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CAPITULO 13 RESPONSABILIDADE SOCIAL, ETICA E SUSTENTABILIDADE NA ENGENHARIA DE PRODUGAO Osvaldo Luiz Gongalves Quelhas Latec ~ Laboratério de Tecnologia, Gestio de Negécios ¢ Meio Ambiente Universidade Federal Fluminense Cid Alledi Filho Latec ~ Laboratéria de Tecnologia, Gestio de Negécios ¢ Meio Ambiente Universidade Federal Fluminense Marcelo J. Meirito Latec ~ Laboratério de Tecnologia, Gestéo de Negécios ¢ Meio Ambiente Universidade Federal Fluminense RESPONSABILIDADE SOCIAL,’ ETICA? E SUSTENTABILIDADE NA ENGENHARIA DE PRODUCAO Inicialmente, para perfeito entendimento da influéncia da responsabilidade so- cial, da ética e da sustentabilidade na Engenharia de Produgao, é necessario partir do conceito de que 0 engenheiro de produséo tem por objeto de estudo o fendmeno produtivo, Outro conceito que o engenheiro de produgao precisa ter bem claro € 0 orca e transparent de un organizagio com todas a tas pate ine I" {ABNTINBR 16001), Responsabilidade social so de ages que lever: Responsabilidade social: "Rel teressadas visando a0 desenvolvimento nistent uma flosofia uma prétiea empresarial voltadas para a viail x instituicdo a comprometer-se com a comunidade em que se inse 2 kia: Do grego ethos ~cariter -, 0 estado sstemstico da natureza dos conccitos de valor. Pare da filo- sofia responsivel pela investigacio dos principios que motivam, distorcem, disciplinam ou orientam 0 comportamenta humano, refletindo simplesmente a rexpeita da esséncia, da notmas, valores, presri= Bese exortacbes presentesem qualquer realidade socal. Conjunto de regrase precetos de ordem valora- tiva e moral de um individuo, de um grupo social ov de uma sociedade. 274 | NTRODUGAD A ENGENHARIA DE PRODUGAD ELSEVIER de que a organizagao deve mapear os “impactados pelo seu provesso”, comumente designados como stakeholders.’ Esse mapeamento consiste em identificar os que sio impactados pelo processo de produgio, suas expectativas ¢ impactos, assim como em relacionar meios e aces destinadas a reduvir ou eliminar quaisquer impactos ne- gativos, Esse procedimento é 0 gerenciamento de risco, no nosso caso ambiental ¢ social. Responsabilidade social, sustentabilidade e ética nao sio reas estanques, mas constituem 0 micleo de principios ¢ de diretrizes a serem consideradas quando 0 en- genheiro de produgao exerce sua fungao técnica e sua cidadania. Desde o levanta- mento das necessidades do cliente, ao projeto do processo ¢ do produto, da logistica da gestio da producao, os cuidados quanto aos impactos sociais, ambientais ¢ eco- némico-financeiros devem ser atendidos pelo engenheiro de produgio. A Figura 13.1ilustra a necessidade de abordagem sistémica no exercicio da profissao ¢ da pes- ‘quisa em Engenharia de Produgao, O fendmeno prodativo é um sistema complexo ¢ com muitos subsistemas intervenientes, que deve merecer atencio e cuidado. A ética empresarial, organizada atualmente em cédigo de ética' organizacional, contém o iiicleo de principios de relacionamento com as partes interessadas e impactadas na operacao da organizacio. A sociedade como um todo vem gradativamente ampliando a importancia das responsabilidades social ¢ ambiental atreladas aos processos produtivos de bens servicos. Todo o movimento em prol da formulacao de modelos de desenvolvimento mais equilibrados, capazes de viabilizar uma relagao harmdnica entre os fatores eco- némicos, sociais e ambientais, vem se potencializando nos diltimos anos. Isso é mais relevante quando se consideram as alteracées climaticas observadas ¢ scus imagin’- veis reflexos a condigao da vida no planeta. Todas as inquietacées desenvolvidas no campo ambiental encontram paralelo no campo social. A sociedade vem percebendo que uma parccla das responsabilida- des ambientaise sociais cabe as organizagdes. Além disso, os impactos negativos con- sequentes a0 proceso produtivo nao podem ser simplesmente exteriorizados por clas. Assim sendo, as organizacées precisam gerenciar seus processos de uma manci- ra mais equilibrada, buscando minimizar os seus custos sociais e ambientais. Esse novo panorama que se formula encontra reflexos nas atividades do engenheiro de produgao. Os impactos mais visiveis ocorrem nas estratégias e politicas das organizagées, com desdobramentos naturais sobre os modelos de processos produtivos, campo de atuagio mais direta do profissional da Engenharia de Produgao. A atuagio profissio- 5 Stakeholders (pares inverssadas ou envolvidas): Termo em inglés amplamente wilizado para designae as partes interessadas, ou sia, qualquer individuo ou grupo que possa afetar a empresa por meio de svas ‘opines ow ages, ow ser por cla afetado, Hé uma tendéncia cada ver maior em se considera stakeholder {quem te lee como tal, Frequemtementewtlizado num contexto de responsabilidadesacil, represents todas a parte envolvids, todas os ntervenientes na produsso da empresa todos aqueles sl cla gem de alguma forma ta repercussio, * Cédigo de tia: Cédigo de érica ou de compromisso socal um instru snissio da empresa, que orienta suas agGes ¢explicita sia postura social a todos com quem man 6es. Euminstrumento que orienta asagées dos agentesinternose explictaapostura da organzacéo diante oe diferentes pblicos com of quais ela interage. osquais ento de realizacio da visio eda ela ( suasistema (cessra S21 (ossrem ) ‘OUTROS \_ TRaNsPoaTE 7 / naan an) ( suasisrewa ( supsistena ( Shawne") \ wromunees ) ((sussisrens (cemtcneko) (ESTE) ee” (wasmam) cy) (( sussistena FIGURA 13.1. A tarefa do engenheiro de produgao: integrar subsistemas para a sustentabilidade organizacional. nal deve estar alinhada com o novo panorama socioccondmico-tecnolégico ¢ precisa ser sensivel as questées de ordem ética, de responsabilidade social, ambientais, entre outras. Enfim, deve-se estar atento a todas as questées relacionadas com a sustenta- bilidade. A sec4o ISO 26000 ¢ a Engenharia de Producao permitira compreender a norma ISO 26000 e seus reflexos na Engenharia de Producao, CONCEITOS DE RESPONSABILIDADE SOCIAL, ETICA E ‘SUSTENTABILIDADE® 0 Desenvolvimento Sustentavel e a Sustentabil Brasileiras lade nas Organizagées Recentemente a ONU (Organizacao das Nagées Unidas, 2005) declarou que a questio da sustentabilidade do planeta Terra ocasionaré a destinacio de trilhies de délares para mercados emergentes. Esse fato proporciona impacto imediato nos pro~ cessos de producio de bens e servicos, como veremos na se¢io ISO 26000 e a Enge- nharia de Produgao. De acordo com a ONU, isso ocorrera devido a um “alinhamento poderoso de interesses legas,financeiros e de investimento (..) relacionados mudan- «a climética, 4 tecnologia limpa ¢ a0 uso sustentavel de recursos naturais” (ibid). As organizagies brasileias devem estar cientes da importincia do Brasil no novo ce- nario mundial tracado para o desenvolvimento sustentavel: segundo Penteado (2003, * Awossusentagio: estado aleangado por uma organizagSo quando consegue gerar~ por meio de suas prcpria stivadades as receitae necesras para garantir a fnanciamento de todos os ses programas © Projeos. 276 | inTAODUGAD A ENGENHARIA DE PRODUGAD ELSEVIER p.27), 0 paisé “omaior detentor de biodiversidade da Terra, onde 61% de seu territério € compreendido por florestas”. Razdes como esta ¢ outras ligadas as iniciativas da socie- dade civil e do setor produtivo chamam a atengio dos especialistas ¢ académicos para 0 pais. De acordo com Handerson (2003, p. 14), o Brasil ea América Latina tém em mos a grande oportunidade “de abrir um novo caminho para o desenvolvimento humano cequitativo e sustentavel e de liderar a ofensiva para a transformagio da industrializagéo primitiva dando um salto sobre os modclos insustentveis do passado”” © desenvolvimento sustentével teve 0 seu conceito cléssico apresentado em 1987 pela Comissio Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, da ONU, presidida pela ex-primeira-ministra da Noruega, Gro Harlem Brundtland: “A huma- nidade tem condigdes de promover um desenvolvimento sustentavel que satisfaca as necessidades do presente sem comprometer a capacidade das geragdes futuras de sa- tisfazetem suas prOprias necessidades” (ONU, 1987, p. 24). O “Relatotio Brund- tland”, como ficou mais conhecido, concluiu ser necessario um novo tipo de desen- volvimento capaz, de manter o progresso humano, nao apenas em alguns lugares ¢ por alguns anos, mas em todo o planeta por um futuro longinquo. Assim, o “desen volvimento sustentavel” é um objetivo a ser alcancado nao s6 pelas nagdes “em de- senvolvimento”, mas também pelas industrializadas (ONU, 1987, p. 4) Segundo Franca (2002, p. 18), a Comissio Brundtland teve como objetivo “estu- dar ¢ propor uma agenda global com objetivos de capacitar a humanidade para en- frentar os principais problemas ambientais do planeta e assegurar 0 progresso huma no sem comprometer os recursos para as futuras geragdes”. Esse novo tipo de pro- gresso humano torna-se imperativo, pois historicamente o desenvolvimento ow 0 colapso das civilizacées, de acordo com Karl-Henrik Robert, parecem scr “as duas cruéis alternativas culturais da hist6ria” (Robért, 2002, p. 22) O desenvolvimento sustentavel, segundo