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- Mãe, minha vida não ta dando certo aqui. Tenho que arrumar outro lugar pra
viver. Vou tentar a sorte em outro lugar.
- Não seja estúpida menina. Pra onde você vai? Admita, você não conhece
ninguém em nenhum outro lugar. Se está ruim aqui, pode ficar muito pior em
qualquer outro lugar.
- Por que a senhora não vem comigo? Podemos tentar a sorte em alguma
cidade grande....
- Não!
- Nem vai escutar o que tenho a dizer?
- Não. Se quiser arriscar a sair de perto dos seus e ir para a morte, fique a
vontade. Mas você estará sozinha. Eu nasci aqui nesse lugar, cresci aqui e
quero morrer na minha cidade.
O patrão se afastou dela mas não havia desistido. A cada dia que se
passava ele estava mais certo de seus sentimentos por Tereza. Muito
espertamente, mandou entregar flores no quartinho onde Tereza morava. Eu
disse quartinho? Depois de um tempo bancou uma casinha para que ela
morasse com os filhos. Isso sem que a esposa soubesse, é claro. No começo
Tereza pensou em não aceitar, mas pensou em dar uma vida melhor para os
filhos. A esposa do patrão de Tereza começou a desconfiar do marido. Ele não
era o mesmo. Estava muito alegrinho, fazia piadas de tudo, a cumprimentava
pela manhã com um “Bom dia!”, coisa que não fazia há alguns anos. Enquanto
isso, Tereza foi ficando com o coração amolecido devido aos presentes e ao
carinho de seu patrão. Mudou de comportamento com ele, passou a tratá-lo
mais amigavelmente. Tornaram-se confidentes. Tereza passou a escutar todas
as reclamações que seu patrão tinha com relação a seu casamento, emprego,
tudo. Não demorou muito e Tereza percebeu que também havia se apaixonado
por este homem. Com medo do que poderia acontecer pediu para conversar
com “seu chefe”.
- Quero me demitir.
- O QUÊ? – Disse quase que gritando. – Você não é feliz aqui? O que foi que eu
fiz errado dessa vez?
- Na verdade. A culpa não é sua. Sou eu. Eu descobri que... que...
- Pelo amor de Deus, o que você descobriu!?
- Ah, esquece! Isso não faz diferença.
- Claro que faz, eu quero saber!
- Eu descobri que eu gosto de você. Por isso é que eu quero me afastar. –As
lágrimas desciam.
- Mas se você gosta de mim assim como eu gosto de você, aí mesmo é que
devemos ficar juntos.
- Mas não é certo! E você sabe disso.
- Pare de chorar Tereza, não quero te ver assim. Olha... estive pensando. Vou
me separar de minha mulher. Quero ficar contigo. Eu te amo.
Ele não pensou duas vezes. Não aceitava a idéia de perder Tereza para
qualquer outro homem. Como um louco, a agarrou e a beijou com muita
paixão. Tereza passou alguns poucos segundos resistindo, mas logo depois se
entregou a seus sentimentos. Para a infelicidade dos dois, não perceberam que
a maçaneta da porta havia girado e que entrava na sala, onde ambos estavam,
a esposa do patrão de Tereza.
- O que é significa isso? Eu não posso sair de casa que vocês me traem assim.
Eu pensei que você amava... Tereza, eu confiei em você! Ordinários! Quero que
morram os dois. Tereza, tá na rua! Vamos... suma daqui. – Tereza sai dali em
prantos. A mulher continuava a gritar.
-E quanto a você. Nem preciso dizer. Acabou, ouviu bem? E quer saber...
- Cala boca! – Interrompe ele – Nosso casamento já tinha acabado há muito
tempo, só você que não tinha percebido. Era conveniente estar ainda com
você, mas agora isso não faz mais sentido. Pode ficar com a casa, depois eu
mando os papéis.