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Rio de Janeiro - RJ
2015
ALUNO OFICIAL PM TIAGO TAVARES LOUVEIRA
Rio de Janeiro - RJ
2015
AGRADECIMENTOS
Ao meu pai, o Sr. Rosalino Louveira, que sempre me aconselhou nas tomadas
de decisões e orientou com relação aos caminhos e condutas a serem seguidas,
servindo como fonte de inspiração, seja como pai, oficial e principalmente como
grande amigo para todos os momentos.
À minha irmã, Tainara Tavares Louveira, que sempre me ouvia tocando violão
enquanto estava em casa e que através de seus estudos no colégio me fazia recordar
o qual difícil foi a batalha para alcançar a tão sonhada profissão de Oficial da
Policia Militar.
Ao Sr. Cap. PM Diego Luciano de Almeida por crer neste trabalho e guiar em
sua elaboração, contribuindo com sua gama de conhecimentos sobre o assunto.
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO.......................................................................................................5
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS..................................................................................29
7 BIBLIOGRAFIA......................................................................................................30
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1 INTRODUÇÃO
Quando nos referimos em uso da força pelas forças de segurança pública somos
remetidos a algumas terminologias. Umas atualmente utilizadas pela doutrina, mas que caíram
em desuso, devido a certas questões, sejam elas de caráter terminológico ou de significância
textual. Pode ser adotado como exemplo o “Uso Comedido da Força”, “Uso proporcional da
Força” e a mais utilizada atualmente “Uso Diferenciado da Força”, mas o que devemos
entender é que todas tratam do “Uso da Força” pela autoridade de segurança pública.
Para o fiel cumprimento de seu dever (com a sua máxima: Servir e Proteger), o Estado
atribui alguns poderes às Policias Militares, dentre os quais está o poder de polícia. Tal
atributo possui algumas peculiaridades, tal como facultar ao agente a decisão de agir no
momento que julgar mais oportuno, independente de autorização do poder judiciário, podendo
para isso usar fazer uso da força legal. Tais pontos estão positivados através do artigo 78 do
Código Tributário Nacional:
Deve ser ressaltado que em determinados casos, durante o agir policial, pode se fazer
necessário o emprego da força letal. Visando evitar arbitrariedades, foi adotado no Oitavo
Congresso das Nações Unidas sobre “Prevenção do Crime e Tratamento dos Infratores” os
Princípios Básicos sobre o Uso da Força e da Arma de Fogo- PBUFAF, orientando os
governos a se adaptarem aos princípios do referido documento.
Para alcançar o objetivo serão expostos os diferentes modelos de uso da força, bem
como as legislações pertinentes ao assunto. Para a pesquisa bibliográfica foram utilizados
produções acadêmicas, livros e pesquisa à internet, além de Tratados e Princípios
Internacionais, Constituição República Federativa do Brasil, Leis, Decretos, Portarias e
Regulamentos existentes na Corporação.
Diversos são os ordenamentos legais que tratam sobre o Uso da Força, sejam eles a
nível nacional ou internacional, sendo de suma importância a sua compreensão pelos agentes
de segurança Pública.
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É importante destacar também que a Segurança Pública está a serviço do direito, tendo
como missão, portanto, a garantia da ordem e a segurança da comunidade, bem como a de
cada cidadão que a compõe, impondo-se a força nos casos em que seja necessário para que se
faça cumprir as normas do Estado.
O uso da força e da arma de fogo deve estar limitado por regulamento ou lei, sendo
que o uso ilegítimo sujeitará o agente a uma apreciação de excesso, desvio, abuso de
autoridade ou de poder.
É um código de ética, composto por oito artigos com comentários explicativos. Não
possui caráter normativo, apenas a título de orientação, não tendo força de lei. Contudo, seu
cumprimento passa a ser obrigatório no âmbito da PMERJ a partir da resolução n° 93 de 27
de setembro de 1991, da antiga Secretaria de Estado de Polícia Militar, tendo como
Secretário, à época, o Sr. Cel PM Carlos Magno Nazareth Cerqueira.
O artigo 3° deste código trata sobre o uso da força e estipula que "Os funcionários
encarregados de fazer cumprir a lei poderão usar a força apenas quando for estritamente
necessário ou na medida em que o requeira o desempenho de suas tarefas" (ASSEMBLEIA
GERAL DAS NAÇÕES UNIDAS, 1979, p. 5). Cabe ressaltar que não se deve ultrapassar um
nível razoavelmente necessário, sendo que o uso da arma de fogo deve ser visto, portanto,
como medida extrema.
