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1 – Segundo M.M.

Bakhtin, no texto “Os gêneros do discurso”:

a) A heterogeneidade dos gêneros do discurso e a diversidade funcional seriam reflexo das condições específicas e das finalidades de cada
uma das esferas humanas.

b) Estudaram-se os gêneros literários, pelo ângulo artístico-literário, os gêneros retóricos e os gêneros do discurso cotidiano (estruturalistas,
behavioristas, etc), mas nenhum desses estudos esclarece a natureza do enunciado.

c) A natureza do enunciado é o resultado da inter-relação entre gêneros primários e secundários, por um lado , e o processo histórico de
formação dos gêneros secundários, por outro.

d) Língua e vida se interpenetram através de enunciados concretos, na medida em que são o cruzamento de uma problemática
excepcionalmente importante.

e) Todas as alternativas estão corretas.

2 – Para M.M.Bakhtin o estilo é parte intrínseca de qualquer enunciado oral ou escrito, estando vinculado, indissociavelmente a unidades temáticas
determinadas e a unidades composicionais, envolvendo o tipo de estruturação e de conclusão do todo e o tipo de relação entre o locutor e os
outros parceiros da comunicação verbal. Assim, nesse contexto, seria incorreto afirmar que:

a) O estilo lingüístico ou funcional equivale ao estilo de um gênero peculiar a uma esfera da atividade e da comunicação humana, gerando
um enunciado relativamente estável do ponto de vista temático, composicional e estilístico.

b) O estilo, sendo elemento da unidade de gênero de um enunciado, reflete um gênero do discurso, entremeio a sua variedade.

c) A variedade dos gêneros do discurso relaciona-se à variedade dos estratos e à variedade dos aspectos da personalidade individual. Essas
circunstâncias implicam no estilo individual e em relações diferenciadas entre este e a língua comum.

d) O estilo individual, reflexo da individualidade de quem fala (ou escreve), se realiza mais facilmente nos gêneros literários do que em
formas padronizadas.

e) O estilo não é um elemento da unidade de gênero de um enunciado.

3 – M.M. Bakhtin faz críticas contra Saussure e os continuadores de sua Escola, contra os behavioristas e contra Vossler e seus seguidores. Procura
demonstrar que os procedimentos desses estudiosos não podiam conduzir à definição correta da natureza lingüística do enunciado, na medida em
que se limitava a pôr em evidência a especificidade do discurso cotidiano oral, operando no mais das vezes com enunciados deliberadamente
primitivos (os behaviaristas americanos). Afirma, por outro lado, que a falha dos autores de classificações está em não perceberem a necessidade de
uma unidade de base e de um critério diferencial. Como contrapartida às práticas de autores menores – ainda que famosos no Ocidente -, o grande
pensador russo argumenta que:

a) Os sistemas de classificação dos estilos se ressentem da incompreensão da natureza dos gêneros dos estilos da língua e da ausência de
classificação dos gêneros do discurso, por esferas de atividade humana, assim como da ausência de diferenciação entre os gêneros
primários e secundários.

b) As mudanças históricas dos estilos da língua são indissociáveis das mudanças que se efetuam nos gêneros do discurso.

c) A língua escrita corresponde ao conjunto dinâmico e complexo constituído pelos estilos da língua, cujo peso respectivo e a correlação,
dentro do sistema da língua escrita, se encontram num estado de contínua mudança.

d) É necessário e possível passar-se das descrições superficiais dos estilos, com base numa explicação histórica das mudanças, a partir do
lançamento do problema específico dos gêneros do discurso (secundários e primários), na medida de uma correspondência imediata com
as mudanças na vida social. Alcança-se a história da língua, partindo-se da história da sociedade, tendo-se como correias de transmissão o
tipo de enunciado que faz parte de um gênero do discurso, inclusive, porque nenhum fenômeno novo – fonético, lexical ou gramatical –
deixa de passar por um processo de acabamento no nível do estilo-gênero.

e) Todas as alternativas estão corretas, porque correspondem quase literalmente às declarações de M.M. Bakhtin, na obra “Os gêneros do
discurso”, parte do livro “Estética da criação verbal”.

