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ESCOLAS LITERÁRIAS

Parnasianismo
O movimento parnasiano surgiu na França em 1866, com a
edição da antologia " La Parnase Contemporain". Abrigando
poetas de tendências diversas, como Théopgille Gauthier ,
Laconte de Lísia, Charles Baudelaire, Geradia, Banvilla, havia, em
comum a oposição ao sentimentalismo romântico.
A denominação Parnasianismo remete-nos à antiguidade
grecoromana(Monte Parnaso= região da Fócida , na Grécia, que
a Mitologia contemplava como a morada dos deuses e poetas, ali
isolados do mundo para dedicarem-se exclusivamente à arte).

Isso sugere a aproximação às fibtes e ais udeaus ck;assucis da


arte.( o Belo , o Bem, a Verdade , a Perfeição , o equilíbrio a
disciplina e o rigor formal, a obediência às regras e modelos , a
arte como imitação da natureza - a Mimese arestotélica, a razão,
o antropocentrismo) São frequentes as alegorias fundadas na
Mitologia e na História da Grécia e de Roma. "O Sonho de Marco
Antônio" , "A Seste de Beri", "O treiunfo de Afrondite" "O
Incêndio de Roma" "A tentação de Xenôcrates" "O Julgamento
de Frinéia" . "Delencia Cartago" todos de Olavo Bilac, "O vaso
Grego"e "A volta da Galera" de Alberti de Oliveira.

Antecedentes Brasileiros - Em 1878 desfere-se pelas páginas do


'Diário do Rio de Janeiro a "Batalha do Parnaso"polêmica em
versos agressivos ( e de má qualidade), entre os defensores de
"Idéia Nova" e os epígonos do Romantismo.

Influenciados pela Questão Coimbrã, e pelas obras dos poetas


realistas portugueses: Teófilo Braga - "Visão dos Tempos" e
"Antero de Quental" - "Odes Modernas", os arautos da "Idéia
Nova" combariam os "Abreus e Varelas" Opondo-se ao
sentimentalismo piegas e à frouxidão dos versos dos últimos
românticos, e propunham algumas atitudes:

1) a poesia participante, que pregasse a justiça, a república


fraternal, o progresso científico e material atacando, algumas
vezes de forma desabrida , as instituições, é o caso de Lúcio de
Mendonça, Martins Júnior e Silvio Romero.
2 ) a poesia "realista" . com abandono dos eufernismos relativos
ao amor, por uma descrição mais direta do corpo e dos desejos e
, ainda, a poesia realista urbana e agreste: seguem nessa
direção: Carvalho Júnior, Bernardino Lopes e Teófilo Dias.

Cabe observar que os sonhos de justiça e a república fraternal já


havia encontrado em Castro Alves, no último romantismo, uma
expressão muito mais talentosa, convincente e eloquente.

2.3 Costuma-se considerar como o primeiro livro parnasiano, no


sentido próprio, as " Fanfarras", de Teófilo Dias. O
Parnasianismo , tal como hoje o concebermos, só se definiria
com Alberto de Oliveira, Raimundo Correia e Olavo Bilac, que
constituiram a Trindade Parnasiana, e realizaram suas obras sob
os princípios d a "arte pela arte" da impassibilidade e da
perfeição formal, ainda que tivessem , todos eles, estreiado com
versos românticos.

Características

A arte pela Arte.

O Esteticismo

Sintetizada na forma latina "ars gratia artis"(arte pela arte) , a


poesia parnasiana propõe que a abeleza formal justifica a
existência do poema , e que a arte não deve Ter outros
compromissos senão para com o belo, para com a perfeição
formal.

Negando a poesia realista filosófica-científica e socialista de seus


precursores, os parnasianos impõem uma atitude de
distanciamento do cotidiano de alienação dos problemas do
mundo, de desprezo pela plebe e pelas aspirações populares e de
recusa aos temas vulgares.

Assim os parnasianos se fecham em suas torres de marfim,


entregues ao puro fazer poético:

"Longe do estéril turbilhão da rua,

Beneditino escreve! No aconchego

Doo claustro, na paciência e no sossego,


Trabalha, e teima , e lima , e sofre, e sua!"

("A um Poeta - Bilac)

Referência bibliográfica:
http://sites.uol.com.br/wandadangelo/escolas.htm

Poetas do Parnasianismo
 

(1)OLAVO BILAC (1865-1918)

