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Uso de dessecante no pré-emurchecimento de Brachiaria brizantha - cv.

Marandu visando a
conservação de forragem, parâmetros morfológicos1

Felipe Tonato2, Vitor Del’Alamo Guarda3, Márcio André Stefanelli Lara3, Jhones Onorino Sarturi3,
Patrícia Menezes Santos4
1
Projeto de pesquisa desenvolvido como requisito da disciplina (Fisiologia de Plantas Forrageiras II – Pós-Graduação em Ciência
Animal e Pastagens - ESALQ/USP)
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Doutorando do Programa de Pós-graduação em Ciência Animal e Pastagem – ESALQ - USP/Piracicaba. Bolsista da CAPES e-
mail: flipetonato@yahoo.com
3
Mestrandos do Programa de Pós-graduação em Ciência Animal e Pastagens – ESALQ/USP. e-mail: maslara@esalq.usp.br,
vguarda@esalq.usp.br, jsarturi@esalq.usp.br
4
Pesquisadora da EMBRAPA – Centro de Pesquisa de Pecuária do Sudeste/São Carlos - SP. e-mail: patricia@cppse.embrapa.br

Resumo: O teor de umidade nas plantas é dos aspectos determinantes da viabilidade da conservação da
forragem e um dos fatores de maior influencia na qualidade do alimento conservado. As plantas tropicais
apresentam limitações em relação a esse parâmetro, pois possuem grande quantidade de água quando
seus aspectos nutricionais são favoráveis. Uma solução seria acelerar a perda de água com a aplicação de
herbicidas dessecantes antes da colheita. O experimento foi conduzido na ESALQ/USP em Piracicaba-
SP em uma área Capim-Marandu, seguindo um delineamento inteiramente casualisado com quatro
dosagens de Glifosato (0, 1, 2 e 4 l/ha) e quatro repetições. Colheu-se mecanicamente a forragem de 0,5
m2 a 10 cm do solo a cada 24 horas após a aplicação do dessecante, para determinar a Matéria seca total
(MST), Matéria seca de folhas (MSF), Matéria seca de colmos (MSC) e Matéria seca de material morto
(MSMM). Também se determinou a área foliar (AF), a Razão de área foliar (RAF) e a Razão do peso de
folhas (RPF), Área foliar específica (AFE). Os dados foram analisados através do procedimento MIXED
do SAS. As doses não apresentaram diferença, apenas com a dose zero apresentando-se com mais
umidade. Para os cortes, ocorreu incremento gradativo da matéria-seca até o momento de corte, o que se
refletiu nos parâmetros morfológicos medidos, mostrando a eficiência do dessecante em promover a
perda de água na planta.

Palavras–chave: ensilagem, fenação, glifosato, herbicida, matéria-seca

Desiccants use in the wilting of Brachiaria brizantha - cv. Marandu seeking the forage
conservation, morphological parameters

Abstract: The humidity in plants is one of the decisive aspects for the viability of the forage
conservation and one of main factors affecting the quality of the conserved food. The tropical plants
present limitations in relation to that parameter, because they possess great amount of water when their
nutritional aspects are favorable. na alternative would be to accelerate the loss of water with the
application of herbicides desiccants before harvest. The experiment was driven in ESALQ/USP in
Piracicaba-SP in an area Brachiaria brizantha cv. Marandu, following an completely randomized
experimental design with four application rates of gliphosate (0, 1, 2 and 4 l/ha) and four replications.
Forage was sampled mechanically every 24 hours after the application of the desiccant, to determine the
percentage of forage dry matter (TDM), leaves dry matter (LDM), stems dry matter (SDM) and dead
material dry matter (DDM). It was also determined the leaf area (LA), the leaf area ratio (RLA) the
leaves weight ratio (RLW), specific leaf area (SLA). The data were analyzed through the procedure
MIXED of the SAS. There was no effect of application rates, although plants from control treatment
(0L/ha of glyphosate) tended to present higherhumidity. Forage dry matter increased throughout cuts
what was reflected in the measured morphological parameters, showing the efficiency of the desiccant in
promoting the loss of water in the plant. Checar se os termos leaf area ratio and lef weight ratio estão
corretos.

Keywords: ensiled, haying, gliphosate, herbicide, dry matter

Introdução
A distribuição desuniforme da produção de forragem ao longo do ano gera períodos de escassez de
alimentos que colaboram para os baixos índices da pecuária brasileira. A conservação de excedentes de

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forragem é uma das tecnologias que possibilitam amenizar esse problema, melhorando os índices
produtivos.
As gramíneas tropicais são a base dos nossos sistemas produtivos, mas apresentam limitações para
a sua conservação, pois apresentam baixos valores de carboidratos solúveis, e baixo teor de matéria seca
no ponto em que conciliam boa produtividade e bom valor nutritivo, fatores que impedem o abaixamento
ideal do pH para sua conservação como silagem, ou a diminuição correta do teor de umidade para evitar
ocorrência de fermentações para a conservação como feno.
Uma solução para esses problemas, seria acelerar artificialmente o processo de perda de água das
plantas, sem que com isso houvesse perda de valor nutricional. Isso pode ser conseguido com aplicação
de herbicidas dessecantes em sub-dosagens, algum tempo antes da colheita das plantas, pois esses
herbicidas agem promovendo a interrupção da síntese de aminoácidos, reduzindo o metabolismo ligado à
condutividade estomática, fotossíntese e respiração. Dessa forma, o trabalho objetivou avaliar a
eficiência de diferentes doses de Glifosato como agente dessecante para o pré-emurchecimento de
Brachiaria brizantha cv. Marandu.

