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Celpe - Projeto Biogas - Ebook PDF
Celpe - Projeto Biogas - Ebook PDF
E-book - PDF
ISBN 978- 85-92897-07-9
CDD 333.793
Celpe - Projeto Biogás.indd 3 15/07/2016 15:57:18
Inventário da Biomassa Produtora de Biogás de Pernambuco
Projeto P&D14/2013 – ANEEL – CELPE intitulado “Arranjos técnicos e comerciais para inserção de geração de energia
elétrica a partir do biogás de resíduos e efluentes líquidos dentro de um modelo com biodigestores dispersos”.
Empresas:
Empresas Executoras:
Capa
Jamerson Gumercino
Prof. Sérgio Peres Ramos da Silva, Ph.D.
Fotos da Capa
FreeImages.com | Bidu Morais, Karel Chrien, Jesuino Souza, Shane Gardner, Julia Eisenberg, Christophe
Libert, Radu Velcea, Mike Thorn, Afonso Lima, Kerem Yucel, Pat Herman, Marta Rostek, Malgorzata
Litorowicz, Maria Amelia Paiva Abrão, Stephanie Berghaeuser, David Monniaux.
Editoração Eletrônica
Profa. Maria de Los Angeles Perez Fernandez Palha, D.Sc.
Prof. Sérgio Peres Ramos da Silva, Ph.D.
Este inventário é a conclusão dos trabalhos da FASE 1 do Projeto P&D14/2013 – CELPE intitulado “Arranjos
técnicos e comerciais para inserção de geração de energia elétrica a partir do biogás de resíduos e
efluentes líquidos dentro de um modelo com biodigestores dispersos”.
OS AUTORES
Prof. SÉRGIO PERES RAMOS DA SILVA, Ph.D.
lattes.cnpq.br/5952171958668242
lattes.cnpq.br/7250363941176787
APRESENTAÇÃO
Este Inventário é um dos resultados do Projeto de P&D do Setor Elétrico da CELPE, regulado pela
ANEEL, intitulado “PE14 – Arranjos técnicos e comerciais para inserção de geração de geração
de energia elétrica a partir do biogás de resíduos e efluentes líquidos dentro de um modelo de
biodigestores dispersos”.
Este Inventário apresenta uma avaliação teórica do potencial de geração de energia a partir de resíduos
da pecuária e agricultura no Estado de Pernambuco, bem como do potencial de resíduos sólidos
municipais. As informações geradas consistem em um diagnóstico primário sobre fontes renováveis
de energia, particularmente, o biogás. O estudo teve como finalidade estimar os potenciais teóricos
das principais fontes renováveis de energia disponíveis em Pernambuco a partir de minuciosa pesquisa
feita em cada um dos municípios das cinco mesorregiões em que se divide o Estado e a partir desses
dados, construir os cenários em que se aproveite os resíduos orgânicos agropecuários e municipais
para produção de energia renovável, educação ambiental, economia para a população geradora de
energia e ainda, analisar a possibilidade de adicionar essa energia à matriz energética tradicional.
Segundo o IPEA (2012), o “Brasil se destaca na produção agrícola, sendo este um dos setores
econômicos estratégicos para a consolidação do programa de estabilização da economia. A grande
participação e o forte efeito multiplicador do complexo agroindustrial no produto interno bruto
(PIB), o alto peso dos produtos de origem agrícola (básicos, semielaborados e industrializados) na
pauta de exportações e a contribuição para o controle da inflação são exemplos da importância da
agricultura para o desempenho da economia brasileira”. Pernambuco por sua vez, segue a tendência
do país destacando – se na produção agrícola de lavouras pouco comuns ao Nordeste Brasileiro e
nesse caminho, surge a indústria de processamento de alimentos, a agroindústria, que gera resíduos
impactantes ao meio ambiente e nem sempre de fácil degradabilidade. Por conta disso, é de grande
importância o levantamento dos dados aqui apresentados, referindo – se à quantificação e ao tipo
de resíduo gerado em cada setor e em cada município, bem como o potencial energético gerado a
partir da utilização desses resíduos.