Art 5º- Nenhum funcionário encarregado de fazer cumprir a lei poderá infligir
instigar, ou tolerar ato de tortura ou outros atos ou penas cruéis, desumanas ou
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Adotada pelo oitavo congresso das Nações Unidas sobre a prevenção do crime e o
tratamento dos delinqüentes, entre 27 de agosto a 7 de setembro de 1990, em Havana, Cuba.
Os responsáveis pela aplicação da lei devem ser moderados quando usam a força e as
armas de fogo e devem agir em proporção à gravidade da infração e ao objetivo legítimo a
alcançar (Princípios 4 e 5 do PBUFAF). Eles estão autorizados a usar apenas a força
necessária para alcançar um objetivo legítimo.
Os PBs 9 e10 são de suma importância, bem como devem ser levados em conta para a
elaboração de novos modelos de uso da força devido suas características que estabelecem
etapas, em alguns casos, para o uso da arma de fogo, como veremos a seguir:
9. Os responsáveis pela aplicação da lei não usarão armas de fogo contra pessoas,
exceto em casos de legítima defesa própria ou de outrem contra ameaça iminente de
morte ou ferimento grave; para impedir a perpetração de crime particularmente
grave que envolva séria ameaça à vida; para efetuar a prisão de alguém que
represente tal risco e resista à autoridade; ou para impedir a fuga de tal indivíduo, e
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isso apenas nos casos em que outros meios menos extremados revelem-se
insuficientes para atingir tais objetivos. Em qualquer caso, o uso letal intencional de
armas de fogo só poderá ser feito quando estritamente inevitável à proteção da vida.
10. Nas circunstâncias previstas no Princípio 9, os responsáveis pela aplicação da lei
deverão identificar-se como tais e avisar prévia e claramente a respeito da sua
intenção de recorrer ao uso de armas de fogo, com tempo suficiente para que o aviso
seja levado em consideração, a não ser quando tal procedimento represente um risco
indevido para os responsáveis pela aplicação da lei ou acarrete para outrem um risco
de morte ou dano grave, ou seja claramente inadequado ou inútil dadas as
circunstâncias do caso. (ASSEMBLEIA GERAL DAS NAÇÕES UNIDAS, 1990, p.
6).
Exclusão de ilicitude
Art. 23 - Não há crime quando o agente pratica o fato:
I - em estado de necessidade;
II - em legítima defesa;
III - em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direito.
Excesso punível
Parágrafo único - O agente, em qualquer das hipóteses deste artigo, responderá pelo
excesso doloso ou culposo.
Estado de necessidade
Art. 24 - Considera-se em estado de necessidade quem pratica o fato para salvar de
perigo atual, que não provocou por sua vontade, nem podia de outro modo evitar,
direito próprio ou alheio, cujo sacrifício, nas circunstâncias, não era razoável exigir-
se.
§ 1º - Não pode alegar estado de necessidade quem tinha o dever legal de enfrentar
o perigo.
§ 2º - Embora seja razoável exigir-se o sacrifício do direito ameaçado, a pena
poderá ser reduzida de um a dois terços.
Legítima defesa
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Outro destaque da presente norma é com relação ao artigo 136, abordado questões
relativas à maus-tratos, aplicando nos casos, por exemplo, de custódia de presos. Assim
vejamos:
Maus-tratos
Art. 136 - Expor a perigo a vida ou a saúde de pessoa sob sua autoridade, guarda ou
vigilância, para fim de educação, ensino, tratamento ou custódia, quer privando-a de
alimentação ou cuidados indispensáveis, quer sujeitando-a a trabalho excessivo ou
inadequado, quer abusando de meios de correção ou disciplina:
Pena - detenção, de dois meses a um ano, ou multa.
§ 1º - Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave:
Pena - reclusão, de um a quatro anos.
§ 2º - Se resulta a morte:
Pena - reclusão, de quatro a doze anos.
§ 3º - Aumenta-se a pena de um terço, se o crime é praticado contra pessoa menor de
14 (catorze) anos. (BRASIL, 1940, grifo do autor).
Art. 284. Não será permitido o emprego de força, salvo a indispensável no caso de
resistência ou de tentativa de fuga do preso. (BRASIL, 1940);
Art. 292. Se houver, ainda que por parte de terceiros, resistência à prisão em
flagrante ou à determinada por autoridade competente, o executor e as pessoas que o
auxiliarem poderão usar dos meios necessários para defender-se ou para vencer a
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resistência, do que tudo se lavrará auto subscrito também por duas testemunhas.
