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Aluno: Rodrigo Feliciano Costa

Data: 18/05/2018
Teoria Política
Prof. Dr. Rogério Portanova

Ficha de Leitura
ROUSSEAU
Livro III

A respeito da estruturação do governo e suas diferentes formas, Rousseau


parte, no início de seu livro III a definir claramente o que é o governo.

Governo para Rousseau é um corpo intermediário entre os súditos e os vassalos


o qual visa estabelecer a reciprocidade e resguardar tanto a liberdade civil quanto a
política. É, segundo as palavras de Rousseau “o exercício legítimo do poder executivo”.

Em analogia, toda ação humana é norteada pela vontade moral e a força da


ação prática. Sem ambas nenhuma ação se sucederia. Um aleijado que deseja correr
ou um homem dotado de plena faculdade física que não o deseja estão
impossibilitados de concorrer nessa ação. O Governo é a força do corpo político, sem
ele nenhuma ação seria possível e a manutenção da sociedade inconcebível.

Esse poder é exercido pelos magistrados, reis, governantes e limitado pelo


próprio soberano, podendo até mesmo ser alterado ou destituído de acordo com a
vontade deste. São simples empregados do soberano.

A respeito da forma de governo que mais se adequa a cada povo, Rousseau diz
que diferentes conjunturas levam a diferentes ideais. O governo deve buscar sempre o
equilíbrio entre a relação do vassalo e do soberano, e como as conjunturas mundo
afora são as mais distintas possíveis, a melhor forma de governo é aquela que
consegue satisfazer a reciprocidade e o equilíbrio dessa relação. Como exemplo
dessa diversidade de povos, ele utiliza como exemplo quais efeitos a para o governo
ao passo que a população do Estado cresce.

“O melhor governo em si, se tornará frequentemente o mais civioso, se as relação se


tiverem alterado, de acordo com os defeitos do corpo político a que pertencem”

A subversão de uma forma de governo, para Rousseau, ocorre ou quando o


governador quer legislar, o soberano governar ou ainda o povo não respeita a ordem
do governo. Daí se sucede, obrigatoriamente, o despotismo ou a anarquia. Um príncipe
jamais deve possuir uma vontade particular que ultrapassa o limite imposto pelo
soberano. Sua ação deve ser sempre pautada na vontade geral e na lei. Ao passo que
essa obrigação vai se deteriorando surge na prática um novo poder soberano, e a
sociedade política vai se afrouxar até ser dissolvida.

Das formas de governo

DEMOCRACIA

“Se houvesse um povo de deuses , ele se governaria democraticamente. Tão perfeito governo
não convém aos homens”

Rousseau alega que a democracia não convém a realidade humana e que


jamais foi uma realidade na sociedade, por causa de três fatores:

● “Contraria a ordem natural o grande número governar, e ser o pequeno


governado”;
● “É impossível admitir esteja o povo incessantemente reunido para cuidar dos
negócios públicos”;
● Qualquer comissão construída para discutir sobre determinados assuntos
alteraria o sistema de administração

“Quando as funções governamentais são partilhadas entre diversos tribunais, os menos


numerosos adquirem cedo ou tarde a maior autoridade”

A Agitação e a guerra civil são constantes dentro dessa forma de governo. Haja
vista que as desigualdades e a natural falta de consenso entre os homens envolvidos
na coisa pública levaria a discórdia e a desagregação do corpo.

ARISTOCRACIA

A aristocracia compôs as primeiras sociedades e modos de organização.


Contudo, com o aumento da desigualdade e acúmulo de riqueza, o critério da sapiência
e da maturidade - antes utilizado - foi subvertido, passando o controle do poder aquele
que detinham mais bens. E daí surgem as três formas de aristocracia; a natural
(primitiva); a eletiva (ruim) e a hereditária (melhor).

Quando estamos seguros que os sábios governarão em busca da vontade geral


este constitui a melhor forma de governo, posto que a discussão a respeito da matéria
pública do Estado e a confiança depositadas nestes, é muito maior do que em
comparação ao povo menosprezado.
MONARQUIA

“Todas as molas da máquina estão na mesma mão, tudo caminhao par o mesmo
objetivo: não há movimentos adversos que se destruam mutuamente, e não se pode imaginar
nenhuma espécie de constituição em que um esforço menor produza uma ação mais
considerável.”

Nesse modo de governo, todo poder está na mão de um único ser real e físico, o
rei. “É um indivíduo que representa um ser coletivo”. Contudo, é nesse governo que a
vontade particular seja mais facilmente posta em detrimento da geral, e acabe por
dominar estas.
É características dos reis desejaram a absolutes. “Seu interesse pessoal, está
antes de mais nada, em que seu povo seja débil, miserável, e jamais lhe possa resistir”.
Outra característica degradante dessa forma de governo é que, diferente da
república, onde os cargos são dados por mérito, o rei premia quase sempre inúteis os
quais ascendem ao poder sem necessariamente possuírem capacidade para tal.

QUAL É O MELHOR: SIMPLES OU MISTO?

“O governo simples é melhor em si pelo simples fato de ser simples. Entretanto, quando
o poder executivo pouco depende do legislativo, isto é, quando há mais relação entre o
príncipe e o soberano que entre o povo e o príncipe, é necessário remediar essa falta de
proporção dividindo o governo; porque, então, todas as suas partes têm igual autoridade sobre
os vassalos, e a divisão deslocada torna-as, todas em conjunto. Menos fortes contra o
soberano”

“o máximo de força e de fraqueza encontra-se igualmente nos governos simples,


enquanto que as formas mistas produzem uma força média.”

REFERENCIA

ROUSSEAU, Jean-Jacques. O contrato social. Coleção Os pensadores, vol. XXIV. Tradução


Lourdes Santos Machado. São Paulo: Abril Cultural, 1973. p. 07-152

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