Assim deseja – se que o produto deste trabalho possa abrir discussões sobre uma melhor avaliação
dos impactos ambientais gerados pelo montante de biomassa descartado anualmente no Estado e
com isso avaliar as possibilidades econômicas de utiliza – lo para a produção de biometano, principal
componente do biogás que ao ser produzido, gera como resíduo adubo líquido com baixa carga
orgânica e rico em sais nutrientes para o solo.
O trabalho foi dividido em capítulos, iniciando pela introdução onde se faz uma análise geral sobre
a produção de biogás, a seguir o capítulo sobre a metodologia utilizada para pesquisa e cálculos de
geração de resíduos e potenciais para geração de energia na forma de biogás. O próximo capítulo
mostra os resultados de produção de biomassa por mesorregião e municípios, bem como o potencial
energético. Por último, analisa – se o contingente de resíduos sólidos municipais em todo o Estado
de Pernambuco e sua possibilidade de geração de energia no momento atual e fazendo – se uma
projeção para os próximos vinte anos.
LISTA DE TABELAS
Tabela 2.1 – Dejetos por tipo de animais ...................................................................................18
Tabela 2.2 – Produção de Dejetos (em massa) por animal e produção de biogás ........................19
Tabela 2.3 – Percentual de perdas na produção Brasileira de Alimentos
Pós – colheita, resíduos gerados na lavoura e no Processamento. ..............................................20
Tabela 2.3 – Percentual de perdas na produção Brasileira de Alimentos Pós – colheita,
resíduos gerados na lavoura e no Processamento (continuação). ...............................................21
Tabela 2.4 – Resumo dos fatores de conversão para estimativa de produção de biogás ............25
Tabela 3.1 – Total do rebanho da RMR ano 2013 ......................................................................29
Tabela 3.2 – Estimativa da produção de biogás com dejetos animais na RMR ............................30
Tabela 3.3 – Produção Agrícola da Lavoura Permanente RMR – ano 2013 .................................31
Tabela 3.4 – Estimativa da produção de biogás com os resíduos da Lavoura
Permanente na RMR ..................................................................................................................31
Tabela 3.5 – Estimativa da produção de biogás com as perdas pós – colheitas da
Lavoura Permanente – RMR ......................................................................................................33
Tabela 3.6 – Produção Agrícola da Lavoura Temporária na RMR – ano 2013 ..............................34
Tabela 3.7 – Estimativa da produção de biogás com os resíduos da Lavoura
Temporária – RMR.....................................................................................................................35
Tabela 3.8 – Estimativa da produção de biogás com as perdas pós – colheitas da
Lavoura Temporária – RMR........................................................................................................36
Tabela 3.9 – População de 2012 e sua projeção de 2014 a 2032 na RMR .................................37
Tabela 3.10 – Estimativa da Produção de RSU de 2012 a 2032 na RMR – PE .............................38
Tabela 3.11 – Estimativa de Produção de biogás a partir de RSU de 2012 a 2032 na
RMR – PE ..................................................................................................................................39
Tabela 3.12 – Resumo da Estimativa de geração de biogás para a RMR – Ano 2013 ..................40
Tabela 3.13 – Total de Rebanho da Zona da Mata de Pernambuco – Ano 2013 .........................42
Tabela 3.14 – Estimativa da Produção de Biogás a partir de Dejetos Animais da Zona
da Mata ....................................................................................................................................43
Tabela 3.15 – Produção Agrícola da Lavoura Permanente na Zona da Mata –
Ano 2013 ..................................................................................................................................44
1.INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 16
2.4 PRODUÇÃO DE BIOGÁS A PARTIR DE ESGOTO SANITÁRIO E RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS .......... 24
4. CONCLUSÕES.................................................................................................................................... 122
O trabalho teve como objetivo geral diagnosticar a geração de resíduos e estimar a geração teórica
de biogás na agricultura, pecuária e nos municípios das mesorregiões do Estado de Pernambuco.
