nos orar ao Senhor para que a tarefa de evangelizagio seja a paixio por exceléncia do “Povo Chamado Meto- dista”, e dos cristos em todo o mundo. Bispo Omar Daibert Igreja Metodista — Brasil Secretario Geral de Missées e Evangelizacao 5 @ Jesus Cristo Para HoJE 6 @ Jesus Cristo Para Hose Prefacio OS ERUDITOS escrevem livros. Homens sdbios ¢ ignorantes escrevem volumes acer- ca do Novo Testamento. Evangelizacio cris- ta é 0 assunto de inumerdveis livros. Jesus Cristo Para Hoje reine estes trés pontos: um autor lido em todo mundo pela sua eru- digdo, que usa um livro das Escrituras para fundamentar a estratégia para a evangeliz ¢G0. O Doutor William Barclay, talvez 0 erudito biblico mais prolifico do mundo, usa © Evangelho de Lucas para estabelecer a Pauta para a Igreja apresentar o Evangelho. Ha evangelistas, ¢ evangelistas, Ha aqueles que, por meio de truques copiados do mundo das promogées de vendas ¢ aque- cidos meramente pelo ardor animal, passam, entre os figis, como “evangelistas”. Comu- mente eles despertam entusiasmo ¢ atraem multiddes. Sdo bem sucedidos em quase to- dos os empreendimentos exceto no incre- mentar o verdadeiro Cristianismo. Sua men- sagem, apesar de o ser verbalmente, no é a das Boas Novas da Fé. O Professor Bar- clay viu realmente que a evangelizacio erista envolve a palavra e os meios de Cristo ou entio nao é crista. Ademais, ele compreen- deu que quando a igreja alcangou a sua maior influéncia, até mesmo no mundo pa- 80, foi dentro das linhas de ensino ¢ da pratica de Jesus. Qual é a verdadeira mensagem de nos- so Senhor? Quais foram os métodos usados por Jesus para tornar eficiente o seu ensino? Qual é a verdadeira dinamica da vida crista? Quais os que se tornam realmente nos me- thores missiondrios da {67 Sob que circuns- tancias 0 Evangelho pode ser rejeitado? Quais as implicages que a evangelizacio tem sobre as controvérsias sociais que per- turbam a nossa época? A evangelizagao exige uma cruz? Com a pena segura de um erudito jé reconhecido do Novo Testamento, o Doutor Barclay expe a verdadeira resposta de um evangelista cristio a essas cruciantes inter- rogagoes. Nos dias em que vivemos h4 “um es- trondo de marcha pelas copas das amorei- ras”, segundo a metéfora usada no Antigo Testamento (II Sm 5.24). Ha uma convic- do profundamente compartilhada por todos que, a nao ser que haja uma forca extraordi- néria para mudar o rumo atual, a civilizagio nio podera sobreviver. “Evangelizagao” é algo que esti se tornando digno de respeito novamente, Sentimos isso através da manei- ra em que o assunto est sendo introduzido vagarosamente nas cétedras dos semindrios. Conferéncias ¢ assembléias esto sendo rea- lizadas com empenhos evangelizantes. O apelo para o arrependimento e a crenga no Evangelho esté sendo ouvido novamente através dos pilpitos. Movimentos globais, tais como @ Evangelizagéo Metodista Mundial, esto to- mando impulso. Que felicidade em tal hora possuir um erudito cristéo com a tarimba de William Barclay para nos guiar! Recomendo que JESUS CRISTO PA- RA HOSE seja lido com atengio compa- rvel & erudigdo e A fidelidade ao empreen- dimento cristio que cle possui: Bispo F. Gerald Ensley Igreja Metodista Unida Presidente da Comissio de Evangelizagio do Conselho Mundial do Metodismo. 0 homem que escreveu o Evangelho Orientagao para o estudo do capitulo Veja a pagina 4 a Orientacio para o Estudo, Esboco do capitulo I 1 — Caracteristicas especificas do livro e da pessoa de Lucas: a) A obra de Lucas no contexto do NT: Lucas e Atos ocupam 27% do NT. b) A pessoa de Lucas: — era gentio — era médico — deve ter viajado com Paulo 2 — Caracteristis s do homem e sua obra: a) Lucas € um historiador, o primeiro da igreja. b) © livro de Lucas € o melhor Evangelho para um empreendi- mento de Evangelizacao. c) Lucas dé um lugar especial para os samaritanos. d) Lucas da um lugar especial para os pecadores ou marginalizados. €) Lucas dé um lugar especial para as mulheres. Leia em sua Biblia durante a semana — Referéncias a Lucas: Colossenses 4.11-15 — 0 médico IL Timéteo 4.11, Filemon 24 — o companheiro de Paulo Atos 27.1-5 — viajando com Paulo — Algumas caracteristicas do Evangelho de Lucas: Amor aos samaritanos: Le 10.30-37 Enfase no arrependimento — O ladrao arrependido: Le 23.39-43 Preocupa-se com as mulheres: Le 1.5,24,27,58; 10.38-41; 1.26-56 (A mulher como Serva de Deus). Estudar 0 Evangelho de Lucas quer di« zer estudar aquele livro ao qual Renan cha- mou “o mais belo livro do mundo”. Ele pode ser o mais antigo relato da vida de Jesus, e € ainda um dos melhores. E fato documentado que certa vez um estudante pediu a James Denney que Ihe recomendas- se um bom livro sobre a vida de Jesus, que Denney The respondeu: “Vocé ja leu o livro que Lucas escreveu?” Quando buscamos os escritos de Lucas, ‘nos encontramos com o homem que escreveu mais do Novo Testamento do que qualquer outro de seus autores. Na Edigdo Revista ¢ Atualizada no Brasil, do Novo Testamento hé 309 paginas. O Evangelho de Lucas tem 43 © o Livro de Atos tem 40, num total de 83 pfginas, 0 que significa que Lucas es- creveu 27%, mais do que um quarto, do Novo Testamento. As cartas de Paulo tém 79 paginas, 0 que representa um pouco me- nos do que os escritos de Lucas. Dos trés Evangelhos Sinéticos, Lucas € 0 mais compreensivo. Todo material con- tido nos trés evangelhos pode ser dividido em 172 segdes, das quais Lucas contém 127, Mateus 114, e Marcos 84. Destas segdes, 48 encontram-se somente em Lucas, 22 so- 7 @ Jesus Cristo Para HoJe 8 @ Jesus Cristo Para HoJe mente em Mateus e apenas 5 em Marcos. Isto significa que um tergo a um quarto de todo material dos Evangelhos € especial de Lucas. Lucas desereve cinco milagres que nado se encontram em nenhum dos outros evangelhos. Apenas ele, por exemplo, fala da ressurreigdo do filho’ da vitiva de Naim (7.11-17); a cura dos dez leprosos (17.11- 19), (€ mais 5.1-11, 13.10-17, 14.1-6). Ape- nas Lucas, por exemplo conta a pardbola do bom samaritano (10.29-37); do amigo im- portuno (11.5-8); da draema perdida (15.8- 10); do filho prddigo (15.11-32); do rico e do Lazaro (16.19-31); do juiz iniquo (18.1- 8) (@ mais 7.40-43; 12.13-20; 13.6-9; 14 28-32; 161-9; 17.7-10; 189-14). E so- mente em Lucas que encontramos a historia de Zaqueu (19.1-10); 0 julgamento diante de Herodes (23.6-12); a histria do ladrio ar- rependido (23.39-43); ¢ o acontecimento no caminho de Ematis (24.13.35). E facil, portanto, de se ver a imensa divida que te- mos para com Lucas e podemos compreen- der porque F. C, Grant diz que, se por ven- tura tivesse que escolher qual dos evangelhos ele gostaria de guardar, podendo ficar ape- nas com um, ele escolheria o evangelho de Lucas. Pouco sabemos a respeito deste Lucas, ‘© homem que mais contribuiu para 0 Novo Testamento. Diz a tradigdio que ele veio de Antioquia, aquela cidade onde pela primeira vez 0 evangelho foi pregado aos gentios, ¢ conde os seguidores de Cristo foram pela pri- meira_vez chamados cristios (Atos 11.19- 26). No Novo Testamento ha apenas trés referéncias diretamente ligadas a Lucas. Em Filemon 24, Paulo diz que ele é um dos seus companheiros. Em Colossenses 4.11-15 aprendemos duas cousas importantes a res- peito de Lucas. Pela maneira em que os nomes so agrupados naquela passagem, ti ramos a conclusio de que Lucas era gentio, pois a lista dos amigos judeus de Paulo termina no versiculo 11. & maravilhoso ensarmos que © homem que escreveu mais do que qualquer outro do Novo Testamento no era judeu, mas sim gentio. Talvez a razio porque achamos 0 seu evangelho especialmente atraente seja por- que, sendo Lucas um gentio, ele fala a mes- ma linguagem que nés falamos e pensa do mesmo modo que nés pensamos. No versi- culo 14 da passagem citada descobrimos que Lucas era médico, Esta bastante claro que Lucas era um grego bastante culto, pois a sua introdugo (Lucas 1.1-4) tem a forma que todos os escritores gregos usavam ao escreverem os seus livros. Ele foi também escrito num grego excelente, do qual qual- quer habitante da Grécia poderia sentir-se ‘orgulhoso, Talvez por ter sido médico é que Lucas escreveu 0 tipo de evangelho que nos deixou. Diz-se que um sacerdote vé os homens no seu melhor, um advogado vé os homens no seu pior, ¢ um médico vé os homens tal como realmente 0 sio. Um bom médico pode dizer 0 que ha de errado com uma pessoa mas, no entanto, ele nunca sente re~ pulsa ou fica enojado por causa da molés- tia; 0 seu tinico desejo é auxiliar e curar. Quer dizer, um bom médico vé os homens com clareza e compaixao, e isso se adapta realmente 4 pessoa de Lucas. Lucas era médico ¢ evangelista. Vocé julga que deve haver uma relagao intima entre religido © medicina, entre a igreja ¢ 0 hospital, entre 0 médico € 0 ministro? A iiltima referéncia sobre Lucas encon- tra-se em Il Timéteo 4.11. Enquanto as Sltimas sombras caem sobre a vida de Paulo, apenas Lucas, 0 companheiro fiel, esta com cle. E possivel que Lucas tenha pago um alto prego pelo privilégio de ficar com Pau- Jo até o fim. Se lermos Atos com bastante cuidado, veremos que na maior parte das vezes a histéria é contada na terceira pes- soa do plural: eles fizeram isto, eles fizeram aquilo. Mas, as vezes, a historia é relatada na primeira pessoa do plural (Atos 16.10- 17; 205-15; 21.1-18; 27.1-38.16). O ca- pitulo 27 usa “navegamos” ¢ conta a histé- ria de como Paulo fez a sua dltima viagem 1 Roma, para ali ser julgado. E natural deduzirmos que quando Lucas usa a primeira pessoa no plural, ele estava pessoalmente participando do acontecimento, Isto indica que Lucas acompanhou a Paulo em sua dl- tima viagem a Roma, juntamente com Ari tarco (Atos 27.1-2). Como seré que Lucas conseguiu a devida licenga para fazer esta viagem com Paulo? £ muito provavel que a Tei em vigor naqueles dias permitisse a um homem, quando tivesse que ser julgado em Roma, que fosse acompanhado de dois es- eravos pessoais; ¢ provavelmente, Lucas Aristarco apresentaram-se como os escravos de Paulo, a fim de permanecer com ele até os tiltimos dias. Lucas estava pronto a tor- nar-se num escravo a fim de ndo se separar de Paulo. A lenda e a tradi¢ao dizem mais trés cousas a respeito de Lucas I. Ha uma tradigao que data do sexto século que diz. que Lucas era pintor. Dizem que a Imperatriz, Eudoxia descobriu em Je- rusalém um quadro de Maria, a mae de Jesus, pintado por Lucas. E ‘até os dias atuais, hd na Tgreja de Santa Maria Maggio- re, na Capela Paulina em Roma, um quadro de Maria que se assegura ser de autoria de Lucas. A data deste quadro é de pelo menos de 847 AD. Il. Um prefécio bastante antigo ao Evangelho de Lucas, diz que ele morreu de morte natural. “Ele nunca teve esposa ou filhos”, diz 0 prefacio, “e morreu com a idade de setenta e quatro anos, na cidade de Bitinia, cheio do Espirito Santo”. III. Desde os primérdios, Lucas foi sempre identificado, como sendo “o ‘irmao’, cujo louvor no evangelho esta espalhado em todas as igrejas” (II Corintios 8.18). Assim o declara a Versio Padrao Autorizada (NT: refere-se A tradugdo da Biblia para o Inglés, autorizada pelo Rei Tiago da Inglaterra). A Versio Padrao Revisada (em Inglés) 0 cha- ma de o irmo que é famoso através de to- das as igrejas pela sua pregagao do evange- Iho. Esta é a forma em que ele € comemo- rado na orago congregacional para o Dia de Sio Lucas: Senhor Deus Todo Poderoso, que cha- maste a Sio Lucas 0 Médico, cujo louvor esta no evangelho, para ser um Evange- lista e Médico das almas; assim te seja agradavel que, através da medicina salu- tar da doutrina espalhada por cle, todas as doengas das nossas almas possam ser curadas; através dos méritos de teu Filho Jesus Cristo nosso Senhor. Amém. Se isto, fosse assim, daqui haveria de surgir uma possibilidade bastante interessan- te: IT Corintios 12.18 poderia ser legitima- mente interpretada da seguinte forma: “Eu insisti com Tito que fosse, ¢ enviei o stu irmao junto com ele”. E se o irmao de If Corintios 8.18 € a mesma pessoa que surge como o irmao de II Corintios 12.18, entao Lucas e Tito eram irmios. Porém estes trés pontos adicionais nao passam de tradigGes ¢ lendas. Vejamos agora os caracteristicos distin- tos deste homem chamado Lucas. I. Em primeizo lugar Lucas 6 um historiador, em uma forma em que Mateus € Marcos no 0 si. Lucas € 0 primeiro ho- mem a ver os acontecimentos cristios & luz da historia mundial, Ele usa nada menos do que seis acontecimentos histéricos para datar © aparecimento de Jodo Batista no palco da hist6ria (Lucas 3.1-2). Quando ele relata 0 banimento dos judeus de Roma, do qual re- 9 @ Jesus Cristo Para