Caricatura de Olavo Bilac


VIDA: Nasceu no Rio de Janeiro, numa família de classe média.
Estudou Medicina e depois Direito, sem se formar em nenhum
dos cursos. Jornalista, funcionário público, inspetor escolar,
secretário do prefeito do Distrito Federal, exerceu constante
atividade republicana e nacionalista, realizando pregações
cívicas em todo o país, inclusive pelo serviço militar obrigatório.
Era um exímio conferencista e representou o país em vários
encontros diplomáticos internacionais. Foi coroado como
"príncipe dos poetas brasileiros", encarnando a liderança do
grupo parnasiano. Por isso, ingressou na Academia de Letras, na
condição de fundador. Paralelamente, teve certas veleidades
boêmias e estas inclinações noturnas não deixaram de
escandalizar e, ao mesmo tempo, fascinar a época.
OBRAS: Poesias (Reunião dos livros Panóplias, Via-láctea e
Sarças de fogo -1888); Tarde (1918)
A melhor definição de Olavo Bilac é feita por Antonio Candido:
"admirável poeta superficial". Poucos escritores no país
merecem um conceito tão surpreendente. Admirável ele é porque
soube valorizar a profissão de homem de letras, transformando-
a, conforme suas próprias palavras em "um culto e um
sacerdócio".
Admirável é também a sua habilidade técnica que o leva a
versificar com meticulosa precisão: parece que jamais erra
métrica ou rima. "Todas as suas emoções eram já metrificadas
com exatidão e rimadas com abundância", diz Mário de Andrade.
Admirável, por fim, são os inúmeros sonetos que rompem com os
mitos da impassibilidade e da objetividade absoluta - indicando
uma herança romântica da qual o poeta não pode ou não quer se
livrar.
Superficial nele são os quadros históricos e mitológicos, o
erotismo de salão, as miniaturas descritivas e o nacionalismo
ufanista. Os temas, em geral, não estão à altura do domínio
técnico e dos recursos de linguagem. Como acentua o próprio
Antonio Candido, o poeta transforma tudo, o drama humano e a
natureza, em "espetáculo", em coisa, em matéria-prima dos
recursos esculturais do verso.Com algumas exceções, seus
poemas nada aprofundam e ainda passam uma sensação de
frieza.
Podemos indicar os seguintes assuntos como dominantes em sua
poética:
a antigüidade (greco-romana )
a temática da perfeição (ver Atividade)
o lirismo amoroso
a reflexão existencial.
o nacionalismo ufanista

Poesias (1888), constando as coleções Panóplias, Via Láctea,


Sarças de Fogo e, na segunda edição, O Caçador de Esmeraldas,
Alma Inquieta; Viagens.
Outras
Crônicas e Novelas (1894), texto em prosa; Pimentões (1897);
um poemeto Sagres (1898); Poesias Infantis (1904);
Conferências Literárias (1906); Crítica e Fantasia (1906); Ironia
e Piedade (1916); A Defesa Nacional (1917); Tarde (1919); Em
colaboração com Coelho Neto, Contos Pátrios (1904); Em
colaboração com Guimarães Passos, Tratado de Versificação
(1910) e Dicionário de Rimas (1913); Em colaboração com
Manuel Bonfim e Coelho Neto, o livro didático Através do Brasil
(1913).
(2) ALBERTO DE OLIVEIRA (1857-1937)
VIDA: Nasceu no interior do Rio de Janeiro e formou-se em
Farmácia. Exerceu várias funções públicas, entre as quais o
magistério e tornou-se um dos fundadores da Academia
Brasileira de Letras. Sua lírica descritivista e convencional lhe
garantiu um lugar no gosto médio da época, substituindo Olavo
Bilac na condição de "príncipe dos poetas brasileiros", em 1924,
quando o Parnasianismo já fora destruído pelas novas elites
artísticas do país. Morreu em Niterói, aos oitenta anos.
OBRAS PRINCIPAIS: Meridionais (1884); Versos e rimas (1895);
O livro de Ema (1900)
Entre todos os parnasianos é o que mais permanece atado aos
rigorosos padrões do movimento. Manipula os procedimentos
técnicos de sua escola com precisão, mas essa técnica ressalta
ainda mais a pobreza temática, a frieza e a insipidez de uma
poesia hoje ilegível. Alfredo Bosi acentua que o criador de Vaso
grego sonha em desfazer-se de todos os compromissos com a
realidade.
Na década de 1920, Mário de Andrade já havia escrito que o
único problema de Alberto de Oliveira era o não ter nada para
dizer, e que uma lágrima de qualquer poema de Goethe possuía
mais lirismo que a obra completa desse parnasiano menor.
Confirmando a justiça desses julgamentos, pouco encontramos
em Alberto de Oliveira além de poemas que reproduzem
mecanicamente a natureza e objetos decorativos. Enfim, uma
poesia de rimas exatas e métrica correta. Uma poesia sobre
coisas inanimadas. Uma poesia tão morta como os objetos
descritos. Vaso grego é a tradução desta mediocridade:
Esta de áureos* relevos, trabalhada
De divas* mãos, brilhante copa, um dia,
Já de aos deuses servir como cansada,
Vinda do Olimpo, a um novo deus servia.

Era o poeta de Teos* que a suspendia


Então, e, ora repleta ora esvazada,
A taça amiga aos dedos seus tinia,
Toda de roxas pétalas colmada*.

