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RCW LORSCOn lke (a / BRS ere om CoNiTivele)\) ia TOU HHUUWWy CAIEE NUHayUL & seopraiy vue mays’ Le 10. OS CRITERIOS DE CLASSIFICAGAO UTILIZADOS E A IDENTIFICACAO DAS ESPECIES TRIBUTARIAS No sistema positivo brasileiro, 2 Constituigéo repartiv a Cometéncia impositiva para a criago de tributos entre as pessoas Bolfticas de direito piblico interno, segundo um critério de mate. Falidade a eles (tributos) sefetido, estabelecendo uma sétie de putas disposicses a serem observadas quando do exercicio desta fungao legistativa. Daf porque © desatendimento dessas exiggneias pelo legislador, ordindrio ou complementar, dependendo da espécie iimpositiva de que se trate, fulmina a exaeio por inconstitucionali- cde, em face da sua desconformidade as norms de estrutune que Ihe sejam correlatas Assim, entendemos que a classificagio dos tributos deve Sef Procedida com base nessas normas de estrutura estabelecives elo préprio texto consttucional, atendendo-se aos demais prinet ios ¢ regras que informam e delimitam 0 exercicio de cada com. Peténcia impesitiva, tal como outorgadas & Unido, Estados, Distrito Federal e Municipios. © exame do aspecto material do antecedente normative 6 criério relevante e impreseindivel para a identificagdo das espé- Cles tributdrias. Nao ha duividas quanto a procedéncia da assertiva, Por meio desta andlise verifica-se a existéncia da previsio, por um ‘ado, de uma manifestagio do Estado, no exercicio das fungses 218 MARCIO SEVERO MARQUES 4que Ihe foram constitucionalmente outorgadas, ou, por outro lado, de sua efetiva abstinéncia, vinculada & materialidade do tributo. A pattir deste critério © professor Geraldo Ataliba aparta os impostos, das taxas ¢ das contribuigées: 0 primeiro, como da espécie dos tributos no vinculados, e, as uiltimas, do grupo dos tributos vinculados. Adotamos este critério como instrumento para a identificagao das espécies impositivas. Mas parece-nos que a consideragao de apenas um ele- mento distintivo (uma varidvel: a vinculagio — ou no — do aspecto material do antecedente normativo a uma atividade estatal referida ao contribuinte) ndo é suficiente ao intérprete para discer- nir os diferentes tributos autorizados pelo texto constitucional E que a forma como foi positivado o sistema tributdrio engendrado pela Constituigo de 1988, em que a validade da norma tributéria que veicula os empréstimos compulsérios e eon- tribuigdes foi expressamente condicionada & edigdo — valida, por Sbvio — de normas juridicas que prescrevam ao Estado a des nagio especifica para 0 produto de arrecadaglo destes tributos, a0 custeio das despesas especificas que autorizarai sua instituigo {alm da previsio normativa da restituigo do produto arrecadado 20 particular, a0 cabo de determinado perfodo, no caso dos em- préstimos compuls6rios), reclama a aplicagio de regimes jurfdicos Proprios para essas espécies impositivas, distintos daqueles que disciplinam e autorizam os impostos, as taxas ¢ as contribuigées de melhoria, Dessa forma, impée-se a consideragio de outras varidveis para aparté-los das demais espécies. Outros elementos distintivos que permitam diferencié-los daqueles tributos, porque com eles, efetivamente, no se confundem (mesmo porque os regimes juri dicos sto distintos, como veremos em seguida), Deveras, a existéncia de prescrig6es constitucionais dessa natureza (determinando a destinagao especifica para o produto de arrecadacao de determinados tributos e — em determinados casos — & propria restituigio do respective montante ao contribuinte), inseridas pelas préprias normas de estrutura que fundamentam 0 tnibuto, exige meditagdo a respeito da adoctio de novos critérios, a [CLASSIFICAGRO CORSTITUCIONAL DOS TRIBUTOS 219 serem conjugados aquele critério magistralmente exposto e difun- dido pelo professor Geraldo Ataliba, para a classificago dos tri- butos. E estes critérios, a nosso ver, consistem na verificagao da previsio de determinados comandos expressamente estabelecidos pelas normas de estrutura que outorgam competéncia impositiva &s pessoas politicas de direito pablico interno, e que, nesta medida, devem ser prescritos pelas normas de comportamento veiculadas pelo legislador infraconstitucional, para legitimar a exigéncia da imposigao tributéria, nestes casos. ' Com efeito, verificamos que a Constituigdo, a0 outorgar competéncia impositiva as pessoas politicas para a ériagéo de alguns tributos, vinculou 0 produto de sua arrecadacdo ao custeio de despesas — ou investimentos — especificas do Estado. Em certas hipéteses, estabeleceu ainda a previsio da devolucio do respective montante ao contribuinte, 20 cabo de determinado pe- riodo. A prescrigdo constitucional € peremptsria e obriga o legislador complementar a prever, abstratamente, por meio de norma juridica e como condiedo de validade da norma impositiva que veicula 0 empréstimo compulsorio, o dever imposto ao Estado