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Dispositivos Móveis como Instrumentos Musicais

Roberto Piassi Passos Bodo


16 de julho de 2012

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Sumário
1 Introdução/Instrumentos Musicais 3
1.1 Maior Intensidade Sonora . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3
1.2 Novos Timbres . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3
1.3 Tamanho e Mobilidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4
1.4 Novas Interfaces . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
1.5 Fazer stream de áudio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
1.6 Programação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
2 Dispositivos Móveis 8

3 Viabilidade 11
3.1 Android . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
3.2 iOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12
3.2.1 MoMu . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
4 Aceitação/Conclusões 14

5 Referências 14

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1 Introdução/Instrumentos Musicais
Neste texto iremos fazer uma análise sobre a utilização de dispositivos móveis
como instrumentos musicais. Para podermos discutir sobre um celular ou um
tablet como um instrumento musical devemos primeiramente fazer uma análise
da evolução dos instrumentos musicais e tentar inserir os dispositivos móveis
nesse contexto.
Sem levar em consideração a ordem cronológica dos fatos, podemos vericar
que o homem, ao longo de diversos anos de desenvolvimento de novos instru-
mentos, estava em busca de algumas características que serão apresentadas nas
subseções abaixo.

1.1 Maior Intensidade Sonora

Tanto para aumentar o alcance de um instrumento em espaços grandes, como


teatros ou catedrais, quanto para igualar a intensidade de todos os instrumentos
de uma banda, é fato que o homem buscou com o passar do tempo instrumentos
musicais com uma maior intensidade sonora.
Como exemplo, temos, no começo do século 20, tentativas de adaptar trans-
missores de telefone para serem colocados dentro de violinos e banjos a m de
amplicar o som desses instrumentos [1]. Também temos, na era das big bands,
a necessidade de amplicar o som de violões que tinham uma intensidade menor
do que as grandes seções de metais [1].
Como resultado, tivemos o desenvolvimento de captadores que transforma-
vam as vibrações mecânicas das cordas em sinais elétricos que poderiam ser
amplicados [2].

Figura 1: A primeira guitarra elétrica criada por George Beauchamp em 1931.


(Imagem de http://commons.wikimedia.org/)

1.2 Novos Timbres

Na história da música, temos registros de pessoas explorando o timbre de instru-


mentos, seja com a variação do direcionamento dos mesmos (como um trompete
de uma orquestra sinfônica sendo apontado para cima ou para baixo) ou do modo
nos quais eles eram tocados (como um violão sendo tocado com os dedos ou com
uma palheta).

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O compositor Claude Debussy, por exemplo, é reconhecido por destacar o
papel do timbre na música com sua composição Prélude à l'après-midi d'un
faune do nal do século 19 [3,4].
Porém, por mais que consigamos obter uma diversidade de timbres com ins-
trumentos acústicos, foi com a criação de instrumentos eletrônicos que tivemos
uma revolução em relação aos possíveis timbres criados pelo homem.
Para exemplicar, os primeiros sintetizadores analógicos, criados no século
20 [5], eram capazes de gerar sons utilizando diversas técnicas de síntese. Te-
mos os sintetizadores modulares [6] que produziam ondas senóidais, quadradas,
triangulares, etc. Esses sinais ainda podiam passar por ltros, moduladores,
osciladores, etc.
As combinações eram diversas e os resultados eram inovadores para a época.
Com a invenção dos instrumentos eletrônicos tínhamos novos sons sendo pro-
duzidos que não eram naturais para o homem e não eram possíveis de serem
gerados anteriormente.

Figura 2: O sintetizador modular analógico Doepfer A-100 produzido em 1995.


(Imagem de http://commons.wikimedia.org/)

1.3 Tamanho e Mobilidade

Na evolução dos instrumentos musicais, por diversos motivos, o homem criou


instrumentos de vários tamanhos.
Além de fatores como a obtenção de diferentes tessituras, modos de tocar
e, até mesmo, timbres (como é o caso da família dos violinos [7]), o fator mais
importante para o escopo deste texto é a mobilidade.
Como exemplo, temos o Minimoog [8] que possuía os componentes mais
importantes dos sintetizadores modulares da época e, por isso, ele era mais

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barato, mais compacto e de fácil transporte [9].
Criado por Robert Moog e Bill Hemsath, ele foi um grande sucesso de venda
e teve uma alta aceitação entre músicos como Chick Corea, Kraftwerk e Bob
Marley [10] e um dos motivos principais disso foi a sua mobilidade.