4 – A língua escrita é resultante de cada época de desenvolvimento, sendo marcada pelos gêneros do discurso, tanto secundários, quanto primários.
Segundo M.M. Bakhtin, o processo de ampliação da língua escrita.

a) Pressupõe a incorporação de camadas da língua popular, o que implica em novo procedimento na organização e na conclusão do todo
verbal e na modificação do lugar reservado ao ouvinte ou ao parceiro, entre outros aspectos.

b) No caso da Literatura, esta busca, nas camadas atualizadas dos gêneros da língua popular, os aspectos que atendem a suas necessidades.
c) Quando a literatura busca atender suas necessidades junto das camadas atualizadas dos gêneros da língua popular, realça-se o gênero
falado-dialogado, forçando à dialogização dos gêneros secundários, nova sensibilidade do ouvinte e novas formas de conclusão do todo.

d) Tanto os estilos individuais como os que pertencem à língua tendem para os gêneros do discurso.

e) Todas as alternativas estão corretas.

5 – M.M. Bakhtin notou a precariedade com que os gramáticos, em particular, e os lingüistas, em geral, correlacionam o estudo da gramática com o
do léxico e deste, com a estilística. Diante da situação:

a) Declarou que a solução está no estado da natureza do enunciado e das particularidades do gênero do discurso.

b) Declarou que a gramática e a estilística se juntam em qualquer fato lingüístico concreto.

c) Declarou que qualquer fato lingüístico concreto, do ponto de vista da língua, é um fato gramatical e do ponto de vista individual, é um fato
estilístico. Mantida, metodologicamente, a diferença entre ambos os aspectos, devem combinar-se organicamente.

d) Somente, A e B estão corretas.

e) A, B e C estão corretas.

6 – A lingüística do século XIX, segundo M.M. Bakhtin, abstrai-se da necessidade de comunicação e a que se iniciou com o século XX, com F.
Saussure, coloca o ouvinte como passivo num processo de comunicação verbal, o que, em nenhum dos dois casos, corresponde à situação real.
Desse modo, para o autor russo:
a) A compreensão de uma fala viva, de um enunciado vivo é acompanhada de uma atitude responsiva ativa (conquanto o grau dessa
atividade seja muito variável).

b) A compreensão passiva das significações do discurso ouvido é apenas o elemento abstrato de um fato real que é o todo constituído pela
compreensão responsiva ativa e que se materializa no ato real da resposta fônica subseqüente.

c) A utilização incerta e ambígua de termos tais como “fala” ou “fluxo verbal” revela menosprezo pelo papel ativo do outro no processo de
comunicação verbal e a tendência de passar ao largo desse processo.

d) A indeterminação e a confusão terminológicas acerca de um ponto metodológico tão central, no pensamento lingüístico, resultam de um
menosprezo total pelo que é a unidade real da comunicação verbal: o enunciado. A fala só existe, na realidade, na forma concreta dos
enunciados de um indivíduo: do sujeito de um discurso-fala. O discurso se molda sempre à forma do enunciado que pertence a um sujeito
falante e não pode existir fora dessa forma. Quaisquer que sejam o volume, o conteúdo, a composição, os enunciados sempre possuem
como unidades de comunicação verbal, características estruturais que lhes são comuns, e, acima de tudo, fronteiras claramente
delimitadas.

e) Todas as alternativas estão corretas.

7 – Para M.M. Bakhtin, as fronteiras do enunciado concreto, entendido como unidade da comunicação verbal implica e pressupõe a alternância dos
sujeitos falantes (locutores). Nesse sentido:

a) O enunciado deve apresentar um começo absoluto e um fim absoluto. Antes de seu início há o enunciado dos outros. Depois, enunciados-
respostas dos outros, pois passa-se a palavra ao outro ou este compreende de forma responsiva ativa.

b) A forma clássica de comunicação verbal é o diálogo real. Neste, a réplica permite determinar a posição do locutor e, assim, a posição
responsiva torna-se igualmente possível.

c) A réplica, ao permitir a determinação da posição do locutor e a posição responsiva, produz o acabamento específico do diálogo, enquanto
enunciados provenientes de diferentes sujeitos-falantes. Há um outro em relação ao locutor.

d) Os Gêneros secundários, ainda que incorporem os gêneros primários, caracterizam-se pela ausência de alternância dos sujeitos-falantes.

e) Todas as alternativas estão corretas.

