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Vieira Miguel
1. INTRODUÇÃO
2. A INTELIGÊNCIA
3. O CONCEITO DE INTELIGÊNCIA
Para estudar um objecto qualquer precisamos saber o que ele é, mas para
sabermos o que ele é, precisamos estudá-lo, então por onde devemos começar? O que
vem primeiro, a conceituação ou o estudo do objecto? Junto à informação da existência
do objecto geralmente os sentidos nos oferecem informações sobre as características
desse objecto, assim vamos completando a ideia, o conceito do objecto com que
entramos em contacto. Como não há possibilidade de conhecermos os objectos de
forma completa e imediata, mas gradualmente, Isto significa que antes de termos
conceitos, passamos por preconceitos, pois como não sabemos a extensão do
conhecimento que temos dos objectos (se está completo ou não), não sabemos se
temos conceitos ou preconceitos a respeito deles. Esta dificuldade nos mostra como
somos susceptíveis à erros, ainda que queiramos fazer a coisa certa, estamos sujeitos a
cometer equívocos por causa da incompletude do nosso conhecimento e da ignorância
que temos sobre essa incompletude. Este pode ser o primeiro benefício da tentativa de
conceituar a inteligência: a necessidade de reconhecimento de que pouco sabemos.
3.1 O PROCESSO DE CONCEITUAÇÃO
O conceito é algo que não muda com o tempo nem com a localização de onde
o objecto se encontra, a ideia que fazemos de um objecto não depende de quando nem
onde esse objecto existiu. Os objectos mudam, evoluem, mas quando o fazem
transformam-se noutra coisa, passam a constituir outro conceito. Os animais evoluem,
deixam de ser uma coisa e passam a ser outra, mas a essência daquilo que eram contínua
existindo mesmo que o animal se extinga. O conceito pode tornar-se passado mas não
evolui junto com o animal, conceitos não se transformam, não evoluem. Na medida em
que as coisas antigas se transformam em novas, surgem novos conceitos e os antigos
continuam existindo enquanto ideia, enquanto passado, não mais como objecto actual.
O conceito que temos de cadeira hoje é o mesmo que havia na antiguidade, embora as
formas e materiais empregados fossem outros naquela época.
Qual é então a essência de uma cadeira? Pela observação empírica vemos que
precisa ser feita de material rígido e ser proporcional às dimensões humanas na posição
sentada e encostada. Precisam ter pelo menos dois planos, um para assentar outro para
encostar.
A rigidez não exclui acolchoamento, basta obedecer à função de sustentar o
peso de uma pessoa. O fato de ser ou não acolchoada muda a essência da cadeira? Não
muda, mas muda uma cadeira em particular, muda um acessório, acrescenta uma
característica que como não é essencial precisa ser conceituada, por isso ao nos
referirmos às cadeiras acolchoadas temos que mencionar o acolchoamento porque
senão pensaremos numa cadeira pura. As características acessórias então, por definição
são aquelas que não precisam estar presentes, são variáveis. As cores da cadeira são
outro aspecto dela, apesar da cor da cadeira ser necessária, não há necessidade de uma
cor específica, a cor seria então uma característica essencial ou acessória? O fato de ter
uma cor é um aspecto essencial, mas uma determinada cor é um aspecto acessório,
porque sabemos de todos os objectos da natureza da mobília possuem cores, algo que
as torne visíveis, como não existe cadeira invisível não precisamos citar a característica
de visibilidade como um factor essencial pois ele estará presente sempre.
Falamos acima de inteligência pura, isso significa que existe uma inteligência
misturada? Em outras palavras, há partes, subtipos, categorias de inteligência? Admitir
isso é partir do princípio de que a inteligência é divisível, se é divisível suas partes são
equivalentes? Existe alguma parte mais importante do que outra? As actuais teorias da
inteligência falam a respeito de inteligência geral e específica, em cristalizada e fluida.
