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Nesta aula, procuramos diferenciar a literatura colonial da literatura africana de expressão portuguesa, além de expor como
se deu o início da literatura em África. Você também conheceu o significado e as implicações do termo “Negritude”. Um
abraço e até a próxima aula.
A literatura na Guiné-Bissau
Nesta aula, o nosso objetivo é estudar o desenvolvimento da literatura em Guiné-Bissau, buscando apontar quais foram as
circunstâncias de surgimento da literatura nesse país, como se constituiu e quando se afirma como literatura nacional.
Vamos à aula!
Nos séculos que antecedem os anos de 1900, não houve condições sócio-culturais para que surgissem obras literárias em
Guiné-Bissau. Um dos motivos pode ter sido as guerras de resistência desses africanos contra a ocupação portuguesa,
guerras que se prolongaram até meados do século XX. Outro ponto, é que Guiné não foi, primeiramente, colônia de
povoamento, mas de exploração. Com isso, não houve a estruturação colonial que havia acontecido nas outras colônias, isto
é, escolas, serviços administrativos, governamentais, entre outros. A administração portuguesa fixa-se no interior só a partir
de meados de 1900. Assim, não foi possível o surgimento de uma “elite” que pudesse iniciar uma cultura com base nos
padrões europeus, ou seja, uma literatura nos padrões ocidentais.
Até a década de 1870, a administração de Guiné-Bissau estava a cargo de Cabo Verde. Em 1879, é instaurada a primeira
tipografia em Bolama, capital da colônia. Veja o que diz Inocência Mata a esse respeito:
“Não obstante isso, e a publicação do primeiro periódico, o boletim Oficial da Guiné (1880-1974), apenas 40 anos depois
surge o primeiro jornal da colônia, Ecos da Guiné (1920) para a instauração da imprensa em Guiné, a que se seguirão a Voz
da Guiné – quinzenário republicano independente (1922), e o Pró-Guiné (1924), sendo este órgão do Partido Republicano
Democrático. Publicações pertencentes a portugueses radicados, a temática reportava-se a questões políticas que
constituíam preocupação da época, a saudade da terra-mãe e a apologia do desenvolvimento colonial” (In: LARANJEIRA,
1995, p. 356). A convivência entre etnias era difícil devido a tensões políticas, sociais e étnicas.
Nesse contexto, há o surgimento do primeiro jornal editado por alguém que havia nascido na Guiné: O comércio da Guiné
(1930-31), criado por Armando Antônio Pereira. Os colaboradores do jornal eram pessoas letradas vindos de Cabo-Verde
ou descendentes de cabo-verdianos. Apesar de defender alguns interesses dos guineenses, como o acesso à instrução, o
discurso colonial influenciava o jornal. Em todo caso, ao redor do jornal, iniciam-se discussões sobre a condição do
colonizado. Do grupo de colaboradores, surgem os primeiros escritores de uma literatura de motivos guineense, tais como,
os contistas João Augusto da Silva e Artur Augusto da Silva, além do romancista Fausto Duarte.
Podemos considerar que as primeiras manifestações literárias surgem com a literatura colonial. Entre os que produziam esta
literatura estavam pessoas da metrópole e cabo-verdianos radicados na Guiné.
Saiba mais a respeito da literatura colonial na Guiné-Bissau clicando aqui.
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Provavelmente, a pioneira a escrever tomando por base uma temática guineense foi Fernanda de Castro, que escreveu livros
juvenis, poemas e o romance O veneno do sol (1928). Em 1934, Fausto Duarte surge com Auá-novela negra. Na obra deste
autor, já pode ser percebida certa diferença social e étnica, mas o discurso colonial também está presente.
1963 é um ano significativo na literatura nacional de Guiné-Bissau, pois é publicada em São Paulo a obra Poetas e
contistas africanos, de João Alves das Neves, na qual aparece Antônio Baticã Ferreira representando a literatura de Guiné-
Bissau. Baticã publicará nas coletâneas Poesia e Ficção (1972) e Poilão (1973). Leia o que Inocência Mata fala a respeito
da obra desse poeta:
“A poesia de Baticã Ferreira, que doravante irá figurar em antologias como poeta guineense, releva de uma angustiada
tentativa de identificação com a terra natal, expressa pela evocação da infância e de uma visão idílica da natureza captada
através de uma imagética sinestésica, de teor telúrico, talvez devido à dolorosa consciência da ruptura decorrente da
situação de exílio geográfico e cultural do poeta” (In: LARANJEIRA, 1995, p. 359). Sinestésica está ligada à mistura dos
sentidos, por exemplo, “O doce sabor das altas montanhas”.