(BRASIL, 1940);
Art. 293. Se o executor do mandado verificar, com segurança, que o réu entrou ou
se encontra em alguma casa, o morador será intimado a entregá-lo, à vista da ordem
de prisão. Se não for obedecido imediatamente, o executor convocará duas
testemunhas e, sendo dia, entrará à força na casa, arrombando as portas, se preciso;
sendo noite, o executor, depois da intimação ao morador, se não for atendido, fará
guardar todas as saídas, tornando a casa incomunicável, e, logo que amanheça,
arrombará as portas e efetuará a prisão.(BRASIL, 1940);
Art. 474... § 3o Não se permitirá o uso de algemas no acusado durante o período em
que permanecer no plenário do júri, salvo se absolutamente necessário à ordem dos
trabalhos, à segurança das testemunhas ou à garantia da integridade física dos
presentes. (BRASIL, 1940).
É possível observar na presente norma a questão que trata sobre a incolumidade física
do indivíduo, intimamente ligada à lei 9.455 (define os crimes de tortura e dá outras
providências) e ao artigo 136 do CP (maus-tratos), podendo novamente nos remeter aos
incisos III e XLIX da CRFB/1988.
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Instituí O Código Penal Militar , que assemelhado-se com o Código Penal Civil, traz
hipóteses em que ocorre a exclusão de crime, ilicitude ou antijuridicidade. Assim transcrito:
Exclusão de crime
Art. 42. Não há crime quando o agente pratica o fato:
I - em estado de necessidade;
II - em legítima defesa;
III - em estrito cumprimento do dever legal;
IV - em exercício regular de direito.
Excesso culposo
Art. 45. O agente que, em qualquer dos casos de exclusão de crime, excede
culposamente os limites da necessidade, responde pelo fato, se este é punível, a
título de culpa. (BRASIL, 1969, grifo do autor).
Captura em domicílio
Art. 231. Se o executor verificar que o capturando se encontra em alguma casa,
ordenará ao dono dela que o entregue, exibindo-lhe o mandado de prisão.
Caso de busca
Parágrafo único. Se o executor não tiver certeza da presença do capturando na casa,
poderá proceder à busca, para a qual, entretanto, será necessária a expedição do
respectivo mandado, a menos que o executor seja a própria autoridade competente
para expedi-lo.
Recusa da entrega do capturando
Art. 232. Se não for atendido, o executor convocará duas testemunhas e procederá
da seguinte forma:
a) sendo dia, entrará à força na casa, arrombando-lhe a porta, se necessário;
b) sendo noite, fará guardar todas as saídas, tornando a casa incomunicável, e, logo
que amanheça, arrombar-lhe-á a porta e efetuará a prisão.
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A Constituição da República Federativa do Brasil, de 1988, em seu artigo 5°, inciso III
destaca a proibição da prática de tortura, e no inciso XLIII caracteriza os crimes hediondo
como inafiançáveis e insuscetíveis de graça e anistia, incluindo também outros três crimes,
conhecidos como assemelhados à hediondo, dentre os quais está a prática que tortura,
conforme o disposto a seguir:
Somente com o advento da lei 9.455, criada em 7 de Abril de 1977, que temos em
nossa legislação as definições sobre os crimes de tortura:
Recorda-se ainda o inciso LVI da CRFB, muito próximo ao artigo 1°, I, "a" da presente
norma, a saber: "LVI - são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos."
(BRASIL, 1988).
A presente norma, é composta por oito artigos os quais visam disciplinar o uso dos
instrumentos de menor potencial ofensivo pelos agentes de segurança pública, em todo o
território nacional. Dentre seus apontamentos, de grande relevância é o art.2°, conforme
dispõe a seguir:
II - contra veículo que desrespeite bloqueio policial em via pública, exceto quando o
ato represente risco de morte ou lesão aos agentes de segurança pública ou a
terceiros. (BRASIL, 2014, p. 1).
Outro ponto de grande valor é com relação às hipóteses dos incisos I e II no parágrafo
único, situações onde o emprego da arma de fogo não é considerado legítimo.
É importante salientar que o dispositivo supracitado não aboliu o uso de algemas, mas
somente visou evitar abusos, restringindo sua utilização para casos excepcionais e justificados
conforme as hipóteses mencionadas.
O Anexo I traz ao todos 25 (vinte e cinco) Diretrizes que versam sobre o uso da força e
armas de fogo pelos agentes de segurança pública.