8 – Num contexto de severas críticas aos lingüistas e gramáticos tradicionais que misturam sintaxe e estilística por não saberem diferenciar oração
de enunciado, M.M. Bakhtin declara que:

a) O enunciado tem a particularidade da alternância de sujeitos falantes, tornando-se uma massa compacta rigorosamente circunscrita em
relação aos outros enunciados vinculados a ele. É seguido de pausa real e não gramatical e instaura uma atitude responsiva.
b) A oração, como unidade da língua, não é delimitada em suas extremidades pela alternância dos sujeitos falantes. Também, não está em
contato imediato com a realidade (com a situação transverbal) e com os enunciados do outro.

c) A oração não tem significação plena nem capacidade de provocar atitude responsiva do outro locutor. Portanto, tem natureza gramatical e
fronteiras presas à gramática, só alcançando propriedades estilísticas no interior do todo do enunciado e do ponto de vista desse todo.

d) A oração existe no contexto do discurso de um único e mesmo sujeito falante (locutor), sendo sua relação com o contexto transverbal da
realidade (situação, circunstâncias, pré-história) e enunciados de outros locutores não -pessoal, não-direto e por intermediação de todo o
contexto que a rodeia, ou seja, por todo o enunciado que a rodeia.

e) Todas as alternativas estão corretas.

9 – M.M. Bakhtin, em seu trabalho “Os gêneros do discurso”, explica que “a língua materna – a composição de seu léxico e sua estrutura gramatical -
, não a aprendemos nos dicionários e nas gramáticas, nós a adquirimos mediante enunciados concretos que ouvimos e reproduzimos durante a
comunicação verbal viva, que se efetua com os indivíduos que nos rodeiam. Assimilamos as formas da língua somente nas formas assumidas pelo
enunciado e juntamente com essas formas. As formas da língua e as formas típicas de enunciados, isto é, os gêneros do discurso, introduzem-se em
nossa experiência e em nossa consciência conjuntamente e sem que sua estreita correlação seja rompida. Aprender a falar é aprender a estruturar
enunciados (porque falamos por enunciados e não por orações isoladas e, menos ainda, é óbvio, por palavras isoladas). Os gêneros do discurso
organizam as formas gramáticais (sintáticas)”.
Tal posição de M.M. Bakhtin se choca com a de F.Saussure que definiu o enunciado (a fala) como “ato individual de vontade e de inteligência, no
qual convém distinguir: 1- as combinações pelas quais o sujeito falante utiliza o código da língua a fim de expressar seu pensamento pessoal; 2- o
mecanismo psicofísico que lhe permite exteriorizar essas combinações”. Diante disso, M.M.Bakhtin diz que “Saussure ignora portanto o fato de
que, além das formas da língua, há também as formas de combinação dessas formas, ou seja, ignora os gêneros do discurso”. Com base nesse
espírito de debate intelectual, que tanto falta em nossas instituições de ensino, e tendo por objetivo a compreensão do conceito de acabamento do
enunciado, defendido por M.M. Bakhtin, no âmbito geral dos gêneros do discurso, indique qual alternativa está dentro do espírito das teses do
grande pensador russo.

a) O acabamento do enunciado, visto do seu interior, implica na alternância dos sujeitos falantes. Nesse caso, o locutor disse (escreveu) tudo
o que queria dizer num preciso momento e em condições precisas. Por seu lado, o ouvinte (ou leitor) percebe claramente o fim de um
enunciado como se houvesse um “dixi” conclusivo do leitor.

b) Um dos critérios de acabamento do enunciado está na possibilidade de adotar-se uma atitude responsiva por parte do ouvinte (leitor). O
locutor realiza um tratamento exaustivo do objeto do sentido, de forma total (quase) em certas esferas, lidando com uma padronização
máxima do enunciado, mas quando a criatividade necessária é mínima. O tratamento será relativo em esferas que se caracterizam por
elevado grau de criatividade.

c) Um dos critérios de acabamento do enunciado está no intuito, no querer-dizer do locutor, o que determina a escolha, enquanto tal do
objeto, com suas fronteiras (nas condições precisas da comunicação verbal e necessariamente em relação aos enunciados anteriores).
Além disso, determinada o tratamento exaustivo do objeto do sentido que lhe é próprio. Na visão de M.M. Bakhtin, o elemento subjetivo
entra em combinação com o objeto de sentido – elemento objetivo -, para formar uma unidade indissolúvel que ele limita, vincula à
situação concreta (única) da comunicação verbal, marcada pelas circunstâncias individuais, pelos parceiros individualizados e suas
intervenções anteriores: seus enunciados. É por isso, segundo o autor russo, que os parceiros diretamente implicados numa comunicação,
conhecedores da situação e dos enunciados anteriores, captam com facilidade e prontidão o intuito discursivo, o querer-dizer do locutor,
e, às primeiras palavras do discurso, percebem o todo de um enunciado em processo de desenvolvimento.

