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Andlisefilmica 0 personagem negro no cinema silencioso brasileiro: estudode caso sobre A fillia do advogado Arthur Autran‘ A historiografia classica do cinema brasite dos periodos mais recuados da nossa producao, f 0 evitou ay rofundar a critica ideolégica acerca jis se buscava valorlzar ao maximo o fato dos pionelros terem enfrentado mil obstaculos e mesmo assim continuarem a fazer filmes. Exemplos desta uras nao falt nos textos de Paulo Emilio Salles Gomes, Alex Viany, B. J. Duarte, Vicente de Paula Araiijo, Walter da Silveira e outros pals do discurso historiografico’. ‘Se esta posigdo teve fungao importante, pois recuperou a ‘memétia acerca dos tao desprezados quanto desconhecidos pioneis, por outo lado impediu uma anélise mais fecunda das relagdes ente cinema e sociedade. Um exemplo de manta: as questies do negro e do racismo quase nao s80 discutidas, Paulo Emilio Salles Gomes dedica brevissimo ‘comentétio em Humberto Mauro, Cataguases, Cinearte a0 forte preconceito racial expresso por Adhemar Gonzaga e Pedro Lima nas suas colunas jomalisticas na segunda metade da década de 20° e Alex Viany menciona na Introou (40 ao cinema brasileiro que Também somos imaos aborda “o problema racial entre nds", mas sao dos poucos exem- los encontrados na produgdo intelectual de ambos*. Possivelmente 0 primeiro filme brasileiro de ficgao a debater dretamente a questdo racial foi o mencionado Também somos jrmdos (1949), de José Carlos Burl, produgao da Atntida que contava com a presenga dos atores Grande Otelo e Aguinaldo Camargo, este dio membro do Teatro Experimental do Negro, drigido por ‘Abalas do Nascimento figura de proa na luta contra 0 racismo no Brasil Atrama versa, segundo o préprio Bure, sobre dois irmaos negros com destinos opostos, enquanto um entrava na marginalidade - 0 personagem interpretado or Grande Otelo ~ 0 outro se tomava advogado ~o persona- em interpretado por Aguinaldo Camargo -, apesar de todos 05 preconceitos de que era vitima®. A.questio do negro na sociedade brasileira € central. Aeranga do sistema esoravista est longe de ser superada, endo somente quanto a integragao social do negro, J4 no século XIX, um dos lideres do movimento abolicionista, Joaquim Nabuco, previa que os problemas decorrentes do ‘trabalho senile da estrutura social engendrada por ele eram

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