de destinar 0 produto de arrecadacdo ao custeio da despesa especi- fica que legitimou a sua instituigtio. Além desta obrigacdo, exige a previsio normativa da prescrig4o, ao Estado, do dever de restitui- lo do respective montante av contvibuinte, ao fim de um prazo especifico (pois do contrério, sem devolugao, néo seria emprés- timo). Nao se trata aqui de mera sugestdo ou recomendagio ao legislador complementar. E condigao de validade do empréstimo compulsério a previsio legal expressa da destinagao do produto de sua arrecadaco. E 0 mesmo se diga quanto a previsao legal de sua devolugao 20 particular, a0 fim de certo prazo (ainda que, no plano concreto — realidade material — isso nio se verifique). De fato, para a classificagdo dos tributos e verificago de sua validade perante 0 sistema positivo, ndo importa a eficdcia social das normas jurfdicas que com ele se conectem (como 0 220 MARCIO SEVERO MARQUES efetivo cumprimento, pelo Estado, do dever de restituir). Assim, no caso dos empréstimos compulsérios, importa apenas a obser. Vancia, pela lei, da previsio abstrata das exigéncias constitucio- nais do tributo cuja instituigao foi autorizada (0 que deve ser, no plano normative, ¢ nio o que efetivamente é, na realidade dos fatos). E esta a condi¢do para a validade da norma de tributagao, Porque assim determinam as normas de estrutura que cutorgam Fespectiva competéncia impositiva, necessdria instituigdo do gravame, Ao analisarmos as contribuigdes (inclusive aquelas desti- hadas ao custeio de sistemas de previdéncia e assisténcia social dos servidores piblicos estaduais, municipais e do Distrito Fede- ral), verificamos que a situaggo € semelhante, pois também hd Previsio constitucional expressa, vinculando 0 produto de sua arrecadagio a uma despesa especifica do Estado. E o que se infere da leitura dos arts, 149 e 195 do texto constitucional © produto de arrecadagiio das contribuigdes de interven- 40 no dominio econdmico e de interesse das categorias profissio- nais e econdmicas destina-se ao custeio das despesas incorridas ou dos investimentos a serem aplicados pelo Estado, por ocasiio de sua ingeréncia nas respectivas dreas. A receita decorrente das contribuigées previstas pelo art. 195, por outro lado, tem como destino 0 custeio da seguridade. Social, sua manutengdo ¢ expansdo. As contribuigdes institufdas Pelos Estados, Distrito Federal e Munic{pios, so autorizadas para cobrir as despesas incorridas com o sistema de previdéncia e as- sisténcia social de seus servidores. Eo mesmo ainda com a receita do salitio-educagio, que € constitucionalmente destinada 20 Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educacao, Nao pode haver diivida, pois, quanto & exigéncia constitu: Cional concemente A previsio legal de destinagio do produto de arrecadagdo das contribuigdes e dos empréstimos compulsorios, assim como do dever de restituigio, no caso destes siltimos, Tra. lam-se de prescrigdes impostas pelas normas de estrutura que outorgam, informam ¢ delimitam a competéncia tributiria para a CCLASSICATAO CONSTITUCIONAL. DOS TRIBLTOS 21 instituigo destas espécies impositivas, de forma que no podem deixar de ser observadas pelo legislador infraconstitucional. Sobre a questo, novamente citamos Luciano da Silva Amaro, que se manifesta no seguinte sentido: “Se classificar & preciso, e se a destinagdo integra o regime juridico especifico do tributo (ou seja, é um dado juridicizado), no se pode negar que se trata de um critério Guridico) hébil A especificago do tributo, ou seja, idéneo para particularizar uma espécie tributéria, distinta de otras. E, obviamente, no se deve invocar 0 art. 4° do CTN, mesmo porque ele nio condiciona o trabalho do legislador cons- tituinte, que pode utilizar o critério da destinago para discriminar esta ou aquela espécie tributdria, sem que a norma infraconstitu- cional o impega Nem se diga, para ‘provar’ a irrelevancia da destinagao, que © desvio dos recursos arrecadados nao contamina a relagio Juridica triburéria. Isso € verdade, mas no prova 0 que se pre- tende. Com efeito, hi que se distinguir duas situages: ou o desvio de finalidade esta na aplicacio dos recursos arrecadados, ou se radica na prépria criagdo do tributo. Na primeira hipétese, se, p. ex., uma contribuigéo para a seguridade social é validamente ins- tituida e arrecadada pelo érgdo previdenciario, o posterior desvio dos recursos para outras finalidades € ilfcito das autoridades ad~ rministrativas que nao invalida o tributo. Mas, na segunda hipstese, se 0 tributo ¢ instituido sem aquela finalidade, a afronta ao perfil constitucional da exagio sem divida a contamina. E neste sentido que afirmamos a relevancia da destinago para caracterizar a espé- cie wibutéria. O tributarista que nao der importincia a esse aspecto ‘ndo ird enxergar a inconstitucionalidade do tributo, pois a contri- buigao, embora irregularmente criada, corresponders 20 modelo te6rico com que ele estara trabathando Também a restituibilidade do empréstimo computsério integra 0 conceito desse tributo. E claro que a nao restituigo im- plica descumprimento da obrigagio do Estado, 0 que nfo tora ileg(tima a cobranga. Mas a criagdo do empréstimo compulsério s6 € valida se a lei que o instituir observar a referida caracterfstica 22 MARCIO SEVERO MARQUES esse tributo (restituibilidade), além de atender aos demais pres- supostos que legitimam a espécie, a destinago, quando valorizada pela norma constitu: ional, como nota integrante do desenho de certa figura tributéria, Tepresenta critério habil para distinguir essa figura de outras, eujo perfil ndo apresente semelhante especificidade.”