Figura 3: Minimoog modelo D lançado pela Moog Music em 1970. (Imagem de


http://photobucket.com/)

1.4 Novas Interfaces

Antes da invenção dos primeiros instrumentos eletrônicos, as interfaces de ins-


trumentos musicais, com algumas raras exceções, não sofreram muitas mudanças
desde a Idade Média [11].
Um dos instrumentos eletrônicos mais signicativos (se não o mais) foi o
Theremin criado em 1919 [12]. Ele possuia duas antenas que eram dois senso-
res de proximidade e um músico podia tocá-lo sem nenhum contato físico. A
amplitude das notas era controlada por uma das mãos e a altura, pela outra.
Além de permitir que as notas fossem tocadas fora de uma escala temperada,
o Theremin oferecia, na opinião de seu criador, uma forma mais natural e in-
tuitiva de produzir música, que não dependia de teclas, cordas, arcos ou pedais
[11].

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Figura 4: Theremin criado por Léon Theremin em 1919. (Imagem de
http://www.theremin.info/)

1.5 Fazer stream de áudio

A vontade de se comunicar a grandes distâncias sempre foi uma vontade do


ser humano. Não seria diferente com a música. É um fato que na história da
música, o homem teve vontade de transmitir um sinal de áudio. Seja para ouvir
um concerto ao vivo à distância, seja para fazer uma sereneta para um amor
distante.
Existe uma discordância sobre quem de fato inventou o telefone. Em 1876,
Graham Bell obteve uma patente para um aparelho que transmitia telegraca-
mente voz e outros sons [13]. Já em 1897, Thaddeus Cahill obteve a patente
para o que seria apresentado publicamente em 1906 como o Telharmonium [14].
Considerado por alguns como o primeiro sintetizador, ele era capaz de trans-
mitir áudio por telefones e possuia um sistema de cones para amplicar o som
e transmití-lo para um público de tamanho razoável [15].

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Figura 5: Telharmonium criado por Thaddeus Cahill em 1897. (Imagem de
http://cec.sonus.ca/)

1.6 Programação

O homem também mostrou interesse, antes da invenção do computador, em


criar elementos de programação para os instrumentos musicais.
Um exemplo bem interessante disso foi a pianola que, no nal do século
19, possuia um mecanismo o qual permitia que um músico denisse quais notas
seriam tocadas e quando elas seriam tocadas. Esse piano modicado - a pianola -
reproduzia essa música pré-programada como se uma pessoa estivesse tocando-a
[16].

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Figura 6: Pianola desenvolvida no século 19. (Imagem de
http://www.tifurniinteriors.com.au/)

2 Dispositivos Móveis
Não podemos pensar em dispositivos móveis sem antes mencionar os computa-
dores e a importância que eles tiveram para a música.
Os primeiros instrumentos eletrônicos eram primitivos tanto na construção,
quanto na capacidade de sintetizar sons. Além disso, eles não possuíam uma
forma eciente de armazenar, transformar e combinar sons [17].
Com a invenção de computadores, o homem conseguiu suprir diversas ne-
cessidades desse tipo como, por exemplo, ouvir uma peça multi-instrumental, o
que antes só era possível com uma orquestra à sua disposição [17].
Não precisamos entrar em detalhes (até mesmo por não ser o foco deste
texto) sobre as inúmeras contribuições da Computação para a Música que vão
desde o desenvolvimento de ferramentas mais simples para o auxílio nas tarefas
mais rotineiras de um músico até uma revolução tonal, textural e tímbrica.
Na seção anterior passamos por alguns pontos importantes na evolução dos
instrumentos musicais e, para inserirmos um dispositivo móvel nesse contexto,
podemos tentar classicá-lo como um instrumento musical.
Não vamos nos preocupar em utilizar sistemas tradicionais de classicação
[18]. Não precisamos pensar em dispositivos móveis como instrumentos de teclas
ou de sopro ou de cordas ou de percussão. Vamos apenas levar em consideração
dois fatores: um dispositivo móvel como um instrumento musical é eletrônico e
é digital.
Para tentarmos descobrir quais os pontos de destaque dos dispositivos mó-
veis, podemos fazer comparações com outros intrumentos musicais eletrônicos
digitais. Em primeiro lugar, vamos fazer uma comparação das especicações