Almeida (2002, p.19), s6 sera possivel num “contexto de um mundo em que o poder é equilibradamente dividido em trés pélos: 0 governo, as empresas ¢ a sociedade”, Um mundo tripolar, de acordo com o ‘World Business Council for Sustainable Development (WBCSD), deve juntar vaso ¢ a prosperidade que os mercados propiciam, a seguranga ¢ as condigdes basi- cas que os governos dio e os padrées éticos que a sociedade civil reclama” (ibid.) De acordo com Foladori (2001), a consciéncia de que o ser humano afetow a bi- osfera de forma radical, provocando consequéncias que podem por em riseo a sua prépria vida, vem se construindo desde a década de 1970. Comecando pelos impac- tos localizados, como poluigao de rios cérregos ou do ar de certas cidades, ou ¢ 40, até o esgotamento, de minerais e recursos nao renovveis, passou-se a conscién- cia dos impactos em escala mundial, como a deterioragio da camada de ozdnio, 0 aquecimento global do planeta, o aumento do nivel dos oceanos ow os riscos de gran- de alcance de residuos nucleares (Foladori, 2001, p. 101); “(.. a questao ambiental tema particularidade de ser tao ampla e de seus elementos estarem tio interconecta- dos que sua delimitagio nao € tarefa fécil” (ibid., p. 102). O Quadro 13.1 mostra al- guns dos “principais indicadores da crise ecolégica do planeta, que sio, ao mesmo tempo, os problemas ambientais que aparecem nas listas dos organismos internacio- nais dedicados a essa questo” (ibid.). ACSPONSASILIDADE SOCIAL, ETICR € SUSTENTABILIDADE... | 277 ‘quapre 1 1 Principais Indicadores da Crise Ambiental do Planeta Devastagao das Matas Contaminagao da Agua Contaminagao de Costas 6 Mares Sobreesplorago de Mantes Agiiferos Erosao de Solos Desertificagso Perda da Diversidad Agricola Destruigso da Camada de Ozénio Ae to Global do Planeta Fonte: Moguel,°.& Toledo VIM, Easlogiapoltica, 1990, spud Foladori 2001, p. 101 ‘Tanto as questdes ambientais quanto as sociais ¢ as econémico-financeiras, repre- sentadas por pobreza, consumo, cortupeao, soncgacao, assédios ¢ trabalho degradan- te, por exemplo, constituem hoje uma das maiores preocupacées das principais orga- nizagdes. Na pratica, sso representa a incorporagao no diaa dia das empresas de valo- res e priticas organizacionais voltados ao respeito a0 meio ambiente, as comunidades, 20 governo, aos acionistas, funcionsrios, clientes/consumidores, dentre outros. Si0 agdes que devem ser cada vez mais integradas & gestto empresarial. ‘Com varias facetas inter-relacionadas, as forsas globais de mudanga impéem no- vas questdes de gestio para as empresas, que podem ser resumidas em ecologia e meio ambiente, saiide ¢ bem-estar, diversidade, direitos humanos ¢ comunidades, Em cada uma dessas questdes ha componentes diferentes que terao efeitos tanto pré- prio quanto cumulativo nas decisdes de negécios ¢ na responsabilidade das empre- sas, A importancia de cada componente vai diferir conforme uma série de varidveis interdependentes, como o lugar de atuagao da empresa, os habitos culturais do local, © sctor industrial ou comercial (Grayson & Hodges, 2002, p. 95). A Norma Brasileira de Responsabilidade Social, NBR 16001, tem como um dos seus objetivos promover o desenvolvimento sustentvel ¢ a transparéncia das ativi- dades das organizacies. Ela define desenvolvimento sustentavel como o “desenvol to que supre as necessidades do presente sem comprometer a capacidade das sgeragdes fururas em supri-las” (ABNT, 2004, p. 2), sendo a sustentabilidade “o resul- tado do desenvolvimento sustentvel (...) nas dimensdes ambiental, econdmica e so- cial” (ibid). O modelo de desenvolvimento bascado na sustentabilidade apoia-se no tripé do Triple Bottoms Line, conforme ilustrado na Figura 13.2, 0 TBL., expressio cunhada pela consultoria inglesa Sustain Ability; ow scja, é um modelo de desenvolvimento apoiado em resultados associados as dimensdes econdmica, social ¢ ambiental A sustentabilidade e a responsabilidade social corporativa so conceitos intima- mente relacionados: a responsabilidade social tem como objetivo basico promover 0 bem-estar dos diversos piblicos de uma organizacio (Alledi, 2002, p. 106) ¢ a sus- tentabilidade tem como regra fundamental o uso responsivel dos fatores ambientais, sociais e econdmico-financeiros (Figura 13.3). 278 | INTAODUGAD A ENGENHARIA DE PRODUGAG ELSEVIER TRIPLE BOTTON LINE, IGNACY SACHS - 1993 CULTURAL, Pouinico aa @ = AMBIENTE GeoarAFico FIGURA 13.2. Diretrizos de projetos em Engenharia de Produgao: visando ao alto desempenho com relevantes resultados socials, ambientais e econémicos, DESIGUALDADE SOCIAL A Figura 13.3 apresenta um “modelo mental” das reas de atuacao da Engenharia de Produséo. A intersesio, por exemplo, da dimensio econémico-financeira ¢ a di- ‘mensio social induz ao conceito do consumo responsavel e ao comércio justo. A inter segio entre a dimens4o econdmico-financeira c a dimensio ambiental traduz.a preocu- pacio de o projeto do produto ou processo ser vidvel, em virtude do ctescente mimero de limitagbes e marcos legais para a operacdo e ampliagao de capacidades industriais, A Responsabilidade Social A expressio “responsabilidade social” € de complexa conceituacao (Peloza, 2006). Adotamos a definicdo cléssica de Carroll (1979): “A responsabilidade social engloba a totalidade de obrigagées empresariais junto a sociedade.” Esse grupo de responsabilidades empresariais em relagao & sociedade pode ser diseriminado em quatro categorias (Figura 13.4). Essas categorias definem o desempenho organiza- cional em responsabilidade social: Responsabilidades econdmicas: s4o as responsabilidades fundamentais das empre- sas para coma sociedade e dizem respeito & capacidade de a organizagao ofetecer os servigos ¢ produtos em concordancia com a demanda exigida, tendo a firma o direito de remuneracio adequada. Responsabilidades legais: o arcabouco legal é representativo da vontade social. Me- taforicamente, o ordenamento juridico desponta como encarnacao dos almejos legi- timos do corpo social; assim sendo, ao atender aos requisitos legais, as empresas es- 1ho satisfazendo demandas legitimas da sociedade que integra. Oe ren) Pr Srv Ao -ye itn Dr Coe een) FIGURA 15.3 A sustentabilidade e as suas dimensées ambientais, sociais ¢ econdmico-financeiras. Fonte: Alledi, 2002; AFNOR 2003. Material de sala de aula FIGURA 15.4 As dimensdes da responsabilidad social corporatva, Fonte: Caroll (1979) Responsabilidades éticas: ocorre que nem todos os almejos sociais encontram-se ex- plicitos ¢ respaldados legalmente; por exemplo, valores ¢ costumes sociais, mesmo {que nao abarcados pelo arcabouso legal devem ser ponderados pelas iniciativas em- presatiais. Responsabilidades disericionsrias: tal categoria é de érdua definigao, pois extrapola a obrigacio ética das decisées empresariais; engloba situacdcs em que os gestores po- dem ot néo se envolver, mas, caso optem por realizé-las, deverio empreendé-las ponderando os aspectos sociais, econdmicos e ambientais. Aspalavtasvvivel, vidvel «justo sio traducio da norma francesa SD 21000 - AFNOR 2003 [traducio ose] 280 | INTRODUGAD A ENGENHARIA DE PRODUGAD ELSEVIER (O Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social define responsabilida- de social empresarial como a forma de gestao que se define pela relagao ética e trans- parente da empresa com todos os piblicos com os quais ela se telaciona e pelo esta- belecimento de metas empresariais compativeis com o desenvolvimento sustentvel da sociedade, preservando recursos ambientais ¢ culturais para geragoes futuras, res- peitando a diversidade e promovendo a redugao das desigualdades sociais (Instituto Ethos, 2006, p. 8). Deacordo com Alledi (2004, p, 16), nao por acaso a palavra “responsavel” apa- rece no cerne do movimento mundial que busca novas e melhores possibilidades para a sociedade, os negécios ¢ o ambiente natural. Para as organizacées privadas, tudo o que se faz, se planeja e se pratica sob os fundamentos da responsabilidade so- cial tem como objetivo equilibrar, de forma integrada, os trés pés preconizados por Elkington (2001): o cquilibrio ambiental (Planet), a prosperidade econdmica (Profit) € a justiga social (People). Segundo Ashley (2002, p. 3), “o mundo empresarial vé, na responsabilidade so- cial, uma nova estratégia para aumentar scu lucro e potencializar seu desenvolvimen- to”, Ainda segundo a autora, “deve haver um desenvolvimento de estratégias empre- sariais competitivas por meio de solucées socialmente corretas, ambientalmente sus- tentveis e economicamente vidveis” (ibid.) Segundo o Livro verde — promover um quadro europeu para a responsabilidade so- cial das empresas,’ langado em julho de 2001 pela Comissio das Comunidades Euro: peias (2001, p. 3, apud Alledi, 2002, p. 43-44), a0 promoverem estratégias de respon- sabilidade social, as empresas estéo investindo no seu futuro ¢ esperando que esse compromisso contribua para um aumento da sua rentabilidade. A responsabilidade social “é, essencialmente, um conceito segundo o qual as empresas decidem, numa base voluntitia, contribuir para uma sociedade mais justa e para um ambiente mais limpo” (ibid. p. 4) ¢ manifesta-se em relag4o aos scus trabalhadores ¢ todas