Para determinação deste potencial foi necessário obter dados sobre a população dos diversos tipos
de rebanho no estado de Pernambuco, e selecionar o quantitativo significativo. Os dados dos
rebanhos foram obtidos no site do IBGE (www.ibge.gov.br). O rebanho de bovinos se subdivide
em dois tipos: bovinos de leite e bovinos de corte. Os bovinos de leite, no caso vacas leiteiras, são
destinados à produção de leite e são criadas em sistemas de confinamento ou semi – confinamento.
As quantidades de excrementos geradas por tipo de animal e a quantidade de biogás gerada por
quilo de excremento estão ilustradas nas Tabelas e Figuras a seguir.
Os bovinos podem ser abatidos nas fases de novilho (aproximadamente 300 kg) ou boi
(aproximadamente 450 kg) (IPEA, 2012).
Tabela 2.2 – Produção de Dejetos (em massa) por animal e produção de biogás
Fonte: (1)Winrock (2013) (2) Abbasi, Tauseef, Abbasi (2012)(2) Lucas Jr.(2012);
(3)
Winrock (2008); (4)Catapan et al (2012); (5)calculados pelos autores.
Devido às variações de valores encontrados na literatura, optou – se utilizar os valores médios das
diversas fontes encontradas (Tabela 2.2). Os valores de produção de biogás animal.ano – 1 foram
calculados pelos autores e serão utilizados para o cálculo do potencial teórico de produção de biogás.
No caso de caprinos e ovinos, a produção de 0,5 kg por dia são para animais que ficam soltos durante
o dia e são presos à noite conforme Lucas Jr. (2012) e Winrock (2013). No caso do gado bovino de
corte e vaca leiteira foram adotados os mesmos valores de produção de biogás por tonelada de
esterco, embora alguns autores considerem maior a produção de biogás do esterco da vaca leiteira
que do gado de corte (WINROCK, 2013; ABBASI, TAUSEEF, ABBASI , 2012).
De acordo com o IPEA (2012), Pernambuco produziu 193.059 t de milho em 2010, sendo desperdiçados
111.974 t, fazendo com que a perda pós – colheita de milho chegasse a 58% da safra. Porém, serão
adotados os valores da média nacional que foi de 18,1% segundo Martins e Farias (2002).
É importante salientar que no setor agrícola, as perdas são pós – colheita. Ocorre ainda a geração
de resíduos no campo e no processamento dos alimentos, principalmente das frutas. As perdas pós
– colheitas ocorrem devido às falhas no manuseio, transporte, armazenamento e na comercialização
no varejo ou atacado. No caso das perdas nos centros de comercialização, as frutas, verduras e
legumes devem ser utilizados para geração do biogás para uso dos próprios centros de distribuição
de alimentos e supermercados. Na indústria de processamento de frutas para produção de polpas e
A vinhaça e a manipueira são efluentes líquidos gerados na produção de etanol e farinha de mandioca,
respectivamente. Para o cálculo do potencial de produção de biogás utilizando estes efluentes como
substratos foram adotados os seguintes procedimentos, que são baseados na redução de DQO no
biodigestor.
Para estimar o biogás gerado por esgoto sanitário foram adotadas duas premissas: a primeira, quando
o esgoto for tratado em estações com sistema UASB (Chernicharo, 2010). E, a segunda quando se
tratar de estações com tratamento convencional (Peres et al, 2014).
Para o inventário de geração de biogás de resíduos sólidos urbanos foi utilizado como referência
o Plano de Gestão de Resíduos Sólidos do Estado de Pernambuco (2012). A produção estimada
de biogás RSU depositada nos aterros foi de 52,17 m3.ton – 1. Este valor foi calculado adotando
Na Tabela 2.4 estão ilustrados os coeficientes utilizados para produção de biogás para os resíduos
agropecuários e da agroindústria que foram utilizados para fazer a estimativa do potencial teórico.
