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I
Princípios Básicos Sobre
Transmissão Digital
Distorções
Em um sistema de telecomunicações, existem diversos fatores, que podem levar à distorções
no sinal transmitido. Entre esses fatores, pode-se citar:
O sistema será considerado linear quando a referida característica de transferência puder ser
representada por uma reta, conforme mostra a Figura 1.1.
Quando essa característica não for uma reta, então, diz-se que o sistema é não linear.
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Nesse caso, é possível aproximar-se, na maioria dos casos, a característica Vs/Vi por curva
polinomial de grau n.
Observa-se que na saída surge uma frequência (2x), não sendo conservada apenas a frequ-
ência fundamental, acarretando que a forma de onda de saída surgirá distorcida, de uma
forma não linear.
Quadripolos
Seja o quadripolo Q da Figura1.2.
R = Ps/Pe
B= a) Se, Ps > Pe, então R > 1 e R é o ganho linear (G) do quadripolo. Nesse caso, o quadripolo
é dito ativo;
Princípios Básicos Sobre Transmissão Digital | 3
B= b) Se, Ps < Pe, então R < 1 e R é a atenuação linear (A) do quadripolo. Neste caso, o qua-
dripolo é dito passivo;
Relação de potências
Para se exprimir melhor uma relação de potências elétricas, é conveniente adotar uma uni-
dade logarítmica, devido a grande variação de valores.
Em 1923, a Companhia Americana de Telégrafos e Telefones (ATT) adotou uma unidade chama-
da “unidade de transmissão”, que posteriormente foi aprovada por um Comitê Internacional e
recebeu o nome “Bel”, em homenagem ao inventor do telefone Alexander Graham Bell.
Por definição, o Bel é o logaritmo decimal do número que exprime uma relação de potências
elétricas. Se R é uma relação de potências elétricas, matematicamente teríamos:
r = log R
Como esta unidade é muito grande, adotou-se, então, na prática, o submúltiplo decibel, re-
presentado por dB. Portanto, o dB é a unidade padrão de transmissão.
Solução:
Ps = 4 mW; Pe = 2 mW
R = 10 log(Ps/Pe) = 10 log(4/2) = 10log2 = 10.0,301 = 3,01 dB.
Como: r> 0, tem-se ganho e o quadripolo é ativo, com ganho de 3,01 dB.
Note, que quando a potência de saída é a metade da potência de entrada, existe uma ate-
nuação de 3 dB.
Unidades derivadas do dB
O decibel exprime a relação entre dois níveis de potência. Caso se estabeleça um deles como
padrão, podemos exprimir níveis absolutos, comparando estes com o padrão. O uso de níveis
absolutos facilita a maneira das medições.
Da mesma forma, podemos ter níveis relativos de potência de um sinal, em um ponto qual-
quer do sistema de transmissão, em relação ao nível de potência do sinal de um ponto arbi-
trário do sistema, chamado ponto de nível relativo zero.
De forma análoga, podemos ter para tensão, níveis absolutos e níveis relativos.
A seguir, serão vistas as principais unidades usadas para exprimir estes níveis absolutos ou
relativos de potência e tensão.
dBm
É a unidade que exprime o nível absoluto de potência em um certo ponto do circuito, relativo
a potência de 1mW na entrada do circuito (Pe = 1mW).
Temos:
N = 10log(Ps/Pe); N = nível absoluto de potência;
Como Pe = 1mW, então r = 10 log (Ps/1mW) = 10logPs, onde:
N está em dBm e
Ps está em mW.
NOTA:
Não se pode efetuar as seguintes operações de dbm com dbm:
a) dBm + dBm
b) dBbm * dBm
c) dBm/dBm
Pode-se efetuar as seguintes operações entre dBm e dB:
a) dBm + ou – dB = dBm
b) dBm – dBm = dB
Princípios Básicos Sobre Transmissão Digital | 5
dBr
É a unidade usada para referir o nível de potência de um sinal, em um ponto qualquer do
sistema de transmissão, em relação ao nível de potência do sinal em um ponto arbitrário do
sistema, denominado ponto de nível relativo zero.
Casos Particulares:
A unidade dBr não indica o nível absoluto de potência no ponto considerado, já que é função
do nível de potência absoluta no ponto de referência.
Exemplo:
Injetando-se um nível de -3dBm no ponto A, qual são os níveis absolutos nos pontos B e C?
Temos: NA = - 3dBm
a) Determinação de NB.
NB = NA – 4 = -3 – 4 = -7dBm. NB = -7dBm
b) Determinação de NC
NC = NB + 5 = -7 + 5 = - dBm. NC = -2dBm
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dBm0
É a unidade que indica o nível absoluto de potência no ponto de nível relativo com zero dBr.
Este ponto é denominado RTLP (Reference Transmission Level Point), o qual indica o nível
absoluto de potência em dBm do circuito.
Exemplo:
Seja a linha de transmissão hipotética da figura acima. Os níveis absoluto e relativo no ponto
A são 5dBm e –dBr, respectivamente.
Quais são os níveis absolutos e relativos nos pontos B e C? Qual é o nível dBm0 do circuito?
Ponto B:
Ponto C:
1dBm + 5dB = 6dBm (nível absoluto de potência)
Cálculo do dbm0:
No ponto A:
sibilitar a otimização da performance de transmissão deste sinais digitais com relação ao do canal
de transmissão (meio físico), bem como da performance do equipamento receptor.
O padrão de voltagem, ou corrente da forma de onda usada para representas 1as e 0s de si-
nal digital sobre um enlace é, então, denominado de codificação de linha. Após a codificação
de linha o sinal pode ser inserido diretamente no meio de transmissão, na forma de varaição
de corrente. Os tipos mais comuns de codificação de linha são: unipolar, polar, bipolar e
Manchester.
A codificação de linha não deve conter componente DC (a média do nível do sinal deve ser
0), porque não é possível o transporte da componente DC sobre longas linhas metálicas. Por
outro lado a componente DC ocasiona uma modificação nas características elétricas do sinal
no lado receptor, surgindo uma maior probalidade de erro de decodificação.
De preferência se deve escolher uma codificação de linha que possua uma estrutura, a qual
possibilite a detecção de erro de bits transmitidos. Note, que o sinal de codificado deve possuir
características físicas apropriadas para o meio físico que está sendo utilizado, por exemplo,
meios físicos metálicos, ou meios físicos de fibras ópticas. Estas características físicas são únicas
para cada tipo de meio físico, pois cada um destes meios físicos possui deiferentes comporta-
mentos com relação à interferência, distorção, capacitância, e perda de amplitude.