™” tee Os comandos que estabelecem a destinaco especifica para o produto de arrecadagao dos tributos, assim como os que eterminam a resttuigio do respectivo montante a0 particular sto preestabelecidos pelas respectivas normas de estrutura que fun damentam sua validade. Dessa forma, por exigéncia constitucio- nal, devem ser considerados para a atribuigdo do regime juridico Peculiar a cada uma das espécies impositivas cuja validade encontra-se assim condicionada A nosso ver, portanto, trés slo as varidveis a serem consi- deradas para efeito de classificagdo dos tributes, segundo ns formas de estrutura que outorgam competéneia impositiva as pes- s0as politicas de direito piblico interno, no sistema positivo bra. sileito, porque tes sio os elementos distintivos revelados pela aasie das espécies tributdrias autorizadas pelo texto constitucio- nal. De fato, por um lado, ha tributos em relagdo aos quais a Constituigio jé preestabeleceu a vinculagdo da materialidade do antecedente normativo ao exercicio de uma atividade estatal refe- rida ao contribuinte, e, outros, em que esta vinculagio absolu. tamente nao existe, conforme a ligdo pioneira do professor Geraldo Ataliba. Eis a primeira vatidvel adotada como eritério para a classficagéo dos tributos, jé endossada e consagrada pela doutrina nacional e estrangeira: a exigncia de previsio legal de vinculagao da materialidade do antecedente da norma de tributa- 40 a uma atividade por parte do Estado referida ao contribuinte. Por outro lado, como pudemos verificar, hd tributos auto- iaados pela Constituicdo, cuja validade esté condicionada & previ- 259. “Cone eC dos Tu p. 286. . iss ", Revista de Direito Tributarion, $5, CCLASSIRICAGAO CONSTITUCIONAL DOS TRIBUTOS ms sto legal de destinagdo especifica do produto de arrecadagio a0 custeio de despesas determinadas do Estado. Outros tributos, no entanto, ndo tém esta vinculagdo preestabelecida pelo texto cons- titucional, hipétese em que o Estado é livre para utilizar-se desses recursos segundo sua conveniéncia. Eis af o segundo elemento distintivo adotado, como critério para a classifieagdo dos tributos: a exigéncia de previsio normativa estabelecendo a vinculagao, ou no, do produto de sua arrecadagdo a uma despesa especifica. inda, por fim, uma terceira varidvel a ser considerada para a identificagdo das espécies impositivas, consistente na exi- géncia de previsio legal de restituigao a0 contribuinte do montante arrecadado, ao cabo de determinado perfodo, que verificamos condicionar a validade dos empréstimos compulsérios, apartando- co das demais espécies impositivas. Sdo estes 0s trés critérios, que, a nosso ver, devem ser considerados para a classificagdo constitucional dos tributos, porque (i) podem ser inferidos pela andlise das proprias normas de estrutura que outorgam, informam e delimitam o exercicio das respectivas competéncias impositivas, tal como estabelecidas pelo texto constitucional, e (ji) foram utilizados para efeito de diferen- ‘gat os regimes juridicos (prineipios e regras) aplicaveis sobre as diversas espécies tributérias autorizadas pela Constituigao, assim identificadas. E considerados estes trés critétios, aplicamo-os para a identificagdo das espécies impositivas: (a) tributos em relago aos quais (4.1) no hé exigincin constitucional de previsio legal de vinculagdo da materialidade do antecedente normativo ao exercfcio de uma atividade por parte do Estado, referida a0 contribuinte; (2.2) nio ha exigéncia constitu- ccional de previsio legal de destinacao especifica para 0 produto de sua arrecadagao; e (a.3) ndo ha exigncia constitucional de previ- sio legal de devolugéo do produto arrecadado ao contribuinte, a0 cabo de determinado periodo: os impostos; (b) tributos em relagao aos quais (b.1) hd exigéncia cons- titucional de previsio legal de vinculagéo da materialidade do antecedente normativo ao exercicio de uma atividade por parte do 22 MARIO SEVERO MARQUES esse tributo (restituibilidade), além de atender aos demais pres- supostos que legitimam a espécie, a destinago, quando valorizada pela norma constitu: ional, como nota integrante do desenho de certa figura tributér Tepresenta critério habil para distinguir essa figura de outras, cujo perfil ndo apresente semelhante especificidade.”