Leia o poema “A fonte”, note como Baticã sugere a identificação com a terra:
“Pequena como a fonte
é a nascente onde tudo vem beber...
É interessante comentar que o poeta Amílcar Cabral nasceu na Guiné-Bissau, mas viveu em Cabo Verde. Assim, alguns
autores preferem colocá-lo como escritor de Cabo Verde. Realmente, em algumas poesias, podemos encontrar uma ligação
maior com Cabo Verde. No entanto, a maioria dos poemas de Amílcar terá uma visão mais universalista.
Apesar de não ter uma importância muito grande, cabe mencionar o caderno Poilão (1973), no qual onze autores
publicaram. O caderno foi publicado pelo Grupo Desportivo e Cultural dos Empregados do Banco Nacional Ultramarino e
dele participaram quatro autores da Guiné: Antônio Baticã Ferreira, Pascoal d’Artagnan Aurigemma, Atanásio Miranda e
Tavares Moreira. Baticã já era conhecido. Pascoal d’Artagnam publicou alguns poemas em 1978 com o título de Djarama.
Em 1977, vem a lume Mantenhas para quem luta! – A nova poesia da Guiné-Bissau, livro que reúne quatorze poetas entre
19 e 30 anos. “Mantenhas” em crioulo quer dizer “saudações/cumprimentos”. Leia o prefácio desse livro:
“Hoje, somos jovens trabalhadores no campo da poesia: esta não se define, para nós, em termos puramente estéticos. A
forma, destinando-se a garantir a eficácia da obra, a fazê-la atingir os objetivos visados, impõe-se como elemento
manifestante importante, mas o que lhe determina a qualidade é a função, pelo valor social que possa representar (...) Se é
verdade que esta poesia se escreve atualmente em crioulo e em português, cabe-nos a tarefa da sua fixação nas línguas
nacionais, enquanto depositárias dos verdadeiros valores africanos” (In: FERREIRA, 1987, p. 103).
Como pode ser percebido, o prefácio deixa à mostra uma ideologia revolucionária própria do momento histórico e político.
A temática gira em torno de questões sociais, como o anti-colonialismo, a repressão política, a situação precária de vida, e
questões culturais, como a identidade africana, a assimilação, a alienação, entre outros. A liberdade, a vitória, a celebração
da pátria, também são encontradas tematicamente. Veja esse poema de Agnelo Augusto Regalla, cujo tema é o assimilado
(In: FERREIRA, 1987, p. 104):
“Fui levado
A conhecer a nona Sinfonia
Beethoven e Mozart
Na música
Dante, Petrarca e Bocácio
Na literatura,
Fui levado a conhecer
A sua cultura...
Mas de ti, Mãe África?
Que conheço eu de ti?
Que conheço eu de ti?
A não ser o que me impingiram?
O tribalismo, o subdesenvolvimento,
E a fome e a miséria
Como complementos...”
Como podemos notar, há um conflito entre identidades: a que foi colocada, isto é, a colonial; e a que se deseja conhecer: o
ser africano. Os poetas se reencontram, como diz Manuel Ferreira, como cidadãos africanos e a poesia vai aparecer como
meio de transformação social. Esse tipo de poesia nascerá no período de luta armada. Desse modo, há a exaltação de
África, de chefes revolucionários e do escritor Amílcar Cabral. Interessante o que Manuel Ferreira diz a respeito desses
poetas:
“Os poemas são narrações, confissões, em que a palavra funciona como protesto; mas mais do que protesto, ela se torna
desabafo, libertação interior. Daí que o interlocutor não seja o colono, mas o próprio irmão africano. E a fala é falada e não
gritada” (1987, P. 107).
Antologia dos jovens poetas sai em 1978. Cinco desses poetas já haviam participado do Mantenhas. Nessa antologia, há 35
poemas, sendo 19 em crioulo e 16 em língua portuguesa. Na introdução, fica claro que a intenção é manter o aspecto
ideológico, em suma, a produção literária deveria fazer parte do processo revolucionário. Outra antologia, Os continuadores
da revolução, seguirá os mesmos passos. Nessas antologias o crioulo é valorizado e surge como forma de criação literária.