Hose 10 @ Jesus Cristo Para Hose sultou © aparecimento de Aquila e Priscila, ele data 0 fato como tendo acontecido no inicio do reinado do Imperador Romano Claudio (Atos 18.2). Para Lucas, os acon- tecimentos do Cristianismo nao foram rea- lizados num canto qualquer; ele os vé & luz da histéria, Além do mais, Lucas € 0 pt meiro historiador da Igreja. Os outros escri- tores dos Evangelhos escrevem até & morte € ressurreicio de Jesus — ali terminam. Lucas, porém, segue pela Igreja a dentro. E realmente verdade que para Lucas, tanto como para todos os outros pensadores do Novo Testamento, Jesus Cristo era o fim; nele, o trabalho de salvacao, num certo sen- tido, est4 completo e realizado. E muito mais verdade ainda podermos dizer que Lucas viu Jesus como sendo 0 meio do tem- po. Tinha havido aquela longa preparacio da nagio judaica, Havia o fato real da vin- da de Jesus. E entio, eis que vem o tempo da Igreja, o tempo do Espirito, o tempo da salvaco histérica, de se levar o Evangelho até que todos fossem convertidos. Apenas Lucas é quem vé o impeto da historia, passa- do, presente ¢ futuro. IL. Isso explica a grande qualidade distintiva do Evangelho de Lucas, a carac- teristica que faz do Evangelho de Lucas 0 melhor evangelho para um empreendimento de evangelizacao. Os quatro evangelhos ‘usam a passagem de Isafas 40.3 como a pro- fecia da vinda do precursor do Messias (Ma- teus 3.3; Marcos 1.1-2; Joao 1.23; Lucas 3.4-6). Mas Lucas é 0 iinico escritor do Evangelho que continua a citagao até o final —“e toda a carne verd a salvagio de Deus”. © homem mais afastado, no mais amplo cfr- culo, Lucas o queria. Quando Mateus tra- Ga a genealogia de Jesus, ele a inicia com Abraio, 0 pai da raga judaica (Mateus 1.2); quando Lucas descreve a genealogia ele a inicia com Adio, o pai de toda a humani- dade (Lucas 3.38). Quando o velho Simedo tomou © menino Jesus em seus bragos, 14 no Templo, cle disse a respeito dele que seria: “Luz para alumiar as nagdes, e para a gloria do meu povo Israel” (Lucas 2.32). Para Lucas nao havia qualquer barreira para © amor de Deus em Jesus Cristo. Quais algumas barreiras que ainda hoje esto dividindo os homens entre sie que precisam ser derrubadas pelo poder do Evangelho? (Pense primeiramente nas que exisiem em sua comunidade) TI. Lucas dé um lugar todo especial para os samaritanos em seu Evangelho. Ele € 0 tinico que conta a parabola do Bom Sa- maritano (10.30-37), e a histéria do leproso agradecido, que era um samaritano (17.11- 19). Lucas nao aceita a crenga de que os judeus nada tém a ver com os samaritanos, quando ambos esto em Cristo. IV. Lucas d4 igualmente um lugar especial para o pecador, o marginal, e para aqueles com os quais nenhuma pessoa de respeito desejaria relacionar-se. Somente Lucas conta a respeito do penitente cobra- dor de impostos e de Zaqueu, que deve ter sido o homem mais odiado em Jericd (18. 9-14; 19.2-20). Somente Lucas € que faz referéncia ao ladrao arrependido no Calva- rio (23.39-43). Lucas tem plena certeza de que nao importa o quanto o homem seja mau, ele no poderd distanciar-se do amor ¢ cuidado de Deus em Jesus Cristo. Hé gente, hoje, com as quais “nada es- ramos querendo” por julgd-las despre veis (pela raga, ou cor, ou origem, ou idéias, ou posi¢do social, ou credo religio- 0, ou condi¢éo moral)? Que caminho nos indica 0 Evangetho de Cristo? V. Lucas tem um lugar especial para as mulheres em seu Evangelho. Realmente, a mie seria sempre a rainha no seio da fa- milia, mas, era proibido educar as mulheres judias; era 0 mesmo que atirar pérolas 20s porcos. Eo judeu, em sua oracao matinal, dava gragas a Deus por nio té-lo feito gen- tio, escravo ou mulher. No livro de Lucas, porém, encontramos Isabel, Maria, a mae de Jesus, com toda a sua candura, Ana, a mulher cujo grande amor expiou o seu pe- cado, Maria Madalena, Suzana e Joana, Marta ¢ Maria, a vidva com suas duas pe- queninas moedas, que simbolizavam a maior de todas as ofertas (1.5, 24-27,58; 1.26-56: 2.36-38; 7.36-50; 8.2; 10.38-41; 21.1-4) Elas também tiveram 0 seu lugar dentro do reino. As mulheres néo somente receberam o Evangelho, como também foram porta- doras deste a outros. Que significa isto para a comunidade crista hoje? Se quisermos ter a nossa paixfio aque- cida novamente pelas almas dos homens, nao ha chama melhor para nos aquecermos do que a que brilha no amor universal de Lucas. 0 momento, a mensagem e o método Orientagao para 0 estudo do capitulo — Leia todo o capitulo, de um modo geral. — Verifique 0 esbogo do capitulo. — Leia os textos biblicos indicados para a semana, — Leia todo o capitulo novamente, de forma mais detalhada. Se desejar, procure ler na Biblia os outros textos referidos no capitulo e ainda na lidos na semana. — Pense sobre as possiveis respostas as perguntas que aparecem dentro dos quadrinhos. Formule vocé mesmo outras perguntas sobre 0 as- sunto, Leve-as para serem consideradas em classe. — Tenha sempre em mente: Qual a relagdo que hé entre © que se encon- tra neste capitulo de estudo e a situagio real do trabalho de evangeli- zagao de minha Tgreja local? Esboco do capitulo IT 1 — Joao Batista a) Como Flias b) Como Profeta ©) Como portador do batismo de arrependimento 2 — Jesus: a) Agindo pelo Espirito Santo b) A prova de sua vocaca — tentagio do Poder — tentagdo da Adoragao. — tentagao do Sensacionalismo 3 — A realizago de sua vocagio: a) Sua mensagem b) Sua identificagéo com o homem ©) O amor como forga evangelizadora Leia em sua Biblia durante a semana — Joao Batista, 0 Precursor do Cristo: Lucas 1.1-23; 57-80; 3.1419; 7.18-35. — A capacitagio de Jesus para o ministério: : Le 3.21-22. A tentacao: Prova da vocagéo como Filho de Deus: Le 4.1-13. © inicio da missio: Le 4.14-30, © sucesso de qualquer campanha de- —aparecimento de Jodo Batista, Jesus sabia pendera grandemente da escolha do momen- que havia soado a hora. O que é que havia to oportuno para se iniciar tal empreendi- de especial a respeito de Joao? mento. (a) Uma das crengas generalizadas do Para Jesus, os anos estavam pasando. __judaismo era a de que, antes da vinda do Ble ja estava com trinta anos (Lucas 3.23) Mesias, Elias voltaria para anunciar a sua e era conhecido apenas como o carpinteiro —_vinda e para ser o seu arauto (Malaquias de Nazaré (Marcos 6.3). Porém, com o 3.1; 4.5). A descrigio de Joao Batista @ Jesus Cristo Para Hose ll 12 @ Jesus Cristo Para Hose (Marcos 1.6; Mateus 2.4) corresponde exa- tamente a descrigio de Elias dada no An- tigo Testamento (II Reis 1.8). Para Jesus estava bastante claro que Joao era o arauto do reino ao qual ele mesmo tinha vindo iniciar. (b) Uma das grandes lamentagies dos judeus era a de que nos iiltimos quatrocen- tos anos antes da vinda de Jesus, a voz au- téntica da profecia havia estado silenciosa. “Ja nao ha profeta” (Salmo 74.9), Porém, ouvindo simplesmente a Jodo, tinha-se a certeza de que a voz da profecia estava fa- Jando novamente. (©) Mas também havia uma caracte- ristica peculiar a0 ministério de Joao. Ele estava convidando aos judeus a virem a0 Jordio para serem batizados em arrependi- mento de seus pecados, ¢ cles chegavam em grandes grupos (Lucas 3.3; Marcos 1.5), Era um acontecimento bem. interessante, pois, antes de Jo%o ninguém ainda havia apelado aos judeus para que fossem bat: dos, ¢ se alguém os tivesse convidado. os judeus teriam recusado a este apelo. Por- que, tal como os judeus © viam, até entio, 0 batismo era para os pagdos; se um gentio se tornasse um prosélito, precisava certa- mente de ser batizado. Mas os judeus — assim eles eriam — por causa de sua ligagio a Abrago (Lucas 3.8), estavam numa po- si¢do bastante privilegiada e por isso nao precisavam destas cousas. Naquele momen- to um sentimento de pecado e de culpa Preocupava a todos; eles reconheceram as suas necessidades mais do que nunca. E assim Jesus também veio se batizai nao porque ele necessitasse de arrependimento, pois ele nao tinha pecado algum, mas, sim, Para se identificar com o seu proprio povo na sua busca de Deus. O consentimento de Jesus para que fosse batizado era a prova de sua completa identificago com 0s ho- mens. Na ocasiio do batismo algo aconteceu — “o Espirito Santo desceu sobre cle” (Lucas 3.22). Aqui estava a capacitacio de Jesus para a sua tarefa. No Antigo Testa- mento encontramos homens que haviam re- cebido o Espirito — Gideto (Suizes 6.34); Jefté (Juizes 11.29); Sansio (uizes 14.6; 14.19; 15.14). Porém, no caso desses ho- mens do Antigo Testamento, a descida do Espirito havia sido temporaria e um fend- meno fora do comum, tornando-os capazes de realizar um grande empreendimento e depois os deixando. Com Jesus, a capaci- tagio dada pelo Espirito foi permanente. Ele vivia, se movia e existia no Espirito de Deus. A Igreja tem sido capacitada pelo Espi- rito Santo para cumprir sua tarefa evan- gelizante ou sua acao esté baseada na confianga daquilo que ela é ou faz? Portanto, para Jesus, 0 momento de agdo havia chegado; o tempo de realizar a sua misao estava ali. Assim que um ho- mem decide que o momento de se langar numa campanha j4 chegou, ele precisa en- tio ir em frente e decidir como batalhar. Foi isto que Jesus fez ao ser tentado (Lucas 4.1-12). E bom recordar que a palavra grega para tentar € peirezein, que significa muito mais provar do que tentar. Em Gé- nesis 22.1, a0 inicio da histéria de Abraao, quando ele dé a sua aprovagio para sacrifi- car a Isaque — aprovagiio esta que afinal nao foi necesséria — as antigas tradugoes. diziam: “E aconteceu, depois destas cousas, que tentou Deus a Abraio”. Esté claro que Deus nunca buscou induzit homem algum a pecar, e na tradugdo revista e atualizada te- mos: “pos Deus Abraio 4 prova’. Portanto as tentagdes de Jesus so as provas de Jesus. Tentagao ndo € algo para nos fazer cair; € alguma cousa da qual somos chamados a nos erguer muito mais fortes, provados, purificados como 0 ouro quando é colocado a0 fogo. Jesus defrontou-se com trés provas. Primeiro, o Tentador instigou-o a transfor mar as pedras em pio. As pedras do de- serto tinham exatamente o formato de pe- quenos pies, Aqui estava uma dupla ten- tagio. Era uma tentagio a usar seu poder egoisticamente, para o seu proprio bem — © que Jesus nunca fez. Era uma tentagio a usar 0 seu poder a fim de dar ao povo bens materiais, subornando-o a segui-lo, dando- The pao. Nao nos iludamos — Jesus real- mente estava interessado que os famintos comessem; porém havia a fome da alma que todas as dadivas materiais do mundo nunca satisfariam, a qual somente Deus ¢ a sua palavra € que poderiam satisfazer. E esta € uma verdade que é vilida para uma época que “nunca tudo esteve to bom”, ¢ que 20 mesmo tempo, nunca foi tao sem leis, tio violenta, to imoral. Segundo, o Tentador fez com que pa sassem diante dos olhos da mente de Jesus todos os reinos da terra, ¢ Ihe disse que, se ele simplesmente 0 adorasse, todos aque- les reinos seriam seus. Esta é uma tentacdo para uma pechincha, O Tentador realmen- te estava dizendo: “Nao faca seus precos altos demais. Faca um negécio comigo”. Mas a resposta de Jesus foi a de que Deus € Deus, ¢ que somente a ele é que devemos servir. Novamente ha aqui uma grande ver- dade para uma época que tudo faz para eli- minar a diferenga entre a igreja e o mundo — até mesmo discutindo um cristianismo sem religigo. Terceiro, entre o pinéculo do Templo 0 vale de Cedron, ha uma queda eston- teante de 120 metros. “Salte”, disse o Ten- tador, “e caia suavemente sem se machucar, € os homens crerio em voce". “Nao”, disse Jesus, “vocé nunca deve tentar experimentar a Deus e ver até que ponto pode ir, ¢ sair sem problemas”. Aqui estava a tentacio do sensacionalismo. O sensacionalismo é sem- pre um jogo do qual se sai perdendo, por- que © que causa sensacio hoje, é um fato comum amanha. Novamente, aqui est’ uma verdade para uma época que muitas vezes tenta o cristianismo por meio de truques. Nao tem sido a Igreja, semethantemente 4 Cristo, tentada a ter poder, a adorar-se 4@ si propria ou a fazer sensacionalismo ao invés de ser uma humilde e fiel serva do Senhor? E assim Jesus estava capacitado para a sua tarefa e estabeleceu os seus métodos. Entéo comegou a pregar. Sua mensagem encontra-se em Lucas 4.16-24 — evangeli- zat os pobres, apregoar liberdade aos cati- vos, dar vista aos cegos, libertar os oprimi- dos. Compare a mensagem de Jesus com a mensagem de Joao. “Ja esté posto o ma- chado a raiz. das Arvores; toda a Arvore, pois que nao dé bom fruto, corta-se e langa-se no fogo... Ble tem a pa na sua mao, & limparé a sua eira, ajuntard o trigo no seu eiro, mas queimaré