B= 1 = “+V”
B= 0 = “0”
Os pulsos da codificação NRZ possuem mais energia do que os pulsos utilizados na codifica-
ção RZ (veremos a seguir), porém não possuem componente DC. Para sincronismo de pulsos
NRZ é necessário a transmissão separada do sinal de relógio ao lado do sinal de dados.
O código NRZ possui a metade da banda passante necessária para a codificação RZ, sendo
usado apenas em linhas de transmissão simples, onde o transmissor e o receptor estão rela-
tivamente próximos, e possuem baixa taxa de transmissão de bits.
O código NRZ é usado no protocolo serial RS-232, sinais internos de computadores, e Ether-
net baseada em fibras ópticas (1000Base-X), entre outros sistemas.
Por outro lado a codificação NRZI, também unipolar, possui as seguintes regras:
Esta codificação é utilizada é usada em “Compact Disk” (CD), “Universal Serial Bus” (USB) e
em Ethernet baseada em fibras ópticas trabalhando a 100Mbps (100Base-FX).
1 = “+”
0 = “-”
1 = Transição do “0” para “+” no início do intervalo de tempo. Transição do “+” para “0” na
metade do intervalo de tempo.
0 = Transição do “0” para “-” no início do intervalo de tempo. Transição do “-” para “0” na
metade do intervalo de tempo.
A variante Retorno a Zero Invertido (RZI) inverte os valores das codificações de 1s e 0s.
A codificação Manchester não possui componente DC o que torna mais simples o processo
de regeneração do sinal, bem como economia de energia.
Componente de Nível DC
Quando a probabilidade de ocorrência de símbolos 1s e 0s é igual não existe componente
DC. Entretanto, tratando-se de longas seqüências de 1s, ou 0s, surge uma componente DC,
conforme ilustra a próxima figura.
O fato acima comentado ocasiona grandes problemas em redes que utilizam acoplamento
AC através de capacitores, transformadores e amplificadores AC, pois a resposta de freqü-
ência é prejudicada na parte da componente DC. O resultado disto é que o sinal se desloca
para o nível 0, em longos períodos de 0s, o que reduz a margem de erro, e isto ocasiona o
aumento da taxa de erro de bit, que pode ser evitado, através do uso do código Manchester,
o qual é utilizado em Redes Locais de Computadores (LANs). A figura a seguir mostra a forma
dos pulsos Manchester (parte superior), e um exemplo de seqüência de bits com codificação
Manchester.
Para controlar a quantidade de banda passante necessária pode ser utilizado um filtro a fim
de reduzir a banda passante para menos de 1HZ por bit/s, e mesmo assim não perder ne-
nhuma informação, durante a transmissão dos bits. Entretanto, por razões práticas (e para
maior controle da banda passante, especialmente em sistema de rádio), a maioria dos modu-
ladores BPSK escolhem a freqüência da portadora muito mais alta que a taxa de transmissão
de bits, resultando em maior eficiência da filtragem da banda passante, sendo entretando,
preservada a propriedade de 1Hz/bps.
NOTA:
Na codificação Manchester Diferencial se 1 é representado através de uma transição,
o 0 é representado através de duas transições e vice-versa.
O Código AMI (“Alternate Mark Inversion”), é um código pseudo-ternário, cujo valor binário
“0” é alternadamente representado por impulsos negativos e positivos e o valor binário “1”
é representando pela ausência de tensão.
1) Transformação dos pulsos NRZ para RZ (Return to Zero): Os pulsos positivos correspon-
dentes ao valor binário “1”, passam a ocupar a metade do tempo do bit.
2) Inversão de polaridade dos pulsos alternados: Os pulsos apresentam dois níveis de ten-
são, positivo e negativo. Os 1s transmitidos de forma alternada, onde nunca poderão existir
dois pulsos consecutivos de mesma polaridade, conforme ilustra Figura 1.32. Note, que o
sinal bipolar possui na verdade três estados possíveis (pseudoternário):
¨ positivo
¨ negativo
¨ zero
12 | Rede de Computadores – Convergência das Redes
Uma das vantagens do sinal AMI é a possibilidade de eliminação da componente DC, porém
este código possui também algumas desvantagens, como, por exemplo, o sincronismo. Para
evitar isso, outras formas de sinal ou código foram desenvolvidas. Um desses códigos, que
tembém é recomendando pelo CCITT (Recomendação G703), é denominado HDB-3, o qual é
utilizado em sistemas PCM.
O código HDB-3 é na verdade uma complementação do código AMI, e tem por finalidade
evitar seqüência longa seqüência de zeros, sempre introduzindo-se um pulso “V” (violação
de bipolaridade), ou um V e um bit falso (B), em determinada condição.
¨ Se a violação anterior “V” foi de sinal oposto ao “1”, imediatamente anterior aos
quatro “zeros”, adiciona-se o pulso de violação após o terceiro zero, com polarida-
de igual ao pulso “1” anterior.
¨ Se a violação anterior “V” foi do mesmo sinal que o “1”, imediatamente anterior
aos quatro “zeros”, adiciona-se no primeiro intervalo de tempo após o “1” de refe-
rência acima detalhado, um bit “1” de polaridade oposta a este bit “1”, denomina-
do de pulso falso. Os dois intervalos seguintes serão zero, seguido de um pulso “V”
de mesma polaridade que o pulso falso.
A adição de pulsos de violação e pulsos falsos tem como objetivo, quebrar a alternância de
polaridade no conjunto de quatro zeros e, ao mesmo tempo, manter a componente DC pra-
ticamente igual a zero ao longo do trem de pulsos.
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Resumo:
2) O 4º espaço da seqüência será sempre substituído por uma violação (um pulso de mes-
ma polaridade que o último pulso do sinal).
3) O 1º espaço da seqüência será sempre substituído por uma marca (pulso de polaridade
oposta ao último pulso presente no sinal), somente, quando o pulso que o precede imedia-
tamente for uma marca de polaridade igual a da última violação ocorrida, caso contrário será
representada por um zero.
A próxima figura mostra a comparação entre uma determinada seqüência de bits TTL, e na
codificação HDB-3. Observe, que apesar desta referida figura mostrar os pulsos HDB-3 no
formato NRZ (apenas para facilitar a compreensão), na realidade, os pulsos HDB-3 são do
tipo RZ.
Multiplexadores
Multiplexação é a técnica de transmissão de múltiplos canais de dados em um único meio
de transmissão.
Multiplexadores Determinísticos
A multiplexação por divisão de tempo determinística é um processo no qual é reservado um
intervalo de tempo (sub-canal) para cada canal de transmissão compartilhado (canal prin-
cipal). Este tipo de multiplexação também é denominada de Multiplexação por Divisão de
Tempo Síncrona.