O uso da força pelos agentes de segurança pública deverá se pautar nos documentos
internacionais de proteção aos direitos humanos e deverá considerar,
primordialmente:
a. ao Código de Conduta para os Funcionários Responsáveis pela Aplicação da Lei,
adotado pela Assembléia Geral das Nações Unidas na sua Resolução 34/169, de 17
de dezembro de 1979;
b. os Princípios orientadores para a Aplicação Efetiva do Código de Conduta para os
Funcionários Responsáveis pela Aplicação da Lei, adotados pelo Conselho
Econômico e Social das Nações Unidas na sua resolução 1989/61, de 24 de maio de
1989;
c. os Princípios Básicos sobre o Uso da Força e Armas de Fogo pelos Funcionários
Responsáveis pela Aplicação da Lei, adotados pelo Oitavo Congresso das Nações
Unidas para a Prevenção do Crime e o Tratamento dos Delinqüentes, realizado em
Havana, Cuba, de 27 de Agosto a 7 de setembro de 1999;
d. a Convenção Contra a Tortura e outros Tratamentos ou penas Cruéis, Desumanos
ou Degradantes, adotada pela Assembléia Geral das Nações Unidas, em sua XL
Sessão, realizada em Nova York em 10 de dezembro de 1984 e promulgada pelo
Decreto n.º 40, de 15 de fevereiro de 1991. (BRASIL, 2010, p. 27).
A Diretriz n° 7 estabelece que "O ato de apontar arma de fogo contra pessoas durante
os procedimentos de abordagem não deverá ser uma prática rotineira e indiscriminada."
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(BRASIL, 2010, p. 27). Diante de tal apontamento pode-se considerar o ato elencado, de
apontar arma de fogo, como uma das etapas da abordagem e, portanto, elencá-lo como um
nível de uso da força.
Todo agente de segurança pública que, em razão da sua função, possa vir a se
envolver em situações de uso da força, deverá portar no mínimo 2 (dois)
instrumentos de menor potencial ofensivo e equipamentos de proteção necessários à
atuação específica, independentemente de portar ou não arma de fogo. (BRASIL,
2010, p. 27).
O princípio n° 19 faz remissão mais uma vez à questão dos equipamentos de menor
potencial ofensivo, destacando que uso de técnicas e instrumentos de menor potencial
ofensivo não deverá ficar restrito às unidades especializadas:
O Anexo II traz uma série de conceitos que devem ser aplicados às Diretrizes
constantes no Anexo I entre as quais destacamos as seguintes:
Deve ser destacado ainda que a portaria interministerial 4.226 de 2010 tem sua
observância obrigatória somente aos órgãos elencados no artigo 2° da presente norma, a
saber:
agente de segurança pública, buscar o situar e direcionar para a correta ação durante o
emprego do uso da força.
Os princípios essenciais para o uso da força de acordo com a lei 13.060 de 2014 são a
Legalidade, Necessidade, razoabilidade e proporcionalidade.
-Legalidade: significando que o agente público está sujeito aos mandamento legais,
podendo fazer somente aquilo que está previsto na norma legal;
Compreende-se portanto o modelo de uso da força como um recurso visual, que serve
de exemplo, dedicado a auxiliar na conceituação, planejamento, treinamento e comunicação
dos critérios sobre uso da força pelos policiais diante da ação tomada a partir da pessoa
flagrada ou em caso de atitude suspeita quando questionada.
Será abordado a seguir alguns modelos de uso da força que servem como fundamento
para ações em determinadas policias, entre as quais o atual modelo utilizado na PMERJ, o
modelo FLETC.
Foi elaborado no formato de tabela, com duas colunas sendo uma correspondente à
ação do agente de segurança pública, e outra à percepção do agente em atitudes suspeitas.
O modelo aborda os níveis de força e atitude dos suspeitos em sete diferentes níveis,
sendo desde a ausência de força em resposta à ausência de resistência, indo até o emprego da
arma de fogo/força letal, utilizada como medida extrema, a ultima ratio.
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Observa-se no presente modelo o "nível 0- Ausência de força" que não julgamos ser o
mais adequado visto que, ao tratarmos de uso da força, pressupõe-se que haverá a ação, ou
seja, a intervenção coercitiva visando ganhar ou manter o controle. Podendo tal resistência ser
ativa ou passiva , como por exemplo o não acatamento a uma ordem, mantendo-se inerte e
calado. Em virtude disso, nos casos em que não há resistência, não há de se falar, portanto, em
emprego da força por parte dos agentes de segurança pública.
