Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – PUC-SP
Faculdade de Direito de São Paulo
Redação e Linguagem Jurídica II Aluna: Jéssica Thais G. Caverzan
Fichamento: Capítulo VIII – Argumentação por analogia: o uso da jurisprudência
Argumento por analogia ou a simili é a aproximação de um caso concreto a outro por serem semelhanças, com a finalidade de se persuadir o ouvinte; Partindo-se do princípio da equidade, que fundamenta a justiça quando esta trata de maneira isonômica casos semelhantes, a jurisprudência se apresenta como fundamental argumento a simili, visto que determinado julgado é utilizado como parâmetro de validade para o que se pretende alcançar; A jurisprudência tem argumento ad verecundiam, com força de autoridade científica e competente, que possui elevado conhecimento sobre o Direito. Assim sendo, quanto maior a instância e importância do magistrado, mais forte será o argumento magister dixit; Ao utilizar-se do argumento a simili, deve-se considerar a utilização de regras como, por exemplo, tornar o discurso coerente estabelecendo uma proporção assimétrica entre o foro, relação conhecida, e o tema, relação menos conhecida, por meio de ideias menores que comprovem tal proporção; Como não existem dois casos totalmente iguais, deve-se tornar o discurso mais persuasivo possível pela qualidade da analogia e não por sua quantidade; Na citação da jurisprudência, pode-se expor vários julgados de tribunais diversos para demonstrar certa unanimidade de posicionamento entre as diversas autoridades. Entretanto, considerando ainda o argumento de autoridade, o excesso de julgados raramente será persuasivo, visto que o que terá mais peso será a autoridade do órgão prolator, sua atualidade e proximidade com o foro e o tema; As emendas, resumo do julgado, dificilmente serão persuasivos, apenas quando o julgador é leigo, como ocorre no tribunal do júri, e não tem interesse em aprofundar no assunto, ou quando a questão é incontestável, dispensando maior profundidade; Quanto a extensão da citação da jurisprudência, se muito curta, ela perderá seu valor de analogia e persuasão. Todavia, quando é muito longa, a citação desestimula e dispersa a atenção do leitor ou ouvinte. Desta forma, deve-se escolher um acórdão e transcrevê-lo detalhadamente de acordo com o aproveitamento de seu texto; Já para combater os argumentos feitos por analogia, deve-se descontruir o paralelismo feito entre o foro e o tema e exigi da parte contrária a demonstração eficiente do paralelismo feito, enfatizando também as deficiências dos argumentos utilizados. Outra opção ainda é utilizar-se de outra analogia.
Fichamento: Capítulo X – Estrutura lógica e argumento: a fortiori, ad absurdim e
ridículo Há vários argumentos que podem ser utilizados como argumentos jurídicos, sendo os mais corriqueiros os argumentos contrario sensu, a fortiori e ad absurdum; O argumento contrario sensu, ou seja, de interpretação inversa, é utilizado tanto na interpretação de normas jurídicas como também para reforçar teses argumentativas que se deseja comprovar. Tal argumento tende a falácia e poderá ter um poder de persuasão menor se reducionista; O argumento do absurdum ou argumento apagógico, visa demonstrar a falsidade de uma proposição ampliando seu sentido para que o interlocutor perceba o seu lado impossível, pautando-se na premissa de verossimilhança até se alcançar resultados inaceitáveis; O discurso verossímil não é sinônimo de discurso verídico, mas aduz ao que parece como verdadeiro no transcorrer das falas, assentando-se em uma espécie de presunção de veracidade por parte do interlocutor; Para combater o argumento ad absurdum deve-se demonstrar que embora pareça verdadeiro, a tese exposta pela outra parte não o é; A ridicularização, como parte do argumento ad absurdum, é um eficiente meio de se empregar o humor para repreender aquilo que não se deseja enfrentar diretamente, seja por ser cansativo, por temor ou por não se objetivar entrar no mérito da questão. Ressalta-se, entretanto, que “o bom humor nunca retira a seriedade de nenhuma trabalho”; No argumento a coherentia objetiva-se enfatizar, quando há duas normas jurídicas que aparentemente tratam da mesma matéria de forma contraditória, qual norma deve ser aplicada ao caso concreto, sempre persuadindo para aquela com melhor benefício; Na tentativa de se combater o argumento a coherentia, é necessário se analisar cada caso utilizando-se da jurisprudência e da doutrina para esclarecer a dicotomia entre leis; Ressalta-se que a interpretação da lei não é algo imutável, estanque ou verdade absoluta, mas diante dos limites da razoabilidade, pode ser interpretada; O argumento a fortiori faz a distinção entre normas proibitivas e permissivas, impondo certa analogia. O argumento a minori ad mauis, por exemplo, compreende que “se a lei proíbe o menor, logo, deve-se proibir o maior”. Já o argumento a maiori ad minus entende que se a lei concede o benefício maior, com certeza concede um benefício menor; Para se combater o argumento a fortiori deve-se buscar a imperfeição na analogia; Quanto ao argumento do córax, este compreende que o que é verossímil demais é inverossímil, visto que em muitos casos, principalmente no âmbito penal, a falta de imperfeição nas provas é motivo para se crer que elas estão sendo incorretas. No combate a tal argumento deve-se reforçar as provas são falaciosas por serem perfeitas e contundentes demais; No argumento ad hominem busca-se criticar diretamente o indivíduo do que as ideias postas por ele. Pode-se subdividir essa categoria argumentativa em 3 tipos: argumento ad hominem abusivo, quando os ataques são direcionais diretamente ao argumentante, caracterizada como ofensa pura; argumento ad hominem circunstancial, demonstrando que a posição do argumentante no discurso, contrário ou a favor de algo, não condiz com o que ele pratica; e o argumento ad hominem não- falacioso, visando a importância do papel social que o argumentando representa perante a sociedade, devendo ele ser responsabilizados por seus atos, como no caso de um político.