as suas par- tes interessadas. Semelhantemente ao conceito de gestao da qualidade, “deve ser con- siderada como um investimento, ¢ ndo como um encargo” (ibid., p. 5). Embora a sua obrigagao primeira seja a obtengio de lucros, as empresas podem, a0 mesmo tempo, contribuir para o cumprimento de objetivos sociais ¢ ambientais mediante a integragio da responsabilidade social, enquanto investimento estratégico, no niicleo da sua estra- ‘égia empresarial, nos seus instrumentos de gestao e nas suas operagies (Comissio das ‘Comunidades Europeias, 2001, p. 4, apud Alledi, 2002, p. 44) Segundo Ferrell; Fraedrich & Ferrell (2001, p. 68, apud Alledi, 2002, p. 45), a responsabilidade social corporativa “consiste na obrigagao da empresa de maximizar seu impacto positivo sobre os stakeholders (clientes, proprietérios, empregadores, comunidade, fornecedores ¢ governo) ¢ em minimizar o negativo”” Livro verde da Comunidade Europcia: O objetivo do Livro verde €lancar um amplo debate piblico so- bre 9 modo como a Uniio Europeia poder promover a responsabilidad social das empreess nos planos ceuropeu e internacional, sobre a melhor forma de explorar as experiéncias existents, fomentar 0 desen- volvimento de praticas novadoras, melhoraratransparénciae reforgara iabilidade da avaliagio eda vali= dacio das diversas iniciatvas promovidas na Europa, ACSPONSKBILIDADE SOCIAL, ETICA € SUSTENTABILIDADE... | 281 A Comisséo das Comunidades Europeias relaciona quatro motivos ~ um deles é a transparéncia— que levam as organizacées aestruturarem os seus programas de res- ponsabilidade social: * novas preocupagées ¢ expectativas dos cidadaos, consumidores, autoridades piiblicas e investidores num contexto de globalizagao e de mutacso industrial em larga escala; * critérios sociais que possuem uma influéncia crescente sobre as decisses indi- viduais ow institucionais de investimento, tanto na qualidade de consumido- res como de investidores; + preocupacao crescente diante dos danos provocados no meio ambiente pelas atividades econémicas; * transparéncia gerada nas atividades empresariais pelos meios de comunica- 40 social e pelas modernas tecnologias da informagao ¢ da comunicacao (Co- missio das Comunidades Europeias, 2001, p. 4, apud Alledi, 2002, p. 80) ANBR 16001, Norma Brasileira de Responsabilidade Social, define transparén- cia como “acesso, quando aplicvel, das partes interessadas as informag6es referen- tes as agées da organizacio” (ABNT, 2004, p. 3). Deacordo com Alledi (2002, p. 81), no relatério Cidadania corporativa global, angado em 2002, 0 World Economic Forum recomenda algumas ditettizes para que as empresas possam gerir os seus impactos na sociedade e suas relagées com os seus diversos pablicos, Uma delas é ser transparente: construa a confianga comunicando consistentemente aos seus diversos piblicos quais sio os principio, as politicas eas praticas da companhia de uma forma transparente, dentro dos limites da confidencia- lidade comercial. Uma das maiores demandas que as companhias esto recebendo dos seus diferentes piiblicos, dos investidores institucionais aos ativistas sociais e am- bientais, é ser mais transparente sobre as suas performances econdmicas, sociais € ambientais (World Economic Forum, 2002, p. 9). © documento ainda recomenda que os dirigentes das organizacées estabelecam uma estratégia corporativa para a responsabilidade social; definam as ages ¢ os ptiblicos importantes para o progra- ‘ma; e fagam isso funcionar, estabelecendo e implantando politicas e procedimentos envolvendo toda a organizagio no programa. Almeida (2002, p. 85) afirma que “o crescente poder de organizacao da socieda- de civil gera novas presses sobre as empresas para que estas sejam mais abertas ¢ transparentes em suas relagdes coma sociedade e valorizem a ética”. Um dos requis: tos enumerados por ele para sustentabilidade ¢ a transparéncia, “em todos os niveis € de todos os agentes sociais (governos, empresas ¢ organizagdes da sociedade civil)” (ibid, p. 80) ‘Transparéncia significa auséncia de corrupeao, pois a corrupcao nao é compat vel com a competig4o que sustenta um mercado livre e saudavel; auséncia de subsi- dios, pela mesma razao; previsibilidade das regulamentagées governamentais, pois * Cidadania corporativa ou a cidadania e do desenvolvime nisso assumido por uma empresa a favor da promocio das comunidades. Ea expessio da responsabilidade social de uma empresa em sia relagio com a comunidade em que ext inserids 282 | INTRODUGAD A ENGENHARIA DE PRODUGAG ELSEVIER mudangas bruscas nas regulamentagées inibem a confianca dos empreendedores no contexto regulador e intimidam os investidores. Para a empresa, transparéncia signi- fica também ouvir e considerar em suas decis6es as opinides e expectativas de todas as partes interessadas (0s stakeholders) -individuos, instituig6es, comunidades e ou- tras empresas que com cla interagem, numa relacio de influéncia miitua, Trata-se de aceitar que, além dos donos ou acionistas (shareholders), a empresa precisa dialogar com os stakehoders: empregados ¢ suas familias, consumidores, fornecedores, legis- ladores, habitantes da regiao em que a empresa opera e organizagdes da sociedade ci- vil (Almeida, 2002, p. 81, apud Alledi, 2002, p. 83). ‘Aimportincia da transparéncia esta baseada no seu ponto fundamental, que é a honestidade. De acordo com Shuster, Carpenter & Kane (1997, p. 11, apud Alledi, 2002, p. 89), sua instituicao na organizacéo requer um gerenciamento transparente, que “pode influenciar a maneira como realizaremos os negécios tio significativamente quanto a qualidade influenciow nessas tiltimas décadas”. Esse gerenciamento exige o compromisso de fazer o melhor gue se possa, por si mes- ‘moe para o bem da equipe e da empresa. Ele exige honestidade, coragem para as- sumir riscos, franca admissio dos erros, gosto pelo feedback bom ¢ ruim ¢ umain- clinagao para o aprendizado continuo (Schuster; Carpenter & Kane, 1997, p. 21, apud Alledi, 2002, p. 89) Anualmente, a organizacio nao governamental Transparency International di- vulga o indice de Pereepcao de Corrupeao, que no ano de 2006 classificou 163 paises em funcio do grau de corrupcao percebida entre funcionsrios piblicos e politicos e que € claborado a partir de pesquisas realizadas com empressrios e analistas, tanto locais como de fora do pais. Entre zero e 10, quanto menor a nota, maior a percepgao de corrupsio, Pelo indice de 2006, Brasil recebew a nota 3,3, posicionando-se na 702 posigao dentre os paises pesquisados, mesma nota atribuida 4 China, india, Mé- xico, Peru e Arabia Saudita. Finlindia, Islandia e Nova Zelandia, todos com nota 9,6, situam-se em primeiro lugar, sendo considerados os paises com menor indice de percepcio de corrapeio do mundo (Transparéncia Brasil, 2006). Desde que foi cria: do o indice, em 1995, o Brasil obteve as notas indicadas no Gréfico 13.1 em relacio percepgio de corrupgio. ar 36 3 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 GRAFICO 13.1 Evolugdo da percepgao da corrupgao no Brasil. Dados: Transparency International, waww.transpareney.org/policy_research/surveys_indices!ep Acesso em 5 de satembro de 2006, Fonte: Alledi, 2006. ACSPONSABILIDADE SOCIAL, ETICA € susTeNTABILiDADE... | 283 Essas notas, que sio resultado de pesquisa de opiniao junto a empreendedores de rios paises, influenciam na decisio de investir ou nao em determinadas regides. Logo, ter fama de corregao ¢ ética é relevante para o pais ¢ para as organizacées em geral, pois atrai investimentos. Etica e Engenharia de Produgao A ética € parte fundamental da responsabilidade social ¢ do desenvolvimento sustentavel, assim como a transparéncia. A ética tem por objetivo dar as organizagbes direcio e consisténcia aos seus programas, ¢ a transparéncia é a sua chancela, cujo objetivo € disponibilizar as informacées sobre as organizacées para a sociedade como um todo (ALLEDI, 2002, p. 106), reforcando 0 seu compromisso com pa: drdes mais éticos nos negécios. A pressio pela mudanga na forma de operar das em- presas vem da transparéncia provocada por esse aquatio global onde todas as empre- sas esto operando e nada mais pode ser jogado para debaixo do tapete. Aliés, mal se consegue encontrar o tapete. Quando ele existe, esta preso na patede de todos os la- dose nao € possivel jogar nada embaixo dele. A ética passa a ser uma pressio coleti- va. Esperamos, todos, que se trabalhe pelo bem-estar coletivo. Esta é ética (Mattar, 2001, p. 13, apud Alledi, 2002, p. 25). Ferrell, Fraedrich & Ferrell consideram que a ética est ligada aos individuos ¢ grupos, ¢ compreende principios, padres ¢ regras de conduta que orientam as toma- das de decisio da organizacio, enquanto a responsabilidade social consiste nos efei- tos dessas decisées sobre a sociedade. A ética empresarial diz respeito a regras ¢ prin cipios que pautam decisdes de individuos e grupos de trabalho, ao passo que a res- ponsabilidade social refere-se ao efeito de decisies das empresas sobre a sociedade (Ferrell, Fracdrich & Ferrell, 2001, p. 8, apud Alledi, 2002). Nao hé um consenso claro quanto ao conceito de ética, mas, segundo Vazquez (1985, p. 12), “ética éa teoria ou cigncia do comportamento moral dos homens em sociedade; ou seja, 6a ciéncia de uma forma especifica do comportamento humano”. Trata-se de uma definicao que exalta a necessidade de um tratamento cientifico da Gtica e das questies morais. Uma empresa tem caracteristicas hierérquicas cujas tomadas de decisio compe tem aos seus gestores. As agdes ¢ exemplos dos seus Iideres vio determinar direta- mente o comportamento das pessoas que a compéem. Por esse motivo, pode-se afir- mar que os principios éticos de uma organizacao sio formados na alta administea- io. Pata disseminé-los, a ferramenta utlizada é 0 cédigo de ética, que pode ser con- siderado a base para uma cultura empresarial socialmente responsivel. 