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DIREITO PENAL

CRIMES CONTRA A HONRA


CALÚNIA

PROF. PAULO IGOR


CALÚNIA (art. 138)
CONDUTA: Caluniar alguém, imputando-lhe falsamente fato definido como crime.
IMPORTANTE: É PUNÍVEL A CALÚNIA CONTRA OS MORTOS.
FALSAMENTE:
Fica claro que o tipo penal da calúnia exige que o agente saiba que o fato que ele está
imputando a um terceiro seja falso, fruto de sua imaginação, mera invenção.
ATENÇÃO: O agente que narra um fato criminoso e o imputa a terceiro, acreditando
sinceramente tratar-se da realidade, não cometerá o crime de calúnia (ainda que seu
comportamento tenha sido culposo, pois a calúnia somente pune o dolo).
ATENÇÃO 2: Aquele que, sabendo ser falsa a imputação, a propala ou divulga também
cometerá o crime de calúnia.
FATO:
O tipo exige a imputação de um fato, e isso é diferente de emitir um conceito negativo (juízo de
valor) sobre determinada pessoa.

EMISSÃO DE CONCEITO NEGATIVO IMPUTAÇÃO DE UM FATO


Na noite de ontem, em um terreno baldio,
Pedro desferiu dois disparos de arma de
Pedro é um assassino
fogo contra Tiago, que veio a falecer em
razão dos ferimentos.
Ontem, por volta das 14h, no bar do Noca,
João é maconheiro João foi flagrado portando 10g de maconha
que se destinavam ao seu consumo
pessoal.
CRIME:
Somente será punida a imputação de um fato definido como CRIME.

ATENÇÃO: A falsa imputação de uma contravenção penal (ex: jogo do bicho) não caracteriza o
delito de calúnia, podendo, entretanto, caracterizar a difamação (por se tratar de fato ofensivo
à reputação da vítima, como veremos adiante).
SUJEITO ATIVO
Trata-se de crime comum, podendo ser praticado por qualquer pessoa.

SUJEITO PASSIVO
Trata-se de crime comum, podendo ser qualquer pessoa.
ATENÇÃO: Pessoa jurídica pode ser sujeito passivo do crime de calúnia, tendo em vista a
possibilidade de cometer crimes ambientais. Dessa forma, alguém pode imputar falsamente a
uma empresa a prática de crimes ambientais, visando prejudicar sua imagem perante a
sociedade.
TIPO SUBJETIVO
Pune-se somente o dolo. E o dolo nos crimes contra a honra deve ser específico, o agente deve
agir com o animus caluniandi, ou seja, intenção de ofender a honra da vítima.
Não haverá o crime se a intenção do agente era apenas a de brincar (animus jocandi),
aconselhar (animus consulendi), narrar o fato (animus narrandi) – próprio da testemunha –,
corrigir (animus corrigendi) ou defender direito (animus defendendi).

(CESPE/ ANALISTA JUD. – TRT 8/ 2016) Para a configuração dos crimes contra a honra, exige-se
somente o dolo genérico, desconsiderando-se a existência de intenção, por parte do agente, de
ofender a honra da vítima.
ATENÇÃO: O crime pode ser praticado a título de dolo direto ou eventual!
(CESPE/ JUIZ SUBSTITUTO – TJAM/ 2016) Para que se tipifique o crime contra a honra, tem de
haver dolo direto, não se configurando ele com o dolo eventual.
Gabarito Preliminar: Correto.
Posteriormente a questão acabou sendo anulada.

(IBADE/ DELEGADO DE POLÍCIA – PCAC/ 2017) O crime de calúnia pressupõe a falsidade da


imputação, cuja ciência deve integrar o dolo do agente, de modo que somente se admitirá dolo
direto no referido delito.
Gabarito Definitivo: Errado.
BEM JURÍDICO TUTELADO
Honra objetiva, a qual diz respeito à reputação do cidadão na sociedade.

CONSUMAÇÃO
Como protege a honra objetiva, resguarda a reputação da pessoa na sociedade.
O delito de calúnia estará consumado quando a imputação falsa de fato definido como crime
chegar ao conhecimento de terceira pessoa, pouco importando se a vítima tomou
conhecimento ou não.
Consuma-se independentemente da ocorrência do dano à reputação do ofendido (crime
formal).
EXCEÇÃO DA VERDADE (ART. 138, §3º):
É um instituto que permite ao agente ficar isento da responsabilização penal.
Como a falsidade dos fatos imputados é elementar do tipo de calúnia, em regra, a prova da
verdade do que se imputa a terceiro afasta a tipicidade penal do fato.

REGRA: Provar a verdade dos fatos criminosos que se imputa a terceiro, isenta o agente da
responsabilidade penal.
EXCEÇÕES: Em casos excepcionais, ainda que seja possível provar a veracidade dos fatos
criminosos imputados à vítima, o agente deve ser responsabilizado penalmente. Vejamos:
I – Quando o agente imputar a terceiro fato perseguido por ação penal privada em que ainda
não tenha ocorrido condenação transitada em julgado;
Ex: João imputou a Pedro o delito de dano (art. 163). De acordo com o art. 167, o delito de
dano é perseguido por ação penal privada. Nessa situação, enquanto não transitar em julgado
a condenação de Pedro na ação penal referente ao crime de dano, João não pode se valer da
exceção da verdade para escapar da responsabilização.
II – Quando o crime for praticado contra o Presidente da República ou Chefe de Governo estrangeiro;
Ainda que seja possível provar os fatos imputados, deve o agente ser responsabilizado pela imputação
feita.

III – Quando o agente imputar a terceiro fato perseguido por ação penal pública em que já tenha
ocorrido a absolvição transitada em julgado;
Ex: João imputou a Pedro o delito de furto (art. 155), que é perseguido por ação penal pública. Nessa
situação, se já tiver sido prolatada sentença absolutória transitada em julgado, ainda que João tenha
informação não analisada no processo e que comprove a imputação por ele realizada, será
responsabilizado pela calúnia.

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