Observe na próxima figura, que um mux TDM (“Time Division Multiplex”) síncrono compar-
tilha um canal síncrono, para os dados provenientes dos canais secundários do mux, inter-
calando bits ou caracteres em um quadro (“frame”), transmitindo-o com uma taxa de trans-
missão, que suporte o acima referido. Se compararmos a um mux FDM, o TDM é geralmente
mais eficiente, desde que se utilize toda a banda disponível do canal principal. Um TDM, por
exemplo, pode operar com taxas de transmissão de 4800, 7200 e 9600 bps, onde um FDM
está limitado praticamente a velocidades até 2000 bps.
No entrelaçamento de bits é feita uma gravação em paralelo nos canais secundários e uma
leitura serial no canal principal, onde o relógio (“clock”) de leitura é n vezes o clock de grava-
Princípios Básicos Sobre Transmissão Digital | 15
ção. Note, que os bits de cada canal secundário são introduzidos canal principal, a fim de que
as informações dos canais secundários fiquem entrelaçadas bit-a-bit no canal principal.
A frequência do relógio R1 é 8 vezes maior que a freqüência do relógio R2, uma vez que são
necessários 8 transições do relógio R1 para o armazenamento de um byte completo.
Após a transferência paralela o sinal é transmitido com um “clock” N vezes mais rápido do
que R1, onde N é o número de canais multiplexados, a fim de que no tempo em que um canal
secundário transmite um byte, o canal principal possa transmitir N caracteres. Por exemplo, se
tivermos 4 canais secundários a 1200 BPS, teremos: R1= 1200Hz, R2= 150Hz e R3= 4800Hz.
Deste modo, o sinal digital síncrono transmitido no canal multiplexado será formado sucessiva-
mente por um byte do canal A, depois um byte do canal B e assim por diante até o canal N.
Este método, apesar de ser mais complexo que o anterior, consegue preservar a composição
dos bytes. Deve-se observar também, a correta seqüência dos relógios R1, R2 e R3, que de-
vem ter a mesma origem.
NOTA:
Os terminais assíncronos utilizam o método de transmissão assíncrona, o qual trata-se
um método de transmissão onde cada byte é transmitido separadamente, sendo que
entre outras características, são introduzidis os bits de “start” (início), antes do byte de
informação e “stop” (fim), após o último bit do byte de informação, para possibilitar
o correto recebimento dos bytes pelo receptor (sincronismo entre o transmissor, e o
receptor).
A multiplexação permite, que antes de ser transmitido o pacote acima detalhado, seja sub-
traído o seu “start”, e seu “stop” bits. Estes bits retirados durante a multiplexação são reco-
locados ao serem demultiplexados no extremo remoto, desta forma são transmitidos apenas
oito bits no canal principal, dos dez bits recebidos no canal secundário, transmite-se apenas
8 bits no canal principal dos 10 bits recebidos do canal secundário, melhorando-se assim a
performance do sistema.
NOTA:
O PCM, o qual será estudado a seguir, utiliza o método de transmissão síncrona, no
qual é utilizado um byte para sincronismo, entre o transmissor e o receptor, a fim de
possibilitar o correto recebimento do quadro transmitido.
Note que se um sub-canal de multiplexador TDM síncrono não estiver transmitindo dados, o
intervalo de tempo corresponde a este sub-canal será perdido, pois ele fica reservado a este
sub-canal, independente do tráfego no mesmo.
A técnica TDM determinística é também chamada de TDM síncrona, pois o par de multiple-
xador/demultiplexador trabalha sincronizado em relação aos “time slots”.
Conforme já foi detalhado, é necessário, o sincronismo entre os mux’s TDM, para possibilitar
que receptor consiga identificar o início de cada novo quadro de dados multiplexados.
Os modems analógicos de alta velocidade V.29 do CCITT podem ser implementados com um
multiplexador TDM determinístico com até quatro canais secundários.
Multiplexadores Estatísticos
A multiplexação por divisão de tempo estatística difere do TDM determinístico porque não
dedica um espaço de tempo fixo para cada canal multiplexado, e sim, só para os canais ativos
no momento. Desta forma, na multiplexação estatística, em condições de sobrecarga, ou
seja, quando a capacidade de transmissão no meio de transmissão é menor do que o tráfego
entregue ao sistema, o mux é incapaz de acomodar as informações de todos os terminais
no canal multiplexado (canal principal ou canal de alta velocidade) e torna-se importante a
existência de esquemas de fila (“queue”) e estatísticas.
A idéia fundamental do multiplexador estatístico é empregar a propriedade de sistemas TDM.
A diferença é que o mux estatístico só atribui intervalos de tempo de tempo aos canais ativos
no momento da montagem do quadro. Desta forma, a taxa de transmissão no canal principal
não é necessariamente, o somatório das taxas de transmissão dos canais secundários.
Se o multiplex fosse do tipo determinístico, o intervalo de tempo destes canais ficaria re-
servado no canal principal, mesmo sem tráfego de dados. Por outro lado, o quadro do tipo
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estatístico contem apenas os intervalos de tempo dos canais ativos, e não reservados inter-
valos de tempo para os canais inativos. Conseqüentemente, o quadro estatístico possibilita a
ocupação racional da banda disponível.
Atente para o fato de que um elevado número de informações de controle e endereço dentro
de um quadro de dados aumenta o tráfego não destinado às informações originadas pelos
próprios terminais (“overhead”).
Na figura, observa-se que o fluxo de dados de/para os canais principais é controlado por um
processador de canais secundários, o qual é o responsável pela memorização, e leitura do
“buffer” de dados.
Os dados memorizados, pelo processador secundário, no “buffer” são lidos pelo processa-
dor principal, que procede a montagem dos quadros, e os transmite através do(s) canal(is)
Princípios Básicos Sobre Transmissão Digital | 19
NOTA:
Estudaremos com detalhes o assunto “Protocolos de comunicação” no capítulo sobre
“Protocolos”.
No sentido contrário, os dados que chegam no mux pelo(s) canal(is) principal(is) passam por
uma rotina do processador para a checagem de erros de comunicação. Após etapa de detec-
ção de erros eles são memorizados nos “buffers” correspondentes a cada canal secundário
do mux. A partir daí o processador secundário encarrega-se de ler os dados da memória, e
entregá-los aos respectivos canais secundários.
a) Flag: O flag é o delimitador do frame. Possui uma seqüência fixa 01111110 e é colocado
no início e no fim de um quadro. Esta seqüência é protegida ao longo do quadro pela inserção
do bit “stuffing”, que é um bit zero, o qual é inserido na transmissão, sempre após o quinto
bit um, e retirado na recepção.
b) Campo de Endereço: Como no caso do mux estatístico sempre temos uma ligação ponto-
a-ponto, este campo é utilizado como controle para o mux.
e) Campo de Verificação de Erros: Este campo é utilizado para proteger o frame de possí-
veis erros inseridos pelo canal de comunicação. É utilizado um polinômio gerador conforme a
recomendação V.41 do CCITT para a geração do FCS (“Frame Checking Sequence”) utilizando
a técnica CRC (“Cyclic Redundancy Checking”).