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Vasco Cabral fará uma reunião de seus poemas, os quais serão organizados e publicados no livro A minha luta é a
primavera (1981). Esse escritor foi companheiro e contemporâneo de importantes escritores africanos como Amílcar
Cabral, Agostinho Neto, entre outros. A preocupação de Vasco Cabral na construção de sua obra sempre foi maior em
relação aos aspectos libertários do que aos estéticos. Vamos ver o que Inocência Mata diz a respeito dessa coletânea:
“...contendo 59 poemas, divide-se em cinco enunciados: Amor, Infância e adolescência, Esperança, Luta e progresso e Paz.
Os signos desses enunciados configuram os temas de protesto, a verberação do colonialismo e seus males corolários, a
expressão da identidade e da evocação da Terra-Mãe, símbolo e signo da estética da Negritude, a celebração do solo pátrio,
como nos três mais exortativos poemas do autor, ‘África! Ergue-te e caminha’, ‘Avante África!’ e ‘África, liberta-te!’” (In:
LARANJEIRA, 1995, p. 362-363).
Perpassa em seus poemas o compromisso ideológico, a busca por transformações sociais.
Helder Proença publicará Não posso adiar a palavra (1982), poeta revelado nas primeiras antologias. Helder não se
desvincula do compromisso ideológico, mas mostra também um compromisso maior com aspectos formais, como a
sugestão de imagens, sons, entre outros recursos. Os temas são diversificados, indo do sentimento patriótico ao sentimento
amoroso.
Aumente seus conhecimentos. Você pode encontrar informações a respeito da literatura popular em Guiné-Bissau no
seguinte endereço:
Por fim, convém informar que na década de 1990 foram publicadas mais duas antologias: Antologia poética da Guiné-
Bissau (1990) e O eco do pranto. A criança na poesia moderna guineense (1992).
Nesta aula, você ficou conhecendo o desenvolvimento da literatura na Guiné-Bissau. Na próxima aula, você estudará a
literatura em São Tomé e Príncipe.
A literatura em São Tomé e Príncipe
Nesta aula, vamos verificar como foi o processo de desenvolvimento literário em São Tomé e Príncipe, os principais
autores, suas obras e as temáticas mais comuns.
As primeiras informações a respeito da literatura são-tomense datam do século XIX e início do século XX. O início está
ligado à tradição jornalística produzida pela elite são-tomense. Os periódicos não tinham caráter oficial nem
governamental. Neles eram publicados poemas dispersos de colaboradores, nos quais podemos perceber os indícios pré-
nacionalistas. Veja o que diz Inocência Mata a respeito da temática nessas publicações:
“[...] desenvolveram-se polêmicas sobre a dignificação e instrução das populações nativas, sobre o abuso do poder,
violência contra o negro e sobre a questão das terras expropriadas aos nativos durante a época da introdução das culturas do
cacau e do café e consequente instauração das estruturas coloniais, preparando as condições para a segunda colonização,
baseada na monocultura daqueles produtos que era praticada em unidades socioeconômicas denominadas roças” (In:
LARANJEIRA, 1995, p. 336). A implantação da monocultura se dará em meados do século XIX. Os monopólios
portugueses vão substituir de modo violento a burguesia negra e mestiça.
A literatura são-tomense começa a se formar, enquanto sistema, com as publicações de Caetano da Costa Alegre, que
faleceu em 1890 e teve poesias publicadas de modo disperso. Postumamente, sai a obra Versos (1916), a qual dá indícios
da percepção de diferenças étnicas e valorização nativista. Para alguns autores, a poesia de Caetano mostra certa alienação.
Veja este poema:
“A minha cor é negra,
Indica luto e pena;
És luz, que nos alegra,
A tua cor morena.
É negra a minha raça,
A tua raça é branca,
(...)
Todo eu sou um defeito”
(In: FERREIRA, 1987, p. 39)
Um discurso de identidade começa a ser melhor trabalhado com o poeta Marcelo da Veiga. Sua produção poética revela
mudanças em relação ao processo de conscientização do homem social num contexto de colônia. Em suas poesias,
podemos perceber desde um discurso revoltado até um sentido de transgressão irônica e aguda. Veja a crítica implícita
neste poema:
“O preto é bola,
É pim-pam-pum!