0 cédigo de ética ow de compromisso social é um instrumento de realizacio da visio e missio da empresa, que orienta suas ages e explicita sua postura social ato- dos com quem mantém relagées. Este ¢ 0 comprometimento da alta gestao com sua disseminasio ¢ cumprimento sio as bases de sustentacao da empresa socialmente responsivel. A formulacio dos compromissos éticos da empresa ¢ importante para que ela possa se comunicar de forma consistente com todos os parceiros. Dado o di namismo do contexto social, énecessario criar mecanismos de atualizagao do codigo de ética ¢ promover a participagao de todos os envolvidos (Instituto Ethos, 2000, p. 7, apud Alledi, 2002, p. 32-33) 284 | INTRODUGAD A ENGENHARIA DE PRODUGAG ELSEVIER Deve estar explicita a integracao entre a organizacio, que é um sistema aberto, © a sociedade, sendo a ética definida como as praticas de relacionamento entre as organizagbes e a sociedade, Dentre as consequéncias, além das ages sociais?e fi- lantedpicas, vé-se a importancia da transparéncia e da abordagem do consumo res- ponsavel Para ser bem-sucedido, o cédigo de ética deve envolver todos os piiblicos de uma organizacao ¢ o seu sucesso vem exatamente dai: “E essa cumplicidade ¢ transparéncia que levard os participantes desse processo a contribuir e dar vida as intengées presentes na origem do documento” (Instituto Ethos, 2000, p. 8, apud Alledi, p. 33) Algumas das iniciativas propostas para a ética, a transparéncia, a responsabilida- de social e a sustentabilidade nas organizagdes, no Brasil ¢ no mundo tém sido mais {acilmente observadas com a ampliagao do movimento da responsabilidade social e ‘oso das suas ferramentas ¢ indicadores, que tém a finalidade de estimular medidas proativas, monitorar e melhorar as condigées sociais, ambientais ¢ econémico- financeiras das organizacées, que serdo vistas a seguir. PRINCIPAIS INICIATIVAS E FERRAMENTAS DE RESPONSABILIDADE. SOCIAL E SUSTENTABILIDADE Particularmente no que tange a responsabilidade social, as ferramentas, os indi- cadores€ os conceitos esto em pleno periodo de desenvolvimento e amadurecimen- to. Multiplicam-se metodologias, critérios de avaliacao e princfpios de gestéo. O en- genheiro de producio, como ja foi dito, tem como objeto de pesquisa ¢ atuacio o fe- nOmeno produtivo. O objetivo desta segao ¢ apresentar as principais ferramentas € conceitos aplicéveis is organizacées. A Tabela 13.1 apresenta mapeamento das dire- trizes, normas ¢ metodologias abordadas nestae seco, identificando o sew ambito de aplicagdo: na organizag4o ou nacio. etrizes da OCDE para Empresas Multinacionais, A OCDE, Organizacio para Cooperacio e Desenvolvimento Econémico, de acordo com Torres, Bezerra & Hernandes (2004, p. 15), tema missio de “construir economias fortes nos paises-membros, melhorar a eficiéncia e os sistemas de merca: do, expandir o livre comércio ¢ contribuir para o desenvolvimento nos paises indus- trializados € naqueles em vias de desenvolvimento”, Trinta pafses so membros da OCDE. 0 Brasil, assim como a Argentina e o Chile, apesar de nao serem membros, apdiam as diretrizes (ibid., p. 14-15). As diretrizes foram criadas em 1976 e passaram por diversas revisdes até che~ gar ao seu atual formato, langado em 2000. Fornecem principios voluntarios ¢ padres para uma conduta empresarial responsavel e consistente com as leis ado- * Acio social: atvidade realizada para atender is comunidades em suas diversas formas (conselhos coms nititios,organizacSesnio governamentais associacbes comunitérias et.) em reas como asisténciasoci- al, alimentagio, sade, educagio, cultura, meio ambiente e desenvolvimento comunititi. TABELA 13.1 Mapeamento de Metodologias, Normas o Diretrizes Ligadas & Responsabiidade Sociale seu Ambito de Aplicagao (Organizagao ou Nagéo) x= a rm PACTOGLOBAL NBR 16001 rl A tae "AA 1000 Ei IBASE ‘A800 usar ‘OHSAS 18001 Hi ETHOS: 150 26000, i Ise pine TRIZES OCDE METAS D0 MILENIO ‘CARTA DATERRA IBGC ~ institute Basiloie de Governanca Corporati” Ibase ~ Institute Brasisio de Andlises Sociais ¢ Econdmicas: DIGS! Dow Jones Sustainably Index: Ethos ~ stitute Ethos de Empresas e Responsabildade Social /SE ~inaice de Sustenabiidade Empresarial da Bolsa de Valores de Sto Paul, Bovespa: NBR 16001 ~ Norma brasil (Responsabildade Social); AA 1000 ~ AccountAbily 1000," neta aditada pele Institute ef Social and Ethical Acceuntaliy ISEA, Inglatert; SA 8000 ~ Seal ‘Azcontablty 8000, nora eitada pele Socal Accontabilty Intemational, Estados Unides; OHSAS 18001 — ‘Occupational Health and Safty Assessment Series 16001, norma ediada por divrsos érgsos intemacionais; 150 26000 - Norma que ost send editada pola international Organisation for Standardization, Sulga; GRI ~ Global Reporting native; OCDE - Orgarizagto pars a Cooperagso #9 Desenvalemente Eeonémce, tadas. As diretrizes objetivam: assegurar que as atividades dessas empresas este- jam em harmonia com as politicas governamentais, de modo a fortalecer as bases de uma confianga mitua entre as empresas e as sociedades nas quais elas realizam operacées; ajudar a melhorar o clima para investimentos estrangeiros; ¢ contri- buir para um desenvolvimento sustentavel produzido pelas empresas multinacio- nais (Brasil, www. fazenda.gov.br/sain/penmulti/diretrizes.asp, acesso em 27 de fevereiro de 2007) As diretrizes da OCDE para empresas multinacionais constituem a Gnica ferra- menta global de responsabilidade social adotada por governos. Elas visam a estabele- cer padrdes de atuagio nao s6 para as empresas multinacionais em suas operagées globais, como também servir de exemplo de atuacao socialmente responsivel para as empresas de todos os tipos, tamanhos e nacionalidades. Estao divididas conforme Quadro 13.2. © Governanga corporativa os Corporate governance: € 0 sistema pelo qual asociedades so dicgidsre mo- nitoradas, envolvenda of relacionamentos entre acionistalcoistss,conselho de administagio, direoris, auditoria independente e conseho fiscal. Asboaspriticas de governanca corporativatéma finalidade de au- smentaro valor dasociedade,faciltar seu aesso a0 capital contribur paraa sua perenidade. Fort: Instits- to Brasileiro de Governanca Corporativa ~IBGC (wwwbgc.or3 br) Accountability: prestaio publica das contas da organizacio e explicagio ou justifcativa de atoseomis- s6expeloe quai alguém ¢responsivel. Envolve oconccito de transparéncia, proatvidade cconformidade 286 | INTRODUGAD A ENGENHARIA DE PRODUGAD ELSEVIER Dentre os pontos fortes das diretrizes, encontra-se o fato de serem reconhecidas, promovidas ¢ adotadas por governos, além de constituirem uma forma mais simples do que agées judiciais para a solugéo de queixas ¢ demtincias em relagao as empresas multinacionais. Dentre os seus pontos fracos estao o seu carter voluntario, auséncia de monitoramento ¢ linguagem vaga em alguns pargrafos. QUADRO 13.2 Diretrizes da OCDE para Empresas Multinacionais Prafacio |. Conceitos e Princlpios |. Polticas Gerais I Publicagao de Informagéos IV. Emprego ¢ Relacées Trabalhistas V. Meio Ambiente Vi. Luta contra a Comrupeao Vil Interesses dos Consumidores VIlL Ciéncia e Tecnologia IX. Concorréncia X. Obrigacdes Fiscais Fant: Construide aparir do Teres, Bezarra & Hemandes, 2004, Carta da Terra Segundo o Instituto Ethos (2005, p. 13), a Carta da Terra “é um cédigo de nor ras éticas e morais, com orientagdes ¢ metas praticas para que a humanidade avan- ce no proceso de criar um mundo baseado no desenvolvimento sustentavel”. Seu primeiro esboco s6 apareceu em 1997, chegando ao texto definitivo em 2000. Foi aprovada pela ONU em 2002 (Instituto Ethos, 2005, p. 13). De acordo com a Se- cretaria Internacional del Proyecto Carta de la Tierra (apud Boff, 2003, p. 15-16), esse documento foi concebido como uma declaracio de principios éticos funda- mentais ¢ como um roteito pritico de significado duradouro, amplamente compar- tilhado por todos os povos. De forma similar & Declaracio Universal dos Direitos Humanos das Nagdes Unidas, a Carta da Terra ser utilizada como um c6digo uni- versal de conduta para guiar os povos eas nagbes na dirego de um futuro sustent4- vel (Boff, 2003, p. 15-16). Ela se divide em quatro grandes temas ¢ 16 principios (Quadro 13.3) ‘SA 8000 Langada no final de 1997 e revisada em 2001, a norma Social Accountability 8000 (SA8000) tem como objetivo “fornecer um cédigo de conduta e um sistema de gestio para serem utilizados por empresas preocupadas com a humanizagio do am biente de trabalho ¢ que visem A melhora continua das