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técnicas de celulares e tablets atuais com grandes representantes na história dos
instrumentos eletrônicos digitais: os sintetizadores digitais.
• Processamento:
Fairlight CMI I (1979), sintetizador utilizado por vários artistas como
Peter Gabriel, Herbie Hancock e Stevie Wonder [19], foi construído com
processadores de 8 bits da Motorola (modelo 6800) que possuíam frequên-
cia de 1 MHz na sua versão original e até 2 MHz em versões posteriores
[20].
Já o Milestone, smartphone de um linha relativamente antiga da Motorola,
possui um processador de 550 MHz [21], o que é 275 vezes mais veloz.
• Memória RAM
E-mu Emulator II (1984), sintetizador digital utilizado por artistas como
David Bowie, Dire Straits e Yes [22], possuia 128 KB de RAM [23].
Já o iPad 2, tablet da Apple que é um sucesso de vendas, possui 512 MB
de RAM [24], o que é 4000 vezes mais memória.
Os dois sintetizadores acima foram utilizados em gravações renomadas de
gêneros musicais, como rock ou jazz, e conhecidas até hoje. A sonoridade deles
não deve ser considerada ultrapassada e a comparação foi feita para consta-
tarmos que temos disponível no mercado dispositivos com mais memória, mais
capacidade de processamento e, ainda, mais baratos do que outros instrumentos
digitais amplamente utilizados por músicos.
Além disso, os dispositivos móveis possuem a capacidade de processar tudo
o que um computador pessoal consegue processar e, portanto, podemos im-
plementar qualquer algoritmo de síntese, ltro, modulador, oscilador, etc. As
possibilidades são diversas para a criação de novos timbres. Poderíamos tanto
simular sons de instrumentos já conhecidos, quanto criar sons completamente
novos.
Temos diversas vantagens também em relação à programação para música.
Músicos podem editar partituras e ouvir os resultados, podem utilizar softwares
de acompanhamento musical, técnicas de composição algorítimica, etc. Esses
fatos colocam os dispositivos móveis no mesmo patamar que os computadores
e, de certa forma, em vantagem em relação a outros instrumentos digitais.
Em quarto lugar, os dispositivos móveis, por serem dispositivos eletrônicos
e possuirem saídas de áudio, podem facilmente ser conectados a caixas de som
para obtermos uma maior intensidade sonora. Podemos imaginar, como exem-
plo, um cenário simples no qual um tablet é ligado diretamente numa mesa
de som de uma casa de shows e o som de saída do mesmo é reproduzido para
milhares de pessoas.
Um quinto ponto, um pouco mais óbvio, envolve a mobilidade dos smartpho-
nes e tablets. Todos os leitores devem concordar que um piano não é um instru-
mento muito móvel, mas que um violão já seria. Podemos muito bem colocar
um violão nas costas e andar com ele pelas ruas, pegar um ônibus, etc. Mas

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dependendo da cidade, do horário e do ônibus, um celular dentro do bolso de
uma calça parece ser menos incômodo.
O tamanho reduzido dos dispositivos móveis pode ser encarado como um
ponto negativo se formos pensar em usabilidade. Dependendo de como o novo
instrumento for implementado, a experiência do usuário pode ser muito nega-
tiva, se formos comparar com instrumentos acústicos que foram criados pen-
sando na anatomia do ser humano. Porém, isso depende de como a interface 1
será implementada.
Interfaces sensíveis ao toque não são nenhuma novidade na história dos ins-
trumentos musicais, nem nenhuma exclusividade dos dispositivos móveis.
E.A. Johnson publicou dois artigos, um em 1965 e outro em 1967, descre-
vendo o que é considerado hoje em dia o primeiro trabalho com telas sensíveis ao
toque [25]. O computador HP-150 de 1983 foi um dos primeiros computadores
pessoais com touchscreen [26].
Telas sensíveis ao toque são utilizadas em instrumentos eletrônicos novos
como a Reactable [27] que possui uma mesa sobre a qual podemos dispor alguns
elementos, como cubos e discos, os quais são reconhecidos como componentes
que, por exemplo, geram sons ou são ltros.
Os dispositivos móveis cam em destaque, novamente, por serem mais ba-
ratos. Considerando ainda a Reactable, se o leitor desejar comprar uma deverá
desenbolsar um valor um pouco maior que nove mil euros. No entanto, conse-
guirá comprar um tablet que custa algumas centenas de dólares e o aplicativo
da Reactable por algo em torno de vinte reais [28].
Além dos pontos vistos até agora, os dispositivos móveis possuem conexão
com a rede, o que não é muito comum em outros instrumentos eletrônicos, e
isso nos permite fazer stream de áudio. Podemos facilmente transmitir áudio em
tempo real (dado uma conexão adequada) ou enviar arquivos de áudio gravados
e processados pelo próprio celular.
Por último, devemos lembrar que os dispositivos móveis possuem GPS e di-
versos outros sensores como magnético, de proximidade, acelerômetro, bússola,
etc. Esses sensores são exclusivos de celulares, tablets e são o ponto de destaque
desta seção.
As coordenadas do acelerômetro, por exemplo, podem ser mapeadas para
um outro conjunto de valores e utilizadas como entrada de ltros adaptativos.
Podemos ter um instrumento que varia completamente seu timbre conforme um
músico o movimenta no espaço.
Os sensores magnéticos e de proximidade podem ser utilizados para imple-
mentar uma interface parecida com a do Theremin, na qual a distância das
mãos (segurando uma moeda, por exemplo, no caso do sensor magnético) será
mapeada de forma a modicarmos a altura, a intensidade ou o timbre do som
sintetizado.
As possibilidades são diversas e alguns sensores, como a bússola, ainda não
foram muito explorados em aplicativos de áudio.
1 Estamos considerando a tela multitouch do dispositivo e, não, algum outro equipamento