™” ee Os comandos que estabelecem a destinaso especifica para o produto de arrecadagao dos tributos, assim como 0s que determinam 2 resttuigio do respectivo montante a0 particular ste preestabelecidos pelas respectivas normas de estrutura que fun- damentam sua validade. Dessa forma, por exigéncia constitucio- nal, devem ser considerados para a atribuigdo do regime juridico Peculiar cada uma das espécies impositivas cuja validade encontra-se assim condicionada A nosso ver, portanto, trés so as varidveis a serem consi- deradas para efeito de classificagdo dos tributos, segundo no normas de estrutura que outorgam competencia impesitiva is pess s0a8 politicas de direito puiblico intemo, no sistema positivo bra- sileiro, porque tes so os elementos distintivos revelados. pela anslie das espécies tributdrias autorizadas pelo texto constitucio- nal. De fato, por um lado, ha tributos em relagdo aos quais a Constituigdo ja preestabelecew a vinculagdo da materialidade do antecedente normativo ao exercicio de uma atividade estatal refe- rida ao contribuinte, e, outros, em que esta vinculagio absolu- tamente nao existe, conforme a ligdo pioneira do professor Geraldo Ataliba. Eis a primeira varidvel adotada como eritério para a classificagéo dos tributos, jé endossada e consagrada pela doutrina nacional e estrangeira: a exigéncia de previsio legal de vinculagao da materialidade do antecedente da norma de tributa. 40 a uma atividade por parte do Estado referida ao contribuinte. Por outro lado, como pudemos verificar, hd tributos auto- Fiaados pela Constituicio, cuja validade esté condicionada & previ- 259. “Cone eC dos Ta p. 286. . iss ", Revista de Direite Tributdrion, $5, CCLASSIRICAGAO CONSTITUCIONAL DOS TRIBUTOS mm sto legal de destinagdo especifica do produto de arrecadagio a0 custeio de despesas determinadas do Estado. Outros tributos, no entanto, ndo tm esta vinculacao preestabelecida pelo texto cons- titucional, hipétese em que o Estado é livre para utilizar-se desses recursos segundo sua conveniéncia. Eis af o segundo elemento distintivo adotado, como critério para a classificagdo dos tributos: a exigéncia de previsio normativa estabelecendo a vinculagio, ou no, do produto de sua arrecadagdo a uma despesa especifica. inda, por fim, uma terceira varidvel a ser considerada para a identificagdo das espécies impositivas, consistente na exi- géncia de previsao legal de restituigao a0 contribuinte do montante arrecadado, ao cabo de determinado perfodo, que verificamos condicionar a validade dos empréstimos compuls6rios, apartando- © das demais espécies impositivas. Sdo estes 0s trés critérios, que, a nosso ver, devem ser considerados para a classificagdo constitucional dos tributos, porque (i) podem ser inferidos pela andlise das proprias normas de estrutura que outorgam, informam e delimitam o exercicio das respectivas competéncias impositivas, tal como estabelecidas pelo texto constitucional, e ({i) foram utilizados para efeito de diferen- ‘gat os regimes juridicos (prineipios e regras) aplicaveis sobre as diversas espécies tributérias autorizadas pela Constituigao, assim identificadas. E considerados estes trés critérios, aplicamo-os para a identificagdo das espécies impositivas: (a) tributos em relago aos quais (4.1) no hé exigincin constitucional de previsio legal de vinculagio da materialidade do antecedente normativo ao exercicio de uma atividade por parte do Estado, referida a0 contribuinte; (2.2) nio ha exigéncia constitu- ccional de previsio legal de destinacao especifica para o produto de sua arrecadagiio; e (a.3) ndo ha exigéncia constitucional de previ- sio legal de devolugéo do produto arrecadado ao contribuinte, a0 cabo de determinado periodo: os impostos; (b) tributos em relagdo aos quais (b.1) hd exigéncia cons- titucional de previsio legal de vinculagéo da materialidade do antecedente normativo ao exercicio de uma atividade por parte do 11. A APLICACAO DE REGIMES JuRIDICOS DIFERENCIADOS ENTRE AS ESPECIES IDENTIFICADAS interno. No que tange aos impostos, verificamos que a auséncia de vinculagdo no antecedente normativo, ou seja, a inexisténcia de lima atuagio estatal referida ao contribuinte da obrigagao teibus. ‘i exige 0 atendimento ao principio da capacidade contributiva Foi esta a raaio por que a Coustiuigao fo: buscar sinais exteriores de riqueza (signos presuntivos de valores economi, camente apreciaveis € monetariamente relevantes), relacionande. 