relagées laborais” (Ethos, 2006a, p. 21). Foi elaborada pela SAI, Social Accountability International, com sede nos Estados Unidos, e contou com a colaboracao de representantes de sindicatos, or- ACSPONSASILIDADE SOCIAL, ETICR € SUSTENTABILIDADE... | 287 QUADRO 13.3. Temas e Principios da Carta da Terra Temas Principios |. Respotta 6 cuidar da ccomunidade da vida, I Integridade ecolagica I. Jutiga social @ econémica IV. Demecracia, no violencia e paz 1, Respeitar a Tora e a vida em toda sua diversidade 2, Cuidar da comunidade da vida com compreensao, compaixto © 3, Construir sociedadies democraticas que sejam justas, participativas, sustentiveis e pacticas “4. Garantir as divas © a beleza da Terra para as atvals © as futuras. geragies 5, Proteger ¢ restaurar a integridade dos sistemas ecolagicos da Terra, ‘com especial preocupagao pela diversidade biolégica e pelos processos naturais que sustentam a vida ', Prevenir 0 dano a0 ambiente como 0 melhor método de protegso ambiental 6, quando 0 conhecimento for lmitado, assumir uma postura de precaupao 7, Adotar padrdes de produgao, consumo e reprodugao que protejam 1 capacidades regenerativas da Terra, os direitos humanos @ 0 bbem-estar comunitario '8, Avangar 0 astudo da sustentablidade ecolégica e promover atroca aberia 6 a ampla aplicagao do conhecimento adqu 8. Erradicar a pobreza como um imperative ético, socal e ambiental 10. Garant que as atvidades @ instituigées econémicas em todos 08 niveis promavam o desenvolvimento humana de forma equitativa e sustentavel 11. Afrmar a iqualdade e a equidade de género como pré-requisitos para o desenvohimento sustentavel e assegurar 0 acesso universal & ‘educacio, & assisténcia de salide @ as oportunidades econémicas 12. Defender, sem discriminagao, 08 dretos de todas as pessoas a um ambiente natural e social, capaz de assegurar a dignidade humana, ‘a saude corporal @ 0 bem-astar espiritual, concedendo especial tengo aos direitos dos povos inaigenas e minorias 13. Fortalecer as instituiges democraticas em todos os riveis @ proporcionarihes transparéncia # prestacio de contas no exercicio do ‘governo, participacdo inclusva na tomada de decisdes @ acesso a justiga 14, Integrar, na educagao formal e na aprendizagem ao longo da vida, 18 conhecimentos, valores @ hablidades necessaras para um modo de vida sustentavel 15. Tratar todos os seres vivos com respeito e consideracao: 16. Promover uma cultura de tolerancia, no violéncia e paz ganizacées de direitos humanos, academias, varejistas, fabricantes, contratantes ¢ empresas de consultoria, contabilidade e certificagio (SAL, www.sa-intLorg, acessa~ do em 12 de marco de 2007). A SA 8000 é uma norma certificvel, baseada nas con- vengées da Organizagao Internacional do Trabalho, na Declaraga0 Universal dos D reitos Humanos e na Convencao das Nacées Unidas sobre os Direitos da Crianga. Ela 288 | INTRODUGAD A ENGENHARIA DE PRODUGAG ELSEVIER 6 “reconhecida no mundo como um sistema efetivo de implementacéo, manutenga0 ¢ verificacio de condicées dignas de trabalho” (Balango Social, www-balancoso- ciaLorg.br, acessado em 12 de marco de 2007). Sua metodologia esta baseada nas normas ISO, o que facilita a integragao com outras normas. Sao nove os requisitos da norma (Quadro 13.4). QUADRO 1344 Requisitos da SA 8000 1. Trabalho Infantil 2, Trabalho Forgado 3, Salde 6 Soguranga 4. Liverdade de Associagao & Direito A Negociapao Coletiva 8, Discriminagao 6. Prticas Disciplinares 17 Hordtios de Trabalho 8. Remuneragao 8. Sistemas de Gestéo Fonte: SA 8000 (SAI, 2001) NBR 16001 A Associagao Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) é a representante brasilei- 12 oficial da ISO 26000, Em dezembro de 2002, a ABNT estabeleceu um grupo- tarefa sobre responsabilidade social para o desenvolvimento de uma norma brasi Icira. Anorma ABNT NBR 16001 foi langada em dezembro de 2004. Possibilitar As organizagées elementos para estruturagio de um sistema de gestio no campo da responsabilidade social 6 seu principal objetivo. Diversos documentos nacionais ¢ internacionais foram insumos para a claboracio da NBR 16001. Sao cles: AA 1000, Agenda 21, Carta da Terra, critérios do PNQ, Diretrizes OCDE para Multi- nacionais, Diretrizes GRI, Dow Jones Sustainability Index, Indicadores Ethos, nor- mas nacionais, Metas do Milénto, Pacto Global da ONU, Prineipios de Governan- ga Corporativa da OCDE, principios da FSC (Forest Stewardship Council), SA 8000 ¢ The Natural Step. ANBR 16001 foi formatada para prestar-se a todos os tipos ¢ portes de organi- zagées e condigées geograicas, culturais ¢ sociais brasileiras, Para que de fato os pre- ceitos da norma se transformem em resultados positivos, faz-se necessério que todos osnniveis ¢ funcées das organizagdes estejam comprometidos com o objetivo, especial- mente a alta direao. Um preceito importante na formulagio de uma normativa que atue direta- mente sobre os modelos de gestao é que ela contribua para a implantagao de um processo de melhoria continua. Assim, a NBR 16001 foi organizada com base no modelo do PDCA da ISO 14001:2004, o que the garante esta caracteristica (Figu- 12 13.5). FIGURA 15.5 Responsabilidade social ~ sistema de gestéo — Requisitos, 2006. Fonte: Apresentagao ABNT, NBR 16001, Indicadores Ethos Os indicadores elaborados em 2002 pelo Instituto Ethos de Empresas ¢ Respon- sabilidade Social tém como caracteristica ser uma ferramenta de autodiagnéstico, auxiliando as empresas a gerenciarem seus impactos ambientais ¢ sociais," fun¢ao de suas atividades produtivas. Tais indicadores possiblitam a integralizagio dos conccitos de responsabilidade social empresarial c adicionalmente sugerem direcio- namentos politicos e ages que a empresa pode desenvolver para incrementar seu maior comprometimento com os aspectos da RSE. Sao anualmente atualizados permitem uma clara interpretagio de quais aspectos sio realmente importantes ¢ fa- zem parte de uma gestao socialmente responsivel, tendo desempenhado um impor- tante papel nesse sentido. Eles permitem, assim, que as empresas facam uma au- toavaliagao de seu desempenho em sete temas: valores, transparéncia e governanea; piiblico interno; meio ambiente; fornecedores; consumidores ¢ clientes; comunida- de; ¢ governo e sociedade ‘Tomando por ferramenta os Indicadores Ethos, a empresa pode fazer uma ava- liagao interna sobre alguns aspectos fundamentais de uma gestio socialmente res- ponsavel, Assim, a0 responderem ao questionério, as empresas passam a ter tim pa- rametro sobre o qual podem refletira respeito de que informagées sio de fato impor- tantes para a formatacio de um balanco social consistente. °2 Impacto social: 62 transformacio da realidade de uma comunidade ou regiio a parti de uma agio pla- scjada, monitorada eavalada. $8 ¢ posivel dimensionas a impacto socal se a avaliagio de resultados de- sectar que o projeto efeivamente produsi os resultados que pretendiaalcangar eafetou a caraterstica Ga realidade que quetia tansformae. Fonte: FIEMG. 290 | INTRODUGAD A ENGENHARIA DE PRODUGAG ELSEVIER Instituto Ethos vem promovendo o lancamento de indicadores setoriais, que s4o complementares aos Indicadores Ethos de Responsabilidade Social. Os indica- does setoriais permitem um maior grau de precisio no autodiagnéstico da empresa 0 considerarem as oportunidades e desafios tipicos de cada setor produtivo. Até 0 momento, foram langados indicadores para setores de distribuiigao de energia clétri- a, panificagao, bares e restaurantes, bancos, mineracio, papel ecelulose, transporte de passageiros rodoviarios, construcio civil, e petréleo ¢ gis. Pacto Global Nascido por iniciativa do secretario-geral das Nagées Unidas, Kofi Annan, du- rante o Forum Econémico Mundial em 1999, foi lancado oficialmente no dia 26 de julho de 2000, com o intuito de sensibilizar e unir o mundo empresarial no sentido de “dar uma face humana & globalizag4o”. As ambiciosas metas do Pacto Global sio tomar a economia mundial mais sustentavel e possibilitar a incluso social, Os dez principios do Pacto Global derivam da Declaracao Universal dos Direitos Humanos, da Declaracio de Principios e Direitos Fundamentais no Trabalho da Declaragio do Rio sobre Ambiente e Desenvolvimento (Quadro 13.5) QUADRO 13,5. Principios do Pacto Global Direitos | Principio 1: Humanos | As empresas devem apoiare respeitar a protegio de direitos humanos intemacionalmente proclamados. Principio 2 [As empresas devem certficarse de que néo so cimplicas em abusos de | direitos humanes. Direitos do Principio 3: Trabalho As empresas devem apoiar a lberdade de associagao e 0 efetivo reconhecmento do direito & negociagae coletva Principio 4 ‘As empresas devem apoiar a eliminagso de todas as formas de trabalho foreado ou compulsrio, Principio 8: [As empresas devem apoiar a efetva erradicagao do trabalho infant Principio 6: ‘As empresas devem apoiar a elminagao de diseriminagao relativa ao emprego |e A ocupagao. Protegdo | Principio 7: ‘Ambental As empresas devem apoiar uma abordagem preventiva aos desafios ambientas Principio 8: ‘As empresas devem desenvolverinciativas para promover maior responsabildade ambiental Principio @: [As empresas devem incentivar o desenvahimento @ a