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Universidade Federal de Juiz de Fora – Laboratório de Eletrônica –

CEL037

1 Título
Prática 2 – Aplicações do CI 555

2 Objetivos
Operar adequadamente o circuito integrado 555 e exemplificar as
aplicações possíveis, dentre elas, um timer simples.

3 Fundamentos teóricos
O CI 555 de vasta gama de aplicações relacionadas ao tempo
considerado como um circuito industrial. Isto se deve ao fato do mesmo operar
em uma faixa de tensão de alimentação que varia de 4,5 a 18 V. Desta forma
este circuito se torna uma boa opção para trabalhar em níveis TTL e
alimentação por baterias. E como vantagem do ponto de vista industrial ainda
pode-se citar a alta corrente de saída deste CI, em torno de 200 mA. Corrente
esta que pode acionar diretamente relés, lâmpadas, entre outros componentes
que tenham demanda por potência elevadas. E finalmente, este CI tem a
capacidade de operar com frequência máxima de trabalho de até 1 MHz.
Principais aplicações do CI 555:
 Temporizador de precisão;
 Gerador de atraso;
 Gerador de pulsos;
 Modulador por largura de pulso.

3.1 Pinagem do 555


Na Fig. 1 pode ver a pinagem do CI em estudo. Adicionalmente são
mostrados os componentes internos do 555 e também quais estão conectados
aos pinos externos, estes últimos nomeados conforme a Tabela 1. Nota-se que
este CI é composto basicamente por um flip-flop tipo RS, dois comparadores
de tensão, um transistor de carga, três resistores de 5 KΩ e um buffer de
corrente, o qual fornece a este componente a característica de fornecimento de
elevadas correntes.
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Pino Nome
1 Terra
2 Disparo
3 Saída
4 Reset
5 Controle
6 Limiar
7 Descarga
8 Vcc
Para a completa compreensão do funcionamento interno deste circuito,
será estudado os dois modos de operação do mesmo, os quais sejam o modo
monoestável (no qual possui um estado estável) e o astável (no qual não há
modo estável).

3.2 Multivibrador monoestável


Neste modo de operação geralmente o 555 é utilizado para produzir um
temporizador ou um gerador de atrasos. Na Fig. 2 a configuração que confere
ao CI esta característica é mostrada.

Referida característica é conferida devido ao componente nesta


configuração ser um circuito com um modo estável e quando devidamente
perturbado passar a um modo semiestável, do qual o mesmo retorna, após um
determinado intervalo de tempo, ao estado estável. Assim permanecendo até
que o circuito sofra nova perturbação.
3.2.1 Analise do multivibrador monoestável
Considerando-se inicialmente o capacitor como descarregado, VC=0 V, a
saída do flip-flop igual à alimentação, Q=Vcc, e a saída barrada do flip-flop em
estado baixo, ̅ =0 V, tem-se:
 Pelo divisor de tensão interno chega-se a tensão de 2/3 de Vcc na
entrada negativa do comparador 1 e 1/3 de V cc na entrada positiva do
comparador 2;
 Logo, a saída do comparador 2 é 0 V, que é a entrada R do flip-flop;
 A saída do comparador 1 também será 0 V que será aplicada na entrada
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S do flip-flop;
 O pino 7 é aterrado, pois a tensão no capacitor, V C é nula, a saída Q é
igual a Vcc, conforme a suposição inicial, e assim o transistor de carga se
mantém saturado;
 Assim, com R=S=0 V, as saídas do flip-flop se mantém, e a saída do
555 será 0 V, que é o estado estável do CI.
Porem, quando se aplica um pulso que altera a tensão no pino 2 de V cc
para 0 V, tem-se:
 A saída do comparador 2 mudará para Vcc e as entradas do flip-flop
serão R=Vcc e S=0 V;
 Assim, as saídas comutam para Q=0 V e ̅ =Vcc, e a saída do circuito vai
para um nível Vcc;
 Uma vez que o pulso aplicado no pino 2 tenha curta duração, a entrada
n opino 2 retorna a um valor Vcc, e saída do comparador volta a 0 V,
levando o flip-flop a memorizar esta situação (R=S=0 V);
 Enquanto a saída Q=0 V, o transistor está em corte, e o capacitor
começa a carga através de da resistência R;
 Quando a tensão do capacitor VC superar o valor de 2/3Vcc a saída do
comparador 1 passará a valer Vcc;
 Com isso, será aplicado na entrada S do flip-flop um valor de tensão
igual à Vcc e na entrada R um nível igual a 0 V;
 E as saídas passam a ser Q=Vcc e ̅ =0 V, levando o transistor de carga
novamente à saturação;
 O capacitor então se descarrega quase imediatamente;
 Assim o circuito retorna ao seu estado estável, e fica pronto para a
aplicação de nova perturbação.
Na Fig. 3 têm-se as principais formas de onda do circuito descrito.
3.2.2 Calculo do tempo T
A partir da equação geral do transitório, mostrada na Eq. 1:

E tomando as seguintes condições iniciais:


V(0)=0 V V()=Vcc VC=2/3Vcc
Pode-se escrever a seguinte equação para determinar o tempo que o
circuito monoestável permanece no estado instável:
A qual pode ser reduzia à:

Assim, pode-se escolher uma combinação de valores de C e R tal que se


chegue a um tempo desejado durante o qual a saída esteja no estado instável.
O capacitor C1 é geralmente utilizado com valor 10 nF e é usado para
estabilizar a tensão no pino 5.

3.3 Multivibrador astável

A principal característica deste modo de operação do 555 é não possuir


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nenhum estado estável de operação. Assim, o mesmo acaba por fornecer um


trem de pulsos retangulares, de valores Vcc ou 0 V.

3.3.1 Análise do multivibrador astável


Considerando-se inicialmente o capacitor como descarregado, VC=0 V, a
saída do flip-flop igual à alimentação, Q=0, e a saída barrada do flip-flop em
estado baixo, ̅ =Vcc, tem-se:
 Ao ligar o circuito, a tensão nos pinos 2 e 6 é menor do que a tensão de
referência usada internamente nos comparadores 2 e 1,
respectivamente 1/3Vcc 2/3Vcc;
 Logo, o comparador 1 terá saída igual a 0 V e o comparador 2 terá saída
Vcc;
 O que leva o flip-flop a ter saídas Q=0 V e ̅ =Vcc;
 Tal comportamento implica na operação em corte do trnasistor de carga,
e assim o capacitor se carrega através de R1 e R2;
 Quando a tensão VC ultrapassar 1/3Vcc a saída do comparador 2 passa
a valer 0 V e o flip-flop memoriza as saídas anteriores;
 A tensão no capacitor continua a aumentar;
 Quando VC atinge 2/3Vcc a saída do comparador 1 passa paraVcc;
 Assim as saídas do flip-flop passam para Q=Vcc e ̅ =0 V, o que leva o
transistor de carga à saturação;
 A partir deste ponto o capacitor começa a descarga através do resistor
R2;
 A corrente continua sendo fluindo por R1, a qual é drenada pelo pino 7
juntamente com a corrente de descarga do capacitor;
 Quando a tensão do capacitor atinge novamente 1/3Vcc o comparador 2
comuta sua saída para Vcc e comparador 1 mantém a saída igual a 0 V;
 Assim, o processo se reinicia.
Na Fig. 4 têm-se as principais formas de onda do circuito descrito.
3.3.2 Cálculo dos tempo Ton e Toff
Existem dois intervalos de tempo distintos, o primeiro quando o valor
datensão no capacitor VCvaria de 1/3Vcc até 2/3Vcc, que é quando a saída do
circuito encontra-se em valor Vcc (Ton), e o segundo quando a mesma tensão
varia de 2/3Vcc até 1/3Vcc (Toff)
A partir da Eq. 1 novamente, porém, adotando as seguintes condições
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iniciais:
V()=Vcc V(0)=1/3Vcc VC=2/3Vcc
E tem-se a seguinte equação:
A qual, reduzida leva a:

Que é o tempo no qual a saída do multivibrador permanece igual a Vcc.