0s a fatos — atividades ou situagées — concemnentes ao cont buinte, para, em razao desta relagdo de pertinéncia, sutosiear 4 instituigao dos impostos Também por isso € que o texto constitucional preocupou- Se em indicar as materialidades das normas de tributacdo a que autorizou a instituigdo, a fim de que o legislador ordinétio ¢ Complementar no pudessem manipular ou desdenhar as manifes. tagoes de riqueza passiveis de demonstrar a capacidade econdmica do contribuinte, Ali, onde esses sinais exteriores de riqueza no 28 MARCIO SEVERO Marques impeaeiam: nfo se poderé cogitar de tributagio por meio de impostos. © mesmo se pode afirmar em relagio aos empréstimos SomPuls6rios ¢ as contribuigdes, que também néo tem a materiali- institufda sem a sua observincia Mas considerando-se 0 critério da destinagao do produto de arrecadagao, as normas de estrutura se diferencia, como também se distinguem os regimes jutidicos aplicaveie Deveras, os impostos dist Fide sateio destinado a uma despesa especitica do Estado: she eles dois outros ‘tibutos a determinado Periodo), cireunstanci: buigdes, cuja exigéncia de previsio | ita-se apenas & des nagdo da respectiva Teceita. inicio da vigéncia da norma impositiva, em outres palavras). A anterioridade, nesse sentido, corresponde ao Periodo de tempo em que a norma juridica, veiculada por lei oficialmente publicada, CLASSIFCACAO CONSTITUCIONAL. Das TRIBLTOS 29 ginca nio entrou em vigor (periodo entre a publicagdo e 0 inicio do vigéncia da norma juridica) © portanto no pode incidir, para Feito de juridiciza Fatos (tornando-0s fatos juridicos) © principio da anterioridade aparece como “divisor de jiguss’, apartando impostos, empréstimos compulsstios © contri- bulges, estabelecendo regimes juridicos diferentes, para_cada ‘uma destas espécies tributdrias Por outro lado, a publicacio e a (dria so simultdneas.*® Neste sentido, quatro dos sete impostos autorizados pelo At 133 dt Consttuigdo nao estio sujeitos & norma constant do a saber: (i) imposto de importagio; (i) imposto Ce, APoTaGHo, (ili) imposto sobre produtos industialiongs Os outros trés, quais \) © imposto sobre a renda ¢ proventos de qualguer tan, seza, (vi) 0 imposto sobre a propriedade territorial ruray ¢ (ii) imposto sobre grandes fortunas,** nao se ‘Sujeitam ao primado da SMerioridade. Trata-se de revisio expressa, constante do § I° de eee ad. Referimo-nos, aqui, apenas aos imposios de competéncia da Unio, & me- pagel 120. Sem prejuizo de outras garantas assegeradas ag contibuint, & "edado A Unio, aos Estados, a0 Distito Federale os Municipow Mi — cobrar tributes: 2 fe mesmo exercico fnancero em que haa sido publicada ae que 6s institu ov aamentou.” dtc ds impostosexrardiniros, previstos peo an. 154, Ido texto cons {fucional.cujaautorizagio € absolutamente excepcionel a a a | 230 [MARCIO SEVERO MARQUES Fidade 92° 2X2 €onsttucional, que também excetua da anterio- ridade os impostos extraordindrios, dada 2 Peculiaridade das cir- Cunstincias que autorizam sua insttuiga Dependendo, pois, da (subjespécie de que se trate, 0 im- tributaria De fato, tratam-se de despesas extraordinérias (decorren- tes de calamidade publica, guerra extema ou sua iminéncia), que feclamam recursos do Fstado, no estruturads Para. suporti-las, dadas as condigdes em que incorridas Sacha Calmon Navarro Coelho a elas se reporta da Seguinte forma: “Despesas extraordinétias sao aquelas absolu- {amente necessitias, apés esgotados os fundos Piblicos inclusive os de contingéncia. Vale dizer, a inanigao do Tesouro hi de ser doe rovada. E tais despesas nfo sio quaisquer, sonic as que ecorrerem da premente necessidade de acudit a vitimas de cala- iMidades publicas séras,tais como terremotos, Maremotos, incén- dios © enchentes catastrificas, secas transanuais, tutdes, ciclones 264."Ar. 150: see eeeGte® do ne, nto se ptica aos impostos Previstos nos a8. 153, Li We V, © 154, i: CLASSIFICATAO ConsTUCiONAL. DOS TRIBLTOS 231 cional, ante acts of God que sempre ocorrem, sistematicamente, a0 longo do ano." Primado da anterioridade, 0 que se explica, per- feitamente, pelas graves proporgées dos acontecimentos nele men- cionados.”™ impoeta ialidade do imposto sobre a renda (que, cong nan tO. Sujeita-se a0 art. 150, II, “b” da Constituigao) desde que haja previsso legal () exigindo destinagéo especines para o Produto de sua arrecadagio (cobrir as despesas que autorizaram montane nga0) bem como (i) sobre a restiuigae do respective ‘montante 20 contribuinte, ao cabo de determinado periode, ot ——__ sae cetirios& Consiuizao Fedral de 1988 Sistema Trbatri, Foren, 1998, p. 147. 286, Curso de Direito Tributirio, Saraiva, 1999, p. 25 SIO SEVERO MARQUES, oto tea teTi2a0-S6 come Sebiéstimo compulsério. E sua into oo oes bod ime Hata, sendo desnecessério guardar o i -erclcio financeirg Seguinte ao da Publicagio da norma 'tibutesdo, para o terme quo de sua viggneig oe ome to, fundamentando-se’s Empréstimo compul- eae a " Mesmo que a materialidade utilizada pelo legislador st Plementar seja a de imPosto que nao esteja Sujeito ao disposto NO art. 150, TI, “by da Constituigao (sobre rns Indesit zado Slo ree se™PIO), deverd atendas & ante Por - a cs Pele refetido dispositive Constitucional, bili wibutagae ‘Patece come Condicao de vigéncia da SYpondo-se, dessa. typ Fesse nacional, em que a oe ae IRietido dispositive Sonstitcional para criar PrEStiMO Compulsérig sncidente sobre