IFBA – INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DA BAHIA
DISCENTE: RAFAEL REQUIÃO
DISCIPLINA: FILOSOFIA – HUM100
ESCOLAS HELENÍSTICAS - EPICURISMO
Em tempos de festa na cidade onde eu moro: Salvador - a Cidade do Carnaval - um
comportamento oposto à euforia e impulsividade toma conta de mim. Eu considero o Carnaval como a época perfeita para descansar em casa; ficar em paz; esquecer o IFBA; e entrar em contato comigo mesmo. Por conta de ser um período do ano muito querido pelos universitários: eu aproveito e consigo visitar meus amigos que estavam imersos em suas rotinas intensas de trabalho e estudo. Eu consigo ser feliz. Quase sempre eu me pego refletindo sobre o que fazer para ser feliz. Lembrei de minha época no colégio (ainda no IFBA) e algumas aulas de Filosofia sobre o Helenismo. Eu realmente me identifiquei com o Epicurismo - uma escola ou sistema filosófico fundado em torno de 307 a.C. O Epicurismo foi baseado no lar e jardim do filósofo grego Epicuro. Epicuro era um materialista e atomista. Ou seja: toda a matéria, almas, deuses e até pensamentos são compostas por átomos. O filósofo passou 35 anos de sua vida e isso pode ter refletido significativamente em seu estilo de escrita. A retornar a Atenas em 306 a.C., Epicuro comprou uma casa e no jardim, estabeleceu uma escola - “Ho Kepos” (O Jardim). Diferentemente da maioria das escolas e comunidades, O Jardim admitia mulheres e até um dos escravos de Epicuro. A maior parte do tempo, a escola de Epicuro era uma afronta ao Platonismo - dominante na época - e as ideias Aristotélicas - consideradas pouco práticas. Essas duas escolas, nas mãos dos sucessores de Platão e Aristoteles, atraiam muitos estudantes que buscavam aplicar a Filosofia na Política e na Vida Pública - enquanto o contrário era ensinado por Epicuro. Apesar da conotação errônea e moderna da palavra Epicurista (um indivíduo conhecedor dos prazeres alimentícios e sensuais) - provavelmente disseminada por antigos cristãos que abominavam o Epicurismo - a vida no Jardim era muito simples. Bebia-se muita água e pouco vinho. Pão e poucos grãos de feijão eram servidos. Os membros da escola não haviam relacionamentos com irregularidade sexual - haviam pessoas casadas, mas não haviam orgias. Prevalecia a amizade, o bem-estar da sociedade e a preocupação com a doutrina. Estudiosos dizem que Demérito propôs uma filosofia similar um século anterior ao Epicurismo - que por sua vez, é baseado no Hedonismo; apesar do conceito e crença em que um indivíduo deve buscar gratificação instantânea, ao invés de gratificação a longo-prazo. Sua ética ensina que a felicidade, ou o bem maior, é buscar os prazeres moderadamente afim de alcançar um estado de tranquilidade (ataraxia), liberdade do medo e ausência de dores corporais (aponia). Esse estado de tranquilidade pode ser obtido através de conhecimentos sobre o funcionamento do mundo. A doutrina Epicurista é um guia para alcançar uma vida simples e moderada com a limitação de desejos e sua classificação quanto a naturalidade e necessidade. A moderação em todas as coisas era o argumento principal de Epicuro. Ao alimentar-se, uma pessoa não deveria comer muito, pois isso poderia causar um descontentamento posterior - indigestão ou o conhecimento de que não pode pagar pelas delícias em um tempo futuro. O sexo também poderia provocar a luxúria e a insatisfação com o parceiro sexual - Epicuro era celibato. Estranhamente, o aprendizado, a cultura e a civilização e, inclusive, a política eram desencorajadas por conta da possibilidade de perturbar a paz mental de uma pessoa e causar frustrações - apesar de que o conhecimento poderia libertar uma pessoa de medos e superstições religiosas. Epicuro foi um dos pioneiros em desenvolver a noção de justiça. Para ele: seria um contrato social - não prejudicar e não ser prejudicado. Dessa forma, os indivíduos seriam livres para buscar a felicidade - assim como as leis justas devem promover a felicidade humana. Pode-se considerar isso como uma contribuição ao Liberalismo e Utilitarismo em tempos bem distantes de Epicuro. O Epicurismo diz que os deuses são neutros e não interferem nas vidas humanas. A existência dos deuses não é negada, apesar de algumas tendências ateístas. Após a aprovação oficial do Cristianismo pelo imperador romano Constantino em 313 a.C. o Epicurismo foi reprimido frente as ensinamentos cristãos - tornando essa escola obscura e em declínio. Muitos monastérios cristãos podem ser considerados antigas comunidades onde se praticava o Epicurismo. Referências