d) Um dos critérios de acabamento do enunciado está nas formas típicas de estruturação do gênero do acabamento, já que o querer-dizer do
locutor se realiza acima de tudo na escolha de um gênero do discurso. Essa escolha, por sua vez, segundo M. M. Bakhtin, é determinada
em função da especificidade de uma dada esfera de comunicação verbal, das necessidades de uma temática (do objeto do sentido), do
conjunto constituído dos processos, etc... Assim, nessa linha de intervenção, o intuito discursivo do locutor, sem que este renuncie a sua
individualidade e a uma subjetividade, adapta-se e ajusta-se ao gênero escolhido, compõe-se e desenvolve-se na forma do gênero
determinado.

e) Todas as alternativas estão no espírito de pensamento de M.M.Bakhtin e, portanto, em evidente oposição ao pensamento e à prática de
gramáticos e lingüistas conservadores, como os behavioristas americanos, os estruturalistas, continuadores da escola de Saussure, Vossler
e seus seguidores, etc.... Isso explicaria em parte, a grande dificuldade de compreensão de seu trabalho entre estudantes de letras no
Ocidente.

10 – M.M. Bakhtin, em seu trabalho, os “Gêneros do Discurso” trata, levemente, do aprendizado da língua materna. Ao faze-lo, assume uma postura
mais complexa, porque mais profunda que a Escola Estruturalista ou a Escola Behaviorista e outras assemelhadas. Coincide com estas quanto à
existência de um aspecto individual e de um aspecto social no aprendizado do idioma pátrio. Entretanto, diferencia-se deles. Em que alternativa
essa diferença aparece em forma conclusiva final?

a) A língua materna compõe-se de seu léxico e de sua estrutura gramatical.

b) A aquisição da língua materna ocorre através de enunciados concretos, ouvidos e reproduzidos, durante a comunicação verbal real.
c) A assimilação do idioma materno se realiza através de formas assumidas pelo enunciado e juntamente com essas formas. Assim, pode-se
dizer que há uma correlação estreita entre experiência e consciência, a partir dos gêneros do discurso. Isso equivale a dizer que aprender a
falar é aprender a estruturar enunciados, porque falamos por enunciados e não por orações isoladas e, menos ainda, por palavras isoladas.

d) Os gêneros do discurso organizam nossa fala da mesma maneira que a organizam as formas gramaticais (sintáticas). Aprendemos a moldar
nossa fala às formas do gênero e, ao ouvir a fala do outro, sabemos de imediato, bem nas primeiras palavras, pressentir-lhe o gênero,
adivinhar-lhe o volume (a extensão aproximada do todo discursivo), a dada estruturas composicional, prever-lhe o fim, ou seja, desde o
início somos sensíveis ao todo discursivo que, em seguida, no processo da fala, evidenciará suas diferenciações. Se não existissem os
gêneros do discurso e se não os dominássemos, se tivéssemos de cria-los pela primeira vez no processo da fala, se tivéssemos de construir
cada um de nossos enunciados, a comunicação verbal seria quase impossível.

e) De fato, teríamos que acrescentar a alternativa a e b para termos uma posição conclusiva.

11 – M.M. Bakhtin, em seu trabalho “Os gêneros do discurso”, destaca, como característica importante do enunciado, sua relação com o locutor. O
autor argumenta que:

a) O enunciado representa a instância ativa do locutor numa ou noutra esfera do objeto do sentido, sendo sua característica principal.

b) A escolha dos recursos lingüísticos e do gênero do discurso é determinada principalmente pelos problemas de execução que o objeto do
sentido implica para o locutor (autor). È a fase inicial do enunciado, a qual lhe determina as particularidades de estilo e de composição.

c) A segunda fase do enunciado, que lhe determina a composição e o estilo, corresponde à necessidade de expressividade do locutor ante o
objeto de seu enunciado. A importância e a intensidade dessa fase expressiva variam de acordo com as esferas da comunicação verbal,
mas existe em toda parte: um enunciado absolutamente neutro é impossível.

d) A relação valorativa com o objeto do discurso (seja qual for esse objeto) também determina a escolha dos recursos lexicais, gramaticais e
composicionais do enunciado. O estilo individual do enunciado se define acima de tudo por seus aspectos expressivos.

e) Todas as alternativas representam argumentos do autor.

12 – M.M.Bakhtin, entende que a língua enquanto sistema é neutra em relação ao plano da realidade. O sistema possui os recursos lingüísticos
(lexicais, morfológicos e sintáticos, para a expressão da posição emotivo-valorativa do locutor, diante da realidade. Mas palavras e orações não se
referem a nenhuma realidade determinada. Então,

a) O enunciado do locutor é que poderá expressar um juízo de valor, incluindo até uma entoação expressiva. Aliás, esta última não faz parte
do sistema da língua, assim como a emoção, a expressão e juízos de valor.

b) A significação da palavra só faz referência à realidade efetiva nas condições reais da comunicação verbal, provocando atitude responsiva
ativa.

c) A escolha da palavra pelo locutor se realiza com base em certa intencionalidade, sendo a expressividade resultante da significação
lingüística com referência à realidade concreta, num enunciado. A expressividade é algo interno ao locutor e não está no sistema da
língua.

d) A e b estão corretas.

e) Todas as alternativas estão corretas.