Vem um:
- Zás! Na cachola...
- Outro – um chut – bum!”
(IN: FERREIRA, 1987, p. 96)
Como bem comenta Manuel Ferreira, pode ser percebida tanto a rebeldia linguística quanto a ideológica, revelando um
poeta singular. Outros poemas, na década de 1920, terão como temas a melancolia e a saudade, a mulher e o amor, a
família, a natureza, o idioma e a sua terra. Sobressai na sua poética, no entanto, os poemas de identidade cultural e de
discurso pátrio.
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Marcam os primeiros poemas a ideologia pan-negra e as reivindicações culturais, sociais e políticas, isto é, de consciência
nacional. “África é nossa!” (1935) é um poema que defende a independência e denuncia a violação de sua terra natal. Veja
um fragmento desse poema:
“África não é terra de ninguém
De qualquer um que nem sabe de onde vem;
Terra de refúgio e abrigo
Da Virgem e do Menino
Na hora dura do pr’igo.
Não é este, é outro o seu destino,
Destino de esplendor do sol que brilha
Não este de despromoção que humilha...
Qualquer parcela de África tem povo.
Tem o seu povo, qualquer outro novo
Não é para mandar, falar co’entono,
Mas pr’a a ajudar, agenciando a vida;
Porque o seu povo é que é o seu dono!...”
Nos poemas posteriores à década de 1930, motivos como a exploração colonial, a vida social precária, a humilhação do
homem negro continuarão a fazer parte de sua poética. Além da ironia, Marcelo da Veiga afirma e valoriza aspectos
culturais ao mencionar figuras históricas, a cultura popular e a memória do povo.
Apesar do pioneirismo de Marcelo da Veiga, o primeiro poeta são-tomense em língua portuguesa a aderir à “Negritude”
foi Francisco José Terneiro. Ao contrário de Costa Alegre, Terneiro identifica-se com o destino do homem negro e está
liberto da inferioridade social, conforme assevera Manuel Ferreira. O homem negro é posto num status universal:
“Mãos, mãos que em vós estou sentido!
Mãos pretas e sábias que nem inventaram a escrita nem a rosa-dos-ventos
mas que da terra, da árvore, da água e da música das nuvens
beberam as palavras dos corás, dos quissanges e das timbila que é o mesmo
dizer palavras telegrafadas e recebidas de coração em coração.”
(In: FERREIRA, 1987, p. 91)
Veja mais sobre Terneiro clicando aqui.
Francisco José Terneiro publicará a Ilha de nome santo no ano de 1942. Em 1963, suas poesias são recolhidas e publicadas
como Obra poética de Francisco José Terneiro. Em 1982, é feito uma reedição por Manuel Ferreira, que irá incluir Ilha do
nome santo e receberá o nome Coração em África. Leia o que diz Inocência Mata a respeito dos poemas nessa obra:
“...os poemas negritudinistas de Coração em África evocam, para estigmatizar, a desagregação e a dispersão absoluta do
povo negro, a tristeza, a melancolia e a martirizada submissão do negro da diáspora. Expressão pungente das realidades do
mundo negro-africano, esses aspectos conjugam-se com a dimensão do orgulho da raça, da exaltação cultural expressa pelo
invocacionismo das entidades simbolicamente apreendidas como genésicas e cosmogônicas (Mãe-Terra/Tellus) e pelo
evocacionismo ancestral, configurado no retorno às origens e na concepção redencionista da vida, em forma de esperança e
certeza, aliás uma dimensão configuradora da estética negritudinista” (In: LARANJEIRA, 1995, p. 339). “Genésicas” está
com o sentido de origem e “cosmogônicas” se refere à origem do mundo ou do universo.
Terneiro, assim como outros poetas negros, tem uma característica interessante: os poemas longos e de versos longos para
os de Negritude, os quais possuem traços épicos, e os poemas curtos de versos também curtos para expressar o universo
mestiço, os quais possuem traços líricos.
Conheça as “vozes literárias femininas” são-tomenses no artigo que se encontra neste endereço: Vozes literárias femininas.