Material e Métodos
O estudo foi conduzido numa área de 2,0 ha formada com Capim-Marandu, na ESALQ/USP,
município de Piracicaba-SP a 22° 42’ 30” S e 47o 30’ W, com altitude 580 m. Foi utilizado um
delineamento inteiramente casualizado com quatro tratamentos (dose 0, 1, 2 e 4 l/ha de glifosato) e
quatro repetições, totalizando 16 unidades experimentais com 22,0 m2. O produto comercial utilizado
possuía formulação contendo 480 g/l do ingrediente ativo sal de isopropilamina de N-(fosfometil) glicina
e 36 % de equivalente ácido de N-(forfonometil) glicina. O período experimental iniciou com o corte da
forragem a 10 cm do nível do solo para homogeneização no dia 10/02/06, após 70 dias de crescimento
livre, aplicou-se o glifosato com pulverizador costal.
Para a determinação de Matéria seca total (MST), Matéria seca de folhas (MSF), Matéria seca de
colmos (MSC) e Matéria seca de material morto (MSMM) foram colhidas à forragem contida no interior
de uma moldura retangular metálica de 0,5 m2 a 10 cm do solo, com auxílio de um aparador de cerca
viva. Após a amostragem inicial oito horas depois da aplicação do herbicida, as amostragens foram
repetidas a cada 24 horas por um período de três dias.
As amostras foram pesadas frescas no campo e levadas ao laboratório, onde foram sub-divididas
em duas sub-amostras, sendo uma usada na determinação da MST e a outra separada em constituintes
morfológicos (folha, colmo e material morto), para a determinação de MSF, MSC, MSMM. As Folhas
foram passadas no integrador de área foliar modelo LI-3100 da (LI-COR, Lincoln Nebraska, EUA) para
a obtenção da Área foliar (AF). Todas as amostras foram secas em estufa de circulação forçada a 65ºC
até peso constante. Os pesos secos foram usados na determinação da Área foliar específica (AFE, cm2/g
de folha), Razão de área foliar (RAF cm2/g de folha total) e Razão do peso de folhas (RPF,
MSFolha/MSTotal em g), segundo a metodologia descrita por Benicasa (2003).
Os dados foram submetidos à análise de variância segundo o procedimento PROC MIXED do
pacote estatístico SAS (Littel et al., 1996).

Resultados e Discussão
As doses apresentaram efeito para MST (P = 0,0816), com a dose zero apresentando teor de
matéria seca inferior aos demais, na faixa de 28,9 %, enquanto nas outras doses os valores foram na faixa
de 30 %, para AFE (P = 0,0382), onde na dose zero o valor foi superior aos demais, 141,18 cm2/g contra
133,783 cm2/g, e para RAF (P = 0,0906) com padrão de resposta um pouco diferente, onde o valor na
dose zero (94,80 cm2/g) foi superior ao da maior dose (79,81 cm2/g), mas as doses intermediárias não
diferiram das demais doses (86,40 cm2/g). Para os demais parâmetros não houve significância, sendo os
valores médios de, 31,8 % para MSF (P=0,3125), 25,0 % para MSC (P = 0,8685), 65,9 % para MSMM
(P = 0,8701), 1.876,72 cm2 para AF (P = 0,3279) e 0,64 g/g para RPF (P = 0,3421), mostrando que
qualquer dose testada já seria eficiente na aceleração da perda de água pelas plantas, objetivo da
aplicação do produto.
Entre os cortes foi observado efeito para todas as variáveis, com alto nível de significâncias (P =
0,0001), mostrando uma evolução temporal gradativa no incremento de matéria seca (Tabela 1), a única
exceção se deu no terceiro corte, provavelmente em função de uma pequena chuva de 1,0 mm que fez
com que as plantas incorporassem um pouco de água a sua massa, alterando momentaneamente o teor de
matéria seca para baixo, mas com o passar do tempo e o dia seco, esse voltou ao normal na última coleta,
atingindo os teores superiores a 30 % de MS, recomendados para a ensilagem do material.

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Tabela 1. Evolução do efeito do dessecante sobre os parâmetros morfológicos de Brachiaria brizantha
cv. Marandu, submetida a cortes sucessivos.
Corte MST MSF MSC MSMM AF RAF RPF AFE
---------%---------- cm2 cm2/g g/g cm2/g
1 28,8 c 30, 1 c 24,7 b 69,1 a 2.622,13 a 85,91 b 0,60 c 143,49 a
2 30,3 b 32,0 b 25,4 b 65,6 ab 1.872,76 b 85,39 b 0,63 b 133,54 b
3 28,8 c 30, 7 c 23,8 c 61,9 b 1.331,88 d 96,01 a 0,70 a 137,73 b
4 31,7 a 34,5 a 26,2 a 67,0 a 1.681,12 c 80,09 c 0,64 b 127, 77 c
Médias nas colunas seguidas de mesma letra minúscula não diferem entre si (P > 0,10).

Conclusões
A utilização do herbicida dessecante a base de glyphosate foi eficiente em acelerar o aumento do
teor de matéria seca de Brachiaria brizantha cv. Marandu em qualquer dose testada. A menor dose já foi
suficiente para alterar os parâmetros acompanhados. Estudos mais aprofundados são necessários para que
se determine a dose ótima a ser aplicada e o melhor momento para que o material seja colhido, tanto para
fenação como para ensilagem. Maiores estudos também são necessários para se averiguar a presença de
resíduos no alimento, e sua possível interferência no metabolismo animal.

Literatura citada
BENINCASA, M. M. P. Analise de crescimento de plantas (noções básicas). Ed FUNEP.
Jaboticabal/SP, 2003. 41 p.

LITTEL, R. C.; MILLIKEN, G. A.; STROUP, W. W.; WOLFINGER, R. D. SAS® system for mixed
models, Cary: SAS Institute, 1996. 633p.

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