a palha com fogo que nunca se apaga” (Lucas 3.9-17). Nunca se poderia dizer que a mensagem de Joao era uma mensagem de boas novas, um evan- gelho; era a promessa amedrontadora do juizo final. A mensagem de Jesus, ao con- trério, cra a promessa de liberdade par 0 cativo, riqueza para 0 pobre, visio para 0 cego, liberdade para aqueles que estavam. oprimidos. A mensagem de Jesus era ca- racteristicamente um evangelho, boas novas. Numa das novelas de William Faulkner, 0 pai diz para o seu filho: “Eu vou socar 0 amor de Deus em vocé". Fle ndo o fez, porque niio podia. ‘A mensagem inicial de Jesus, como Lucas a descreve, é a prova de que Jesus cria que & mais facil levar 0 homem a Deus através do amor do que por meio de amea- cas. A mensagem de Jogo era uma mensa- gem ameagadora; a mensagem de Jesus era a mensagem da promessa. Jodo tentou ga- nhar os homens através do medo do infer- no; Jesus tentou ganhé-los pelo amor de Deus. Como podemos manter um equilibrio en- tre a proclamagéo do amor e da ira de Deus em nossa tarefa evangelizante? Portanto, se vamos nos empenhar numa, campanha de evangelizcao para Jesus Cris- to, precisamos daquela voz profética na qual Deus inconfundivelmente fala novamente; de uma identificagao completa com as pes- soas que desejamos ganhar; e do dom do Espirito para que estejamos preparados para a tarefa. Precisamos evitar tudo que seja uma espécie de suborno para que as pessoas entrem para a Tgreja. Nao se ganha simpa- tia fazendo-se um acordo com o mundo. Assim fazendo, ganha-se apenas desrespeito, pois, de que vale a religido que apenas faz do homem o mesmo que o mundo faz? O sensacionalismo segue a “lei dos lucros em diminuigio”, pois aquilo que hoje € a ma- ravilha das maravilhas, amanha é fato co- mum, E, acima de tudo, precisamos nos lembrar que a maior das forgas evangelizan- tes no mundo é o amor de Deus em Jesus Cristo, 0 erucificado, Que mensagem a Igreja tem anunciado? Ela tem falado e testemunhado a respei- to de si, de seus dogmas e regras, de suas interpretagées, de sua institui¢ao, ou de Cristo? 13. @ Jesus Cristo PARA HoJE 3 | A rejeicéo da mensagem Orientagao para o estudo do capitulo Leia todo o capitulo, de um modo geral. Verifique 0 esbogo do capitulo. Leia os textos biblicos indicados para a semana. Leia todo o capitulo novamente, de forma mais detalhada. Pense sobre quais as respostas para as questdes escritas dentro dos quadrinhos. Anote idéias importantes que possam ajudar vocé ¢ sua Igreja a cum- prirem a tarefa evangelizante. Leve-as para a classe. do capitulo 1 Por que os homens rejeitaram a Jesus? a) Por ser ele um simples menino de uma pequena aldeia. b) Porque apresentou uma mensagem de perdido aos homens. ©) Porque era amigo de pecadores e desprezados: “ele nao agiu como se fosse superior aos pecadores”, ‘considerava a todos, indistintamente, como pecadores ¢ necessitados da Graga de Deus”. @) Porque amava mais as pessoas do que a lei, ©) Porque se preocupou com os aspectos materiais da vida do homem ea forma de exercer o seu trabalho (nao se preocupou apenas com a alma, mas com o homem total). Leia em sua Biblia durante a semana — 0 inicio da misséo e da rejeigao: Le 4.16-30. — Curando ¢ perdoando os pecados: Le 5.17-20. Jesus, identificando-se com os pecadores, nfio se sente superior mas Ihes transmite a sua graga: Le 5.29-32. Amor perdoador: Le 7.36-50. Curando os doentes: Le 13.10-17. Nao s6 rejeitado, mas condenado: Le 23.1-5. Sabemos perfeitamente que a missio de Jesus terminou com a rejeigao dele ¢ de Sinais anunciadores do que ha- veria de acontecer surgiam rapidamente. 14 @ Jesus Cristo Para Hose sua mensagem. Leiamos o Evangelho de Lucas ¢ identifiquemos as varias razbes por- que os homens rejeitaram a Jesus, termi- nando por crucificd-lo na cruz. Quando Jesus foi a Nazaré, cidade onde fora criado, © apresentou a oferta de Deus ao povo, “todos se levantaram e expulsaram- no da cidade e o levaram até ao cume do monte sobre o qual estava edificada, para de 14 o precipitarem para baixo” (Lucas 416-30; cf. Marcos 6.1-6, Mateus 13.53- 58). Que havia acontecido? Por que ¢ que eles demonstraram tanto ressentimento con- tra Jesus a ponto de querer atiré-lo violenta- mente para fora de sua cidade? “Nao é este © filho de José?” eles diziam. “Nao era cle © carpinteiro da cidade? Nao conhecemos sua me e seus irmaos ¢ irmas?” Tudo mt to simples, eles se recusavam a crer que aquele menino da aldeia que eles haviam co- mhecido tao bem, tivesse o direito de Ihes falar daquela mancira. Uma cousa estranha acerca dos homens é que geralmente acei- tam calmamente aquilo que um estranho diz, porém nio o aceitam de alguém de seu préprio meio, Talvez chegue um dia quan- do precisaremos nao nos opor a palavra de Deus, simplesmente porque ela esté sendo proferida por alguém a quem achamos que conhecemos em demasia. Nao temos nds também desprezado mui- tas pessoas por terem nascido em nosso proprio meio? Il. Porém havia razées ainda mais profundas que esta para aquela oposi¢ao. Eles se indignaram porque ele viera para ser o portador do perdio de Deus aos ho- mens, e declarara isto (Lucas 5.17-26; ef. Marcos 2.1-12; Mateus 9.2-8). A primeira cousa que Jesus disse a0 homem que havia sido descido diante dele, depois de passar pelo telhado, foi: “Homem, os teus pecados esttio perdoados”. Quando lemos uma historia semelhante a esta, precisamos nos lembrar que na época do Novo Testamento 0 pecado e o sofrimen- to eram indissoluvelmente ligados. Se um homem sofria — eles assim o criam — era porque seguramente havia pecado; e se ele havia pecado, com toda certeza ele sofreria. © resultado era que naqueles dias muitas pessoas sofriam de males que eram muito mais psicolégicos do que fisicos. Eles sa- biam que haviam pecado, e entio se condi cionavam para as doencas ou paralisia. A mente pode afetar o corpo. Tomemos um exemplo muito simples. Quando temos um compromisso a0 qual no queremos enfren- tar, ou uma tarefa que nao desejamos reali zar, naquela manhi podemos nos levantar com uma dor de cabega tremenda ou com um resfriado bem forte. A nossa mente estd agindo sobre 0 nosso corpo, providen- ciando um mecanismo defensivo contra aquilo que nao desejamos realizar. Jesus bia disso, ¢ sabia também, que para que aquele pobre homem fosse curado, a primei- ra cousa que ele precisaria ter era a certeza de que seus pecados haviam sido perdoado: Nés nio ligamos mais 0 pecado ao sofri mento desta maneira rigida, mas ainda é ver- dade que a sensagio de termos sido perdoa- dos por Deus enche o homem de goz0, no corpo e na alma. III. Aquela boa gente ortodoxa indig- nava-se com o circulo de pessoas com as quais Jesus andava. Ele era amigo dos co- bradores de impostos © pecadores; ele se sentava, comia e conversava com aqueles com os quais nenhuma pessoa de respeito ti ria qualquer ligacdo. A gratidio do coracdo contrito da prostituta, que descobrira o que era realmente 0 amor, no o deixou emba- ragado de forma alguma (Lucas 5.29-3: 7,34-39; 15.1). Aquele que desejar seguir o exemplo evangelizante de Jesus deverd ir sempre aonde as necessidades sio mais profundas. Numa das poesias de Kipling, Mulholland, que estava num barco de transporte de gado, fez a promessa de que, se num momento de crise Deus salvasse a sua vida, ele o serviria dai em diante, Deus realmente o salvo Mulholland estava pronto a cumprir o seu acordo, Mas a sua maneira de servir a Deus era “de uma forma elegante ¢ em local seco”. Mas Deus Ihe disse: “Volta aos barcos de transporte de gado ¢ prega o meu evangelho ali”. C. T. Studd costumava citar uma quadrinha: “Junto ao som do sino da igreja ou ¢: Muitos querem pregar! Mas as portas incandescentes do inferno que eu irei salvar!” pela Hé duas cousas que precisam ser ditas convincentemente. Primeiro, nao importa aquele a quem vamos falar, nunca devere- mos ir como se estivéssemos fazendo um favor Aquelt pessoa. Nunca devemos nos sentir como “os bonzinhos” indo aos maus, os salvos indo aos pecadores. Jesus identi- ficou-se com os pecadores na busca destes por Deus e perdao. Como ja foi dito, de- vemos nos sentir como um homem faminto dizendo a outro homem faminto onde encon- trar pio. Coisa que nao deve existir € uma evangelizacao deteriorada. Fm segundo hi- gar, nunca devemos pensar que todos os pecadores esti somente na outra extremi- 15 @ Jesus Cristo Para HoJE 16 @ Jesus Cristo Para Hose dade da balanga, Os homens necessitam de Deus € desafiam a Deus, tanto nos mais clegantes hotéis, quanto nas pensées mais baratas. Aquela senhora, elegantemente vestida, pode estar necessitando da graca de Deus tanto quanto aquele maltrapilho que anda pelas ruas. Ha tanta necessidade do evangelho no topo da escala social, como na sua parte inferior. IV. Os judeus ortodoxos indigna- vam-se com Jesus porque ele amava mais is pessoas que a lei, Os judeus haviam di- vinizado a lei, e especialmente a lei oral, A lei, tal como é apresentada nos Dez Man- damentos, é uma série de grandes e amplos principios os quais nés mesmos precisamos aplicar. Os escribas judeus, os rabinos ¢ os fariseus, porém, transformaram estes prin- jos em centenas e centenas de regras in- significantes, tentando dar a um homem uma regra para cada situacdo possivel na vida. O mandamento dizia que um homem nao. devia trabalhar no sabado (Exodo 20.8-11), Mas 0 que € trabalho? Trinta e nove clas ificagdes foram elaboradas para definir 0 que era trabalho, Uma das classificagdes era Tevar uma carga. Mas o que € uma carga? Se um homem erguesse o seu filho no saba- do, porventura estava levando uma carga? Necessariamente nao, a no ser que a crian- ca tivesse uma pedra em sua mao. Mas 0 que é uma pedra? Qualquer cousa bastante grande para se atirar contra um passaro. Porventura estaré a mulher levando uma carga quando ela usa uma peruca, ou o ho- mem, quando ele usa dentadura? Para o judeu legalista, isto é que era religiio. A observincia dessas leis insignificantes, era agradar a Deus. Um dos trabalhos que eram proibidos 0s sibados, era o da cura. Podia-se tomar algumas medidas para que o doente nao piorasse, mas nao para alivid-lo, Podia-se por uma atadura simples num ferimento, mas nao uma atadura com medicamento! Jesus passou direto por cima dessa lei muitas e muitas vezes curou aos doentes (Lucas 66-11; 13.10-17; 14.1-6), e os lega- listas judeus, sincera ¢ honestamente, pen- savam que ele cra um homem mau e uma ameaga a toda moralidade. Que oposigdes e rejeicdes temos recebido do homem e do mundo? Serdo as mes- mas que Cristo recebeu? Sao elas exis- tentes por causa de nossa fidelidade ou injidelidade ao Evangetho de Cristo? © problema com essas pessoas € que clas amavam o sistema mais do que as pes- sous; 0 caracteristico de Jesus era que ele nao permitia que sistema algum o impedisse de ajudar aquele que realmente precisasse de auxilio, qualquer que fosse a hora, E finalmente elas 0 mataram, porque amavam © sistema mais do que Deus. Este perigo esta sempre presente. Ha algumas pessoas que ainda pensam que é muito mais importante ser metodista, angli- cano, presbiteriano, congregacional, batista, catélico romano, do que ser cristo. A Gni- ca igreja A qual o cristio pode pertencer é a Igreja de Jesus Cristo. A evangelizacao nunca deve ser uma propaganda de uma certa igreja, e muito menos ainda, de uma determinada congregagao; deve ser uma pro- paganda para Jesus Cristo, Naturalmente desejaremos dar as boas vindas a uma pes- soa a uma congregacdo — mas para apre- senté-lo a Cristo, € nao a um sistema. Néo temos trocado, muitas vezes, a men- sagem do Evangetho pela mensagem da ei (legalismo e moralismoy? N&o temos amado mais 0 sistema do que as pessoas? V. Os ortodoxos ressentiam-se de Jesus porque ele atacou seus negécios par- ticulares. Ele purificou os trios do Templo € as lojas ¢ bazares pertencentes A familia de Anas. Nao é para se admirar que Ands sentisse tamanho desejo de prender este jo- vem galileu. Observemos certos incidentes. Comumente notamos que os sacerdotes prin- cipais eram classificados como inimigos im- placaveis de Jesus Cristo (Lucas 19.47; 20.19-20; 22.1). Os sacerdotes eram todos \duceus; os saduceus formavam aquela cas- ta de ricos ¢ mundanos aristocratas. E cles eram os colaboradores dos romanos, O que mais almejavam era conservar sua posigao e seu dinheiro. O que mais temiam eram a desordem, ¢ a tiltima cousa que poderiam desejar era um Messias. No julgamento de Jesus, a acusagao feita contra ele foi de proferir blasfémias (Lucas 22.67; Marcos 14.61-64; Mateus 26.62-66). Porém, nao foi mediante esta