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A ideia do disco surgiu quando McCartney fez uma viagem de Nairóbi a Londres.
Com isso, propôs ao resto da banda criar "outro grupo" e sugeriu o nome de "Sgt. Pepper's
Lonely Hearts Club Band", inspirado em bandas que se proliferavam naquele tempo nos
Estados Unidos, esse alter ego daria a eles a liberdade para experimentar musicalmente.
Paul explicou: "Eu pensei, vamos deixar de ser nós mesmos. Vamos desenvolver alter
egos".
A gravação de Sgt. Pepper’s foi logo após a decisão da banda de não fazer mais
shows, segundo John Lennon, eles podiam "enviar quatro bonecos de cera... e seria o
bastante para satisfazer a multidão. Os concertos dos Beatles já não tinham nada a ver
com música. Eram apenas malditos ritos tribais." A banda queria usar todo o potencial
da tecnologia existente, algo que já haviam experimentado no álbum anterior “Revolver”,
como não fariam mais shows não tinham que se preocupar em tocarem as músicas ao
vivo, poderiam explorar o ápice da criatividade. Entretanto, para os padrões da indústria
musical da época, deixar de realizar turnês e shows significava o suicídio em termos de
carreira comercial. A exposição pública era o impulso necessário para a venda de discos
e demais produtos relacionados ao mundo do show business. Para os Beatles, que o Sgt.
Pepper’s, o LP, fizesse a turnê e não mais a banda, e para dar esse aspecto de turnê, o
disco teria que parecer um show “ao vivo”, portanto logo na primeira faixa foram colados
alguns ruídos no início, criando a sensação de uma orquestra afinando os instrumentos
antes da apresentação, e alguns ruídos de plateia, simulando a ovação do público, assim
como também há referências nos versos do refrão “Nós somos a Banda dos Corações
Solitários do Sgt. Pepper’s. E esperamos que vocês gostem do show”.
A primeira faixa é logo colada na segunda sem nenhum intervalo, algo diferente
para a época. Esse recurso se faz presente ao longo do disco, estabelecendo, no todo ou
em partes, uma grande colagem. Após a apresentação da banda do Sgt. Pepper’s, na
canção de abertura, o que se segue são diversos sons e atmosferas sonoras, que em muito
pouca coisa lembrava as canções pop de sucesso da época. Sons de harpas e guitarras
elétricas, cítaras e cacarejos de galinhas, sons de relógio despertador e violinos, o latido
de cachorro e a alta frequência inserida no fim do LP e que apenas cachorros conseguem
ouvir, a música eletrônica e a música modal, o moderno Rock’n’Roll e a música clássica
indiana (ragas e talas). Tudo foi unido no álbum.
As músicas mais imaturas do início de carreira do grupo foi dando lugar a canções
mais complexas e introspectivas, atingindo seu ápice em Sgt. Pepper’s. Os Beatles
entenderam que o estúdio de gravação não era apenas um mero lugar para registro
fonográfico, mas sim um instrumento com diversas potencialidades. A harmonia tonal
tradicional do pop-rock se colocava em paralelo às experimentações modais, os
instrumentos tradicionais do pop-rock (bateria, baixo e guitarra) uniam-se a outros
timbres (tablas, cítaras, quartetos de cordas, etc.). O estúdio se tornava um grande
laboratório musical. E o produtor, George Martin, se tornou vital para essa experiência
Sgt. Pepper’s foi gravado em quatro canais de áudio. Apesar de fitas de oito canais
estarem disponíveis nos Estados Unidos, as primeiras unidades não eram consideradas
operacionais para estúdios comerciais da Inglaterra. Usava-se o “overdub”, a música era
passada de um gravador a outro, fundindo, por exemplo, bateria, baixo, guitarra base e
pianos em dois canais. Liberava assim os outros dois para vocais, guitarra solo e outros
instrumentos, isso possibilitou aos engenheiros um tratamento multi-faixa.