Agora, caso adote-se as seguintes condições iniciais:
V()=0 V V(0)=2/3Vcc VC=1/3Vcc
Pode-se escrever que:
Que também reduzida chega a:

Que é a equação para o tempo em que o multivibrador permanece com


saída igual a 0 V.
Assim, o período de uma oscilação completa do circuito pode ser dado
pela soma das Eq. 2 com a Eq. 3, que resultará, em termos dos componentes
envoltos na montagem deste multivibrador:

4 Trabalho preparatório

4.1 Multivibrador astável


Para o multivibrador astável da Fig. 4 preencher a Tabela 5 conforme
solicitado.

Para a segunda configuração de multivibrador astável, apresentada na


Fig. 5, dita simétrica, preencher a Tabela 6 também conforme o solicitado.
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4.2 Multivibrador monoestável


Com base nos componentes citados no item Execução calcular o maior e
o menor tempo no qual a saída do circuito apresentará tensão igual a V cc, e
assim preencher a Tabela 4.

5 Execução

5.1 Multivibrador astável


Montar o circuito da Fig 2 e medir com osciloscópio a informação no pino
3 e no pino 2, a fim de ilustrar a carga e descarga do capacitor.
Medir os tempos pedidos na Tabela 2 e a frequência do sinal.
RESISTORES VALORES CALCULADOS VALORES MEDIDOS
R1 R2 Ton (us) Toff (us) f (Hz) Ton (us) Toff (us) f (Hz)
10K 10K
10K 2,7K
2,7K 10K
2,7K 2,7K

Observar a independência dos valores de R1 e R2 com a tensão de


carga/descarga do capacitor, sempre em torno de 1/3Vcc e 2/3Vcc.

5.2 Multivibrador astável simétrico


No circuito anterior observa-se diferença entre tempo de carga e
descarga do capacitor.
Inserir um diodo em paralelo com o resistor R2, conforme a Fig 3 e
preencher a Tabela 3.
RESISTORES VALORES CALCULADOS VALORES MEDIDOS
R1 R2 Ton (us) Toff (us) f (Hz) Ton (us) Toff (us) f (Hz)
10K 10K
2,7K 2,7K

5.3 Multivibrador monoestável (timer)


Montar o circuito da Fig 4 (NÃO ligar lâmpada na fonte de 12 V).
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Medir os tempos máximo e mínimo utilizando cronômetro ou relógio


(variar os tempos através do potenciômetro).
Após confirmado o correto funcionamento, ligar a lâmpada de 12 V e
comprovar o funcionamento do circuito.
TEMPO CALCULADO (s) TEMPO MEDIDO (s)
Tmin Tmax Tmin Tmax

6 Relatório e conclusões
O relatório referente à prática desenvolvida deve conter:
Os resultados no trabalho preparatório;
Os resultados obtidos em laboratório;
A relação entre Ton e Toff quando montado o multivibrador astável
simétrico;
Discussão acerca da validade dos métodos de medida de tempo
empregados.

7 Bibliografia
SEDRA, Adel S.; SMITH, K. C. Microeletrônica. Pearson Prentice Hall.
BOYLESTAD. Robert L.; NASHELSKY, Louis. Dispositivos Eletrônicos e
Teoria de Circuitos. Person Prentice Hall.
BOGART, Theodore F. Dispositivos e Circuitos Eletrônicos. Makron
Books.
LALOND, David E.; ROSS John A.. Princípios de Dispositivos e Circuitos
Eletrônicos. Makron Books.
MARQUES, Ângelo Eduardo B., et al. Dispositivos Semicondutores:
Diodos e Transistores. Érica.
MALVINO, Albert Paul. Eletrônica. Volume 2, São Paulo, McGraw-Hill.

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