acusagio que cles o apresentaram a Pilatos. Eles sabiam que Pilatos nio daria ouvidos a este tipo de acusagio, entio cles 0 acusa- ram de ser revolucionatio politico — e eles sabiam que isso nao passava de uma men- tira (Lucas 23.1-5). Ele havia atacado os seus interesses comerciais e, portanto, pre cisava ser eliminado. Se lermos as regras do Antigo Testa- mento, veremos como os sacerdotes rece~ biam volumosas propinas. Parte de quase todos os sacrficios eram separados para eles (Levitico 2.3-10; 6.16, 26,29; 7.6-10; 7.31- 36). Eles viviam no maior luxo. Geralmen- te as pessoas eram felizes se pudessem co- mer carne pelo menos uma vez por semana; os sacerdotes sofriam de uma doenga pro- issional, que vinha do comer carne em de- masia. Havia um tal némero deles que, realmente, os seus servigos no Templo eram exigidos apenas durante duas semanas do ano. Eles viviam numa luxuosa ociosidade e, se Jesus tinha razio em dizer que Deus queria miscricérdia ¢ nao sacrificio (Mateus 9.13), estavam terminados os seus dias de goz0. Por isso, entdo, & cruz com el Os homens ainda rejeitam a Jesus Cristo e encontraremos na andlise da situa- cdo feita por Lucas, as difieuldades que ainda devemos enfrentar. Sem que as com- preendamos, nfo as poderemos vencer. Pode-se evangelizar quando sc tem po- sicdo de superioridade diante dos peca- dores ¢ se foge do contato com eles? Te- ‘mos amado os pecadores, levando-lhes a mensagem vida? de arrependimento e nova Para um Debate em classe 1. Onde & mais dificil fazer © trabalho de evangelizagio — no topo ou no inicio da escala social? Vocé cré que © evangelista necessita de métodos e técnicas diferentes para as diferentes camadas sociais? Se vocé julga que deve ser assim, elabore as diferentes modalidades que sero necessérias. Qual € a ligacdo existente entre evan- gelizagio ¢ ecumenicidade? Como po- demos evitar competicées entre as de- nominagdes? Como ‘podemos evitar conflitos entre as diferentes “marcas de teologia? Sera possivel aos tedlo- g0s liberais e conservadores, aos radi- cais ¢ fundamentalistas trabalharem Jado a lado na tarefa da evangelizacao? 3. Haverd quaisquer interesses econdémi cos hoje com os quais a evangelizacao possa entrar em choque? 17 @ Jesus Cristo Para Hose 18 @ Jesus Cristo PARA Hose Os missionarios do Rei Orientagio para o estude do capitulo — Leia o capitulo duas vezes. — Leia Na primeira leitura, tenha uma idéia geral do contetido. Na segunda, verifique as partes mais importantes. 08 textos biblicos indicados para a semana. Consulte também a Biblia para ler, se julgar importante, outros textos biblicos mencionados no capitulo. — Medite sobre as perguntas encontradas nos quadrinhos e também as questoes do “para um debate em classe”. — Relacione o assunto tratado neste capitulo com aquilo que ocorre em sua igreja hoje, no campo da evangelizagio, Que principais ensinos © capitulo nos traz? Esbogo do capitulo IV Leia 2 — A tarefa dos missionér 1 — Os missionarios do Rei a) “Apéstolos” — o enviado b) Discipulos — os que vivem em constante aprendizado ©) Os missiondrios do Rei vivem em constante comunhdo com Deus © com os homens s. Algumas caracteristicas: 4) Sao enviados com poder para curar as enfermidades totais que ‘olam os homens: corpo, mente, alma. >) E uma tarefa de relacionamento pessoal: encontro de uma pes- soa com a outra. ©) Os evangelistas: — Sao enviados como cordeiros em meio de lobos — Devem ir com pouca bagagem — Nao perdem tempo inutilmente durante o servigo 4) © missionario € comparado a um ceifeiro. ©) A responsabilidade pessoal dos que ouvem a mensagem. £) © missiondrio enviado para preparar 0 caminho do homem para Cristo. em sua Biblia durante a semana — A parabola do semeador: Lucas 8.4-15. — A missio dos setenta: Lucas 10.1-20. — As instrugdes aos discfpulos: Lucas 9.1-6. Em qualquer estudo, cujo principal objetivo & preparar para a evangelizacao, de primordial importancia que se analise os missionarios a quem Jesus enviou ¢ a tarefa que hes foi imposta. No Evangelho de Lu- cas encontramos duas passagens que so de — Exigéneias ao discipulado: Mateus 10.9-10; 16.24-26. suma importancia, a que relata a misao dos Doze (Lucas 9.1-6) ¢ a que relata a mis- slo dos Setenta (Lucas 10.1-20). Abord remos estas duas passagens em conjunto para ter uma idéia do missiondrio ¢ da sui tarefa Antes, porém, de analisarmos as duas passagens, vejamos de que maneira se des- creve os missiondrios. Em Lucas (6.13) est registrado que Jesus os chamou de apéstolos. No Grego, a palavra “apostolos” significa aquele que é enviado. Em Grego a palavra pode significar um embaixador, e em Hebraico o seu equivalent pode ser tradu- zido por “um emissirio do sinédrio”. Po- rém a palavra tem uma caracteristica toda especial. Um “apostolos”, um apéstolo, no era enviado com base em sua propria auto- ridade; ele levava consigo ¢ sobre si toda a autoridade daquele que o havia enviado. Assim como um embaixador no fala em seu proprio nome mas em nome de seu pais, um apéstolo no fala em seu proprio nome mas em nome daquele que o enviou. Isto quer dizer entio que o missiondrio, 0 apés- tolo de Jesus, nao fala a respeito de si mes- mo mas de Jesus, e vai para frente nao sob sua propria autoridade, mas revestido com a autoridade do Senhor que o envia Em nome de quem temos realizado nos- sa tareja evangelizante: da Igreja ou de Cristo? Temos, realmente, a consciéncia de que estamos sendo enviados e impul- sionados por Cristo? Ou por nds mesmos? Em Mateus os missionérios so cha- mados de discipulos (Mateus 10.1). A pa- lavra disefpulo quer dizer um estudante. Assim © missionario cristo precisa estar constantemente aprendendo a respeito de Je- sus. Nao podemos ensinar aquilo que nun- ca aprendemos, e se vivéssemos por uma centena de vidas e estudassemos todo este tempo, nunca chegarfamos ao fim das inson- daveis riquezas de Cristo. Portanto, 0 mis siondrio de Cristo precisa estar constante- mente aprendendo mais e mais de seu Senhor. estamos em constante do com. Cristo? Como discipulos, aprend Em Marcos (3.14) vemos que Jesus escolheu os seus homens para que pud sem estar com cle, para depois os enviar a pregar. O missiondrio precisa estar com Jesus antes de sair a pregar por Jesus. Nun- ca podemos apresentar uma pessoa a al- guém, se ndo a conhecemos. O missiondrio precisa conhecer ao Senhor antes de trazer outros ao Senhor. Ele precisa ir aos homens partindo da presenga de Jesus. Em outras palavras, nfo pode haver pregacao sem oragio, Comungar com Deus ¢ ir aos homens so duas coisas fundamentais na tareja evan- gelizante. Isto ocorreu no ministério de Cristo. E com a Igreja? I. No evangelho de Lucas as tarefas dos missiondrios estéo claramente delinea- das. Eles tém poder e autoridade sobre todos os deménios; eles precisam curar os enfer- ‘mos; ¢ pregar o reino de Deus (Lucas 9.1,2; 10.8,17). Ha algo curiosamente moderno aqui, alguma cousa que a medicina mais moderna haveria de compreender e aprovar plenamente. Monroe Peaston, em seu livro Person: Living, dé-nos o esbogo das crencas e pré ticas de Paul Tournier, um dos maiores mé- dicos modernos. Tournier tem uma con- vicgiio basica que — toda cura deve ser a cura do homem integral, o homem em sua totalidade. Ela deve combinar, portanto, conhecimento médico, compreensio psicolé- gica © percepgao religiosa. Isto era exata- mente 0 que Jesus estava exigindo, O mi: siondrio precisa curar, ele precisa cuidar do. corpo; © missionario precisa ter autoridade sobre os deménios, ele precisa curar 0 en- fermo psicologicamente; cle precisa pregar o Reino de Deus, ele precisa levar uma per- cepeao religiosa ao coragao e a alma. Que tipo de cura temos apresentado ao hromem? A cura da alma ou a cura do homem total? Tournier nos da alguns exemplos. Aqui esta um homem com problemas digestivo Os conhecimentos médicos precisam exami- nélo e descobrir o que ha de errado com ele fisicamente. Mas, a realidade é que este homem esta sendo infiel 4 sua esposa e por- tanto esta vivendo sob uma pressio. A técnica psicolégica precisa persuadi-lo a re- conhecer ¢ a enfrentar este problema e ch gar 4 compreensio do mal que est causando asi mesmo. E entdo este homem deve re- ceber a graga, a dindmica e 0 poder de Jesus Cristo para que ele possa refazer a sua vida, A medicina, psicologia e a reli- gido unem as mios para salvar este homem, justamente como Jesus havia ordenado. Esta € a verdadeira evangelizacao. Evangelizaco deve ir muito além do que simplesmente uma reuniao de despertamen- to de grande multidao, com um apelo para um pusso a frente, para se ser salvo. Isto pode ser o inicio do processo — mas ape- 19 @ Jesus Cristo Para HoJE 20 @ Jesus Cristo Para Hose nas 0 inicio. O verdadeiro evangelista pre- cisa — por intermédio de Jesus Cristo — salvar o homem de seu dilema espiritual, purificar a sua mente, soerguer 0 seu cora- ¢do © curar 0 seu corpo. Também seria bom dizer que se evangelizagio é algo que comega com uma reuniao de avivamento e fica nisso, ent melhor que nem co- meee. IL. No Evangetho de Lucas 0 traba- Iho do missionario é extremamente pessoal. Fala-se do missiondrio e da easa (Lucas 9.4; 10.5-7). Nido ha referéncia alguma a uma reunido em massa, ou até mesmo de qual- quer espécie de reuni. E um encontro de uma pessoa com outra. Tournier afiema que, pelo menos em certas circunstincias, scu método seria simplesmente 0 de iniciar uma conversa a.respeito de Jesus Cristo, a res- peito do perdio ¢ da paz que a pessoa sente quando se cntrega inteiramente a ele Tournier assevera que cada pessoa possui_um niicleo interior ¢, em torno dele, constrdi sua dissimulagao © suas defesas. Todos nés apresentamos ao mundo uma personagem, enquanto que bem no intimo estd a pessoa. F justamente esta parte, a pessoa, que precisamos alcangar. Para isso, entao, nao precisamos de informagies a res~ peito ‘das pessoas, tanto quanto precisamos de ter comunho com elas. Tournier afir- ma que em conversa com uma pessoa, “de repente desperta dentro de mim, a certeza de que nfo mais estou aprendendo, mas com- preendendo... Nao se trata simplesmente do somatério daquilo que eu aprendi. uma luz que repentinamente irrompe, nas- cendo de nosso contato pessoal.” E um mo- mento de “transparéncia” mutua. Isto é evangeli Conheci um psiquiatra que nao achava nada de mais gastar cerea de duzentas horas com um s6 paciente; conheci um pastor que enviava cartdes postais &s pessoas que de- sejava visitar numa determinada noite, in- formando que ele iria chegar as 19h 40m ¢ sair as 19h 50m — dez minutos para cada Tar. Que ligo extraordindria 0 psiquiatra poderia ensinar ao ministro! Nunca devemos pensar em evange zagio apenas como uma reuniio de massas, com um apelo elogiiente e nada mais. A verdadeira evangelizagao, tal como Jesus a via, significava entrar na casa, sentar-se a0 Jado da pessoa, 0 abrir de um coragio a outro, a busca de comunhZo, daquele mo- mento de transparéncia, 0 momento quan- do realmente Jesus toma posse O método que Jesus deixou para scus discipulos realizarem o trabalho de cvan- gelizacao é 0 pessoal. Cada seguidor seu € enviado a evangelizar. Todos sao res- ponsdveis pela obra, Isto tem acontecido na igreja? IIT. No evangelho de Lucas encon- tramos algumas afirmagdes pessoais a res- peito do evangelista, (a) Ele & enviado como cordeiro no meio de lobos (Lucas 10.3). O simbolo do evangelista a inocéncia em lugar de habi- lidade, simplicidade em lugar de sofistica- gio, Quanto mais simples for o evangelis- fa mais facilidade tera para se aproximar de outra pessoa. Quanto mais habilidoso ele se mostrar, mais dificil isto se tornard, pois as pessoas temem e suspeitam dos versados. © conhecimento deve estar presente, porém encoberto pela humildade. (b) Ele deve viajar com pouca baga- gem. A descrigéo do missiondrio de Cristo no Evangelho de Lucas ressalta 0 fato de que suas posses neste mundo sejam reduzi- das 20 minimo (Lucas 9.3; 10.3,4). A re- gra de Séo Francisco de Assis para os seus frades era bascada em trés textos biblicos © que ordena que © missionatio nao leve cousa alguma consigo (Mateus 10.9,10); 0 que ordena ao homem que deseja ser per- feito vender tudo 0 que possui e dar ao po- bre (Mateus 19.21); ¢ 0 que ordena ao cris- to negar-se a si mesmo, tomar a sua cruz € a seguir o seu Mestre (Mateus 16.24). Nao precisamos parar aqui para discutir se estas condigSes se aplicam literalmente a todos os cristos; uma afirmativa que podemos fazer, sem qualquer diivida, é a de que o sucesso de qualquer missio nao depende da abun- dancia dos recursos materiais, do tamanho