dfusso de tecnologias |_ambientalmente amigave's Contra | Princo 10: Gomruped As empresas devem combater a corrupeso em todas as suas formas, inclusive extorsao e propina, ACSPONSABILIDADE SOCIAL, Erich € SUSTEATABILIDADE... |291 © Pacto Global permitiu a formacio de diversos projetos sociais, parcerias ¢ alian- casao redor do mundo, tendo sido dos seus aspectos mais relevantes ter viabilizado a discussio ¢ 0 estabelecimento do conceito de responsabilidade social corporativa a paises que ainda nao tinham despertado para essa nova forma de conduzir os negé- ios. O Pacto conta com duas ferramentas de gestio: + Raising the Bar: apresenta como os principios do Pacto Global podem ser in- seridos na gestio da empresa, trazendo uma série de orientagdes e informa- ges correlatas; demonstra que uma boa performance social c ambiental é uma questo de compromisso com a transformagao, o que requer esforgos € comprometimento para que resultem em sucesso a gestio da empresa; * Indicadores Ethos Aplicados aos Principios do Pacto Global: desenvolvidos como um instrumento de autodiagnéstico em relacéo aos der. prineipios do Pacto Global; devem ser utilizados como complemento aos Indicadores Ethos de Responsabilidade Social Empresarial Praticas de Governanga Corporativa do IBGC Segundo o Instituto Brasileiro de Governanga Corporativa (IBGC), “governan- ca corporativa € 0 sistema pelo qual as sociedades sio dirigidas e monitoradas, enval- vendo os relacionamentos entre acionistas/cotistas, conselho de administracio, dire- toria, auditoria!? independente ¢ conselho fiscal. As boas praticas de governanga corporativa tém afinalidade de aumentar 0 valor da sociedade, facilitar seu acesso 20 capital e contribuir para.a sua perenidade.” IBGC foi o organismo que tomou para sia responsabilidade da formulagio, no ambito brasileiro, do Codigo das Melhores Praticas de Governanca Corporativa; seu lancamento ocorreu em maio de 1999. Em sua primeira edicdo concentrava-se principalmente no conselho de administracio, partindo da reflexao sobre a Lei das Sociedades Andnimas entao vigente e das discus sées e conclusées de um representativo grupo de empresirios. Appartir do langamento desse c6digo, observou-se que os principais modelos e prs- ticas de governanca corporativa passaram por intenso questionamento e houve uma acentuada evolucéo do ambiente institucional ¢ empresarial em nosso pais, represen tando a passagem de um perfodo em que a expresso governanga corporativa era pra- ticamente desconhecida pata outro em que o tema passa ser amplamente discutido. Em abril de 2001 promoveu-se a primeira revisio do cédigo, levando em conta ‘os avancos no Ambito legislative e regulatorio no campo da governanca corporativa Sculancamento, em marco de 2004, representou, sobretudo, um esforco de consoli- dagio e amadurecimento dos pontos-chave que poderao auxiliar as empresas brasi- leiras na busca por capitais. 0 principal objetivo do Cédigo de Governanga Corporativa do IBGC ¢ indicar caminhos para todos 0s tipos de organizagées, visando a aumentar o valor da socie- + Auditoria social: avaliagio sistemética do impacto socal de uma organizacio em relagdo aos seus pa- Ses ou expectativas. Eavaliado, entre outros, o cumprimento de normasInternacionais, nomeadamen- as que dizem respeito is condicbes de trabalho (remuneracio, lineedade sindical, nio discriminagio, fee seguranga). 292 | INTRODUGAD A ENSENKARIA DE PRODUGAD ELSEVIER dade, melhorar seu desempenho, facilitar seu acesso ao capital a custos mais baixos ¢ contribuir para sua perenidade. 0 cédigo esta dividido em seis capitulos: propriedade (s6cios), conselho de ad- ministragao, gestdo, auditoria independente, conselho fiscal, ¢ conduta ¢ conflito de interesses. Os princfpios basicos que inspiram esse cédigo sio: transparéncia, eqtiidade, prestagio de contas (accountability) e responsabilidade corporativa. Balango Social do Ibase Em 1984, a Nitrofértil publicou que é “considerado o primeiro documento brasileiro do género, que carrega o nome de Balango Social” (ibid.). De acordo com o Ibase, o balanco social é um demonstrativo publicado anual- mente pelas empresas reunindo um conjunto de informagdes sobre os projetos, be- neficios e aces sociais dirigidas aos empregados, investidores, analistas de mercado, acionistas ¢ 4 comunidade. E também um instrumento estratégico para avaliar ¢ mul- tiplicar o exercicio da responsabilidade social corporativa (Balango Social, www.ba- Iancosocial.org.br, acessado em 4 de marco de 2007) Ihase desenvolveu o seu modelo em 1997, quando o socislogo Herbert de Souza, o Betinho, “lancow uma campanha para incentivar a divulgacéo voluntaria do balango social e propés um modelo simplificado de antoavaliagao das priticas das ‘organizagées” (Instituto Ethos, 2005, p. 25). O grande diferencial desse modelo é a sua simplicidade. Em 1998, com o objetivo de incentivar as empresas a publicarem ‘osseus balancos sociais, “o Ibase langou o Selo Balango Social Toase/Betinho (..) con ferido anualmente a todas as empresas que publicam o balanco social no modelo su- getido pelo Ibase, dentro da metodologia e dos critérios propostos” (Balango Social, www-balancosocial.org.br, acessado em 4 de marco de 2007). ‘Omodelo de balango social do Instituto Ethos foi langado em 2001 e “incorpora ‘0 modelo proposto pelo Ibase, mas sugere que as empresas facam um maior detalha- mento do contexto em que as decisées sto tomadas, dos problemas encontrados dos resultados obtidos” (Instituto Ethos, 2005, p. 25). Além de permitir uma visto sistémica da empresa, esse modelo de balanco social também pode ser utilizado como instrumento de diagnéstico e gestio, uma ver que agrupa informagdes impor- tantes sobre o papel social da empresa, permitindo acompanhar a evolucio ea me~ Ihora de seus indicadores. £ importante salientar que a publicagao de um balango so- cial oferece uma proposta de dislogo com os diferentes piblicos envolvidos no neg6- cio da empresa que o adota: piiblico interno, fornecedores, consumidoresiclientes, comunidade, meio ambiente, governo e sociedade (Instituto Ethos, 2005, p. 25). GRI - Global Reporting Initiative A Global Reporting Initiative (GRI) é uma organizacéo formada por milhares de especialistas de varios paises que participam da sua equipe de gestao ¢ dos scus gru- pos de trabalho. A GRI foi langada em 1997 com 0 objetivo de melhorar a qualidade, o rigor e a aplicabilidade dos relatorios de sustentabilidade (socioeconémico-ambi- ACSPONSABILIDADE SOCIAL, ETICA € susTeNTABILiDAdE... (293 ental), tornando-os rotineiros e compardveis, como os tradicionais balancos finance- iros. Essa iniciativa tem recebido o apoio efetivo e a participacio de representantes da indastria, de grupos ativistas sem fins lucrativos, de érgaos contabeis, de organiza- Ges de investidores e de sindicatos, entre outros. Trabalhando conjuntamente para atingir um consenso sobre as diretrizes para que os relatérios possam alcancar aceita- 40 mundial, em 2002 foi langadaa segunda geragio das diretrizes (GRI, 2002, p. 1) Atualmente ha a terceira versio (“G3”, terceira geragio), langada em 2006. AGRI € uma ferramenta valiosa que serve para a avaliagao interna sobre a con- sisténcia entre a politica de sustentabilidade corporativa e sua efetiva realizacao, as- sim como o seu formato facilita o entendimento pelas pattes interessadas ¢ sua utili- zagao para o campo social e ambiental (Instituto Ethos, Localizador de Ferramentas, www.cthos.org.br, acessado em 4 de margo de 2007) De acordo com a GRI (2006, p. 3), um relatério de sustentabilidade deve incluir tanto as informacées positivas quanto as negativas sobre a organizacao. Esto sujei- tos a testes ¢ melhoria continua. ‘OHSAS 18001 E uma norma para sistemas de gestao da seguranga ¢ da satide no trabalho. Implantar ¢ certificar um sistema de gestio da seguranca e satide ocupacional (SGSSO) tem se configurado como questio estratégica para as organizagdes, similar a0s sistemas de gestio da qualidade e ambiental, certificéveis em conformidade com as normas ISO 9001 ¢ ISO 14001. O passivo trabalhista, no qual se incluem os aci- dentes do trabalho e as doengas ocupacionais, influencia o custo do produto ou ser- vigo, a motivacio dos empregados, o valor patrimonial e a imagem das empresas. A necessidade de as organizagdcs assumirem compromissos por meio de certificacio, seja por melhoria de desempenho da imagem, de vantagem competitiva, para trans- por barreiras nao tarifarias ou por pressio de clientes, tem sido considerada como processo irreversivel. Apés a introducéo da varivel ambiental no planejamento estratégico das empre- sasecom aimplantagio de sistemas de gestao integrados, a percepcao nos ambientes académico e organizacional foi a de existéncia de um modelo de gesto incompleto: ‘os aspectos organizacionais ligados 8 qualidade ¢ a0 meio ambiente por si s6 nao ga- rantem o gerenciamento efetivo dos riscos inerentes a cada processo produtivo, O gerenciamento da seguranca e satide ocupacional ($50) dos trabalhadores é compo nente imprescindivel ¢ complementar para se assegurar a qualidade total, com pro- cessos produtivos seguros € competitivos. As preocupagées com