conectado ao mesmo.

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Veremos na próxima seção qual o estado das aplicações de áudio para os
sistemas operacionais mais famosos de dispositivos móveis.

3 Viabilidade
Vimos na seção anterior algumas considerações sobre o desenvolvimento de
um instrumento musical a partir de um dispositivo móvel. Sabemos que os
smartphones e tablets lançados ultimamente possuem memória e capacidade de
processamento muito superiores aos clássicos sintetizadores digitais utilizados
amplamente na história de gêneros musicais como o rock, jazz, etc.
Porém, a própria história da computação nos mostra que o hardware sozinho
não é suciente para termos um ambiente ideal para o processamento de sinais
digitais em tempo real. Um bom exemplo disso são os sistemas Linux que,
segundo uma pesquisa feita pela VDC em 2004 chamada Linux's future in the
embedded systems market [29], não tinham uma boa aceitação no mercado da
época e o motivo principal disso eram as limitações de processamento em tempo
real. Não adianta termos, então, um celular com especicações técnicas de topo
se não temos suporte nativo para processamento de áudio em tempo real.
Vamos discutir abaixo o estado atual de dois dos principais sistemas opera-
cionais para dispositvos móveis: o Android (desenvolvido pela Google) e o iOS
(desenvolvido pela Apple).

3.1 Android

Infelizmente, é um fato de conhecimento comum que o Android possui uma


latência intrínseca muito alta. Algo em torno de centenas de milissegundos em
algumas versões [30].
Em 18 de Março de 2012, Dr. Victor Lazzarini do Departamento de Música
de Maynooth (National University of Ireland) fez um post em seu blog [31]
dizendo, em tradução livre:
"Conforme alguns de nós descobrimos muito rapidamente, a latência de áu-
dio no Android é alta. Houveram alguns esforços mostrando que, dado o apoio
do software correto, latências inferiores são possíveis. O ponto crucial, porém,
é este: nós queremos desenvolver para um sistema personalizado? A resposta,
até onde eu sei, é não."
Além desse testemunho muito importante, temos um trabalho apresentado
[32] pelo aluno de mestrado André Jucovsky Bianchi do grupo de Computa-
ção Musical do IME-USP no qual ele mostra resultados de um benchmark de
sistemas Android.

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Figura 7: Processamento de áudio em tempo real em sistemas Android. (Ima-
gem de http://compmus.ime.usp.br/)

Podemos vericar no gráco acima [32] que, de fato, alguns aparelhos de-
moram um tempo superior ao período de um ciclo mínimo de processamento
de sinais digitais para calcular a FFT (Fast Fourier Transform) de um bloco de
áudio.
A mais nova versão do Android, a 4.1 (Jelly Bean), apresenta melhorias
signicativas nesse aspecto [33], mas o Google Play ainda apresenta poucas
aplicações robustas para áudio.