Tabela 2.4 – Resumo dos fatores de conversão para estimativa de produção de biogás
TIPOS DE RESÍDUOS
PECUÁRIA
Dejetos sólidos m3 de biogás por animal
Animal
(kg.dia – 1) Dia Ano
Gado de corte 15 0,406 148,28
Vaca leiteira 25 0,8125 296,56
Porcos (25 – 100 kg) 3,125 0,236 86,1
Ovelhas/cabras 0,5 0,025 9,2
Cavalos 10 0,48 175,2
Galinhas de corte 0,14 0,0126 4,6
Galinhas poedeiras 0,14 0,014 5,11
AGRICULTURA
Perdas m3 de biogás por
Lavoura permanente
pós – colheita tonelada colhida
Abacate 31% 82
Banana 40% 106
Caju 40% 106
Coco da Baia 10% –
Goiaba 40% 106
Laranja 22% 58,3
Mamão 30% 80,6
Manga 27% 73
Maracujá 70% 185,5
Morango 39% 103
Uva de mesa 20% 52,7
Obs.: Foi considerada a produção de 265 biogás.ton – 1
(DEUBLEIN; STEINHAUSER, 2011) (exceto coco); partes não comestível (m/m).
HORTALIÇAS
Perdas m3 de biogás por
Lavoura
pós – colheita tonelada colhida (perdas)
Alface 43% 114
Alho 36% 95,4
Batata/batata – doce 23,7% 62,81
Cebola 29% 76,8
Cenoura 27% 71,6
Chuchu 16% 42,4
Couve – flor 48% 127,2
Pimentão 42% 111,3
Repolho 31% 82,15
Obs: Consideradas a produção de 265 m3.ton – 1 (restos de comida)
(DEUBLEIN; STEINHAUSER, 2011)
Resíduos m3 de biogás por
Lavoura permanente
gerados tonelada de produto colhido
Abacate 39% 72
Banana 50% 92,5
Café 50% 92,5
Caju – castanha e fruta 73% 135
Coco da Baia 60% 111
Goiaba 39% 72
Laranja/limão/Tangerina 50% 92,5
Mamão 39% 72
Manga 39% 72
Maracujá 39% 72
Urucum 39% 72
Uva de mesa 40% 74
EFLUENTES LÍQUIDOS
TIPO m3 de biogás.ano – 1
154,1 x produção de Etanol (m3)
Vinhaça
11,86 x produção de vinhaça (m3)
Manipueira 9,68 x produção de mandioca (t)
1 L.s = 2284,6 m3 de biogás.dia – 1 (833.880
–1
Esgoto (UASB)
m3.ano – 1)
1 L.s – 1 = 628,19 m3 de biogás.dia – 1 (229.290
Esgoto (convencional)
m3.ano – 1)
Obs.: para o esgoto foi considerada uma remoção de
70% DQO e 60% metano.
Para calcular o potencial de produção de biogás na Mesorregião da Zona da Mata e suas microrregiões
foram obtidos os dados sobre os rebanhos, lavoura permanente e lavoura temporária utilizando as
informações oficiais do site do IBGE. Os dados de população e crescimento populacional e do RSU
e sua produção de 2012 a 2032 foram obtidos no Plano Estadual de Resíduos Sólidos (ITEP, 2012).
Assim sendo, as cidades foram dispostas nas microrregiões e foram calculados os potenciais teóricos
para a produção de biogás por tipo de rebanho, cultura, por cidades, por microrregião e pela
mesorregião que é o somatório das produções das microrregiões.
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Tabela 3.18 – Produção Agrícola da Lavoura Temporária e de RSU na Zona da Mata – Ano 2013
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Tabela 3.20 – Estimativa da Produção de Biogás a partir de Perdas Pós – Colheita da Lavoura Temporária da Zona da Mata
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Tabela 3.21 – População de 2012 e sua projeção de 2014 a 2032 para a Zona da Mata – PE
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Tabela 3.23 – Estimativa da Produção de Biogás a partir de RSU de 2012 a 2032 para a Zona da Mata – PE
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Tabela 3.29 – Estimativa da Produção de Biogás com Perdas Pós – Colheita da Lavoura Permanente do Agreste
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Tabela 3.30 – Produção Agrícola da Lavoura Temporária do Agreste e RSU – Ano 2013
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Tabela 3.32 – Estimativa da Produção de Biogás com Perdas Pós – Colheita da Lavoura Temporária do Agreste
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Tabela 3.33 – População de 2012 e sua projeção de 2014 a 2032 para o Agreste – PE
Para cálculo do potencial de produção de biogás na Mesorregião São Francisco e suas microrregiões
foram obtidos os dados sobre os rebanhos, lavoura permanente e lavoura temporária utilizando as
informações oficiais do site do IBGE. Os dados de população e crescimento populacional e do RSU
e sua produção de 2012 a 2032 foram obtidos no Plano Estadual de Resíduos Sólidos (ITEP, 2012).