13 – Para M. M. Bakhtin, as palavras não pertencem a ninguém, mas só se manifestam em forma de enunciados individuais. Sua utilização é comum
e os usuários se compreendem mutuamente. A utilização da palavra (e da oração) ocorre na comunicação verbal ativa, adquirindo as marcas
do indivíduo em sua relação com o contexto. A evolução do sistema da língua ocorre sob efeito da interação contínua e permanente com os
enunciados individuais do outro, através de uma assimilação criativa da palavra do outro. Considerados esses argumentos, decorre, segundo M.
M. Bakhtin

a) que, para o locutor, a palavra usada por ele (locutor), primeiramente, é neutra, porque não pertence a ninguém. Segundo, a palavra é
palavra do outro, porque pertence aos outros, preenchendo os ecos dos enunciados alheios. Terceiro, a palavra é palavra minha, porque
contém minha intenção discursiva, minha situação e minha expressividade, estando nessa palavra um juízo de valor do homem
individual.
b) É possível a transferência de certa expressividade às palavras e orações, por si neutras, como parte do sistema da língua, através da
preservação do tom e da ressonância de outros enunciados individuais aparentados (aos meus) pelo gênero do discurso. Trata-se de
expressões típicas que têm pontos de contato entre si, mais exatamente, entre as significações da palavra e a realidade. Constituem-se
em supra-estruturas da palavra, na medida em que se tornam enunciados típicos, por terem uma expressão típica.
c) Não se pode confundir, entretanto, a expressividade individual, presente no enunciado, com a expressividade padrão de um gênero,
mesmo nos pontos de cruzamento da entonação gramatical e da entonação de gênero, como nos casos da entonação narrativa,
interrogativa, exclamativa e exortativa.
d) Apenas a e b estão corretas do ponto de vista do autor citado.
e) Apenas as alternativas a, b e c estão corretas, cada uma com sua ênfase específica.

14- Para M. M. Bakhtin, o enunciado concreto é um elo na cadeia de comunicação verbal de dada esfera, cujas fronteiras estão na alternância de
sujeitos falantes. Sua característica fundamental está no fato de ter um AUTOR. Por outro lado, os enunciados não são indiferentes entre si e
nem auto-suficientes. De fato, conhecem-se entre si e refletem-se mutuamente. Seu caráter é determinado exatamente pela reflexão
recíproca. Dando prosseguimento ao brilhante raciocínio do autor “Dos gêneros do discurso”, verifique qual (is) alternativa (s) representa (m)
seu desenvolvimento lógico.

a- Qualquer enunciado, portanto, contém ecos e lembranças de outros enunciados, cujo vínculo pode ser notado, especialmente, no
interior de uma esfera comum da comunicação verbal, na medida em que são respostas a enunciados anteriores e que já pressupõem
os posteriores, em certa medida.
b- Existe grande variação de um enunciado para outro, porque refletem particularidades da esfera da atividade dada e da vida cotidiana. O
locutor se refere ao objeto do enunciado com sua expressividade individual e a partir de relações determinadas como os enunciados do
outro.
c- As tonalidades dialógicas pressupõem percepção e distinção conscientes da alteridade, que, do ponto de vista da língua e da sintaxe,
particularmente, aparentam irracionalidade, já que sua relação é com o enunciado e não com a oração. Assim, a inter-relação entre
discurso do outro inserido e discurso pessoal tem analogia (não identidade) com as relações existentes entre as réplicas do diálogo.
d- Pode-se afirmar, dentro dessa lógica, que há ausência de analogia, no caso da inter-relação entre discurso do outro inserido e discurso
pessoal, com as relações sintáticas existentes dentro dos limites de um conjunto sintático simples ou complexo, assim como ausência de
analogia em relação ao objeto de sentido, existente entre os conjuntos sintáticos distintos não-vinculados gramaticalmente dentro dos
limites de um único enunciado.
e- Todas as alternativas se caracterizam por desenvolverem logicamente o pensamento de M. M. Bakhtin.

Respostas:

1) e
2) e
3) e
4) e
5) e
6) e
7) e
8) e
9) e
10) d
11) e
12) e
13) e
14) e

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