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INTRODUÇÃO
No mesmo prisma, as imobiliárias, em sua maioria esmagadora, isso para nós não
falarmos em 100% (cem por cento), ao redigirem os seus respectivos contratos de locação,
estipulam, com respaldo no artigo 35 da Lei do Inquilinato, cláusulas que renunciam ao
direito indenizatório ou de retenção do imóvel a ser locado, mesmo em caso de benfeitorias
necessárias e úteis.
Mas, seria justo que, devido à existência de uma cláusula contratual, uma pessoa ao
alugar uma casa para si e sua família residirem, pagando religiosamente as prestações
avençadas, venha a sofrer uma limitação, para não se falar em prejuízo, ao não ser
restituída dos valores dispendidos para a conservação do imóvel?
Assim, insurgem inúmeras dúvidas quanto aos reais direitos e obrigações das partes
contratantes.
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Já no artigo 3º, caput, aparece o termo fornecedor, prescrevendo ser toda pessoa
física ou jurídica, pública ou privada nacional ou estrangeira, bem como os entes
despersonalizados, que desenvolvem atividades de produção, montagem, criação,
construção, transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização de
produtos ou prestação de serviços.
Logo, chega-se à límpida e ímpar conclusão de que as imobiliárias são uma espécie
de fornecedores, coadunando-se com o critério econômico, supra mencionado.
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2. CONCEITO DE CONTRATO
Nos dizeres de Fran Martins, o contrato é “o acordo de duas ou mais pessoas para,
entre si, constituir, regular ou extinguir uma relação jurídica de natureza patrimonial”. Os
contratantes pactuam os seus direitos e obrigações em relação a determinado objeto,
buscando os efeitos jurídicos almejados, que é protegido pelo ordenamento Estatal.
Mas para que os contratos sejam eficazes, integralmente válidos e surtam efeitos,
há necessidade de apontarmos, ainda, três princípios basilares: o primeiro é o princípio da
autonomia de vontade ou liberdade contratual, que elucida que os indivíduos, partes na
relação contratual, são livres para contratar ou não, para escolher o outro contratante e
estipular o conteúdo das cláusulas contratuais, a este último fenômeno dá-se o nome de
poder de auto regulamentação dos contratos; o segundo é o princípio da obrigatoriedade,
também chamado de princípio da intangibilidade do conteúdo contratual, este princípio
tem a sua origem do brocardo romano pacta sunt servanda, e enuncia que o contrato é lei
entre as partes e, por isso, não pode haver retratação unilateral nem revisão judicial das
cláusulas, em regra; e, por derradeiro, o princípio da supremacia da ordem pública e dos
bons costumes, na qual impõem o interesse público sobre o provado, limitando a
autonomia de vontade.
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Este tipo de contrato vem sendo a cada dia mais utilizados nas relações de
consumo, como também pelo Poder Público, que o emprega nas suas contratações em
massa, ditando regras a serem utilizadas pelas concessionárias em suas relações de
consumo.
1
MARQUES, Cláudia Lima. Contratos no Código de Defesa do Consumidor. 3 ed. São Paulo: RT, 1999, p.
58.
2
GOMES Orlando. Contrato de Adesão. São Paulo: RT, 1972. p. 3
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Assim, pelo todo o enunciado, concluí-se que, aos contratos de locação firmados
com as imobiliárias deve ser aplicado e obedecido os ditames do Código de Defesa do
Consumidor, visto a proteção contratual nos contratos de ordem pública, com o intuito de
equilibrar as partes e, conseqüentemente, dar uma maior transparência nesta modalidade
contratual.
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Nesta espécie de benfeitoria, o locatário faz jus ao direito de retenção do imóvel até
o recebimento dos gastos comprovados, mesmo que houver pedido de retomada pelo
locador, salvo se o contrato constar renúncia expressa do locatário quanto às mesmas,
posição esta que vem sendo muito discutida em nossos Tribunais, como passaremos a
estudar.
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§ 3º: São necessárias as que têm por fim conservar o bem ou evitar que se deteriore.
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Posição esta também amparada pelo artigo 4º, inciso I, deste Códex, in verbis:
O Ilustre Juiz Duarte de Paula, na Apelação 213.070, onde foi Relator, Tribunal de
Alçada de Minas Gerais, analisando a existência de cláusulas abusivas em contratos de
adesão, assim decidiu:
no art. 51, XVI, da Lei 8.078/90 (Código do Consumidor), que prepondera sobre a Lei
8.245/91, por ser norma de ordem pública, é nula de pleno direito à cláusula contratual
firmada sob sua égide, que possibilita a renúncia do direito de indenização por
benfeitorias necessárias. A despeito da nulidade, a pretensão de retenção do imóvel por
benfeitorias não pode ser acolhida, se elas não foram relacionadas com especificações,
minúcias, circunstâncias, natureza e época de construção”.(Ap. 0076084100, 7a Câm. do
TAPr, j. 10.4.95, rel. Leonardo Lustosa, JUIS-Saraiva nº 12) – grifo nosso.
4
PACHECO, José da Silva. Tratado das locações, ações de despejo e outras. São Paulo:
RT, p. 366.
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CONCLUSÃO
Logo, não há como manter uma postura dócil e pacífica frente às reiteradas lesões
aos direitos dos locatários e, conseqüentemente, a insubordinação a lei.
BIBLIOGRAFIA:
ABREU FILHO, José de. O Negócio Jurídico e sua Teoria Geral. São Paulo: Saraiva, p.
34.
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil – Parte Geral. 10 ed. São Paulo: Saraiva,
2003, p. 94.
MAZILLI, Hugo Nigro. A Defesa dos Interesses Difusos e Coletivos. 3 ed. São Paulo:
Saraiva, 2003 p.
PACHECO, José da Silva. Tratado das locações, ações de despejo e outras. São Paulo: RT,
p. 366.