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QUARTOS, CAMAS E TRAVESSEIROS

CENÁRIO – Noite de lua cheia. Uma árvore e nela duas corujas

NARRADOR – Duas corujas, que gostavam de conversar, sempre


escolhiam as árvores mais altas, para que pudessem, ver a chegada
do sol.

Aliás, coruja dorme durante o dia e a noite voa, anda, conversa, caça
e come.

Elas se chamavam TRICA e TECA.

Numa dessas ocasiões, a conversa delas começou assim:

TRICA.. - Olá comadre!

TECA.. -Olá comadre!

TRICA.. – Como foi seu dia!

TECA.. – Foi mais ou menos, não pude dormir o necessário, estão


construindo um prédio e o barulho é terrível, meu sono foi
interrompido muitas vezes.

TRICA.. –O meu sono foi ótimo, dormi muito, estou bem disposta.
Sabe o que estive pensando hoje?

TECA.. – Não sei não, e não sei porque você pensa muito e sempre
tráz novidades para as nossas conversas, impossível advinhar.

TRICA.. – Bem, pensei como nós, os bichos, não precisamos nos


preocupar com quartos, camas e travesseiros.

- Dormimos onde e quando queremos, não é?

TECA.. - É verdade
NARRADOR - Então, a coruja mais velha, que era mais tagarela,
começou.....

TRICA.. - Já pensou, o leão, além de pesado, tem uma juba enorme,


não há cama e nem travesseiro que agüente.

-O macaco é pequeno, mas dorme sentado, sua cama teria que ser
parecida com um banco, e o travesseiro então, só se usasse como
chapéu...

-A preguiça, que só dorme abraçada ao tronco da árvore, com certeza


a cama e o travesseiro só iriam atrapalhar.

-O tatu que dorme num buraco, teria que faze-lo bem maior, para
caber a cama e o travesseiro.... muita complicação.

TECA.. - É mesmo comadre, muita complicação, achando o assunto


interessante, mas ainda estava com sono, pois não havia dormido o
suficiente durante a tarde.

NARRADOR - A outra, com a corda toda, nem notou a dificuldade da


amiga, continuando a conversa muito animada.

TRICA.. - O sapo, que vive na beira do rio, iria precisar de uma cama
e um travesseiro de plástico para não molhar...

-O jacaré também, uma cama e um travesseiro modelo bóia, já que


só fica com os olhos fora da agua...

-A cobra, um modelo bem comprido, talvez fosse até mais caro.

NARRADOR - A outra coruja, já estava cansada de tanta novidade,


quando a comadre lembrou...

TRICA.. - O mais difícil é a falta de sono, não é comadre?

TECA.. - Ainda bem que bicho não sofre disso não.., só raramente...

TRICA.. - Pois é,... bicho dorme durante o dia, à noite aproveitam


para caçar, mas de qualquer jeito perder o sono é terrível.
- Mas... eu conheço um jeito bom, o sono vem logo, logo.

-É só ficar contando carneirinho até o sono chegar...

TECA.. - Mas comadre me diga aí:

-E quando o carneirinho perde o sono, o que é que ele faz?

NARRADOR - Então ela pensou... pensou...sempre tinha uma saída...

TRICA..- Conta estrelas ué.., não dá para contar carneirinho como


nós.

NARRADOR - Agora, já sem sono, para participar mais, a outra


perguntou:

TECA.. - E os quartos comadre, nem falamos deles.

TRICA..- Ah, vamos falar sim, é a parte que eu mais gosto.

-Os bichos são muito sabidos, jamais gostariam de um quarto.

-Gostam mesmo é de olhar para este céu tão lindo, cheio de estrelas,
e para aquela lua linda. As vezes, crescente, minguante, nova ou
cheia, todas bonitas, mas acho que todos gostam mais é da cheia e
no final da noite, apreciarem o lindo cenário, quando a lua vai se
despedindo e o sol vem chegando.

-Aliás eu soube, por uma fonte segura, que as pessoas já


começaram admirar esse presente que a natureza oferece todos os
dias, para abrir e encantar a vida...

TECA..- É comadre!!! Então vamos nos aquietar, que a natureza já,


já, vai nos presentear.

NARRADOR - As corujas então ficaram bem quietinhas.


Os bichos da noite, como sapos e grilos também foram se
aquietando. Já se podia ouvir alguns passarinhos nos seus primeiros
piados, e bem ao longe os galos anunciando o novo dia.

As estrelas, aquelas que os carneirinhos contam quando perdem o


sono começaram a se esconder.

A claridade foi chegando, chegando, convidando a noite a se retirar.


A lua, gentilmente dava lugar aos primeiros raios de sol.

As corujas, que não se cansavam de admirar tanta beleza, esperaram


mais um pouquinho, depois se despediram marcando novo encontro
à noitinha, na mesma árvore.

VIVA...
VIVA...
VIVA...

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