A distribuição dos intervalos de tempo aos canais ativos, quando automática, é proporcional
ao conteúdo do “buffer”, isto é, aquele terminal que transmitir mais durante um determina-
do espaço de tempo, ocupará maior tempo no frame. Esta é justamente a filosofia do mux
estatístico.
A identificação do pacote de dados pode ser feita de diversas formas: adicionando um ende-
reço para cada pacote, juntamente com o número de bytes deste pacote, identificando a fal-
ta de um canal secundário no quadro, utilizando um campo de controle para identificar quais
os são os canais ativos e inativos entre outras. A melhor solução será aquela que apresentar
o maior controle com o menor “overhead”.
De acordo com o teorema da amostragem, o sinal telefônico analógico, que tem sua maior
freqüência igual a 3400Hz deve ter uma amostragem de no mínimo 6800Hz (2*3400Hz), a
fim de que não ocorra perda de informação referente ao sinal original, quando da sua recon-
versão no destino, através do equipamento receptor.
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Tendo em vista uma maior adequação, sob o ponto de vista tecnológico, adotou-se a freqü-
ência de amostragem em 8000Hz (a nível internacional).
Um sinal PAM, gerado a partir de um sinal telefônico analógico, não é ainda adequado para
transmissão à longa distância, pois está sujeito à atenuações e distorções. Caso ocorram er-
ros, estes resultam em uma mudança na forma do pulso recebido com prejuízo da qualidade
de transmissão. Para minimizar estes efeitos é necessário que o sinal PAM seja convertido em
sinal digital (seqüência de 0s e 1s).
A quantização é o processo através do qual estes sinais PAM são codificados em sinais digi-
tais. O processo de quantização consiste em introduzir no terminal de origem da transmissão,
um determinado número de níveis discretos em amplitude e fazer a comparação entre o sinal
PAM e o nível discreto mais próximo. Na outra extremidade da linha de transmissão, deve-se
executar a operação inversa, ou seja, fazer a recuperação destes pulsos para um nível discreto
semelhante ao sinal PAM original. Para se determinar os níveis discretos de quantização, uma
faixa completa de valores de amplitude possíveis é dividida em intervalos de quantização.
A figura a seguir mostra o processo de quantização, a qual segue a lei A (padrão europeu).
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Os níveis de quantização variam de -128 a +128 perfazendo 256 níveis de quantização. Ob-
serve na figura acima, que um sinal PAM a qual foi quantizada com o nível 107 obterá a
codificação 1101011 em numeração binária.
No lado receptor, todas as amostras, que na origem estão enquadradas dentro de um mesmo
intervalo de quantização, são recuperadas pelo valor médio do intervalo de quantização que
lhes deu origem. Isto causa pequenas discrepâncias que ocorrem entre as amostras do sinal
telefônico original no lado da transmissão, e os valores recuperados. A discrepância para
cada amostra pode ser de até metade de um intervalo de quantização. Em virtude disto, a
distorção de quantização poderá elevar-se no lado da recepção e manifestar-se como um
ruído sobreposto ao sinal útil. A distorção de quantização diminui quando o número de inter-
valos de quantização é aumentado.
Os sistemas de transmissão MCP (PCM) utilizam um código binário composto por 8 dígitos e
por 256 intervalos de quantização não uniformes. Cada amostra com seu valor em amplitude
é codificada em binário (“0” ou “1”) com 8 dígitos, antes da transmissão. A codificação pro-
priamente dita, se dá na quantização, que conforme mostra a figura acima, é elaborada com
sete dígitos. O primeiro bit da palavra de oito dígitos indica a polaridade da amostra PAM
(positiva ou negativa).
Se a codificação PCM fosse linear teríamos, que as amplitudes dos sinais de entrada no codificador
teriam as mesmas amplitudes dos sinais de saída (Ve = Vs), conforme indica a próxima figura.
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Na realidade a codificação PCM é elaborada de acordo com a lei μ (E.U.A. e Japão), ou com a
lei A (Europa e Brasil), de acordo com as expressões matemáticas abaixo apresentadas:
Lei μ
ln (1 + 255Ve )
Vs = sign(Ve )
ln (256)
Lei A (A = 87,6)
A
Vs = Ve
l + ln (A) , |Ve| ≤ 1/A.
sign(Ve )
Vs = (1 + ln(AVe ))
1 + ln( A) , 1/A ≤ |Ve| ≤ 1.
O sinal digital possui um elevado grau de imunidade contra ruídos, podendo-se dizer, que os
sistemas MCP podem ser invulneráveis a ruído por regeneração e retransmissão ao longo do
caminho físico do sinal.
No lado receptor, o sinal binário é demultiplexado, ou seja, as palavras binárias referentes aos
diversos canais são separadas do trem de pulsos de 2Mbit/s, e cada palavra binária, de cada
intervalo de tempo, é decodificada na mesma seqüência em que foram amostradas recebendo
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um nível, reconstituindo-se assim, o sinal PAM original. Finalmente, as amostras PAM passam
por um filtro “passa-baixa”, reproduzindo-se desta forma, o sinal analógico original.
Todos os canais têm taxa de transmissão de 64Kbps o que importa em uma taxa total de
2.048Kbits. Os quadros são agrupados em superquadros constituídos de 16 quadros, com um
período de 2 milisegundos.
O alinhamento do sistema é essencial, pois é necessário, por exemplo, que o canal 1 transmi-
tido, seja corretamente identificado no lado receptor como canal 1. Idêntico procedimento
deve ser realizado para os demais canais. Para garantir este alinhamento utiliza-se uma pala-
vra padrão para o alinhamento de quadro, gerado no lado do transmissor e usado como refe-
rência para todos os bits subseqüentes, até a próxima palavra de alinhamento de quadro.
Nos quadros pares dos ITCs 0, encontram-se distribuídos os bits que formam as “palavras de
sincronismo ou de alinhamento de quadro”. Nos quadros ímpares, dos ITCs 0, encontram-se
distribuídos os bits que formam as “palavras de serviço” (palavras que podem assumir distri-
buições particulares e que transportam informações de alarmes, conforme já foi visto acima).