Fala-se em capacidades interactivas, em habilidades, em dons. Certamente muitas são
as actividades mentais envolvidas com a inteligência, mas considerá-las todas como
parte da inteligência seria correcto? O homem sempre anda vestido, podemos por isso
considerar a roupa como parte essencial do homem só porque as roupas sempre estão
presentes? A experiência empírica prova relações entre a inteligência geral e
capacidades intelectuais como para a matemática. Mas qual o fundamento para se
afirmar que por existir uma relação trata-se de uma parte integrante? Com este princípio
de raciocínio acaba-se encontrando tantas inteligências quantas capacidades cognitivas,
para a área emocional, social, espacial, matemática, verbal, etc.. Quanto mais objectos
tentamos juntar ao conceito de inteligência mais complicado este conceito fica, talvez a
dificuldade de conceituar a inteligência seja devido à estratégias de conceituação
equivocadas, e não somente devido à complexidade do conceito de inteligência. Por que
não admitir então que a inteligência seja indivisível, como um bloco único operando na
consciência?
Estudos indicam que algumas variáveis como nível socioeconómico, idade, sexo
e grau de escolaridade podem influenciar nos testes de inteligência. Os alunos de classe
média alta, por exemplo, tendem a ter melhores resultados que os de classe média baixa
no teste de Goodenough, no qual as crianças desenham um homem, e em sua revisão,
em que elas desenham um homem e uma mulher.
Para ilustrar seu argumento, Gladwell cita uma experiência do psicólogo norte-
americano Lewis Terman, da Universidade Stanford. Em 1920, Terman começou a
monitorar cerca de 1.500 estudantes ditos "superdotados", com o QI superior a 140. Sua
hipótese era que essas crianças seriam a próxima geração da elite norte-americana.
Gladwell aponta que essa ideia representa o modo como entendemos o sucesso, uma
vez que há escolas e programas especiais para superdotados, além da preferência de
algumas empresas por eles.
"A verdade nua e crua do estudo de Terman é que (...) quase nenhuma das
crianças geniais da classe social e económica mais baixa conseguiu se destacar", escreve
Gladwell. Ele argumenta que o fracasso nesse caso não pode ser atribuído a
características do DNA ou circuitos cerebrais. "O que elas não tiveram foi algo que
poderiam ter recebido, se soubessem que era daquilo que necessitavam: uma
comunidade ao redor que as preparasse para o mundo."
Em sua obra, Gardner deixou as portas abertas para novos tipos de inteligência.
Tanto que outros pesquisadores começaram a lançar hipóteses de diferentes intelectos,
como o naturalista, referente ao conhecimento da natureza. Segundo Gardner, para
uma nova classificação de inteligência ser aceita pela academia, ela deve preencher
alguns quesitos, como base biogénica e neurológica, e possibilidade de essa capacidade
facilitar a adaptação ao meio. No entanto, Danucalov enfatiza que não existem
indivíduos que consigam utilizar o potencial de todas as inteligências. "Os seres
humanos devem ter tendências genéticas a desenvolver uma ou duas das citadas
inteligências; as demais estarão presentes, porém não atingirão grandes escores quando
medidas."
Tapscott lembra que muitos estudos desfizeram o mito de que o cérebro para
de se desenvolver após uma certa idade. Segundo ele, certas pesquisas comprovam que
o cérebro muda ao longo da vida. Por exemplo, alguns taxistas de Londres, que precisam
decorar todas as ruas de sua cidade, têm o hipocampo (região do cérebro associada à
memória) maior que o de motoristas de outras categorias. Logo, o cérebro dos jovens
que se expõem muitas horas por dia à tecnologia interactiva pode ser remodelado ao
longo de sua vida, potencializando certas habilidades.
4.2 História do QI
TIPO C - Visual-espacial: Coisa de quem sabe lidar com a imagem seja para decodificá-
la rapidamente, seja para conseguir visualizá-la mesmo que não esteja impressa.
TIPO D - Musical: Tem facilidade para identificar sons. Pode ser um talento musical. Ou
um engenheiro de som. É como se a pessoa enxergasse através dos sons.