do saldo da conta bancéria, da superioridade do equipamento técnico, tais como maquinas de escrever elétricas, maquinas de enderecar arquivos ¢ cartées de enderego. Todas estas cousas tm o seu lugar, porém o que mais importa € a consagracdo total do missiond- rio a Jesus Cristo. (©) O missionério recebe a ordem de no saudar a pessoa alguma pelo caminho (Lucas 10.4). Na Palestina, quando dois viajantes se encontravam na estrada, com toda a probabilidade ficavam de pé © prin- cipio, depois sentavam-se e conversavam por um longo tempo, a respeito das amiza- des miituas, dos “diz que, diz que” da vila © outras pros:s semelhantes. A idéia de tempo no Oriente 6 alguma cousa que nao tem muito valor. Nao se quer dizer com isso que 0 missiondrio deva ser descortés; mas se enfatiza que ele deve estar lembrado que o tempo & pouco e que nio deve estar conversando quando deveria estar agindo. ‘As boas manciras sociais sio necessérias, porém nao devem gastar inutilmente o tem- po quc se tem para a acdc, Os gracejos brincadeiras na hora de um banquete © as discusses durante a reunigo de uma co- missdo, podem ser ambas fugas do dever IV. E de interesse e de importancia notar que no Evangelho de Lucas é usada a metéfora do agricultor ¢ que © mission: tio & compurado ao ceifeiro (Lucas 10.2) Isto faz com que nossos pensamentos se voltem para a parabola do semeador (Lu 8.4-8), Comumente damos a esta paribols a interpretagtio de que a sorte da semente depende do solo no qual ela foi semeada, € esta afirmativa, com certeza, estava impli- cita. Porém, no ha diivida alguma a res- peito de qual é 0 verdadeiro significado des- paribola, A parabola chega ao seu auge 0 dat boa semente © sua pro- dugio abundante. Sua iigdo é a seguinte mesmo que algumas sementes se percam jam comidas pelas aves, ‘ou caiam no meio das pedras, tudo isso no alter o fato definitive de que a colheita é segura. Jesus contou esta paribola numa ocasiio em que as coisas pareciam andar erradas, em que a oposi¢io estava crescen do, em que as autoridades ortodoxas esta- van se congregando contra Jesus, e quando inevitavelmente os discipulos estavam co- meando a ter um certo desinimo. Nela Jesus diz: “Nenhum agricultor deixaré de fazer a semeadura mesmo sabendo que uma parte da semente se perderd. Ele sabe que algumas sementes nao brotarzo, estarao pe didas, mas sabe também que a colheita é certa. Deve-se evitar uma preocupacio x- tremamente cuidadosa, ¢ uma atitude de de- sinimo facil. O Pregador diz: “Quem so- mente observa o vento, nunca semeard, ¢ 0 que olha para as nuvens nunca segara”” (Bclesiastes 11.4). O missiondrio deverd lembrar-se de que certamente haveré riscos e de que naturalmente haverd fracassos, mas que, apesar de tudo, a colheita sera certa. V. © Evangelho de Lucas nos lem- bra que ha ums grave responsubilidade para aqueles que cuvem a mensagem e a rejeitam (Lucas 9.5; 10.10-16). Quando o judeu deixava uma cidade pag, & qual cle havia sido forcado a ir, ele sacudia a ultima par- ticula de pé de suas sandélias, para indicar que esiava deixando para tras de si o pr ganismo. Q lugar que nao recebesse 0 Evangelho deveria ser tratado como uma idade pagi. Sempre devemos nos lembrar que res- ponsabilidade € a contraparte do privilégio. E um privilégio ter recebido a oferta do Evangelho; mas o homem que recusa a ofer- ta ndo seré considerado inocente. Melhor sera nunea ter ouvido do que ouvir ¢ re- cusar. VI. Do relato de Lucas a respeito da comisséo do missionario, surge um dlti- mo ponto, Os missiondrios deveriam ir aos lugares aonde Jesus os acompanharia em seguida (Lucas 10.1). lade deles era preparar os homens para receberem a Jesus Cristo, Nao deveriam procurar proc- minéncia para si mesmos; nao deveriam aguardar nem louvor, nem agradecimentos nem reconhecimento para si mesmos. De veriam estar preparados para obscurecer-sc, apagar-se do quadro, e deixar os homens frente a frente com Jesus. Esta a figura do missionério do Rei, © este deve ser, portanto, o padriio do evan- gelista moderno, mn nossa tarefa evangelizante tmos dado iestemunho de nds mesmos, da insiitui- cao, da Biblia, de leis e regras, ou de Cristo? Para um Debate em classe 1 — Que preparo, tanto em relagio a0 evangelista como aos métodos de evangelizaciio, devemos empreender antes de iniciar a nossa campanha? 2 — Qual o papel das reunides de massa e qual 0 papel da comunicagio face a face, pessoa a pessoa, na tarefa da 10? Que treinamento es- pecial deve ter um missiondrio para fazer o trabalho de evangelizagho pessoal? 3 — Quais so os passos que devem ser dados para se assegurar que as pes- soas que durante uma campanha fo- ram atraidas a Jesus recebam cuida do especial depois de sua deci 21 © Jesus Cristo Para HoJE 22 @ Jesus Cristo Para Hose A dinémica da vida crista Orientacgao para o estudo do capitulo — Faga_as leituras biblicas indicadas para a semana: examine quais as ocasides que Jesus orou. Estude as pardbolas sobre a oracéo. — Tenha o seu momento de oragdo com Deus. Busque a direcdo e 0 poder do Espirito Santo para sua vida ¢ a Igreja. — Leia o capitulo duas vezes. Na segunda leitura, sublinhe aquilo que The parece ser o mais importante. — Procure pensar e responder as questes que surgem dentro dos qua- drinhos, Esbogo do capitulo V 1 — Caracteristicas do livro de Lucas. Ocasiées em que Jesus orou e falou sobre a oragai a) Orou em momentos de deciséo b) Orou em momentos de uta ©) Orou antes de escother seus discipulos 4) Orou no momento da revelacio da verdade a respeito de si ©) Orou diante da morte Por sua vida de oragdo levou outros a buscarem também oracdo para seu viver. Pela oracio nos unimos com uma grande multidio de testemunh de Cristo, dela recebendo animo e forca para a realizacéo da mis 5 — Jesus orou pelos seus amigos. 6 — Duas pardbolas sobre oracdo, contadas por Jesus. Leia em sua Biblia durante a semana — Ocasides em que Jesus orou: Lucas 3.21; 5.16; 6.12; 9.18; Lucas 9.29; 11.15 23.34; 23.46, Pardbola sobre a oragdo: Lucas 11.5-8; 18.1-8. — A oragio dos discipulos: Lucas 11.2-4. Quando um autor tem 2 sua disposigao era uma substncia feita da polpa do caule mais material do que 0 que ele pode usar, do papiro. A polpa era cortada em tiras ¢ nada nos pode dar uma descrigdo mais ade- depois comprimida, dando a aparéncia de quada a seu respeito que a andlise do ma- papel pardo, Em seguida era preparada em terial que ele escolheu incluir no seu livro,e _folhas medindo cerca de 25,5 cm x 20 cm. do que ele decidiu omit Nao era um material barato; o papiro mais Foi isso exatamente o que aconteceu —barato. custava cerca de Cr$ 0,60 a com Lucas, como foi também o que deve C$ 1,50 a folha, e o de melhor qualidade ter sucedido com muitos dos escritores do chegava a custar Cr$ 2,50 a folha. Sendo passado. Lucas escreveu antes da época do uma substincia to dispendiosa, os escrito- papel, da imprensa e do livro, Em seus res a usavam tio economicamente quanto dias os livros eram escritos em papiro, que _possivel. Quando Lucas escreveu 0 seu evangelho, os livros nao tinham ainda o formato que tém atualmente. As folhas eram unidas uma outra formando assim uma tira bastante longa, na qual se escrevia em colunas estreitas com cerca de 6 cms. A tira era entdo enrolada, formando assim um rolo, Quando se lia do rolo, 0 mesmo era segurado na mio esquerda e desenrola- do com a mao direita; ao término da leitura, era enrolado novamente com a mio esquer- da, Obviamente 0 rolo de papiro era de dificil manuseio; ¢ assim o tamanho ma mo do rolo utilizivel tinha cerca de nove metros de comprimento, Hoje em dia o livro pode ser ampliado a quase qualquer tama- nho; a imprensa c o papel so, comparativa- mente falando, baratos; porém nao foi senao no décimo século que o papel surgiu no Ocidente e somente no décimo quinto sé- culo 6 que a imprensa foi inventada. Por- tanto, um escritor como Lucas, estava estri tamente limitado, tanto pelo prego como pelo formato de seu material. Por vias de necessidade ele precisava selecionar; e aqui- lo que cle seleciona nos mostra claramente aquilo que cle julga ser importante. Por conseguinte, é de grande interesse notar que ha sete ocasiGes em que apenas Lucas, dos escritores dos evangelhos, des- ereve Jesus em oragio. As ocasides sao: no seu batismo; antes do primeiro conflito com as autoridades judaicas; antes da esco- Iha dos doze discipulos; antes da primeira confissio de Pedro e da predigao de seus sofrimentos e morte; no Monte da Transfi- guraco; antes de ele ensinar seus discipulos a orar; e duas vezes na Cruz (3.21; 5.16; 6.12; 9.18; 9.29; 11.1; 23.34; 23.46). Ade- mais, apenas Lucas é quem nos di as duas Pardbolas sobre a oragio: a do amigo im- portuno (11.5-8) e a do juiz iniquo (18.1- 8). E evidente que Lucas nos quer mostrar © lugar da oragdo na vida de Jesus e, por- tanto, o lugar da oragdo em nossa prépria vida, Freqiientemente Lucas nos mostra Je- sus indo a um lugar solitério, a0 topo de um monte para orar (5.16; 6.12; 9.28). Ele se retirava para lugares solitarios, ia ao topo dos montes ¢ ali orava, Um dia um amigo disse a0 grande pregador Alexandre Whyte: “O senhor pregou hoje como se tivesse vin- do diretamente de Sua presenga”. E Whyte respondeu suavemente: “Talvez eu tenha vindo”. Jesus sempre vinha da presenca de Deus para estar na presenca dos homens. Ele reconhecia que, antes de defrontar as multidoes, precisava estar a s6s. Quando os perseguidores de Joana D'Arc Ihe disse- ram que ela estava s6 e que todos a haviam abandonado, ela replicou: “£ melhor estar s6 com Deus. A sua amizade nunca me faltara, nem t&0 pouco os seus conselhos ou 0 seu amor. Com a sua forga eu conti- nuarei a ser ousada, a ser ousada e a ser ou- sada, até que cu morra”. Jesus também re- conhecia essa necessidade de estar a sds com Deus. Joana estava sempre falando a respeito de “suas vozes”. O Delfim* quei- xou-se que ele nunca ouvira tais “vozes”. A resposta de Joana foi que ele nunca ficara parado e em incio durante o crepusculo, ouvindo 0 emocionante ecoar dos sinos pelo ar, ao entardecer, depois de serem badala- dos. Se tivesse feito isso, ele as teria ouvido. A tinica razio porque nés muitas vezes no ouvimos a voz de Deus é que nao paramos para ouvir; no ficamos silenciosos e aten- tos, dando-the uma oportunidade para nos falar. Aquele que deseja falar de Cristo aos homens precisa, tal como Jesus, ouvir a Deus ¢ para ouvi-lo, precisa estar tranquilo e atento. Vejamos agora como é que Jesus usava a oragio. Voce tem parado alguns instantes em sua vida para ouvir a Deus? Vocé também tem parado um pouco para ouvir aos homens? O que a oracdo ¢ a comunhao com os homens significou para Jesus? I. Ele orou no momento de decisio, pois que o batismo era para ele o momento em que decidiu que seu trabalho deveria ser iniciado (3.21). Esta deve ser também a atitude do seguidor de Jesus: que nunca faca qualquer obra sem primeiro buscar o conselho e direcio de Deus. “Senhor, que queres tu que eu faca?” € a pergunta per- manente do cristio (Atos 22.10). Vocé tem orado em seus momentos de decisao? Il. Ele orou antes dos momentos de luta (5.16). Ele sabia que estava em um caminho que o levaria a um conflito com a sociedade estabelecida, com os lideres orto- doxos do Judaismo, ¢, antes do combate, ele orou. Isso acontecera com todos nés porque nos defrontaremos com oposicées; acontecerd conosco, pois teremos a possibili- dade de enfrentar conflitos. E entio so- mente seremos aptos para diferenciar, entre altercaco e debate do direito de defender cari (© autor se refere ao Ret da Franca. 