Assim sendo, as cidades foram dispostas nas microrregiões e foram calculados os potenciais teóricos
para a produção de biogás por tipo de rebanho, cultura, por cidades, por microrregião e pela
mesorregião que é o somatório das produções das microrregiões.
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Tabela 3.42 – Produção Agrícola da Lavoura Temporária da Mesorregião do São Francisco – Ano 2013
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Tabela 3.44 – Estimativa da Produção de Biogás com Perdas Pós – Colheita da Lavoura Temporária da Mesorregião do São Francisco
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Tabela 3.45 – População de 2012 e sua Projeção de 2014 a 2032 da Mesorregião do São Francisco
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Tabela 3.54 – Produção Agrícola da Lavoura Temporária no Sertão – Ano 2013
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Tabela 3.57 – População de 2012 e sua Projeção de 2014 a 2032 para o Sertão
Para obtenção do potencial de produção de biogás a partir de vinhaça foram obtidos os dados sobre
a produção do etanol anidro e hidratado em Pernambuco na safra 2014/2014, que foi de setembro
a fevereiro de 2015. Estes dados foram obtidos no Sindaçúcar, que disponibilizou estes dados no
site www.sindacucar.com.br (2015). Admitiu – se que um litro de etanol geram gerados 13 litros
de vinhaça (SALOMON e LORA, 2005). Porém, em Pernambuco não há utilização de vinhaça para
produção de biogás. A única exceção é um projeto demonstrativo da CETREL, na Usina JB, em Vitória
de Santo Antão. Salienta – se que a vinhaça é utilizada em processo de fertirrigação na lavoura da
cana de açúcar. Desta forma, não foram obtidos dados de geração por usina de etanol, mas, um
valor total de geração de etanol. Nossos cálculos de produção de vinhaça e a estimativa de produção
de biogás de vinhaça forma obtidos de forma global para o estado de Pernambuco (Zona da Mata e
Região Metropolitana do Recife).
Os dados de produção de biogás de vinhaça estão ilustrados na Tabela 3.61.
Para determinação do potencial de geração de biogás das Estações de Tratamento de Esgoto (ETE) de
Pernambuco, foram obtidos dados de vazão e do tipo de tecnologia utilizada em cada uma das ETE´s.
A metodologia de cálculo está descrito no capítulo 2. Vale salientar que ainda não há aproveitamento
energético do biogás gerado nas ETE´s em Pernambuco. E, quase na sua totalidade, as ETE´s precisam
sofrer modificações para que se tornar habitadas para gerarem o biogás e utilizarem energeticamente.
Deste modo, são disponibilizados a estimativa de geração de biogás nas ETE´s localizadas na Região
Metropolitana do Recife e nas ETE´s do interior do Estado. Os resultados estão ilustrados nas Tabelas
3.62 e 3.63, respectivamente.
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3.8 ESTIMATIVA DE PRODUÇÃO DE BIOGÁS NO ESTADO DE PERNAMBUCO
A seguir, encontram – se os Quadros Resumos (Tabela 3.64 e Tabela 3.65) sobre as estimativas
teóricas de produção de biogás no estado de Pernambuco. A Tabela 3.64 apresenta uma estimativa
da produção de biogás em uma situação ideal, onde seriam consideradas por mesorregião, além das
tradicionais fontes de carbono, como resíduos de rebanho, RSU, lavoura permanente e temporária,
aquelas oriundas de pontas e palhas de cana de açúcar. A Tabela 3.65 mostra os mesmos resultados
excluindo aqueles provenientes de pontas e palhas de cana de açúcar, nesse cenário observa – se que
há uma perda teórica de aproximadamente 39% em capacidade geradora de biogás.