O bit 3, quando assume o valor 1, pode significar falha na alimentação, falha de codificador/
decodificador, falha do sinal de entrada de 2048Kbps, perda de alinhamento de quadro e taxa
de erro do sinal de alinhamento de quadro maior que 10-3.
NOTA:
Quando o terceiro bit da palavra de alinhamento de quadro for igual a 1, por três ve-
zes, fica caracterizada a perda de sincronismo. Quando o terceiro bit da palavra de ali-
nhamento de quadro for igual a 0, por duas vezes, fica caracterizada a resincronização
de quadro. O tempo de recuperação de sincronismo de quadro é da ordem de 0,5ms.
não houver alarme do multiquadro a ser enviado, ou será 1 quando houver alarme do mul-
tiquadro a ser transmitido. A perda de sincronismo do multiquadro ocorre quando duas pa-
lavras de sincronismo do multiquadro consecutivos apresentarem erro. A recuperação deste
sincronismo ocorrerá quando a primeira palavra de sincronismo do multiquadro for detecta-
da como correta. A palavra de sincronismo do multiquadro já foi mostrada acima.
O ITC16 é dividido em três partes a partir do quadro 1 até o quadro 15. Os quatro primeiros bits
são utilizados para transmitir sinalização associada aos canais de voz de 1 a 15 (bits 1 e 3). Os
bits 2 e 4 são colocados em 1. Os outros três bits seguintes são utilizados para transmitir sinali-
zação associada aos canais 16 a 30 (bits 5 e 7) e o bit 8 é utilizado para transmitir informações
comuns entre microcomputadores (quadros ímpares, os bits 8 dos quadros impares do ITC 16
formam um byte, ou seja, um conjunto de 8 bits), ou são colocados em 1 (quadros pares).
NOTA:
A sinalização por canal comum pode ser também transmitida via ITC 16. Neste caso, o
ITC 16 é utilizado para transmitir informações comuns, da seguinte forma:
Para que isto seja possível é necessário que os sinais de relógio dos dois terminais permane-
çam sincronizados dentro de uma faixa média de variação permissível. Considerando um sis-
tema completo de transmissão (transmissor A receptor B, transmissor B receptor A) é usual
que cada terminal de transmissão tenha seu próprio relógio. Entretanto, às vezes, é prático,
por exemplo, que o terminal transmissor A proporcione sincronismo para o terminal receptor
B. Neste caso, diz-se que o terminal receptor B é “escravo” do terminal transmissor A (mes-
tre). No entanto, no sentido inverso, o receptor A será escravo do terminal transmissor B
(mestre); Conseqüentemente, todos os quatro terminais estarão funcionando à mesma taxa
originada no terminal transmissor A, uma vez que o sinal de relógio recebido no receptor B é
recuperado do sinal enviado pelo transmissor A e enviado pelo transmissor B ao receptor A.
Codificação de linha
Com o objetivo de evitar que os sinais digitais, principalmente os relativos a dados, ao se-
rem transmitidos, sofram distorções muito acentuadas (o que impedirá a sua perfeita iden-
Princípios Básicos Sobre Transmissão Digital | 27
Para a construção de um código HDB-3 existem regras tanto para codificá-lo como para de-
codificá-lo.
A vantagem dessa técnica é que são necessários menos bits para a codificação do erro do que
na codificação de uma amostra utilizado pelo PCM.
Existem dois tipos de modulação, que utilizam as técnicas de codificação: a modulação delta
(DM) e o PCM diferencial (DPCM).
Observe na figura acima que o integrador realimenta a entrada ( x (t )). Denomina-se erro de
predição ao valor de x(t) – x’(t). Esse erro é quantizado e usado na próxima predição. A pró-
xima figura mostra o sinal modulado.
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No demodulador existe um filtro passa-baixo, conforme mostra a próxima figura, o qual re-
cupera o sinal analógico original.
A modulação sigma-delta, na qual são utilizados componentes com mais larga integração, é
uma evolução da modulação delta.
Na modulação delta adaptativa (ADM) o desempenho de um modulador delta pode ser mui-
to melhorado, se o passo de quantificação (Δ) for ajustado em função do sinal de entrada, de
modo a eliminar a saturação de declive, conforme indica a próxima figura.
O declive do quantificador deve ser superior ou igual à variação máxima do sinal de entrada
para se evitar a saturação de declive. Quando L >> 1 a frequência de amostragem fs pode ser
no mínimo fs = 2fmax.
Por outro lado, a comunicação de dados sem estrutura de quadros é um fluxo de dados biná-
rios de forma contínua, sem estrutura interna de quadros, onde, porém podem ser transpor-
tados os pacotes dos protocolos de comunicação de dados.
A comunicação de dados sem estrutura de quadros pode ser efetuada através de uma varie-
dade de interfaces, e com uma variedade de métodos de codificação.
Informações sobre tempo podem estar embutidas nos dados. Nesse caso o receptor extrai o
relógio (“clock”), antes que o valor dos bits possa ser determinado. Alternativamente, o reló-
gio pode acompanhar os dados numa linha separada, de modo esteja disponível diretamente
para uso pelo receptor.
Para se estudar as linhas de transmissão se consideram trechos muito curtos dessas linhas, e
desta forma se adotam os parâmetros como concentrados nestes curtos trechos da linha de
transmissão, a fim de aplicar a teoria dos circuitos comuns, para analisar o comportamento
das linhas de transmissão.
Considerando-se o acima exposto, quando se aplica uma tensão na entrada de uma linha
de transmissão com comprimento infinito, surgirá uma corrente de entrada proporcional à
tensão, e inversamente proporcional à impedância de entrada da linha de transmissão. Esta
impedância de entrada é denominada de impedância característica da linha de transmissão
(Zo), a qual conforme já detalhamos acima, independe da impedância de carga inserida na
sua terminação.
Se uma linha de transmissão possui comprimento finito, porém a resistência de carga na sua
terminação for exatamente igual à impedância característica, a tensão e corrente que surgi-
rão na linha de transmissão não sofrerão alterações na impedância de carga, e desta forma
nada será alterado, e tudo se passa como se essa linha de transmissão tivesse comprimento
infinito. Este fato se denomina “casamento de impedância”, que significa dizer que a impe-
dância de carga (Zr) é igual a impedância característica da linha (Zo).
Existirá, então, ao longa da linha, uma onda caminhante com tensões distribuídas e correntes opostas.
A somatória da onda incidente com a onda refletida gera uma onda estacionária, e os valores
de tensão e corrente medidos ao longo da linha irão apresentar os valores dessa onda esta-
cionária. Note, que um voltímetro comum mede a voltagem referente à onda estacionária.