SSO sio tratadas como sistema de gestio na norma OHSAS 18001 (Occupational Health and Safety Assessment Series), incluindo em si ‘0 método PDCA; ou seja, utiliza uma forma organizada e sistemética de perseguir a melhoria continua no desempenho em seguranca e satide ocupacional. Embora exis- ta uma identidade estrutural com a norma ISO 14001, a OHSAS 18001 nao tem a chancela ISO (International Organisation for Standardisation). Foi claborada por sum pool de certificadoras e credenciadoras e visa a suprir a demanda de empresas que buscam certificacao, normalmente complementar & ambiental e & qualidade 294 | InTRODUGAD A ENGENHARIA DE PRODUGAG ELSEVIER Alguns programas de SSO se basearam na norma britanica BS 8800, de 1996. Dife- rentemente da BS 8800," reconhecida como diretriz. de procedimentos, a norma OHSAS 18001, editada em 1999, possui requisitos mandatérios, podendo ser audi- tados objetivamente, o que permite a certificacao por terceiros. Um SGSSO € construido de forma proativa a partir de levantamento de riscos ‘operacionais ¢ & um requisito legal previsto na NR-9, PPRA — Programa de Preven- 40 de Riscos Ambientais, ‘AA 1000 Langada em 1999, a AA 1000 é uma norma que define as melhores praticas de prestagio de contas, para assegutar a qualidade da contabilidade, auditoria ¢ relato ético-social. Enquanto a SA 8000 destina-se a auxiliar as organizagdes a desenvolver a gestao da responsabilidade social para o pablico interno, a AA 1000 aplica-se a0 piiblico externo das organizagées. Estruturada para auxiliar as organizagdes, acionistas, auditores, consultores € instituigdes certificadoras, cla pode ser usada isoladamente ou em conjunto com ou- tros padres de prestagao de contas, como a Global Report Initiative (GRU) enormas padroes como as ISO e SA 8000. A AA 1000 apresenta os principais topicos ligados & responsabilidade social, os pontos de divergéncia ¢ de convergéncia com os demais padres Aeestrutura da AA 1000 contém processos e prinefpios para relatérios, prestagio de contas ¢ auditoria. A implantacio dos processos da AA 1000 se d4 em cinco fases (Quadro 13.6). QUADRO 13.6 Fases de Implantagae da AA 1000 Fase 1 | Plansjamento Fase 2 | Contabilidade Fase 2 Auditor e Relateria Fase 4 Implementagio Fase 8 | Engajamento das Partes Interessadas Una das mais relevantes contribuigdes da AA 1000 situa-se nos processos ¢ defi- nigdes que dao suporte & pratica da responsabilidade social organizacional. Dé-se re- levncia A inovacio na forma de adotar as regras, permitindo que cada empresa defi- na seu proprio caminho. Isso confere as organizagées maior responsabilidad. indice de Sustentabilidade Empresarial Dow JonesONES (Sustainability Index - DJSG)) indice do Grupo de Sustentabilidade Dow Jones (DJSGI- Dow Jones Sustaina- bility Group Index) pretende identificar o desempenho das companhias lideres no que diz respeito ao seu desenvolvimento sustentvel. Foi langado em setembro de $800; Norma criada pela British Standards sobre sistema de gest da said csoguranga no trabalho, ACSPONSASILIDADE SOCIAL, ETICR € SUSTENTABILIDADE... | 295 1999 através de uma parceria entre o Dow Jones Indexes, organizacio responsavel pela apurasao dos indices da Bolsa de Valores de Nova York, ¢ SAM (Sustainability Group), organizagio sediada em Zurique, especializada em administragao de ativos, investimentos em empresas, pesquisa de cendrios e classificacao de empresas quanto 4 sustentabilidade. O sucesso no desempenho é diretamente relacionado ao compromisso para com os cinco principios da sustentabilidade corporativa, segundo DJSGI (13.7) QUADRO 13.7. Principios da Sustentabilidade Corporativa Tecnologia | A criagao, produgao e entrega de produtos e servigos deveria ser basoada fem tecnologia inovadora e organizagao que utiza recursos naturas, socias © financeiros de maneiva eficiente,efetiva e mais econémica no longo prazo Governo | Sustentabilidade corporatva deveria ser baseada em altos padroes de {governo corporate, incluindo responsabildade gerencial, capacidade Drganizacional,relagdes com stakeholders e cultura corporativa, Acionistas | As exigéncias de acionistas deveriam ser conhecidas pelo volume de retorno financeiro, crescimento econémico de longo prazo, aumento de produtividade de longo prazo, competitvidade global agucada e contribuigbes para o capital intelectual Indistia | Companhias sustentaveis deveriam conduzira mudanga de sua ind diregao & sustentabildade demonstrando seu compromisso ¢ dvulgando seu desempenho superior Sociedade | Companhias sustentaveis deveriam encorajar o berrestar socal duradouro pela sua apropriada e oportuna resposta & répida mudanca social, & evolugso emografica, 20 fuxo migratéro, & mudanga da tendéncia cultural € & necessidade de aprendizagem vialicia ° educagao continuada Os principios descritos também assumem 0 carster de critérios, os quais permi- tem identificagio ¢ categorizacéo das companhias sustentaveis para possiveis pro- postas de investimentos. Adicionalmente permitem uma qualificagao financeira do desenvolvimento sustentavel através do enfoque na busca de oportunidades susten- taveis da companhia O modelo proposto pela DJSGI viabiliza o alinhamento entre pretensos investi- mentosem sustentabilidade, unindo beneficio matuo para companhias¢ investidores, indice de sustentabilidade da organizacio é medido através de uma pesquisa aplicada pela SAM, a qual se apdia nas trés dimensdes basicas do triple botton line ‘TBL (econ6mica, smbiental ¢ Social). Metas do Milénio Resultaram da Assembleia do Milénio realizada pela Organizacio das Nacées Unidas em setembro de 2000, em Nova York, reunindo chefes de Estado ou de go- verno de 191 paises, os quais subscreveram a Declaragio do Milénio, um conjunto de objetivos para o desenvolvimento ea erradicagao da pobreza no mundo ~ as cha- madas “Metas do Milénio” (MDM), Trata-se de um conjunto de oito metas correla- cionadas a 18 objetivos, que devem ser buscados pelos paises signatrios da Declara- 296 | InTRODUGAD A ENGENHARIA DE PRODUGAD ELSEVIER 40 do Milénio até o ano 2015, dentre eles o Brasil, para que sejam viabilizadas o mi- nimo de condigdes necessarias para o desenvolvimento global sustentavel. O Qua- dro 13.8 apresenta as oito metas da Declaragio do Milénio. QUADRO 13.8. As Cito Metas da Declaragae do Milénio Meta | Eradicar a extroma pobreza e a fome. Meta 2 | Atingi 0 ensino basico universal Meta 3 | Promover a igualdade entre os sexos @ a autonomia das mulheres Meta 4 | Reduzira mortalidade infantil Meta | Melhorar a saiide materna. Meta 6 | Combater o HIV/Aids, a maliria¢ outras doencas. Meta? | Garantira sustentabilidade ambiental Meta 8 | Estabelecer uma parceria mundial para o desenvohimento. Dadas essas oito metas internacionais comuns, mais de 40 indicadores foram de- finidos para possibilitar uma avaliacao uniforme das MDM nos niveis global, regio- nal ¢ nacional. Os primeitos relatérios internacionais, como o Relat6rio de Desen- volvimento Humano, divulgado pelo Programa das Nagées Unidas para o Desenvol- vimento (PNUD), dao conta da dificuldade dos paises de atingirem as metas acorda- das. As caracteristicas especificas de cada pafs ou regio devem ser consideradas no acompanhamento das Metas do Milénio. Assim, cada pais deve promover por si suas capacidades para monitoré-las Bovespa OSE, indice de Sustentabilidade Empresarial, no Brasil é resultado do esforgo entre a Bovespa (Bolsa de Valores de So Paulo) ¢ varias instituigées — Abrapp, Anbid, Apimec, IBGC, IFC, Instituto Ethos ¢ Ministério do Meio Ambiente. Essas organizagées decidiram unir esforgos para criar um indice de ages que seja um refe rencial (benchmark)'§ para os investimentos socialmente responsaveis. A Bovespa é 0 érgio responsivel pelo desenvolvimento do ISE, pelo célculo pela gestao técnica do indice. Esse indice objetiva demonstrat o retorno de uma car- teira composta por aces de empresas com reconhecido comprometimento com a responsabilidade social ¢ a sustentabilidade empresarial; adicionalmente pretende assumir o carter de mecanismo fomentador ¢ das boas praticas no meio empresarial brasileiro. A metodologia de avaliagao da sustentabilidade corporativa tem por base um questionsrio que permite aferir 0 desempenho das companhias emissoras das 150 ages mais negociadas da Bovespa. Esse mecanismo de avaliacao da sustentabilidade empresarial desenvolve-se a partir do conceito do triple bottom line (TBL), que en- S Benchmark: const sada para designar produtos, servicos, processose/ou priticas considerados como referénciais ou mode- 1 medida dereferéncia muito wtlizada no mercado econdmico, senda empre- ACSPONSABILIDADE SOCIAL, ETICA E SuSTENTABILIDADE... |297 volve a avaliacao de elementos ambientais, sociais e econdmico-financeiros de forma integrada. O questionario do ISE acrescenta aos principios do TBL dois novos gru- pos de indicadores: ctitérios gerais ¢ de natureza do produto (que questionam, por exemplo, a posiggo da empresa perante acordos globais, se a empresa publica balan- 90s sociais, se o produto da empresa acarreta danos ¢ riscos & satide dos consumido- res, entre outros); e critérios de governanga corporativa. Quatro conjuntos de crité ios