Depois... Mas o lavor da taça admira,


Toca-a, e do ouvido aproximando-a, às bordas
Finas hás de lhe ouvir, canora e doce,

Ignota* voz, qual se da antiga lira


Fosse a encantada música das cordas
Qual se essa voz de Anacreonte* fosse.

* Áureos: de ouro
* Diva: deusa, mulher formosa
* Teos:
* Colmada: coberta
* Ignota: desconhecida
* Anacreonte: poeta grego
PRINCIPAIS OBRAS
Poesia
Canções Românticas (1878); Meridionais (1884); Sonetos e
Poemas (1885); Versos e Rimas (1895); Poesias - quatro séries
(1900-1905-1913-1927); Céu, Terra e Mar (1914) – antologia;
Poesias Escolhidas (1933) - Póstuma, (1944).
VASO GREGO
Esta, de áureos relevos, trabalhada
De divas mãos, brilhante copa, um dia,
Já de aos deuses servir como cansada,
Vinda do Olimpo, a um novo deus servia.
Era o poeta de Teos que a suspendia
Então e, ora repleta ora esvazada,
A taça amiga aos dedos seus tinia
Toda de roxas pétalas colmada.
Depois... mas o lavor da taça admira,
Toca-a, e, do ouvido aproximando-a, às bordas
Finas hás de lhe ouvir, canora e doce,
Ignota voz, qual se de antiga lira
Fosse a encantada música das cordas,
Qual se essa a voz de Anacreonte fosse.
LUVA ABANDONADA
"Uma só vez calçar-vos me foi dado,
Dedos claros! A escura sorte minha,
O meu destino, como um vento irado,
Levou-vos longe e me deixou sozinha!
Sobre este cofre, desta cama ao lado,
Murcho, como uma flor, triste e mesquinha,
Bebendo ávida o cheiro delicado
Que aquela mão de dedos claros tinha.
Cálix que a alma de um lírio teve um dia
Em si guardada, antes que ao chão pendesse,
Breve me hei de esfazer em poeira, em nada...
Oh! em que chaga viva tocaria
Quem nesta vida compreender pudesse
A saudade da luva abandonada!"
3) RAIMUNDO CORREIA (1859-1911) VIDA: Nasceu no Maranhão
e formou-se advogado, em São Paulo. Trabalha no interior do Rio
de Janeiro como magistrado e, em Ouro Preto, como secretário
de Finanças. Passa em seguida para a diplomacia, trabalhando
em Lisboa. Volta mais tarde à antiga capital federal , onde mais
uma vez exerce a magistratura. Morre, com cinqüenta e dois
anos, em Paris, onde fazia um tratamento de saúde.
OBRAS PRINCIPAIS: Sinfonias (1883); Aleluias (1891)
A exemplo dos demais componentes da tríade parnasiana,
Raimundo Correia foi um consumado artesão do verso,
dominando com perfeição as técnicas de montagem e construção
do poema. Alguns críticos valorizam nele o sentido plástico de
suas descrições da natureza. O gelo descritivista da escola seria
quebrado por uma emoção genuína - fina melancolia - que
humanizava a paisagem, como se pode visualizar no excerto
abaixo:
Esbraseia o Ocidente na agonia
O sol...Aves bandos destacadas
Por céus de oiro e de púrpura raiados
Fogem...Fecha-se a pálpebra do dia...

Delineiam-se, além da serraria,


Os vértices da chama aureolados.
E em tudo, em torno, esbatem derramados
Uns tons suaves de melancolia...

OUTROS PARNASIANOS
Além do catarinense Luís Delfino, que com Sonetos e rimas
evolui do ultra-romantismo para um parnasianismo feito de
referências ao mundo da Antigüidade, destaca-se também
Francisca Júlia, que com Mármores torna-se o primeiro nome
feminino conhecido em nossa literatura. Ela atinge, no dizer de
um crítico, a absoluta impassibilidade exigida pelo movimento,
sem que isso signifique, é óbvio, equivalente qualidade literária.

Fora a tríade, o nome mais significativo do período é o de


Vicente de Carvalho, poeta santista que, em suas obras
principais (Ardentias, Poemas e canções), tematiza
preferencialmente o oceano dentro de uma técnica parnasiana.
Pelo menos um crítico viu nesta obsessão pelo mar um legado
cultural do Romantismo. O certo, entretanto, é que, apesar da
beleza de algumas descrições, livres dos rigor formal da escola,
o poeta manteve quase sempre a objetividade, fugindo de um
registro original ou subjetivo da natureza. Algumas de suas
"marinhas" são mais espontâneas:

Mar, belo mar selvagem


Das nossas praias solitárias. Tigre
A que as brisas da terra o sono embalam,
A que o vento largo eriça o pêlo!

* Recôndito: escondido, âmago


 

Referências Bibliográficas:
* http://www.terra.com.br/literatura/index.htm
* http://www.nilc.icmsc.sc.usp.br/literatura/luvaabandonada.htm

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