produtos industtializados eeraldade de imposea ga N40 €8t8sujeito ao art 150, oes do texto constitucionaly Neste caso, 9 tributo s6 poderd ser ex sido do particular no (etcicio subsequente 0 da publicacao da lei que © houvesse iPstituido, porque fendo fundamento no att 148, Tl do texto consti icion 4 sujeito ao prinetpin de , st mal, it i esinet fal, estara a0 pri Ue hd efetiy, - oe ans aTiet ay tM eet npn %, NO que concerme ars a emia ena eas eg nee torn ° Mas hé, ainda, outra is af Ieimes juridicos aplicsveis, sol Procedimento formal a ser ional a0 descrever ag empréstimos Compulsérios. Fi Juridica fica condicionads, 4 su "2 So a has press fe especica para o prods de ho, nen revi Se eet E all, am da pena esti me ee i ee ten ee _ ~~ ee SS CUTTS SESESES CASSIRCAGKO constiTUctowAt. bos Tauro 233 Préstimos compulsorios, Antes de verificarmos mais exemplos, saliemtamos mais rempeya” ate Este tributos dstingueny se ee impostos no que diz anutito a exigéncia de previsio legal de destinagio especifica Para 0 produto de arrecadlacdo, além ta Concemente ao dever da trode,” "stituigdo 20 particular. ao cabs de determinado pe- Agora entdo vejamos. Imagine-se a Seguinte hipstese: em indtia especifica, o que € absolutamente vedado pelo texte cons- uuclonal. Como contribuigao, sé poderia encontrar a base de sua absoluta © manifestamente inconstitucional, porque nao encon. aria fundamento nas normas de estrutuee Que informam, delimi- MARCIO SEVERO MaRQuES por meio de lei com- do antecedente nor- industrializados piblico de caréter u realmente existente). Omi gente é relevante ite-se, outrossim, embora como empréstimo com. interesse nacional, Quanto a0 infeio de su Pulsdtio instituido co devesse atender ao pri 1c. Ido art, 148, inefpio da anterioridade, da Constituigao Neste caso, 0 tributo ni empréstimo compulséri Mativa sobre a destinag despesa que autorizou sua institui iio poderia ser considerado como » &m tazdo da auséncia de previsio nor. Produto de sua arrecadacio rutura apenas ‘iglo — para a valida a previsio de res ‘imposigao do gravame) A Constituigao veda ape @ Srgio, fundo ou des; nenhuma resttigo quanto 3 testitui¢io do produto arrecad. ‘nas a vinculagdo da receita de im- ‘pesa (art. 167, IV), mas nio faz Possibilidade de previsio legal da lado ao contribuinte lt sua imediata eobranga "esse previsio legal determinando sua imediata entrada CLASSIFICACAO CONSTITUCIONAL DoS TRuBuTOs ras amen, Porgue este imposto nfo estésujeito a0 principio da anterioridade.** Agora suponha-se que, na hipétese de calamidade piblica, 9° feBislador complementar criasse tibuto cuja materialidade determinando a devolugiio do Tespectivo montante ao contribuinte, Secorridos dois anos do pagamento do tributo. Aqui haven genuino empréstimo compulsério; e sua exigéncia seria imediata, Sem necessidade de atengio ao principio da anterioridade, Imagine-se entio o inverso: o legistador complementar invoca a existéncia de calamidade publica para inetren tributo arrecadado, Nesta hipétese, 0 tributo no teria natureea jutidica de EmPréstimo compulsorio, por no atender as exigéncias conection Zou sua instituigio © previsio normativa de ontribuinte, 20 cabo de determinado periodo), Por outro lado, considerando-se que a materialidade do {nbuto instinuido nao estd vineulada ao exercicio de uma atvidags estatal referida ao contribuinte, © que tampouco ha vineulagao no ue diz respeito ao produto arrecadado (a uma despesa specifica), & exagio poderia eventuaimente encontrar fundamento de validade fo it. 153, II do texto constiucional, como imposto sobre a renda (mesmo que instituido por meio de lei ‘complementar, Porque materiaimente teria forga de lei ordinéria), caso atendeses AS demais exigéncias constitucionais que diseiplinam esta espécie Pos: Desde que, evidentemente,atendesse as demi disposigbesconstiucionis pentinentes a esta espécie impositiva Pee ee ee ee ee 236 MARCIO SEVERO Marques | CLASSIFICACAO CONSTITUCIONAL Dos TRIGUTOS 237, ft ameosiien, E, nese Sentid, 86 Poderia ser exigido do cone Pelos exemplos descritos, verifica-se a perfeita distingao omen 1x0 subsestene da ublicagzo da lei que o Ent 0 regime juridico constitucional atribuide ake impostos e aos ett institutde, porque nessas condigdes deveria atender ao Smréstimos compuisérios. Nao hd, pois, como confun los. Principio da anterioridade, Previsto pelo art, 150, 1, “b” do texto No que tange as contribuigées, também ha disposigdes constitucional nae eionais especitica, peculiares a esta espéoie nao ‘obstante também possam ser verficade, caracteristicas comuns com os demais tributos, Seguro, cujo produto oak conn ae compulsrio fandado no art. 148, de arrecadagio preveja, Jegalmente, Seja utilizado como instru eee Que newts Runes de ver, a anterioridade hi de mento de sua atuagdo em determinada area de mercado, Nio obs- Utilizada pelo Jeg yen st hiPStese, ainda que a materialidade {ante a materialidade utilizada pelo