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DOS RECURSOS NO PROCESSO PENAL

3 Embargos de Declaração

3.1 Conceito

Os embargos declaratórios, não considerado por muitos doutrinadores como


recurso, considerado apenas como um meio de correção de decisões, tem como
finalidade a impugnação de atos decisórios que apresentem insatisfação dos
requisitos básicos para sua composição, permitindo que o magistrado corrija satisfaça
efetivamente eventuais omissões.
Segundo Aury Lopes Jr., na 12ª edição de sua obra Direito Processual Penal,
“os embargos declaratórios são instrumentos a serviço da eficácia da garantia da
motivação das decisões judiciais, pois as partes têm o direito fundamental de saber o
que o juiz decidiu, como e por que”.
O Código de Processo Penal estatui dois embargos declaratórios sendo o
primeiro exposto em seu art. 382, no qual Nestor Távora e Rosmar Rodrigues Alencar
apelidam de “embarguinhos”, forma, pela qual, é chamado devido ser oposto diante
juiz de primeiro grau, e distingui-lo dos “embargos de declaração”, art. 619, interposto
na seara dos tribunais.
Embora apontem tal distinção, consolidam que o respectivo recurso é
considerado uniformemente como “embargos de declaração”, por apresentarem
forma idêntica e possuírem uma mesma finalidade que é suprir as omissões,
obscuridades, contradições e ambiguidades das decisões.

3.2 Prazo para Interposição

Os embargos de declaração possuem como regra o prazo de 2 (dois) dias


contados da data de intimação do julgado que se busca impugnar. Tanto em primeiro
grau, quanto junto aos tribunais. Como exceção, em se tratando de Juizados
Especiais Criminais, esse prazo é estendido para 5 (cinco) dias.
3.3 Cabimento

Considerado por Aury Lopes Jr. como requisito objetivo na estrutura recursal,
os embargos declaratórios são cabíveis para impugnar decisões judiciais que
contenham obscuridade, ambiguidade, contradição ou omissão.
a) Obscuridade: no sentido de ser difícil de entender, confusa, enigmática,
vaga; (Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa)
b) Ambiguidade: decisão que se possa tomar mais de um sentido;
c) Contradição: a decisão apresenta um conflito de ideias, no qual há uma
controvérsia entre as teses ou entre estas e o dispositivo;
d) Omissão: significa a ausência de análise de tese bastante relevante
juridicamente.
Segundo este mesmo doutrinador, todo ato judicial que possua conteúdo
decisório, por mais mínimo que seja, é passível de embargos declaratórios.
De acordo com Távora faz-se necessário ressaltar que referido instrumento
deve ser oposto para correção de simples erro material, erros sanáveis a qualquer
tempo, que pode ser suscitado de ofício ou por simples petição.

3.4 Competência para julgamento

Segundo Aury Lopes Jr. Os embargos declaratórios possuem efeito interativo


ou regressivo, tendo em vista que atribuem ao próprio juiz ou tribunal, que proferiu a
decisão, a competência de reexaminá-la, ou seja, remete-se para o mesmo órgão
decisório.
O juiz que provocou o vício material na decisão, que possui a incumbência de
esclarecer eventual questionamento apontado pelos embargos, considerando que tal
esclarecimento não possui poderes para modificação da decisão, apenas serve para
tornar compreensível referida decisão.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

ALENCAR, R.R.; TÁVORA, N. Curso de Direito Processual Penal. 8ª ed. Jus


Podivm, 2013.

GONÇALVES, V. E. R.; REIS, A. C. A. Direito Processual Penal Esquematizado. 4ª


ed. Saraiva, 2015.

JR., A. L. Direito Processual Penal. 12ª ed. São Paulo: Saraiva, 2015.

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