3.2 iOS

Diferentemente do Android, o iOS possui um suporte muito bom para o de-


senvolvimento de aplicativos de áudio. Algums empresas muito importantes do
ramo, como a Moog Music [34] e a KORG [35], lançaram sintetizadores pros-
sionais para iOS.
O iOS SDK da Apple oferece diversas classes e protocolos para acessar as
entradas e saídas de áudio, assim como os sensores. Como não seria muito
prático, nem rápido, passarmos por tudo o que a Apple nos fornece, vamos
ilustrar como um aplicativo pode ser implementado com um artigo [36] publicado
na conferência NIME (New Interfaces for Musical Expression) em 2010.
Trata-se de "MoMu: A Mobile Music Toolkit"dos autores Nicholas J. Bryan,
Jorge Herrera, Jieun Oh e Ge Wang, do CCRMA da Universidade de Stanford.

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3.2.1 MoMu

O MoMu é um toolkit com código aberto, desenvolvido em C++ para o iOS e


que, segundo os autores, possui foco em interação musical e ênfase em usabili-
dade.
Ele fornece acesso simples e unicado aos sensores, assim como uma série de
ferramentas comuns para o desenvolvimento de aplicações de áudio como FFT,
ltros, etc. Além disso, oferece mais um conjunto de ferramentas para o desen-
volvimento do aplicativo em si, como abstrações para paralelização, produção
de telas, etc.
O MoMu fornece acesso aos sensores como um servidor de recursos de única
referência. O desenvolvedor utiliza callbacks para acessar os dados de cada sen-
sor e os aplicativos funcionam como clientes da API do MoMu que ca numa
camada acima do iOS SDK. Na sequência, iremos passar pelos callbacks apre-
sentados no artigo e, além de darmos uma breve descrição sobre eles, vamos
mostrar quais recursos do iOS SDK eles utilizam.
• MoAudio
void < AudioCallback > (F loat32 ∗ buf f er, U int32numF rames, void ∗
userData)
Encapsula o acesso à camada de áudio do iOS SDK (Remote I/O Audi-
oUnit) e lida com entrada/saída, roteamento e computação de áudio em
tempo real. Os criadores prometem canais de baixa latência e full-duplex.
Além disso, esse callback concilia entre o alto-falante, o microfone onboard
e um possível headset (com ou sem microfone).
• MoTouch
void < T ouchCallback > (N SSet ∗ touchSet, U IV iew ∗ view, conststd ::
vector < U IT ouch∗ > &touchV ec, void ∗ userData)
Fornece acesso aos toques da tela (até 5 pontos de contato simultâneos)
que podem ser obtidos em ordem cronológica, se necessário. Esse callback
utiliza as classes UIResponder, UITouch e ainda fornece para o cliente a
localização e outros atributos dos toques.
• MoAccel
void < AccelCallback > (doublex, doubley, doublez, void ∗ userData)
Fornece acesso ao acelerômetro com informações sobre os três eixos possí-
veis. Esse callback é uma abstração do protocolo UIAccelerometerDelegate
e da classe UIAccelerometer do iOS SDK.
• MoLocation/MoCompass
void < LocationCallback > (CLLocation∗newLoc, CLLocation∗oldLoc, void∗
userData)
void < CompassCallback > (CLHeading ∗ heading, void ∗ userData)
Esses dois callbacks encapsulam o CoreLocation Framework do iOS e for-
necem ao programador latitude, longitude, altitude, direção e velocidade.