legislador ordinatio seja a do 'zada pelo legistador complementar seja a do imposto sobre imposto previsto pelo inc. V do art, 153, que nao esté sujeito a0 Mentos Industralicados (art. 153, IV), ndo ha que se cogitar Principio da anterioridade, como contribuigio (de intervengio ne de ana 28 fialidede extatiscal do tribute 4 medida que 0 produto Gominio ecenémico) o tributo 56 pode set exigido no exereicio de sua arrecadacao destina-se a0 custeio do investimento public Subseqiiente ao da publicagao da lei que 0 houver instituido. Independentemente, portanto, da materialidade que vier a imposigao do gravame, Ser adotada pelo legislador ordinério (respeitada, por ébvio, a 238 MARIO SEVERO MAROUES faixa de competéncia impositiva outorgada Unido), tratando-se de contribuigdes sociais, de intervenco no dominio econémico ou de interesse das categorias profissionais ou econdmicas (tributos no vinculados pelo antecedente normativo e vinculados no que tange & destinagio do produto de sua arrecadagio), deverd ser atendido 0 disposto no art. 150, III, “b” do texto constitucional O mesmo raciocinio se aplica as contribuigdes de compe- téncia impositiva dos Estados, Distrito Federal e Municipios, des- tinadas ao custeio de sistemas de previdéncia e assisténcia social de seus servidores, que também estdo sujeitas ao principio da amerioridade. Apenas com relagdo as contribuigdes — sociais — desti- hadas a seguridade social € que a situaeao é diversa, & medida que ha regra especifica estabelecida pelo texto constitucional, cons- tante do § 6" do art. 195, cuja redagao é a seguinte: “§ 6°. As con- tribuigdes sociais de que trata este artigo s6 poderdo ser exigicas aps decorridos 90 dias da data da publicagio da lei que as houver instituido ou modificado, nao se thes aplicando 0 disposto no art. 150, Hl, ‘b.”” A anterioridade exigida pela Constituigao para a entrada €m vigor das contribuicdes destinadas & seguridade social difere da anterioridade estabelecida pelo art. 150, III, “b”, aplicdvel aos demais tributos (salvo as excegdes constitucionais expressamente estabelecidas). Daf a distingao entre o regime juridico a elas (con- tibuigées destinadas seguridade social) “aplicdvel e aquele Concernente aos impostos e aos empréstimos compulsérios, que, felativamente a determinadas (sub)espécies, devem atender normas de estrutura diversas. No que concerne aos demais critérios adotados em nossa classificagao, também verificamos diferengas considerdveis em relagdo aos impostos, porque nas contribuig&es exige-se a previsio legal da vinculagdo do produto arrecadado a uma despesa especi- fica do Estado, circunstancia que ndo aparece naqueles primeiros. Assim, se a Unido cria um tributo, cuja materialidade do antecedente normative consiste em auferir lucro (art. 195, I da Constituigio), e destina 0 produto de arrecadagto a0 custeio da CCLASBINCAGAD CONSTITUCIONAL OOS TRIBUTOS 239 seguridade social (sempre por meio da edigio de normas juridicas validas), estaremos diante da espécie tributéria designada por contribuigio, aplicando-se ento a anterioridade de 90 dias es- tabelecida pelo § 6° do art. 195 do texto constitucional. Caso, por outro lado, nao houvesse essa vinculagio, no que tange a desti- nagiio do produto artecadado, o tributo assumiria natureza juridica de imposto (sobre a renda), sujeitando-se entio & disposigao pre- vista pelo art. 150, Ill, “b" da Constituicio, devendo aguardar 0 inicio do exercicio subseqiiente ao da publicagao da lei que o ins- tituiu (ou 0 majorou), para legitimar sua exigéncia dos contri- buintes, Tratando-se, pois, de contribuigio destinada & seguridade social, seja com fundamento no caput do art. 195, seja com base no § 4° deste mesmo dispositivo constitucional, aplica-se a regra constante do § 6, autorizando-se a entrada em vigor do tributo apés 0 prazo de 90 dias da data da publicagao da lei que o tiver instituido. No que diz respeito as taxas e As contribuigdes de melho- ria (em contraposigtio aos impostos, empréstimos compulsérios & contribuigées), a estrutura normativa apresenta-se completamente diversa, ja que nestes tributos hd exigéncia de previsio de vincu- lacdo do antecedente normativo a uma atuagdo do Estado referida ‘a0 contribuinte, como sua condigao de validade. No caso das taxas, é 0 valor desta atuagdo estatal que deve ser tomado como base de célculo do tributo, correspondendo a ‘exata medida do servigo piiblico prestado (ou ealacado a dispo: ‘sao do contribuinte) ou da atividade concernente ao poder de pol cia, assim levada a cabo. Na hipétese das contribuigées de melhoria, por outro lado, a base de cdlculo ja ndo mais retrata o valor da atividade desen- volvida pelo Estado, mas sim o beneficio econémico experimen- tado pelo contribuinte, em razio do exercicio desta atividade, da qual decorreu a valorizagao imobilidria. Bis a base de célculo das contribuigées de melhoria, perfeitamente adequada ao fato tribu- tado, consistente