Se você desejar medir a voltagem ao longo da linha apenas da onda refletida, deverá utilizar
um equipamento de teste denominado “refletímetro”, o qual consegue informar as volta-
gens das ondas refletida e incidente, separadamente.
Abaixo mostramos os parâmetros mais importantes das linhas de transmissão.
P = Constante de propagação
A = Constante de atenuação
F = Constante de fase
NOTA:
Não se pode dizer que y = 1/(R) + 1/(jX). Apesar de que a impedância e a admitância
são números complexos, eles não são considerados “fasores”, pois os “fasores” são
representações de funções senoidais, as quais variam com o tempo, e Z e Y não variam
em relação ao tempo.
32 | Rede de Computadores – Convergência das Redes
dV = I.Z´dx
dI = V.Y´dx
Z’ = R’ + j*w*L’(1)
Y’ = G’ + j*w*C’(3)
Zo = (Z’/Y’)1/2(4)
P = (Z’*Y’)1/2 = A + j*F(6)
A constante de atenuação (A) é medida em Neper, portanto adota-se neste caso “An”:
Costuma-se trabalhar com atenuações em dB. Neste caso a constante de atenuação é repre-
sentada por AdB. Conforme já detalhamos anteriormente, dB = 10.log(Ws/We), onde Ws é
potência de saída e We é a potência incidente.
(Ws/We) = e2.An
AdB = 10.log(Ws/We)
(Ws/We) = 10(AdB/10)
e2.An = (e)[(2,3.AdB)/10]
Princípios Básicos Sobre Transmissão Digital | 33
2An = (2,3.AdB)/10
O que significa dizer, que, por exemplo, uma atenuação de 3dB é aproximadamente igual a
uma atenuação de 0,3454Nepers.
A velocidade de fase (Vf) é a velocidade com que uma onda se desloca. A fase é determinada
pela parte imaginária de P.
Vf = w/F(9)
λ= Comprimento de onda
F = 2.π/λ(10)
Vf = 2.π.f/(2.π/λ) = λ.f
Vf = λ.f (11)
Tratando-se de linhas de alta freqüência, o estudo torna-se mais simples do que o estudo de
linhas com baixa freqüência, pois neste caso, os efeitos reativos predominam sobre os efeitos
resistivos. Desta forma, podemos considerar que a resistência da linha é desprezível em rela-
ção à reatância indutiva, e a condutância é desprezível ante a admitância capacitiva.
Zo = (L’/C’)1/2(12)
P = j*w*(L’*C’)1/2(13)
Portanto:
F = w*(L’*C’)1/2(14)
Exemplo numérico:
Um gerador aplica 1V a 1000Hz em uma linha telefônica com 100Km de comprimento, ter-
minada em uma resistência de 200Ω. As características desta linha de transmissão estão
apresentadas abaixo:
Z’ = 10,4 +j*2*π*1000*0,00367 = 25
Zo = Zo = (Z’/Y’)1/2 = 690
A = 0,00755; F = 0,0355
Uma linha de transmissão sem perda possui R’=G’=0, daí P = j*w*(L’*C’)1/2, e A = 0 para
todas as freqüências.
Linhas dispersivas
Na prática, as linhas de transmissão causam perdas impossíveis de serem eliminadas, principal-
mente devido a resistência série da linha (R’). Neste caso, A e F tornam-se funções da freqüência,
o que significa dizer, que os vários componentes com diferentes freqüências são transmitidos com
diferentes atenuações e velocidades, o que acarreta na dispersão da onda transmitida.
Exemplo numérico:
Uma linha de transmissão com 20Km de extensão recebe na entrada, a seguinte onda (am-
plitude em função do tempo):
Abaixo, mostramos as características desta linha de transmissão por quilômetro. Qual será a
fórmula do sinal, estando a linha de transmissão terminada em uma impedância igual a Zo?
Princípios Básicos Sobre Transmissão Digital | 35
O sinal recebido possuirá então a seguinte fórmula, já que a linha possui casamento de im-
pedância:
Vr(t) = 4,4V*sen[2*π*(1000)*t + 6,2] + 1,2V*sen[2*π*(3000)*t + 12,4]
Podemos representar esta linha de transmissão por uma sucessão de indutores e capacito-
res, como mostra a figura a seguir.
Por outro lado a tensão ao longo de x também varia em função da carga acumulada pela
capacitância, a qual pode ser calculada através da diferença de corrente dI = I(x + dx) – I(x)
entre x e x + dx, conforme mostramos a seguir.
A figura 1.30 mostra o esquema explicativo do que é capacitância mútua e indutância mútua.
A indutância mútua é responsável pela indução de corrente na linha adjacente, a qual possui
sentido contrário ao sentido da corrente inserida na linha de transmissão (Lei de Lenz). Por
outro lado, a capacitância mútua ocasiona a passagem de corrente de uma linha para outra,
a qual flui em ambas as direções.
Levando-se em consideração que no caso do “near crosstalk” as correntes ICm e ILm sempre
se somam essa corrente resultante é positiva. Por outro lado, o “far crosstalk”, pode ser po-
sitivo, ou negativo, dependendo dos valores de ICm e ILm.
A figura 1.32 esclarece fisicamente a obtenção das correntes Inear e Ifar referentes aos
“crosstalk” “near” e “far”, respectivamente, para um pulso do sinal de dados. Nessa figura,
Ta representa o tempo de atraso de propagação do pulso de dados ao longo da linha de
transmissão e Tp representa o tempo de propagação do sinal na linha (atraso total).
38 | Rede de Computadores – Convergência das Redes
Observe na parte superior direita da figura acima, que o pulso referente ao “near crosstalk”
é bem mais largo que o pulso referente ao “far crosstalk” para T = 2Ta.
Filtros
Podemos definir um filtro como um dispositivo capaz de atenuar a quantidade de energia
presente em sinais com determinadas freqüências, ou faixas de freqüências, e de não atenu-
ar o restante das freqüências disponíveis no sistema. Desse modo as freqüências não atenu-
adas são, digamos, filtradas. Os filtros podem, entre outros, serem classificados como:
Filtros Passa Alta e Passa Baixa: Permitem a passagem do sinal com freqüência acima (Passa-
Alta, High Pass, ou Low Cut) ou abaixo (Passa-Baixa, Low Pass, ou High Cut), respectivamente,
de uma determinada freqüência, a qual é denominada de freqüência de corte. Na realidade,
a freqüência de corte é a freqüência na qual o nível do sinal sofre uma atenuação de 3dB em
relação aos níveis dos sinais que são filtrados, conforme mostra a próxima figura.