TIPO G - Intrapessoal: É o tipo de pessoa que se conhece muito bem (seus limites e
possibilidades), tendo capacidade de automotivação. Reservada, ela também é
considerada um bom ouvinte (próprio de psicólogos, gurus e filósofos).
5. TEORIA DE INTELIGÊNCIA
A noção de cultura é básica para a Teoria das Inteligências Múltiplas. Com a sua
definição de inteligência como a habilidade para resolver problemas ou criar produtos
que são significativos em um ou mais ambientes culturais, Gardner sugere que alguns
talentos só se desenvolvem porque são valorizados pelo ambiente. Ele afirma que cada
cultura valoriza certos talentos, que devem ser dominados por uma quantidade de
indivíduos e, depois, passados para a geração seguinte.
(b) Uma educação centrada na criança c com currículos específicos para cada
área do saber (Konhaber & Gardner, 1989); Blythe & Gardner, 1390).
Gardner sugere que a avaliação deve fazer jus à inteligência, isto é, deve dar
crédito ao conteúdo da inteligência em teste. Se cada inteligência tem um certo número
de processos específicos, esses processos têm que ser medidos com instrumento que
permitam ver a inteligência em questão em funcionamento. Para Gardner, a avaliação
deve ser ainda ecologicamente válida, isto é, ela deve ser feita em ambientes conhecidos
e deve utilizar materiais conhecidos das crianças sendo avaliadas. Este autor também
enfatiza a necessidade de avaliar as diferentes inteligências em termos de suas
manifestações culturais e ocupações adultas específicas. Assim, a habilidade verbal,
mesmo na pré-escola, ao invés de ser medida através de testes de vocabulário,
definições ou semelhanças, deve ser avaliada em manifestações tais como a habilidade
para contar histórias ou relatar acontecimentos. Ao invés de tentar avaliar a habilidade
espacial isoladamente, deve-se observar as crianças durante uma actividade de desenho
ou enquanto montam ou desmontam objectos. Finalmente, ele propõe a avaliação, ao
invés de ser um produto do processo educativo, seja parte do processo educativo, e do
currículo, informando a todo momento de que maneira o currículo deve se desenvolver.
6. CONCLUSÃO
As questões difíceis de serem respondidas muitas vezes são difíceis não por
natureza, mas por equívoco. Tentar explicar o que é um círculo quadrado não é difícil, é
insensatez porque tal coisa não existe, se não existe não pode ser definida. Querer
definir uma cor que é simultaneamente branca e preta é insensato pois o cinza é uma
outra cor que não é nem brando nem preto e uma coisa não pode ser duas
simultaneamente, uma cor não pode ser ao mesmo tempo branca e preta. Com a
inteligência acontece o mesmo, talvez a dificuldade de defini-la não seja por causa de
sua natureza complexa mas por causa do modo equivocado como é feito. A inteligência
é a aptidão psicológica que permite ao homem abstrair, captar, entender conceitos, a
essência das coisas que tomamos consciência. Junto a essa aptidão outras actividades
mentais se integram e actuam em conjunto, como as habilidades matemáticas, verbais,
emocionais, etc. por exemplo. Tomar a inteligência pelas suas características acessórias
talvez seja o erro que impede a realização de uma definição precisa, talvez a tentativa
de resumir todas as aptidões relacionadas à inteligência na própria inteligência esteja
dificultando o trabalho de explicar a própria inteligência.
7. BIBLIOGRAFIA
· Gardner, H.; Giftedness: speculation from a biological perspective. In: Feldman, D.H.
Developmental approaches to giftedness and creativity. São Francisco, 1982. p.47-60.
· Gardner, H. The mind's new science. New York, Basic Books Inc., 1987.
· Malkus, U.C.; Feldman, D.H.; Gardner, H. Dimensions of mind in early childhood. In:
Pelegrini, A. (ed.)The psychological bases for early education Chichester, Wilev. 1988,
p.25-38.