O modelo Remsberg de uso da força é formado por degraus em ascensão, nos mais
baixos fazem referência aos níveis de força mais brandos e mais altos correspondem aos
níveis de força mais altos, relacionados ao emprego de força letal, o último recurso.
É composto por cinco níveis de uso da força onde cada nível possui subdivisões,
subníveis que estão dispostos em ordem crescente, de baixo para cima. Neste modelo o agente
de segurança pública, nos casos em que for necessário o emprego da força, selecionará o
degrau correspondente ao nível de força que julgar mais adequado para a situação em que se
encontra.
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Além de todo exposto do modelo, percebe-se que a verbalização entra como um nível
da força, o que deveria ocorrer em todo o processo, exatamente como numa negociação de
conflito, não sendo analisado de forma positiva este tipo de colocação, pois não demonstra ao
abordado o desejo do agente de segurança pública, que deve ser claro e constante.
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É possível observar que a verbalização não está presente em todos os níveis, cessando
na aplicação da força letal, o que vai de encontro da legislação brasileira, visto que as ações
dos agentes de segurança devem objetivar a cessação da injusta agressão ou da grave ameaça,
e em última instância o uso da força letal. Portanto a verbalização deve sempre estar presente,
em todos os níveis da força.
A presença do Agente de Segurança Pública não foi consideradas como sendo opção
de uso da força física, somente foi incluída considerando visando ilustrar os níveis, tomando
como ponto de partida a verbalização, que necessariamente necessita da presença física do
agente.
Mais uma vez é visível que o uso de equipamento letal é considerado como o último
recurso a ser utilizado, medida extrema, o que reforça a necessidade de capacitar equipar os
agentes de segurança para o emprego de técnicas e equipamentos de menor potencial
ofensivo.
Cabe ressaltar que, existe outro ponto negativo neste modelo, no que diz respeito ao
gráfico utilizado, o agente de segurança pública deve fazer uma análise mais complexa, não
facilitando a compreensão.
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O modelo FLETC é composto por uma estrutura de cores com três faces de cinco
camadas onde estão presentes as alternativas táticas disponíveis ao policial para ganhar ou
manter o controle. Dentre os painéis das extremidades estão presentes duas setas dupla duais
visando descrever o processo de avaliação e seleção da força, que não será tão somente
progressivo, podendo ser diminuto, quando a conduta do abordado for mais submissa ou
apaziguada.
Diante dos diversos modelos que abordam a questão do uso da força pelos agentes de
segurança tem-se em mente que um modelo ou outro pode ser mais o adequado para
determinados contextos.
Deve ser ressaltado que o atual modelo adotado pela Polícia Militar do Estado do Rio
de Janeiro foi elabora em uma sociedade com aspectos culturais diversos dos quais podem ser
constatados na sociedade fluminense. Variando aspectos culturais, educacionais, religiosos,
biológico , condições econômicas da sociedade, climáticas, dentre outras., sendo que o
principal fator é o cultural visto que:
2. O homem age de acordo com os seus padrões culturais. Os seus instintos foram
parcial mente anulados pelo longo processo evolutivo por que passou.
3. A cultura é o meio de adaptação aos diferentes ambientes ecológicos. Em vez de
modificar para isto o seu aparato biológico, o homem modifica o seu equipamento
superorgânico. (LARAIA, Roque, 2001, p. 50)
Deve-se frisar que avanços tecnológicos podem contribuir positivamente com relação
à logística da corporação, contudo, em virtude de particularidades de cada indivíduo podemos
constatar que há uma variação quanto a capacidade de estar passível a receber distrações de
fatores externos, o que subtrairia um dos níveis de uso da força, a presença, naqueles em que
ela é levada em consideração.
Não se pode olvidar que o modelo FLETC é do ano 1994 no âmbito da PMERJ e que
desse período até os dias atuais, diversas foram as mudanças nas legislação brasileira, dentre
as quais:
Lei Federal 13.060/ 2014 que traz apontamentos onde exclui algumas possibilidade até
então não consideradas ilegítimas;
Lei Federal 9.455/ 1997, conceituando crimes de tortura e dando outras providencias;
Ainda no tocante ao aspecto legal, recorda-se que existem sociedades mais flexíveis
quanto a atuação de seus agentes e outras mais rígidas, restringindo condutas e,
conseqüentemente, limitando a discricionariedade do agente, através de seus ordenamentos
legais.