Na figura acima o slope é a curva que mostra a atenuação dos sinais que não estão sendo fil-
trados. Note, que no caso da figura acima os filtros não proporcionam um corte abrupto dos
sinais, uma vez que a inclinação do slope não possui um ângulo próximo de 90 graus. Note,
que quanto mais acentuada for a atenuação dos sinais a partir da freqüência de corte, maior
é o slope, e quanto mais suave for essa atenuação, menor é o slope. Os valores do slope são
geralmente calculados em dB por oitava (dB/8va), ou seja, pela quantidade de dBs atenuados
a cada oitava acima (ou abaixo) da freqüência de corte. O slope também pode ser determina-
do através do seu “número de ordem”, onde cada ordem equivale a 6 dB/8va. Por exemplo,
a terceira ordem significa uma atenuação de 3x6 = 18 dB/8va. Note que quanto maior for a
ordem do filtro, mais preciso é filtro. Por outro lado, os filtros de ordem alta são mais difíceis
de serem fabricados e mais caros.
Passa Banda (ou Faixa): Pode ser definido como uma combinação dos filtros Passa-Alta e
Passa-Baixa, para o qual existe uma freqüência de corte inferior e uma superior, conforme
ilustra a próxima figura.
Notch: São filtros projetados para rejeitar uma faixa bastante estreita de freqüências, dentro
de uma faixa larga de freqüências, conforme mostra a próxima figura.
Esta teoria matemática considera o tráfego dos pacotes no meio de comunicação, segundo
uma distribuição de Poisson, onde a probabilidade de exatamente n mensagens chegarem
em s segundos é calculada de acordo com a fórmula abaixo apresentada:
Pn (s) = {[(RMC*s)n]/n!}*e(-RMC*s)(1)
RMC*s = Razão média de chegada dos pacotes (RMC), também denominada de razão de
tráfego, no intervalo de tempo s (s).
Utilizando-se segundo, para a medição do intervalo de tempo s, a RMC deve ser em pacotes
por segundo.
IT = TMS/TMCP(2)
UL = RMC*TMS(3)
Observe, que o UL pode chegar no máximo a 1, o que representa 100% de utilização da linha
de comunicação (trabalha 100% do tempo).
Quanto maior for a UL, maior é a quantidade de pacotes que trafegam no meio de comuni-
cação, e conseqüentemente maior é o tempo de espera dos pacotes na fila, para que sejam
entregues ao destinatário, aumentando assim, a “Fila de espera” dos pacotes. Quando a UL
chega a 1, a linha fica saturada, e neste caso, o meio de comunicação está trabalhando 100%
do tempo.
Na prática, adota-se UL abaixo de 70% e no máximo 90%, pois quando a UL tende a um a fila
de espera, aumenta significantemente, e na saturação, tende ao infinito. Além disto, o tempo
de resposta e limitação do volume de memórias dos equipamentos exigem a adoção da UL
conforme acima especificada.
O tempo médio de espera dos pacotes na fila de espera (TME) pode ser calculado conforme
a fórmula abaixo apresentada:
Princípios Básicos Sobre Transmissão Digital | 41
A quantidade média de pacotes esperando na fila (QMP) é calculada segundo a fórmula abaixo:
Exemplo numérico:
Considere que chegam pacotes em uma linha de transmissão de dados conforme a distribuição
de Poisson, com uma razão média de chegada (RMC) igual a 270 pacotes/segundo. O tempo de
transmissão é proporcional ao comprimento da mensagem, com uma distribuição aproximada-
mente exponencial. O comprimento médio dos pacotes é de 576 bytes, e a taxa de transmissão
na linha (TTL) é de 2Mbps. Qual é o tempo médio de espera (TME), qual a quantidade média de
pacotes que estarão esperando na fila (QMP), e 90% de percentual (P(90))?
Aterramento
Aterramento é a conexão com toda a terra, por onde passarão os eventos elétricos de/e para
o mencionado sistema. Estes eventos elétricos incluem energia (surtos e transientes).
Entre estes eventos, encontra-se também a energia proveniente das descargas atmosféricas.
42 | Rede de Computadores – Convergência das Redes
Para fazer aterramento, utilize haste de cobre com 2,40 ou 3 metros de comprimento e diâ-
metro de 16 mm.
NOTA:
Nunca utilize o neutro da rede elétrica como “terra”, pois além de muito perigoso, é
proibido por lei.
Instalando o aterramento
1) Fazer perfuração no solo com um trado de 100 mm, variando de 1,5 a 2 metros de pro-
fundidade. Enterrar a haste neste buraco.
2) Adicionar solução condutora, misturar terra com um talco vegetal + água, ela atuará de
duas formas: -1ª) vai conservar a umidade do solo -2ª) vai garantir a condutividade elétrica
entre a haste e o solo.
3) Fazer uma caixa de inspeção usando cano de esgoto de 100 mm com tampa, a fim
de dar proteção às conexões e permitir revisões periódicas da resistência elétrica.
Molhar a cada 90 dias o sistema de aterramento.
Se houver inversão de posição, ou seja, fase, do lado esquerdo, teremos tensão N -T=220V
ao invés de 0V, o que com certeza danificará vários circuitos. O valor da resistência de aterra-
mento, obtido com o uso do “Terrômetro”, deverá ser menor ou igual a 5 ohms.
Detalhamento
Vamos nos deter ao aterramento do neutro, porém os comentários aqui descritos valem
também para sistemas de aterramento de proteção. O curto-circuito entre fase e terra é um
dos defeitos mais comuns nas instalações elétricas. Quando ocorre este tipo de defeito, e
existir retorno de corrente entre os pontos de aterramento, e o local onde se originou este
defeito surgem potenciais elétricos extremamente perigosos, que tendem a aumentar com a
elevação da capacidade dos sistemas, e suas interligações.
Esses pontos de aterramento são compostos, basicamente, por um conjunto de cabos e/ou
hastes interligadas entre si, e com o sistema elétrico.
Ruídos
Definição
Ruídos são quaisquer sinais que ocasionam a redução da inteligibilidade de uma informação
de som, imagem ou dados. Um sinal transmitido poderia ser amplificado por uma cascata
de amplificadores e/ou filtros de alto ganho se não houvesse no canal de transmissão. Neste
caso as informações com energia muito baixa poderiam ser detectadas sem problema. Por
outro lado, existindo ruído no canal de transmissão, quando se amplificamos o sinal trans-
mitido, o ruído é também amplificado. Entretanto, os alguns tipos de ruídos, devido à sua
riqueza espectral, podem ser utilizados como fonte para a síntese da fala, de inúmeros sons
da natureza, e de sons de instrumentos musicais. Além disso, podem ser usados para a cali-
bração de equipamentos eletrônicos, como sinais de teste, e nas medidas das características
de filtros, amplificadores, sistemas de áudio eletroacústicos e outros sistemas.