23 @ Jesus Cristo Para Hose 24 @ Jesus Cristo Para HoJE principios ¢ aquilo que é justo, quando co- locarmos o problema diante de Deus. Aos olhos de Deus ficara bastante claro o que & regra de conduta e 0 que é preconceito; © que € uma discussio trivial e o direito de defender o que é justo; quando é correto lu- tar e quando € correto entregar tudo paci- icamente. Toda convocagio para o con- fito deve ser posta & prova pela presenca de Deus. Quais as forcas que vocé tem buscado em seus momentos de lut HI. Ele orou a noite toda antes de escolher os seus homens (6.12). Seria de bom alvitre que nés orassemos a Deus antes de estabelecermos amizade e compromisso com os homens. Precisamos escolher os nos- 80s aliados €, somente quando virmos todas as questdes e todos os homens 2 luz de Deus, € que poderemos escolher sabiamen- te. Quando Charles Kingsley analisava a dindmica de sua vida em relagio 3 verdade € a beleza, ele a explicou lembrando-se da influéncia de F. D. Maurice, dizendo: “Eu tive um amigo”. Quando Robert Burs se lembrava do fracasso de sua vida, recor- dou-se do homem que havia conhecido em sua mocidade quando havia ido a Irvine, para aprender tecelagem, e disse: “A sua amizade me causou muito mal”. Amigos salvam e amigos arruinam — a maneira de se descobrir isso é levar as amizades, como Jesus 0 fez, ao veredito de Deus. IV. Jesus orou antes do momento da verdade (9.18). Ele orou na ocasifio em que perguntou aos discipulos se j4 haviam descoberto quem ele era, e também antes da ocasido em que ele Ihes revelou claramente © que tinha diante de si, nada além do que sofrimento € morte, com a ressurrei¢ao no final de tudo (9-18-22). Ele orou naquele instante quando sabia que precisava enfren- tar a verdade e ajudar outros a enfrenté-la. A visto para enfrentar a verdade, a hones- tidade para aceitar a verdade, a coragem para dizer a verdade, tudo isso nos vem quando estamos na presenca de Deus. V. Ele orou na presenga da morte; ele orou 1a na cruz (23.34; 23.46). Ele orou do perdio para os seus inimigos, pois, por mais que muitos homens pudessem cedii-lo e feri-lo, Jesus nao iria a Deus sen- tindo rancor contra homem algum. Uma das melhores maneiras de se viver em paz com os homens é orar por eles, pois de um jeito ou outro, nao podemos odiar a pessoa por quem estamos orando. A dltima oragao de Jesus foi: “Pai, nas tuas maos entrego © meu espirito!” (23.46). Esta passagem encontra-se no Salmo 31.5, com 0 acrésci- mo da palavra Pai, era também a oracio que toda mie judia ensinava a seu filho antes de pé-lo para dormir. Jesus morreu com uma oragio de boa-noite e de confianga em seus labios; uma oracdo de crianga. Po- rém, como j4 vimos, as palavras do Salmo ele acrescentou a palavra Pai. Esta é a pa- lavra que ele usou no Getsémani (22.42) e, como Marcos nos revela, a palavra exata que ele usou foi Abba (Marcos 14.36). Esta € também a palavra com a qual podemos nos dirigir a Deus (Romanos 8.15; Galatas 4.6). Ninguém aqui na terra j4 havia usa- do essa palavra referindo-se a Deus. Nao significa apenas Pai. Fra e é a palavra com a qual a criancinha judia se dirigia a seus pais no circulo familiar — é semelhante a paizinho. Foi com essa intimidade e con- janca que Jesus orou, e & assim que nds devemos fazé-lo. O que revela a Igreja verificar a intensa vida de oragdo que Cristo teve durante seu viver? A Igreja tem buscado a Graga de Deus para dirigir e sustentar sua mis so, ou tem confiado mais naquilo que ela & ou possui? VI. Creio podermos afirmar que 0 exemplo que Jesus deu em orar, foi 0 que despertou o desejo de outros orarem tam- bém, Foi justamente quando ele estava orando que os discipulos Ihe pediram que os ensinasse a orar (11.1). Eles haviam visto © que havia sucedido quando Jesus orara: eles haviam visto © que sucedera com Joao apés a sua oraco; ¢ eles também desejavam orar. A verdadeira oragao pode despertar forca e beleza que viré ‘mover os homens, muito mais do que qualquer serma0, So- mente aquele que tem o segredo da presenga pode fazer com que outros também dese- jem o segredo da presenga. VII. Duas coisas aconteceram com Jesus quando orava, O Espirito pousou so- bre ele enquanto orava, na acasido do ba- tismo (3.21), ¢ na sua Transtiguragao (9.29) a visio surgiu diante de seus olhos. O Es- pirito descerd somente quando aprendermos aquela passividade sabia que aguarda e acei- ta em siléncio. No momento da Transfigu- ragio, em sua visio Jesus viu a Moisés, o supremo doador das leis ¢ a Elias, o supre- mo profeta; ¢ esses supremos homens de Deus do passado, incitaram a Jesus que prosseguisse. Pela ora¢do nos tornamos um com a nuvem invisivel de testemunhas que nos circunda, Pela oragio, a inspiragio do passado nos d4 fora para o futuro. VII. Jesus orava pelos seus ami- g0s, quando sabia que eles iriam enfrentar problemas; ele orou por Pedro quando sou- be que a fé que este possufa seria provada até o limite e talvez além dele (22.31,32). Se amarmos os nossos amigos, oraremos por eles, como Jesus fez pelos seus, especial- mente quando sabemos que eles estio em dificuldades. IX. E por tiltimo, Jesus contou as duas pardbolas sobre a oragio, a pardbola do amigo importuno e a parabola do juiz iniquo (11.5-8; 18.1-8). Nao hé nos Evan- gelhos outras duas pardbolas que tenham sido interpretadas e usadas tio cnormemen- te quanto estas duas. Uma parabola € al- guma coisa posta ao lado de outra, de modo que, pela comparacio, 0 verdadeiro sentido desta possa ser elucidado, Em muitos ca- sos a comparagio € feita porque as duas se assemelham; mas nestas duas pardbolas, a comparagao depende do contraste ¢ nao da semelhanga. Uma delas conta a respeito do chefe de familia que nao estava disposto a se Ievantar a fim de dar ao seu amigo 0 Pio que ele necessitava, mas que, finalmen- te, premido pela insisténcia e pela persistén- cia de seu amigo que nao se envergonhava em bater & sua porta, foi forcado a se le- vantar. A outra parabola conta acerca de um juiz famigeradamente iniquo, que foi compelido a fazer justiga por causa da mera persisténcia de uma pobre vitiva, uma per- sisténcia tal que finalmente o abalou. Muitas vezes estas pardbolas das para ensinar a ligdo da persisténcia na oragao, como a dizer que alcangaremos o que desejamos se martelarmos a Deus por longo tempo. Porém estas duas parabolas ndo comparam Deus a um amigo relutante ou a um juiz injusto; elas o contrastam com tais pessoas. Elas dizem: “Se um miserdvel ¢ relutante chefe de familia pode finalmente ser constrangido a dar pio ao seu amigo, € se um juiz infquo finalmente pode ser cons- trangido a praticar a justia, quanto mais Deus, nosso pai amoroso, nos dara daquilo que precisamos. Isto € exatamente o que Lucas continua dizendo: “Ora, se vés, que sois maus, sabeis dar boas dadivas a vossos filhos, quanto mais o Pai celestial dard o Espirito Santo Aqueles que Iho pedirem?” (119-13). Estas duas pardbolas nio nos dizem que as dadivas divinas devem ser extrafdas apés uma insisténcia que abale a resisténcia de Deus, mas sim que Deus estd mais pronto a nos dar do que nés estamos prontos a Ihe pedir. O que nos ensinam estas duas pardbolas? © Evangelho de Lucas é 0 evangelho da oragio, ¢ € 0 evangelho para o missio- nario de Jesus, que também deve ser um ho- mem de oragio. Para um Debate em classe 1 — Se as duas parabolas, a do amigo im- portuno ¢ a do juiz iniquo, realmente ensinam que Deus nao precisa ser constrangido a responder 2 oragio, como deveremos encarar as reunices de oragio que sao feitas durante a noite toda, © os grandes grupos de pessoas que sdo organizados para orarem pela mesma finalidade? Pen- mos realmente que a extensio e a quantidade da oragio iro levar Deus a agir de uma certa maneira? Pensa~ mos realmente que podemos, por as- sim dizer, exercer certa pressio sobre Deus? 2 — Qual é a relagdo que existe entre as nossas oragdes € os nossos esforgos? Quais sio as coisas corretas pelas quais devemos orar, e quais sfio as coisas pélas quais € errado orar? Sera verdade dizer que, As vezes, pela ora- co, tentamos utiiizar a Deus? 25 @ Jesus Cristo Para Hose 26 @ Jesus Cristo Para HoJe 6| Pardbolas da vida Orientagio para o estudo do capitulo Leia as pardbolas que Jesus contou e somente o evangelista Lucas re- gistrou. Leia © capitulo. Examine 0 comentario a respeito destas pardbolas. Pense seriamente sobre quais as respostas As questes que estio 20 final dos comentarios. Verifique qual a relacdo entre as preocupagdes apresentadas no capi tulo ea realidade atual da igre} Partindo dos principios fundamentais das pardbolas estudadas, faga uma relagdo daquilo que vocé acha fundamental para a realizagio de uma auténtica evangelizacao. Esboco do capitulo VI Historias de Jesus que s6 Lucas conta. 1 — Uma visio do que o cristianismo significa para Lucas. 2 — O significado das histérias contadas. I — A preocupacdo pelos outros é a verdadeira esséncia da vida. Il — E necessario determinar corretamente as coisas que deve- mos dar valor. IIT — A necessidade de se calcular o custo antes de se iniciar uma aventura crista. IV — 0 cristo & um homem que se sente sempre em divida com Deus. V — Uma vida inétil € destinada a desgraca. VI — O dever € insuficiente para motivar a vida crista. A motiva- so cristi é 0 amor. VII — © amor de Deus procura e busca o homem. Leia em sua Biblia durante a semana: — Os Dois Devedores: Le 7.40-43 Bom Samaritano: Le 10.29-37 Amigo Importuno: Le 11.5-8 Rico Insensato: Le 12.13-20 Figueira Estéril: Le 13.6-9 Construtor Imprudente: Le 14.28-32 Dracma Perdida: Le 15.8-10 Filho Prédigo: Le 15.11-32 Administrador Infiel: Le 16.1-9 Rico e Lazaro: Le 16.19-31 Servo e 0 Lavrador: Le 17.7-10 = 0 Juiz Iniquo: Le 18.1-8 — 0 Fariseu e 0 Publicano: Le 18.9-14 Pltbtrree pees es ccs No nosso tiltimo estudo comegamos por _soubesse selecionar. Vimos que aquilo que Jembrar que as circunstancias na ele escolhe para relatar e aquilo que ele de- a 10 escritor trabalhava e} le omitir, se combinam para nos dar uma percepcdo de sua prépria fé ¢ daquilo que, para ele, so os acordes fundamentais do Cristianismo. ‘Uma das coisas mais valiosas no evan- gelho de Lucas & que ele nos da treze fatos da vida de Jesus que nao se encontram em nenhum dos outros evangelhos. Estas foram as hist6rias que causaram a mais profunda impressdo sobre Lucas; estas foram as his- t6rias que se registraram especialmente em sua meméria, Portanto, se olharmos para estas histérias, seremos autorizados a crer que elas nos dizem especialmente 0 que 0 Cristianismo significava para Lucas. As his- t6rias que pertencem particularmente a Lu- cas so as seguintes pardbolas: os dois de- vedores (7.40-43); 0 bom samaritano (10. 29-37); 0 amigo importuno (11.5-8); 0 rico insensato (12.13-20); a figueira estéril (13. 6-9); 0 construtor imprudente e o rei impe- tuoso (14.28-32); a dracma perdida (15.8- 10); 0 filho prédigo (15.11-32); o adminis- trador infiel (16.1-9); 0 rico e Lazaro (16. 19-31); 0 servo ¢ 0 lavrador (17.7-10); 0 juiz. infquo (18.1-8); 0 fariseu e o publicano (18. 9-14). Quando examinamos estas histérias, descobrimos que cada uma delas confronta © missiondrio cristo com uma pergunta que ele precisa considerar e responder. Veja- mos estas hist6rias e consideremos as suas questaes, I. Lucas escolhe duas histérias para trazer 4 tona a verdade de que as pessoas tém valor, ¢ que a preocupacao pelos outros € a verdadeira esséncia da vida crista. Nada pode substituir o nosso interesse pelos outros. E isto que a parabola do bom samari- tano nos revela (10.29-31). O sacerdote e 0 levita eram considerados como homens sa- grados, servos de Deus no sentido conven- cional do termo; 0 samaritano era um péria, alguém com quem nenhum judeu que se prezasse desejaria ter qualquer ligagdo; no entanto, € 0 desprezado samaritano que é apontado como exemplo, pois ele se preo- cupou com o viajante. Esta é também a énfase da parabola do rico e Lazaro (16.19-31). Todos os dias, Lézaro, 0 mendigo, era colocado & porta daquele homem rico. O rico nio era nem consciente e nem deliberadamente cruel para com Lizaro; ele nunca deu ordem para que afastassem o mendigo de sua porta; ele Permitia que o mendigo se alimentasse’ das migalhas que caiam de sua mesa, O pro- blema era que cle munca tomava conheci- mento de Lazaro; ele simplesmente 0 acei- tava como parte do ambiente; nem por um. instante ele parou para pensar que os sofri- mentos de Lazaro tinham alguma cousa a ver com ele, Ocorre entio uma alteragio na cena: o mendigo esta no céu ¢ o homem. rico no inferno. Hugh Martin diz que nao foi 0 que o homem rico fez que 0 colocou em mi situagao; o que ele deixou de fazer foi o que o levou ao inferno. Ele nao tinha Preocupagdo alguma com os outros, € po- Tisso nado encontrou misericérdia. Portanto, a primeira questao é bastante simples: Vocé se importa? Vocé se preo- cupa pelos outros? Vocé é um espectador desinteressado que passa de lado? Il. A segunda lico para a qual Lu- cas nos chama a atenc%o € que precisamos determinar corretamente os nossos valores. Ele o demonstra na parabola do rico insen- sato (12.13-20), e na parabola do admit trador infiel (16.1-9). A primeira destas parébolas nos conta a historia de um homem que deduziu estar salvo porque havia armazenado todo o seu produto e todos os seus bens terrenos. Ele se esqueceu de que, quando chegasse o fim, no poderia levar os seus bens consigo, ¢ que havia coisas — o cardter € uma delas — que dinheiro algum poderia comprar. ‘Nao se quer dizer com isso que os bens ma- teriais nao fagam diferenga. Ha um ditado escocés que diz: “A tristeza