Diferente de outro modelos, não foi levado em consideração o emprego de cães pelas
forças de segurança visto que tal alternativa não está ao alcance de todas as equipes no âmbito
da PMERJ (restringindo-se ao batalhão de ações com cães) ou dos demais órgãos de
segurança pública.
possível, deverá ser informado a intenção da utilização do equipamento letal, contudo não há
de ser uma regra visto que há momentos em que o risco está muito elevado ou ocorre uma
mudança abrupta no comportamento do abordado que inviabilizaria tal prática.
O ato de apontar o equipamento letal não deve ser uma prática cotidiana, o que leva a
considerar como um dos níveis de uso do força, sendo válido também para o uso de
equipamento não letal.
ATITUDE DO
USO DA FORÇA PELO
INDIVÍDUO SUSPEITO
AGENTE DE
OU CIDADÃO
SEGURANÇA PÚBLICA
INFRATOR
AMEAÇA LETAL FORÇA LETAL
FORÇA LETAL
INDICAÇÃO DE
(LEGITIMA DEFESA
AMEAÇA LETAL
IMINENTE)
EMPREGO DE
AGRESSÃO FÍSICA
EQUIPAMENTO MENOS
(MENOS LETAL)
LETAL
INDICAÇÃO DE SACAR E APONTAR O
AMEAÇA MENOS EQUIPAMENTO MENOS
LETAL LETAL
TÉCNICAS DE DEFESA
RESITÊNCIA ATIVA
POLICIAL
RESITÊNCIA PASSIVA
CONTROLE DE CONTATO
COOPERATIVO
Tal modelo é composto por duas camadas em forma de coluna, onde uma faz
referencia à atitude do indivíduo suspeito ou cidadão infrator e a segunda trata do uso da
força pelo agente de segurança pública.
Como pode ser observado há aspectos que podem variar no emprego da força durante
a atuação do agente de segurança pública.
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Quanto ao indivíduo o estado mental (mais agitado ou ameno), a idade (mais jovem ou
mais envelhecido), o sexo do abordado que pode influenciar na capacidade de resistência e as
habilidade (com equipamento ou técnicas pessoais).
Já a ação do agente de segurança pode sofrer influências como a fadiga (que pode
comprometer a intensidade no caso do controle de contato), os equipamentos que estão a sua
disposição, a sua habilidade com tais equipamentos ou técnicas de defesa pessoal e o tamanho
de sua equipe.
Outras variantes certamente devem existir, porém tais pontos já contribuem para uma
nova visão dos aspectos presentes atualmente, fazendo com que se contribua para novas
reflexões sobre o assunto uso da força.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O "assunto uso da força", como pode ser observado, se estende por algumas décadas
no cenário mundial, procurando contribuir para uma melhor capacitação dos agentes de
segurança pública por meio de novas tecnologias, técnicas, métodos, modelos, etc. Tais
aspectos sempre objetivando uma melhor prestação de serviço para as sociedades.
Deve-se enfatizar que a segurança pública não se faz somente com polícia. Os demais
órgãos devem cumprir seus papéis, fornecendo condições suficientes para o agir dos
encarregados de aplicar a lei, tais como a disponibilização de equipamentos que proporcionem
o uso da força em todos os níveis, conforme os ordenamentos legais.
Lembrando que o presente artigo não pretende encerrar o assunto, mas busca
harmonizar reflexões sobre o atual cenário da segurança pública brasileira, sobretudo no
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REFERÊNCIAS
BUENO, Silveira. Silveira Bueno: minidicionário da língua portuguesa. Ed. rev. e atual. São
Paulo: FTD, 2000.
GRECO, Rogério. Atividade policial: aspectos penais, processuais penais, administrativos e
constitucionais. 6ª edição. Niterói, RJ: Impetus, 2014.
LARAIA, Roque de Barros, Cultura: um conceito antropológico. 14.ed. Rio de Janeiro: Jorge
Zahar Editor, 2001 .
MINISTÉRIO DA JUSTIÇA. Uso Legal da Força. Secretaria Nacional de Segurança
Pública. Florianópolis, 2006.
______. PORTARIA INTERMINISTERIAL No - 4.226, DE 31 DE DEZEMBRO DE
2010. Estabelece Diretrizes sobre o Uso da Força pelos Agentes de Segurança Pública.
<http://www.jusbrasil.com.br/diarios/24028895/pg-27-secao-1-diario-oficial-da-uniao-dou-
de-03-01-2011/pdfView>. Acesso em 21/09/2015.