O cenário apresentado na Tabela 3.65 é o que melhor se aproxima da realidade, visto que em
Pernambuco, a cana de açúcar é queimada antes de ser cortada e utilizada na produção sucroalcooleira,
perdendo – se pontas e palhas. Apesar dessa situação, a estimativa de produção de biogás é
significativa, totalizando 972.150.708 m3.ano – 1 que poderiam ser utilizados como fonte de energia.
Tabela 3.65 – Quadro Resumo sobre a Estimativa da Produção de Biogás no Estado de Pernambuco – Situação Atual
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4. CONCLUSÕES
Este inventário apresenta o potencial teórico de geração de biogás em Pernambuco utilizando resídu-
os orgânicos oriundos de dejetos animais, vegetais (lavoura permanente e temporária), resíduos só-
lidos urbanos (RSU), esgoto das ETE´S da COMPESA e vinhaça do setor sucroalcooleiro. Como re-
sultado, mostrou-se que o potencial teórico ideal de geração de biogás em todo o estado é de
1.596.369.459 m3.ano-1. No entanto, para atingir este potencial, seria necessária uma mudança
cultural no setor sucroalcooleiro, o qual não poderia provocar queimadas que além de causar danos
sérios ao meio-ambiente com a emissão de gases poluentes e devastação da fauna, desperdiça o
potencial de geração de energia de pontas e palhas, que representam 23% da massa total da cana
de açúcar. A prática da queimada reduz o potencial teórico em aproximadamente 40%, passando a
972.759.736 m3.ano-1. No potencial teórico ideal, 39% são oriundos de dejetos animais, 39% de
pontas e palhas da cana de açúcar e 13% de RSU, o restante do biogás gerado é oriundo dos resídu-
os (silagem) da lavoura temporária e permanente (9%). No potencial teórico real, 64% do biogás se-
riam gerados por dejetos animais e 21% por RSU e 15% do somatório de lavoura permanente e tem-
porária. A mesorregião com o maior potencial teórico de geração de biogás na situação ideal seria a
Zona da Mata, correspondendo a aproximadamente 38% do potencial total de Pernambuco. Porém,
com as queimadas, este potencial fica reduzido a 19% do total teórico real. Relativo ao potencial
teórico real, a mesorregião com a maior produção seria o Agreste com 439.553.530 m3.ano-1, o que
equivale a 45% do total de Pernambuco. No que se refere à produção de biogás utilizando-se dejetos
de animais, verifica-se que Pernambuco tem o potencial de geração de 625.961.444 m3.ano-1, sen-
do o Agreste a principal mesorregião produtora com aproximadamente 55% do potencial, seguido
do Sertão com 23%. Na RMR, o maior produtor de biogás seriam os RSU com uma possibilidade de
geração de 94.873.139 m3.ano-1 de biogás, o que corresponde a 88% do potencial teórico real.
O aproveitamento energético de esgoto de ETE´s apresenta um elevado potencial, embora quase
em sua totalidade estas não tenham sido projetadas para promover o aproveitamento de biogás.
Algumas delas são apenas dotadas do sistema UASB ou convencional que já preveem a produção
de biogás, mas sem promover seu aproveitamento energético. Caso fosse aproveitado o potencial
teórico de produção das ETE’s, em Pernambuco, este poderia chegar a 10.316.561 m3.ano-1, sendo
os RSUs a matéria–prima com o segundo maior potencial de geração de biogás no estado, uma vez
que as pontas e palhas da cana de açúcar são queimadas impedindo seu aproveitamento e reduzindo
seu potencial energético. Por fim, é importante salientar que o estado de Pernambuco possui um sig-
nificativo potencial de geração de biogás, entretanto são necessários incentivos para implementação
de projetos para seu real aproveitamento em ambientes públicos e privados de pequeno, médio e
grande porte, de modo a contribuir com a matriz energética estadual.
ABIB – Associação Brasileira das Indústrias de Biomassa e Energia Renovável – Brasil tem muito para crescer na
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