Participando na construção da literatura nacional de São Tomé e Príncipe estão: Alda Espírito Santo, que tem suas poesias
reunidas em 1978 no livro É nosso o solo sagrado da terra; Maria Manuela Margarido que escreveu Alto como o silêncio,
publicado em 1957 e Tomás Medeiros, que não teve obra publicada. A temática desses poetas gira em torno de dois eixos:
afirmação da identidade cultural e denúncia da vida social precária das ilhas. Como afirma Inocência da Mata, os “temas
recorrentes dessa poesia prendem-se com a questão da mestiçagem, na sua lata dimensão bio-cultural, com o corolário do
abandono dos filhos e a alienação cultural, e com a questão do trabalho agrícola, a roça e a monocultura do cacau e do café,
o contratado e o seu drama psico-cultural, a marginalidade sócio-econômica da população nativa e a repressão colonial-
fascista” (In: LARANJEIRA, 1995, p. 344).
Alda Espírito Santo também tem poemas que expressam preocupação em relação à condição da mulher. Tanto ela quanto
Maria Manuela Margarido fizeram poemas de evocação da infância, uma forma de resgatar a própria identidade que estaria
ligada a uma cultura original. A poesia de Tomás Medeiros também é de denúncia e reivindicação, propondo
transformações em prol de uma vida nova.
Paralelo a esses textos literários ligados à ideologia nacionalista e preocupados com questões sociais e anti-coloniais,
existiam escritores da metrópole que estavam radicados em São Tomé e Príncipe e escreviam narrativas ficcionais. As
primeiras produções datam dos anos de 1930, apesar de que anterior a esta década foram feitas crônicas, de modo
esporádico.
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Destacaram-se as seguintes obras: Fortunas d’África (1933), escrito por Manuel Récio e Domingos S. de Freitas, Novela
africana (1933), de João Quintinha, Maiá Poçon (1937), de Viana de Almeida. O conto “Ossobó”, de Ruy Cinatti, foi
publicado na revista O Mundo Português, número 30, volume III, em 1936.
Os escritores que melhor representam esse tipo de literatura são Fernando Reis e Luís Cajão. Um romance autobiográfico
de Mário Domingues, O menino entre gigantes (1960), que fala sobre a vida de um menino mulato em Lisboa, é sempre
referenciado entre as obras representativas. Essas obras oscilam entre a dimensão nativista e a dimensão apologética, ou
seja, há a representação da natureza como algo que causa fascínio e há a exaltação do esforço do homem branco em
desbravar a colônia. Portanto, liga-se à ideologia colonial.
Seguindo um discurso que se aproxima daqueles dos poetas que lutavam por questões nacionais, temos Alves Preto que
escreveu os contos “Um homem igual a tantos” e Aconteceu no morro”, além de Sum Marky (José Ferreia Marques), que
escreveu vários romances. Deste autor, destaca-se Vila flogá (1963), no qual há denúncias a respeito da exploração
colonialista.
Após a independência, surgiram poemas que exaltavam e celebravam a revolução, além de destacarem eventos, datas e
figuras que dela participaram. Alguns desses poemas saíram em duas antologias (1977): Antologia poética de S. Tomé e
Príncipe e Antologia poética juvenil de S. Tomé e Príncipe – resistência popular ao fascismo e colonialismo.
Na década de 1980, começa a ganhar destaque o escritor Angelo de Jesus Bomfim, ou Aíto Bonfim, que escreveu o
primeiro texto dramático: A berlinização ou partilha de África (1987), além do romance O suicídio cultural (1992) e
Poemas (1992). Perpassa em suas obras um caráter político de combate e denúncia da precariedade social. Escritores como
Albertino Bragança, Manu Barreto, Sacramento Neto, ganham relevo com a publicação de contos e novelas, além de poetas
como Fernando de Macedo e Francisco Costa Alegre. Novas temáticas, como a memorialista, começam a aparecer. Os
escritores em São Tomé e Príncipe buscam ultrapassar as dificuldades e firmar um sistema literário.
Nesta aula, você ficou conhecendo como foi o desenvolvimento literário em São Tomé e Príncipe. Viu que nesse país há
uma literatura colonial e uma literatura africana. Estudou os principais autores e suas características. Antes de terminarmos,
convém lembrar que você deve acessar o fórum de discussão. Abraço.