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4 Aceitação/Conclusões
Uma tecnologia por mais inovadora que seja precisa ainda ser aceita por fa-
bricantes ou precisa ter um certo sucesso com seu público alvo. Temos vários
exemplos de tecnologias que resolviam o mesmo problema, mas que uma se des-
tacou em relação a outra como, por exemplo, o VHS em relação ao BetaMax e
o Blu-ray em relação ao HD DVD.
Esse mesmo quesito de aceitação existe no mercado de instrumentos musi-
cais. Ao assistirmos, por exemplo, o documentário sobre a história do Minimoog
[10] percebemos a ênfase que é dada ao fato de vários artistas terem adotado o
seu uso.
Algumas bandas não muito conhecidas pelo público geral, como One Like Son
[37] e The Ultramods [38], gravaram álbuns inteiros com iPhones ou iPads. Já
artistas mais famosos, como os Gorillaz, também utilizaram iPads na gravação
de um álbum [39]. Outro exemplo interessante é o álbum Biophilia da Björk
que teve uma versão interativa para iPad [40].
Também temos o registro de alguns artistas de Jazz (como o Herbie Han-
cock) e de Música Clássica (como o Lang Lang) utilizando dispositivos móveis,
mas ainda de forma lúdica ou para substituir notebooks na utilização de algu-
mas ferramentas musicais e, não, como instrumentos musicais em gravações ou
performances ao vivo.
Os dispositivos móveis possuem, sim, potencial para serem utilizados como
instrumentos musicais. Em algums pontos como especicação técnica, obtenção
de novos timbres e maior intensidade sonora eles se igualam e até superam outros
instrumentos musicais eletrônicos digitais.
O tamanho reduzido é um fator óbvio de destaque que pode ser considerado
positivo, pela mobilidade, ou negativo, pela usabilidade. O principais fatores de
destaque são, com certeza, o baixo preço e os diversos sensores disponíveis.
Concluímos, então, que podemos ter celulares e tablets como novos instru-
mentos musicais e que, dado algumas ressalvas, podem ser utilizados por músicos
prossionais. Dependendo também do suporte nativo dos sistemas operacionais
e da criatividade dos desenvolvedores, as possibilidades são diversas e o futuro
é promissor.

5 Referências
[1] http://en.wikipedia.org/wiki/Electric_guitar
[2] http://en.wikipedia.org/wiki/Pickup_(music_technology)
[3] http://en.wikipedia.org/wiki/Timbre#Timbre_in_music_history
[4] http://en.wikipedia.org/wiki/Debussy#Early_works
[5] http://en.wikipedia.org/wiki/Analog_synthesizer
[6] http://en.wikipedia.org/wiki/Modular_synthesizer
[7] http://en.wikipedia.org/wiki/Violin_family
[8] http://en.wikipedia.org/wiki/Minimoog
[9] http://www.vintagesynth.com/moog/moog.php

14
[10] http://www.youtube.com/watch?v=sLx_x5Fuzp4
[11] http://www.theremin.info/-/viewpub/tid/10/pid/37
[12] http://en.wikipedia.org/wiki/Theremin
[13] http://en.wikipedia.org/wiki/Invention_of_the_telephone
[14] http://www.synthmuseum.com/magazine/0102jw.html
[15] http://120years.net/machines/telharmonium/index.html
[16] http://en.wikipedia.org/wiki/Player_piano
[17] http://www.csounds.com/history/index.html
[18] http://en.wikipedia.org/wiki/Musical_instrument_classication
[19] http://en.wikipedia.org/wiki/Fairlight_CMI
[20] http://en.wikipedia.org/wiki/Motorola_6800
[21] http://www.motorola.com/Consumers/IN-EN/Consumer-Products-and-
Services/Mobile-Phones/ci.Motorola-MILESTONE-IN-EN.alt
[22] http://en.wikipedia.org/wiki/E-mu_Emulator
[23] http://www.emulatorarchive.com/Archives/Samplers/E2Overview/e2overview.html
[24] http://en.wikipedia.org/wiki/Ipad_2
[25] http://en.wikipedia.org/wiki/Touchscreen
[26] http://en.wikipedia.org/wiki/HP-150
[27] http://www.reactable.com/
[28] https://play.google.com/store/apps/details?id=com.reactable
[29] http://moss.csc.ncsu.edu/ mueller/seminar/spring06/dietrich.ppt
[30] http://www.rossbencina.com/code/dave-sparks-on-android-audio-latency-
at-google-io-2011
[31] http://audioprograming.wordpress.com/
[32] http://compmus.ime.usp.br/ubimus/pt-br/node/21
[33] http://www.gizmodo.com.au/2012/07/why-music-apps-will-sound-better-
than-ever-in-android-jelly-bean/
[34] http://itunes.apple.com/us/app/animoog/id471638724?mt=8
[35] http://itunes.apple.com/us/app/korg-ims-20/id401142966?mt=8
[36] http://www.nime.org/proceedings/2010/nime2010_174.pdf
[37] http://mashable.com/2012/01/17/rst-iphone-recorded-album/
[38] http://www.wired.com/gadgetlab/2011/04/indie-band-ipad/
[39] http://www.billboard.com/news/gorillaz-release-christmas-ipad-album-
the-1004137181.story
[40] http://itunes.apple.com/us/app/bjork-biophilia/id434122935?mt=8

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