ndo ¢ tdo triste quando ha pio”. E ter o suficiente é ter pelo menos algumas das preocupacées tira- das dos nossos ombros; porém, vem o dit final, e neste dia 0 que importa sio as coi sas do espirito. A outra histéria relata como um administrador bastante astuto ¢ esperta- Ihdo, usou a sua capacidade, habilidade ¢ todas as suas oportunidades, para tornar sua vida a mais confortdvel possivel quan- do viesse a derrocada. Esta hist6ria nos diz: “Se os homens aplicassem tanto esforgo em sua vida cristé quanto aplicam em suas vidas materiais, isso faria uma diferenca extraor- dindria!” Se o cristéo trabalhasse pela sua religio to incessantemente como o homem de negécio trabalha em suas atividades, que mudanga haveria! Estas duas histérias nos dizem: Vocé determinou corretamente os seus valores? Esté dando seus esforcos ¢ suas forcas para ganhar as coisas que realmente sao impor- tantes? III. terceiro conselho que Lucas nos apresenta e no qual ele pée uma certa insisténcia € que, antes de iniciarmos a aventura crista, precisamos calcular 0 seu 27 @ Jesus Cristo Para Hose custo. Se um homem inicia a construgio de uma torte e precisa deixé-la construida pela metade, porque deixou de calcular 0 custo da mesma, ele se torna motivo de chacota para os outros. Nenhum rei em seu juizo perfeito iniciara uma guerra sem antes cal- cular as suas reservas € as reservas do seu inimigo (14.28-32). Este € um ponto ao qual Jesus sempre dava atengio. Discipulado, diz ele, signi- fica 0 caminho para a negagao de si mesmo e para a cruz, Era como se dissesse: “Pense sobre isso antes de comegar” (Lucas 9.23- 25). No impeto inicial de entusiasmo uma pessoa diz que seguira a Jesus. A resposta de Jesus é que as raposas tém seus covis ¢ as aves do céu, ninhos, mas ele nao tem onde reclinar a sua cabeca, como se nova- mente quisesse dizer: “Pense sobre isso an- tes de comegar” (Lucas 9.58). Ha um certo tipo de evangelizagao que parece dizer: “Accita a Jesus € 0 seu ca- minho, ¢ teras sossego, paz ¢ alegria”. No sentido de termos paz com Deus, isto é ver- dade, porém o homem que inicia sua cami- nhada cristd, enfrentara a guerra para com- bater o pecado e a si mesmo; ele terd diante de si metas a aleangar que nunca teve antes; ele se empenhard em dar-se a si mesmo ¢ a gastar-se a tal ponto que ficara exausto. Lucas se defronta com o convertido cristao ¢ 0 discipulo cristéo com a pergunta: Voce id calculou o preco? TV. Lucas insiste intensamente para que o cristo se reconhega como um homem 28 @ Jesus Cristo Para Hose endividado. Quanto maior 0 perdao, maior © amor (7.40-43). O homem que é aceito ante de Deus nao é aquele que Ihe agra- dece por nao ser semelhante a0s outros ho- mens, mas, sim, 0 homem que reconhece que € um pecador aos olhos divinos (18.9- 14). Como pode a imperfeiggo do homem agradar & perfeigio de Deus? Como pode a impureza do homem colocar-se diante da santidade de Deus? De que maneira pode a criatura aproximar-se da presenca do Criador? Ele nfo pode, exceto através da vida e morte de Jesus Cristo. Jesus Cristo ao prego de sua vida e morte abriu 0 ca- minho ‘para os homens chegarem a Deus. Somos eternamente seus devedores. Eis ai a pergunta: “Vocé jé calculou 0 quanto vale? Jd compreendeu que ele morrew para que nés vivamos?” V. Lucas nos dé uma admoestagio: a inutilidade convida A desgraga. A figueira serio dadas todas as oportunidades, porém, se no final ainda nao produzir fruto algum, nao poderd continuar recebendo tudo e nao dando cousa alguma; ela precisard ser des- truida (Lucas 13.6-9). Como Paul Tournier observa, ha trés fatos essenciais na vida: “O homem precisa, em primeiro lugar, viver e trabalhar a fim de corresponder & exigéncia divina que esta sobre ele. Deus tem algo para cada homem realizar. Segundo, ele precisa, através da meditagio, descobrir qual é a sua tarefa. Meditagao € a atitude da espera em con- fianga e atengao. Somente esperando é que descobriremos qual é a nossa tarefa. Em terceiro lugar, 0 homem precisa achar o lugar em que possa fazer e ser aquilo que Deus deseja que cle seja e faca. A coisa im- portante para cada homem no é somente achar um lugar qualquer, mas achar o seu proprio e verdadeiro lugar, aquele que Deus deseja para ele. ‘Temos uma tarefa dada por Deus, quer seja ela na cozinha ou num palicio, quer seja algo que todos os homens verio, ou a gum trabalho do qual ninguém terd’conhe- cimento. Realizd-lo 6 0 caminho da gléria; recusé-lo 6 0 caminho da desgraca. Eis a pergunta: Porventura eu estou vivendo por aquilo que posso dar & vida, ou por aquilo que posso usufruir dela? Estou vivendo para © meu préprio bem, ou para o bem de Deus ¢ de meus semelhantes? VI. Lucas nos mostra a Jesus esta- belecendo o ipio de que a idéia do dever é insuficiente, Quando um servo cum- priu o seu dever, ele no merece mérito a gum por isso; ele fez apenas aquilo que de- via fazer (17.7-10). A motivacao cristd nao € 0 dever, 6 0 amor. A pessoa que pensa em termos de dever, pensa apenas em ter- mos de um motivo externo que 0 impele a realizar seu trabalho; a pessoa que pensa em termos de amor, nao conhece nenhuma coergio sendo aquela do coragiio. A pessoa que pensa em termos de dever, pensa ape- nas na pequena porcdo de servigo que pode realizar; a pessoa que pensa em termos de amor, nunca poderd fazer o suficiente, Entiio somos forcados a perguntar: Por ventura cu penso em termos de dever ou de amor? Por acaso eu prnso em termos de no minimo de servico, ou em termos de amor que sabe que dar tudo a Deus, ainda ndo seja suficiente? VII. Acima de tudo, Lucas enfatiza © amor de Deus que procura ¢ busca. Este € 0 tema das historias da dracma_perdida ¢ do filho prédigo (15.8-10; 15.11-32). Um grande erudito judew afirmou que estas duas histérias tm em si a verdadeira esséncia do cristianismo, o elemento novo. E prova- vel descobrir no Judafsmo a idéia de um Deus que accitaria novamente um pecador arrependido ¢ humilhado que 0 fosse pro- curar; porém, em parte alguma encontramos a idéia de o proprio Deus sair a procura do perdido para trazé-lo de volta ao lar. A moeda foi perdida; ela foi perdida nig pela sua propria culpa, mas porque al- guém a pegou e a deixou num lugar errado, O fitho perdeu-se; deliberadamente, de livre € espontinea vontade ele deixou a seu pai ¢ foi para uma terra distante. Mas ndo im- porta se alguém se perde por culpa de outra pessoa, ou se se perde por sua prépria culpa. Deus, em Jesus Cristo, o procura e 0 acha. E © missionério de Jesus Cristo precisa ter esta mesma paixdo para encontrar o per- dido ¢ trazé-lo de volta ao lar — nfo im- porta o prego. F. W. Myers imagina Paulo olhando para 0 mundo gentio, amarrado pelo seu pecado, e face a face com a oferta do Cristo que o procura: Apenas vejo a multidio além — Atados, os que deviam conquistar, Escravos, os que deviam ser reis — Ouvindo’o que seria a sua esperanca, Infelizmente satisfeitos com o correr das coisas. Entdo, com a emogio de um anseio incon- trolavel Arrepio-me todo como ao soar da trombeta; © poder salvar a todos estes, morrer por sua salvacao, Perecer por suas vidas, ser oferecido por todos cles! E entao surge ai a pergunta ao mis- siondrio cristao: Vocé ama os homens co- mo Deus os amou? Voce ird em busca dos perdidos tal como ele os buscou? Vocé se preocupa? Vocé detcrminon corretamente os seus valores? Jé avaliou 0 preco de seguir a Cristo? Jd imaginou 0 quanto vocé custa? Vocé esta vivendo ape- nas para gozar o que pode da vida, ou pelo que pode dar a ela? Vocé pensa em termos de dever ou de amor? Vocé tem em si aque- ta mesma paixdo que Deus tem de trazer de volta ao lar as vidas dos homens? Estas sdo as perguntas com as quais Lucas confronta 0 missiondrio cristao. Para um Debate em classe 1 — O que significa realmente preocupar- se? Que espécie de acdo a verdadei ra preocupacdo requer? 2 — Qual € 0 prego que se paga para se- guir a Cristo? Qual é o prego da ver- dadeira lealdade cristé? 3 — Por que, quando cumprimos apenas © nosso dever, deixamos de satisfazer aos padroes da vida crist © que significa sentir paixdo pelos homens? Como & que essa paixio pode ser manifesta? 29 @ Jesus Cristo Para Hose 0 fim e o comeco 30 @ Jesus Cristo Para HoJe Orientagio para o estudo do capitulo — Examine os textos biblicos que narram Jesus consciente de sua morte € ressurreigao, — Examine os textos bi Jesus, — Leia 0 capitulo, pelo menos duas vezes. — Reflita sobre as questées encontradas nos quadrinhos, ¢ outras que surgirem. — Relacione o estudo a vida da Igreja hoje. A evangelizagéo tem sido expressio de amor a Deus, ao homem ¢ ao mundo criado? Esbogo do capitulo VIT 1 — Sempre existiu uma cruz na vida de Jesus: a) Ela foi revelada no batismo b) Foi revelada no didlogo a respeito do jejum ©) Estava presente no momento da declaragio de Pedro a respeito de Jesus 4) Apés curar o jovem epilético, Jesus revela ter consciéncia do que Ihe esperava ©) Caminhou para Jerusalém consciente do que iria encontrar f) Revelou aos discipulos 0 cumprimento do que estava prescrito para ele 2) A Pardbola dos Lavradores maus revela sua consciéncia do tipo de morte que teria 2 — Jesus, a0 aproximar-se do acontecimento da cruz, usou a “agdo dra- miatico-profética”: — ao entrar em Jerusalém — ao celebrar a Pascoa — na crucificagao — a0 demonstrar a extensio do pecado humano ¢ a extensio do amor de Deus 3 — Ressurreicio: vitéria do amor de Deus: a) A Historia caminhando para o seu fim b) A Cruz c a Ressurreigo despertam o homem para o perdio ¢ nova vida ©) Revestidos pelo Espirito Santo para receber a Graga de Cristo, ser discfpulos e ir testemunhar d) Chamados para levar 0 amor de Deus aos homens e os homens ao amor de Deus. Isto é Evangelizar. icos da “agdo dramético-profética” na vida de Leia em sua Biblia durante a semana: — Jesus esteve consciente sobre 0 que the aconteceria: Lucas 5.33-35; 9.18-22, 43-45; 13.33; Lucas _18.31-34; 20.9-18; 22.37. — A “agio dramético-profética” de Jesus: Lucas 19.28-40; 22.14-20; 23.24-49; Lucas 24.25-27, 44-49. A cruz ndo foi surpresa alguma para Jesus. Desde o infcio até o fim de sua vida, ele sabia que ela estava se aproximando. Através de todos os pasos de sua vida po- demos identificar sua consciéncia da cruz. (a) A voz de Deus falou com Jesus por ocasitio do batismo. “Tu és o meu Fi- Tho amado, em ti me comprazo” (Lucas 3.22), Esta 6 uma citagdo composta, tirada do Antigo Testamento. “Tu és 0 meu Filho Amado” é tirada do Salmo 2.7. Este é um salmo de coroagao, que fala a respeito da entronizagio e do triunfo do Rei. “Em ti me comprazo” é uma citagdo de Isaias 42.1, uma passagem que se refere 20 Servo, cujo retrato encontramos vividamente explicado em Isaias 53, 0 qual foi “transpassado pelas nossas transgress6es, e moido pelas nossas iniqiiidades” (Isaias 53.5). Desde 0 inicio Jesus sabia que ele era rei, mas também sabia que o seu reinado no deveria ser ex- presso em poder ¢ gloria, mas sim em amor sacrificial. (b) Dentro de pouco tempo os orto- doxos iriam dizer que Jesus e os seus cipulos estavam alegres em demasia. Ihes perguntou como € que os convidados ao casamento poderiam deixar de estar ale- gres se 0 noivo ali estava com eles. E aqui surgem estas palavras: “Dias virdo, contu- do, em que Ihes ser4 tirado 0 noivo; naque- les dias, sim, jejuardo” (Lucas 5.33-35). Jesus era o noivo, e desde o inicio ele sabia que viria 0 dia quando 0 noivo seria morto. (©) Poderiamos dizer que, na histéria de Lucas, estas so apenas sugestdes enco- bertas, claras para Jesus mas nao compreen- didas por mais ninguém. Porém, como Lucas demonstra, vem as claras a declara- do de que ele estava & caminho da morte. Assim que Pedro fez a sua grande afirma- ‘Go, que Jesus & 0 Messias, Jesus advertiu-o, dizendo: “E necessario que o Filho do ho- mem sofra muitas coisas, seja rejeitado pelos ancidios, pelos principais sacerdotes pelos escribas; seja morto e no terceiro dia res- suscite” (Lucas 9.18-22). As claras ele me relatou sobre o fim. (@)_ Um pouco mais a frente, na his- toria de Lucas, vemos uma outra referéncia. Depois do incidente da Transfiguragao e da cura do jovem epilético, Jesus disse: “Fixai nos vossos ouvidos as seguintes palavras: O Filho do homem esta para ser entregue nas maos dos homens”. E Lucas continua di- zendo que cles, porém, nao entenderam o que Jesus queria dizer ¢ que estavam teme- rosos de interrogd-lo (Lucas 9.43-45). Je- sus havia comecado a dizer claramente aos homens que estava a caminho da cruz, po- rém eles estavam incapacitados de com- preender o que ele estava dizendo, e esta in- capacidade continuou. (©) Quando