compdem as dimensées ambiental, social ¢ econémico-financeira: politicas (in- dicadores de comprometimento), gestao (indicadores de programas, metas € moni- toramento), desempenho e cumprimento legal. As empresas do setor financeiro, por seu relacionamento diferenciado com a {questo ambiental, respondem a um questionatio diferenciado. As demais empresas sio dividas em “alto impacto” e “impacto moderado” (o questionario para elas é idéntico, mas as ponderagdes sio diferentes). © preenchimento do questionario é voluntério, sendo composto apenas por questies objetivas, demonstrando 0 com prometimento da empresa com as questées de sustentabilidade, questdes estas que vém ganhando gradativamente maior proje¢io ¢ representam novas oportunidades da atratividade de negécios. £ empregada uma ferramenta de anilise estatistica na andlise das informacées prestadas pelas organizagdes denominada “andlise de clusters”, que se presta a iden tificar 0 conjunto de empresas com desempenhos similares ¢ aponta o geupo com melhor desempenho geral. Esse grupo seleto compord a carteira final do ISE, que constara com um mimero maximo de 40 empresas. ‘ISO 26000 E A ENGENHARIA DE PRODUGAO As organizacées brasileiras podem ter beneficios como consequéncia da adocio, «em suas praticas de gestéo, de prineipios de responsabilidade social. Esses beneticios envolvem: oportunidade de geracio de inovagdes em processos e produtos, como relatam Hall e Vrendenburg (2003); melhoria da performance financeira, como indi- ca Peloza (2006); fortalecimento da imagem institucional da empresa, segundo Mi- les e Covin (2000); ¢ exploracao de vantagens mercadolégicas, como ressaltado por Ginsberg ¢ Bloom (2004) Simultaneamente as oportunidades comerciais advindas da implementacio de responsabilidade social, observa-se a crescente percepcao por parte da sociedade do estreito relacionamento entre o setor produtivo e as questdes ambientais ¢ sociais. A articulagio entre avancos tecnolégicos e consequentes impactos socioambientais torma-se acada dia mais perceptivel. Os desequilibrios socioambientais que os mode- los produtivos geram so frequentemente lembrados. A sociedade gradativamente toma consciéncia dessa realidade e passa a cobrar do setor produtivo que assuma as suas responsabilidades, tomando para si ao menos parte das exteriorizagées que vi- nham sendo repassadas aos governos e & sociedade. Tais exteriorizacées sao fatores sociais, econdmicos ou ambientais que impactam ou sao impactados pelo processo de producao, Por exemplo, a utilizagao de entregas frequentes nas {abricas, para evi- tar estoques intermediarios de matéria-prima nelas, pode provocar desgaste ¢ sobre- 298 | INTRODUGAD A ENGENHARIA DE PRODUGAD ELSEVIER carga das vias e dos sistemas de transporte de uma regiso. As organizacées tém de op- tar responsavelmente por suas decis6es no proceso produtivo, de forma a nao im- pactarem ou transferirem custos para a sociedade, No exemplo citado, a sociedade tem de redimensionar vias, investir na pavimentacao de estradas devido ao desgaste do uso intenso por caminhdes ete. Um exemplo de exteriorizacdes que influenciam o processo produtivo &a necessidade de competéncias humanas. As organizagoes res ponsivcis investem, complementando as agbes governamentais, para dotar a comu- nidade de pessoas que tenham habilidades que a atendam, As atividades filantrépicas advindas de programas de voluntariado dos funcio- narios da organizacao ou por cla financiadas sio estratégicas para promover a me- Ihoria do IDH (Indice de Desenvolvimento Humano) da regio. O IDH é considera: do fundamental para avaliar a sustentabilidade dos empreendimentos ¢ é fator im- portante na decisio de escolha de regides para aplicagao de investimento, As responsabilidades social e ambiental sio aspectos cada vez mais cobrados das organizagées. A importancia deste tema no ambiente competitivo justifica a iniciati- va de criagio da ISO 26000. ESTRUTURAS DA ISO 26000 O.Introdugao 1. Escopo 2. Referéncias normativas 3. Termos e defiigdes 4.0 contexto de responsabildade social que deve ser considerado por todas. as organizagses 5. Principios de responsabildade social 6. Orientagées para organizagses na implementagao de responsabilidade social FIGURA 13.6 Estrutura da ISO 26000, No caso da responsabilidade social, a ISO 26000 surge da pretensio de reunir em um nico modelo as caracteristicas diversas, presentes nas mais variadas ferra: mentas ligadas a responsabilidade social, ¢ inclui o objetivo de atuar como um regu- lador reconhecido e aceito globalmente. Uma aplicagao importante sera a regulagio das negociagées comerciais entre as partes, fortalecendo o comércio mundial. Como ilustrado na Figura 13.6, destina-se a ser um instrumento orientador. Tem, contudo, carater nao certificdvel. Objetiva-se também que a ISO 26000 seja um fator de inte- gracio de todas as normas de gestio que uma organizacio possui. A Figura 13,7 apresenta a ilustracio tradicional do processo em que é indicada a 15026000 e os resultados esperados para o processo: alto desempenho social, eco- nomico ¢ ambiental. A adaptacio das organizagbes ao modelo de gestao proposto pela norma ISO 26000 se apresenta como importante passo para o estabelecimento de linguagem comtum em relagio a responsabilidade social organizacional. A ISO 26000 pretende fortalecer a in- teracio das questies econdmicas, sociais e ambientais & estratégia da empresa. ACSPONSASILIDADE SOCIAL, ETICR € SUSTENTABILIDADE... | 299) Sistema Gerencial da Organzacho —<(__> XS 180 14000 Esvatéoi — Poltias Eeondrio corporavas ures U auia 80 28000 FIGURA 13.7 A1SO 26000 como guia empresarial para a responsabilidade social, Fonte: Adaptada de Cajazeira e Barbieri (2005), As reformulagées na estratégia ¢ na politica das organizagées representam con- sequéncia imediata no campo operacional, com novos arranjos nos modelos de pro- cesso produtivo. Tais escolhas e intervengdes sao intimamente ligadas 4 competéncia do engenheiro de produgao. O processo de transformacao do modelo estratégico or- ganizacional, para incorporar os prinefpios de responsabilidade social ¢ ambiental somente se dard se a formagao dos engenheiros estiver alinhada com esse censtio, Cabe ao engenheiro de producao buscar solugdes equilibradas nos aspectos econd- mico, ambiental e social ESTUDO DE CASO - PAOBAO INDUSTRIA DE PAES LTDA. O texto a seguir exemplifica bem os dilemas éticos e as questées envolvidas no Ambito da responsabilidade social corporativa no contexto de um processo de pro- ducio, A PaoBao é uma indiistria mincira de paes com atuagao nacional, situada na cida- de de Juiz de Fora, No ano de 2003 chegou ao posto de primeiro lugar em vendas no pais, fato que foi extremamente comemorado pelo sex fundador e atual presidente, José Alves, 64 anos, ex-deputado federal cleito por trés mandatos pela regio: “Nos- 50 sucesso se deve ao trabalho 4rduo ¢ honesto, aos grandes investimentos que fize- mos em tecnologia, & capacitagio do nosso pessoal interno ¢ ao respeito ao nosso consumidor final, que € 0 nosso maior bem.” A empresa foi aberta em 1976 e nesses 30 anos de atuagio experimentow um crescimento impressionante, mesmo com eriticas severas por parte da imprensa, de alguns setores da sociedade c, principalmente, dos seus concorrentes. O grande su- cesso da PaoBao pode ser explicado pela sua famosa frase, encontrada na missio da empresa, nos seus antincios ¢ com enorme destaque nas embalagens das seus produ- tos: “Pao gostoso e barato para todos”. Ao entrar nos mercados de Parané, Santa Ca- tarina e Rio Grande do Sul, em 1996, seus produtos chegavam as prateleiras dos su~ permercados com precos, em média, 30% inferiores aos dos concorrentes. Fabrican- tes gatichos a acusaram de concorréncia desleal. A imprensa local noticiow 0 fato, en- tevistou atacadistas e proprietarios de supermercados, mas nada comprovou. A re- 300 | 1NTRoDUpAG A ENGEAMARIA OF FRODUGKO ELSEVIER portagem colheu um depoimento de Joselina Silva, 36 anos, consumidora da cidade de Curitiba, que explicou por que passou a comprar 0 pio de forma da PaoBa0 “Nio € 0 pao que eu mais gosto, outto dia o gosto dele estava até um pouguinho amargo, mas ébarato, 6 0 que eu posso comprar eas criancas comem. Sou doméstica, tenho trés filhos para criar ¢ 0 meu marido esta afastado do emprego por problemas nos nervos.” Em 2001, o diretor de producio da PaoBao, Alberto Tornado, 48 anos, genro do dono da empresa, deu a ordem para fabricar com farinha vencida um lote de paes des- tinado ao Norte do estado do Rio de Janeiro: “Fabrica, porque nao vai dar problema nenhum. A farinha nao esta estragada, s6 esta vencida. Vé se ndo manda esse lote para Sio Paulo, porque lé é a nossa menina dos olhos.” Alguns casos de intoxicagio alimen- tarno Norte fluminense vieram & tona nas semanas seguintes: um médico local denun ed, Rio de Jancto: Reichmann & Alonso, 2001. 420 p. Tradugio de Busines Ethics ethical decision making and cases, 4th edition. OLADORI, G, Limiter do desenvolvimento sustentével. Campinas: Bdtora Unicamp, 2001, 221 p “Teadugio de Los Limites del Derarolio Suatentable, FRANGA, SLB. 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