Os ruídos não possuem uma definição através de expressão matemática baseada no tempo,
não podendo ser preditos no tempo, nem mesmo depois de detectados, exceto em casos
como o ruído de interferência de 60 Hz. Entretanto é possível caracterizá-los no tempo e na
freqüência (Detalhes mais a frente).
Caracterização
¨ No tempo: Através de suas propriedades estatísticas, ou seja, por sua média μ, pelo
seu desvio padrão σ, ou pelo quadrado do desvio padrão σ2 (variância). O desvio
padrão é uma medida do quanto os valores se distanciam da média. Os ruídos se
distribuem ao longo do tempo, segundo uma função chamada Função Densidade
de Probabilidade f(N), no caso de ruído branco e rosa (Detalhes mais a frente).
¨ Através da Função Rx (τ ) denominada função autocorrelação, que é uma medida da
¨ regularidade de uma função, ou seja, é uma medida da similaridade de um sinal e
deste mesmo sinal atrasado no tempo. Esta função autocorrelação, também pode
¨ ser utilizada para proporcionar a diferenciação de uma informação desejada (por
¨ exemplo, som, imagem ou dados) de um ruído. Para exemplificar, informamos, que
¨ a amostra de um sinal de voz ou de imagem é muito correlacionada com uma
amostra anterior. Tendo em vista que esta propriedade não ocorre com os ruídos,
¨ essa característica é geralmente usada para tentar eliminá-los. Informamos, ainda,
¨ que a transformada de Fourier da função autocorrelação é a denominada Função
¨ Densidade Espectral de Potência.
¨ No domínio da freqüência: Através da função Densidade Espectral de Potência
Sx(ω), a qual descreve a distribuição de potência do ruído por unidade de banda
em função da freqüência.
Tipos
Existem diversas maneiras de classificação de tipos de ruídos Consideramos duas formas de
classificação: quanto à sua Densidade Espectral de Potência e quanto à sua origem.
A Tabela 1.4, mostra a classificação dos ruídos, quanto à forma da Densidade Espectral de
Potência, ou seja, de acordo com a distribuição da energia no espectro.
Tabela 1.4 Classificação dos ruídos de acordo com a forma da Densidade Espectral de Potência
Forma da Densidade Es- Denominação Exemplo de ruído
pectral de Potência
Constante Ruído branco Térmico
Proporcional a 1/f Ruído rosa ou ruído colorido Flicker
Proporcional a 1/f2 Ruído marrom ou ruído vermelho Popcorn
Proporcional a 1/f2,7 Sem denominação Ruído galáctico
Forma irregular Sem denominação Ruído atmosférico
A tabela 1.5 mostra a classificação dos ruídos de acordo com a sua origem
Tabela 1.5 Classificação dos ruídos de acordo com a sua origem.
Origem Denominação Tipos de sinais
Artificiais Ruídos de interferência Aleatórios ou determinísticos
Princípios Básicos Sobre Transmissão Digital | 49
Ruído galáctico
Os ruídos artificiais são provocados de forma involuntária pelo homem, sendo denominados de
ruídos de interferência ou, apenas de interferência, ocorrem devido a uma interação não dese-
jada entre o mundo exterior e os sistemas, como, por exemplo, rede de energia de 60Hz, ondas
eletromagnéticas, comutação de motores, sistemas de ignição, fontes de alimentação comuns
e chaveadas, etc. Esses ruídos podem ser reduzidos a níveis muito baixos através da utilização
de blindagem, filtros supressores, e projeto bem detalhado dos sistemas e componentes utili-
zados. Denomina-se de Compatibilidade Eletromagnética” (EMC), a área da ciência que estuda
a possibilidade de um sistema eletrônico operar sem erro, em um ambiente eletromagnético,
bem como a possibilidade deste sistema operar como uma fonte de interferência.
Os ruídos naturais são os existentes na natureza, de forma que o homem não é responsável
pela sua existência, como, por exemplo, os ruídos galácticos e atmosféricos, os quais que per-
turbam, principalmente, os sistemas de transmissão de ondas eletromagnéticas, entrando
nos sistemas através das antenas receptoras.
Os ruídos naturais inerentes (tabela 1.6), também denominados de intrínsecos, devido à sua
aplicação para a medida de sistemas eletroacústicos, estão presentes na maioria dos compo-
nentes eletrônicos, passivos e ativos, gerados por elementos de circuito, como, por exemplo,
resistores, diodos, transistores bipolares, transistores de efeito de campo, etc. Estes ruídos
não podem ser completamente eliminados, mas podem ter seus efeitos reduzidos através
de um projeto apropriado dos componentes e dos sistemas, onde se aumenta o máxima
possível a SNRdB.
Tabela 1.6 Ruídos inerentes mais conhecidos
Nome do Forma da Densidade Es- Componentes ruidosos
pectral de Potência
ruído
Térmico Constante Resistores, dispositivos de estado sólido
Shot noise Constante Válvulas, dispositivos de estado sólido
Flicker Aproximadamente 1/f Dispositivos de estado sólido
Popcorn (Burst) Aproximadamente 1/f2 Dispositivos de estado sólido
Geração/ Aproximadamente 1/f2 Dispositivos de estado sólido
Recombinação
Microplasma Aproximadamente 1/f2 Dispositivos de estado sólido
A próxima figura mostra o esquemático de um gerador de ruído branco.
A resposta r(t) também é um sinal sinusoidal, cuja amplitude e fase na freqüência ω0 são a
magnitude e a fase do sistema nesta freqüência. Se forem elaboradas medições com um nú-
mero suficientemente grande de diferentes freqüências, é possível se determinar, com razoável
precisão, a magnitude e a fase do sistema em uma banda desejada. São utilizados ruídos bran-
co e rosa nas medições das características de sistemas.
A Tabela 1.7 resume as características dos sinais empregados na medição de sistemas. Lem-
bre-se, que o sinal do tipo impulso, cuja transformada de Fourier é igual a 1 em toda a faixa
de freqüência, não é realizável fisicamente.
Tabela 1.7 Características dos sinais empregados nas medidas de sistemas
NOTA:
Na coluna “Forma da função na freqüência”, (•) indica, que a forma de onda mostrada
corresponde à transformada de Fourier da função no tempo, e (••) indica, que a forma
de onda mostrada corresponde à função Densidade Espectral de Potência. O ruído
branco e o ruído rosa não podem ser expressos por uma função no tempo. Portanto,
não possuem transformadas de Fourier.