ele iniciou a sua viagem a Jerusalém, pela iiltima vez, era para “ser assunto ao céu” (Lucas 9.51). Jesus nao tinha davida alguma do que 0 esperava no al desta viagem. E entao partiu em dire- do a Jerusalém, “pois nao se esperava que um profeta morresse fora de Jerusalém” (Lucas 13.33). De olhos abertos ele tomou © caminho do mértir. O cristo e a Igreja esto conscientes de que em seu ministério hd uma cruz? O que significa isto? Estamos dispostos a Pagar 0 preco sacrificial de nosso minis- tério cristao? () E.ainda mais esta anotagio, Ele chamou os Doze ¢ disse-Ihes: “Eis que su- bimos para Jerusalém ¢ vai cumprir-se ali tudo quanto esta escrito por intermédio dos profetas, no tocante ao Filho do homem; pois sera ele entregue aos gentios, escarne- cido, ultrajado e cuspido; ¢ depois de o agoitarem, tirar-Ihe-ao a vida: mas ao ter- ceiro dia ressuscitara” (Lucas 18.31-34). A @ Jesus Cristo Para Hose 31 32 @ Jesus Cristo Para Hose nova observagiio é que Jesus no estava indo para a morte, mas sim para seu destino. Nao havia aqui uma situagdo de emergén- cia. Era alguma coisa na qual a vontade de Deus estava sendo cumprida e na qual a mensagem dos profetas estava se tornando uma verdade. “O Filho do homem, na ver- dade, vai segundo o que esta determinado” (Lucas 22.22). “Pois eu vos digo que im- porta que se cumpra em mim o que esta escrito: “Ele foi contado com os malfeitores; porque o que a mim se refere esté sendo cumprido” (Lucas 22.37). As coisas nao estavam fora de controle; a vontade de Deus estava sendo realizada, aquela vontade que Jesus aceitara no Getsémani (Lucas 22.42). (g)_E, por dltimo, ha a parabola dos lavradores maus que Jesus contou em seus ltimos dias (Lucas 20.9-18), e na qual ele esclarece de maneira bem compreensivel, que sabe que o filho sera morto de manei- a bastante violenta e na qual a sorte dos assassinos é bastante clara. Da maneira como Lucas conta 0 fato, esta foi uma pa- rabola cujo significado foi muito claro para os ouvintes, e estes ficaram horrorizados (Lucas 20.15,16). Desde o instante em que iniciou © seu ministério até o seu final tra- gico Jesus nao tinha davida alguma de que ira morrer. Ele nunca teve qualquer di- vida de que, embora sua morte fosse crime do homem, era, no entanto, da vontade de Deus ¢ seu proprio destino. Que tipo de discipulos temos sido: 0 de “pouco custo” (barato) ou o de “alto custo” (o sacrificial)? © que € que Jesus estava realizando nestes iiltimos dias quando estava a pouca distancia da cruz? Os profetas do Antigo Testamento tinham um modo especial de transmitir as suas mensagens. Era a acio dramatico-profética. Quando as palavras nao causavam qualquer impacto, quando o povo aparentemente nao dava ouvidos ou atencio a palavras, entio 0 profeta fazia alguma coisa, alguma coisa sensacional, ani- mada e dramética. Aias, 0 profeta, viu que Roboio iria perder o reino, e que a maior parte do povo iria ficar com Jeroboao. Ele vestiu a sua capa nova e foi encontrar-se com Jeroboio. Tomou a sua capa nova e rasgou-a em doze pedagos. Tomou dez dos pedacos e deu-os a Jeroboao e dois ele os guardou. Mostrou assim de forma draméti- ca que dez das tribos iriam revoltar-se a favor de Jeroboio e apenas duas ficariam figis a Robodo (I Reis 11.26-40). Quando Jeremias desejou forgar 0 povo a ver que as conquistas de Nabucodonosor se aproxi- mavam e que seriam inevitaveis, ele come- ou a andar pelas ruas usando canga e cor- reias ao redor de seu pescogo (Jeremias 27). Ezequiel usava constantemente essa manei- ra de forgar 0 povo a dar-lhe atengio (Eze- quiel 4). Perto do final de seu ministério, Jesus, por varias vezes, usou a ago dramatico-pro- fética. Foi isto 0 que ele fez quando entrou em Jerusalém, em sua Entrada Triunfal (Lu- cas 19.28-40). Nao se faga uma interpre- tagdo errénea a respeito do significado des- te incidente. No Oriente, 0 asno no era desprezado tanto quanto 0 burro no Ociden- te; © asno era um animal nobre ¢ visteso. Era o animal no qual os reis montavam, quando em paz se aproximavam das cida” des; eles montavam a cavalo somente quan- do iam a guerra. E assim, no Dia da En- trada Triunfal, Jesus Iangou o seu apelo aos homens. Numa aco dramatico-profética ele estava dizendo: “Vocés querem receber-me como seu rei, no um rei guerreiro, mas um rei que vem a vocés em paz?” Quando comeu com os seus discipulos pela ditima vez (Lucas 22.14-20), ele estava dizendo numa acto dramatico-profética: “Othem! Assim como este pio est sendo partido, o meu corpo sera partido por voces. Vejam! Assim como este vinho vermelho esta sendo derramado, a minha vida, atra- vés de mew sangue, sera derramada por vo- és”. Numa agio’ mais dramética do que as palavras, ele estava obrigando os homens a verem; ele estava fixando as suas atengies sobre ele mesmo. E a suprema acdo dramitico-profética 6 a cruz (Lucas 23.24-49). Através da cruz, Jesus estava dizendo, dramaticamente, duas coisas. Ele dizia: “Vejam! Vejam o que 0 pecado pode conseguir — 0 pecado pode tirar a vida mais linda que jan tiu e esmagé-la na cruz. O pecado € a coisi mais destrutiva em todo o universo”. Mas ele também dizia: “Vejam! Observem o que © amor pode realizar. Vocés agem desta forma e no entanto eu ainda os amo. Vocés me crucificam em agonia e eu oro pelos seus pecados. Eu os amo tanto assim!” Pela cruz fica demonstrado de modo vivo e dramitico a extensdo do pecado do homem e a exten- so do amor de Deus. Que sinais da agdo redentora de Deus temos (como cristéo e Igreja) apresenta- do ao homem? Mas a cruz nao era o final. Se a cruz tivesse sido o fim, poder-se-ia dizer que 0 pecado havia vencido. Apés a cruz veio a Ressurreigao, Esta é a prova de que tudo © que 0 homem possa fazer, ndo pode matar © amor de Deus e que o amor de Deus nao € apenas sacrificial; € um amor triunfante. Ele nao é apenas sofredor; mas conquista- dor. Ele nao morre somente; ele derrota a morte para sempre. E assim o Cristo Ressurreto afirmou duas coisas aos seus discipulos. Primeiro, ele Ihes afirmou que a histéria toda estava caminhando em diregao a cle mesmo (Lucas 24.25-27, 44-47). Segundo, ele afirmou que © que havia acontecido na cruz foi designa- do para despertar o arrependimento ¢ fazer com que 0 perdio de Deus estivesse a dispo- sigio dos homens. E assim, disse ele, seus homens precisariam esperar até que o poder do Fspirito Santo descesse sobre eles. En- tao deveriam ir e pregar o amor de Deus, sofredor e conquistador, e testemunhar 0 gue aquele amor, em Jesus Cristo, havia feito por eles. Somos os descendentes destes primeiros discipulos. Nés também devemos olhar para a cruz. Também nds devemos compreen- der que foi por nés que ele foi colocado 1 € 14 sofreu, Nossos coragdes também pre- isam ser quebrantados em arrependimento © 0 perdao precisa inund4-los. Nés também precisamos scr revestidos do Espirito Santo. E cabe a nds também, nos nossos dias ¢ geragio, sair e levar o amor de Deus aos homens’ e trazer os homens ao amor de Deus, pois € isso o que significa evangelizar. Qual 0 motivo que nos tem levado a evangelizar (0 dever, 0 amor, a necessi- dade de crescer...)? Podemos evangelizar quando pro- curamos levar 0 homem & Igreja e nao @ Cristo? Ou a Igreja ¢ Cristo se identi- ficam numa s6 pessoa? Cristo Para HoJe 33 @ Jest 34 @ Jesus Cristo Para Hose Para debate classe Capitulo 1 ra um Debate em classe Qual é a orientagio que o Evangelho de Lucas da a respeito da atitude cris- tH em relacdo ao “apartheid” (segre- gacio dos negros na Africa do sul) ¢ 20 racismo? Lucas vé a Jesus como 0 “meio” dos tempos. Compare os dois seguintes pensamentos conforme se encontram nos trés evangelhos sinéticos: (a) Mateus 16.28; Marcos 9.1; Lucas 9.27. (b) Mateus 26.63-64,; Marcos 14.61- 62; Lucas 22.67-69. Estd bem claro que a idéia de uma segunda vinda nao tem tanta pro- jegdo no evangelho de Lucas. Que razio ha portanto, para a doutrina da segunda vinda nos dias atuais? Lucas era médico e evangelista. Voce julga que deve haver uma relacio in tima entre religido e medicina, entre a igreja e o hospital, entre © médico © ministro? Capitulo I Para um Debate em classe 1 2 = a 4— © que significa alguém identificar-se com pecadores? ‘Qual deve ser a diferenga entre o cris- to e aquele que no é cristio? ‘Como é que se pode dar ao evangelho social o seu lugar apropriado mas nada além do que seu lugar? Como € que podemos manter um equilibrio entre a proclamagio do Qs questionérios “para um debate em classe”, publicados a seguir, fazem parte da obra “Jesus Cristo para Hoje”. Fo- ram preparados pelo préprio autor. Al- gumas das quest6es estado introduzidas nos quadrinhos, nos devidos capitulos. Para que nao houvesse uma quantidade em demasia de perguntas nos capitulos, € também para néo suprimir parte do texto original, resolveu-se publicar estes trés questiondrios na parte final desta edigao. amor € da ira de Deus em nossa ta- refa evangelizante? Capitulo VII Para um Debate em classe 1— Pense a respeito da coragem extraor- dinéria de Jesus. 6 grande bravura realizar um ato heréico na reagio de um momento, Porém é necessdrio uma coragem muito mais intensa para conhecer o final com muita antece- déncia e, ainda assim, prosseguir. Ha- verd ameagas e perigos especiais que © evangelista deva conhecer e, mesmo assim, recusar-se a deixar que elas © facam desistir de seu trabalho? Vocé prega — ou ouve — suficiente- mente a respeito da Ressurreigio? Nao é verdade que a pregacio da res- surreigo esté bastante restrita apenas a0 domingo de piscoa? Para os pri meiros pregadores, a Ressurreigio era © centro de todo sermiio que cles pre- gassem (Atos 2.24; 3.15; 4.10; 5.31; 13.20; 17.31). E nossa tendéncia sim- plesmente parar na cruz? Porventura nao precisamos redescobrir a Ressur- reigdo, e nos lembrar que adoramos Aquele que no somente foi um sal- vador crucificado, mas que também & © Senhor Ressurreto? Diz-se que a Igreja nunca teve uma teoria “oficial” a respeito da Expia- Gao. Medite sobre 0 que aconteceu na cruz e, enquanto vocé pensa, esteja consciente daquela intolerdncia que no permite outro ponto de vista se- no 0 seu proprio. Para maiores estudos Sugestées dadas por William Barclay PARA AQUELES que desejarem fazer um estudo mais profundo e com mais detalhes ha material em abundancia. Para os que puderem ler 0 grego, hé comentirios de A. B. Bruce no Expositor’s Greek Testa- ment; de A. Plumer no International Critical Commentary; ¢ de J. M. Creed no Mac- millan Commentary. Hé comentarios dos textos em inglés por W. M. Manson no Moffatt Commentary; por A. R. C. Leaney no A. and C, Black Commentary; por G. B. Caird no Pelican Commentary; por Earle Ellis no New Cen- tury Bible; no meu trabalho Daily Study Bible. Hi materiais sobre o Evangelho de Lu- cas em geral nos livros de introdugao a0 Novo Testamento, tais como The Gospels de F. C. Grant; Historical Introduction to the New Testament de R. M. Grant; Intro- ducing the New Testament de A. M. Hunter; Students’ Introduction to the Synoptic Gos- pels de E. F. Scott; e The Gospels de Vin- cent Taylor. Hi trabalhos especiais tais como: Luke the Historian in Recent Study de C. K. Barrett; e The Theology of St. Luke de H. Conzelmann. Sugestdes dadas pelos editores no Brasil Para os que tém a possibilidade de con- sultar obras em Espanhol sugerimos 0 Co- mentario Biblico de Abingdon, volume II ¢ 0 “El Nuevo Testamento”, Volume IV, co- mentério do livro de Lucas, por William Barclay. A literatura especifica em Portugués € escassa. So poucos os livros que temos para indicar. Procure ampliar este estudo verifican- do livros de Introducao ao Novo Testamento de Teologia do Novo Testamento. Consul- te “Teologia Biblica do Novo Testamento” de A. B, Langston ¢ “Introdugio a Teologia do Novo Testamento” de Alan Richardson. A respeito de Jesus existe uma série de livros. Sugerimos para consulta os seguin- tes: “Jesus de Nazaré", Sante Uberto Bar- bieri, “Os Ensinos de Jesus”, Sante Uberto Barbieri, “O Ensino de Jesus”, T. W. Manson. Os comentarios biblicos @ respeito do livro de Lucas so poucos. Temos para consulta apenas estes dois: “Comentirio do Evangelho segundo Sio Lucas”, John C Ryle ¢ “O Evangelho Segundo Lucas”, H. E. Alexander. No campo da Evangelizago ha muito material. Deixamos a critério dos leitores a escotha. Pesquise 0 maximo possivel. No se esqueca de consultar os Dicio- nérios ¢ Vocabulérios Biblicos. Eles serio uma ajuda muito valiosa, Verifique, por exemplo: Jesus, Oragio. Veja esses vocd- bulos e outros’ nos Dicionérios e Vocabu- larios.

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