em auferir valorizagao imobilidria, resultante ée obra publica. MARCIOSEVERO MARQUES Pelo contririo, o fato tributado (aspecto material do antecedente normativo) diz espeito a uma atividade exercida pelo Estado, seja ita feito de tributar © valor desta atividade, seja para o de boar © Valor do beneficio dela decorrente, auferido pelo parti- cular. Mas taxas ¢ contribuigdes de melhoria também se distin- guem entre si, 0 que se verifica pela utilizaca; é nemte & destinagio do produto da respect F aue enguanto nas taxas hi exigencia constitucional de Previslo legal de vinculagdo do produto de sua arrecadago a0 bwin tividade estatal que autorizon sua cobranga, nas con, ‘wibuigdes de melhoria esta vinculagdo nd existe. Com efeito, o produto de arrecadagao das Contribuigdes de ‘melhoria ndo tem destinacao vinculada a nenhuma despesa especi- © direito pablico intemo titular da competéncia administrativa para a Fealizagao daquela obra). Serve, entiio, ao, SINGIO de despesas gerais suas (dele, Estado), porque mig he ‘CLASSIFCACAO CONSTITUCIONAL DOS TRIBUTOS 241 nenhuma obrigagio quanto a exigéncia de destinacio especitica ara 0 produto desta arrecadagio. E Jd nas taxas a hipstese & diversa, a medida que a respec liva receita destina-se especificamente ao custeio da atividade exercida pelo Estado © que autorizou imposigao do gravame (descrita pelo antecedente normativo), ou seja, hi expressa previ- ‘fo normativa quanto a vinculagdo do produto de sua arrecadeco, Quanto a0 principio da anterioridade, por fim, néo serve aqui como eritério para diferenciar os regimes juridicos aplicaveis as taxas e as contribuigdes de melhoria, j4 que ambos os tributos Sujeitam-se ao disposto no art. 150, III, “b” do texto constitu. cional. Todas essas consideragées permitem-nos verificar, no ame bito do sistema constitucional brasileiro, a existéncia de einco espécies tributérias distintas, com regimes juridicos também diversos. dor infraconstitucional, {iva, permite ao intérprete verificar qual o tibuto de que se trata Gi que deve atender as normas de estrutura que fundamentam sua validade), e a parti dai aplicar-ihe o regime juridico que Ihe for peculiar. Com efeito, tratando-se de tributo no vinculado pelo antecedente normativo ¢ sem destinagdo especifica para o produto de sua arrecadacio, seré imposto, © como tal deverd atender as ‘<8ras ¢ principios constitucionais pertinentes a esta espécie impo. sitiva Havendo, por outro lado, vinculagéo no antecedente nore imativo ou quanto a destinacio do produto de sua arrecadagio, o ‘ributo ja teré outra natureza juridica (de taxa, contribuigao de melhoria, empréstimo compulsério ou contribuigdo), dependendo dos comandos estabelecidos pela lei que vier a institui-lo. E con. forme a hipstese de que se trate, modifica-se 0 regime jutidico aplicdvel (capacidade contributiva, anterioridade reduzida ete.) A nosso ver, portato, 0 texto constitucional estabeleve diversos regimes juridicos aplicaveis sobre as diferentes espécies 242 MARCIO SeVERO MARQUES tributarias a que autorizou a instituigao, que podem ser identifica- das segundo os critérios propostos, que consideram trés varidveis distintas, para efeito de classificagao dos tributos, a saber: (i) a exigeneia constitucional de previsao legal de vinculagio do ante- cedente normativo ao exercicio de uma atividade por parte do Estado, referida ao contribuinte; (ii) a exigéncia constitucional de Previsio legal de destinagao especifica para 0 produto de arreca- dacio, ¢ (iii) a exigencia constitucional de previsio legal de resti- tuigdo do produto arrecadado ao particular, ao cabo de periodo de tempo determinado, 12. SINTESE DO TRABALHO E CONCLUSOES 12,1, AS PREMISSAS, 12.2. OS CRITERIOS DE CLASSIFICAGAO. 123. 4 APLICACAO DOS CRITERIOS DE CLASSIFICACAO. 12.4, A IDENTIFI- CACAO DAS ESPECIES IMPOSITIVAS. 12.5 CONSIDERACOES FINAIS, Pensamos que o esforgo empreendido trouxe-nos résul- tados positivos. A reflexio acerca do contetido, sentido e alcance das normas constitucionais que informam e delimitam o exercicio da competéncia impositiva outorgada as pessoas politicas de direito pablico interno, mediante a utilizago de categorias e ins- trumentos da Teoria Geral do Direito, parece ter-nos esclarecido alguns pontos que até entio se nos apresentavam incertos ou obs- ‘curos, sobre a classificacao dos tributos, no direito constitucional brasileiro 12.1. AS PREMISSAS 12.1.1. Partimos da nogio de sistema, para entendermos a estrutura escalonada do ordenamento juridico, segundo a * mide normativa” kelseniana. Uma norma juridica encontra seu fundamento em outra norma de superior hierarquia, que pode con- dicionar a validade de seus comandos & observancia de certas exigéncias formais e/ou materiais. Esta norma de superior hierar- quia deriva de outra de plano ainda mais elevado, e assim suces- sivamente, até 0 ponto de origem representado pela norma fun- damental 242 MARCIO SEVEKO MARQUES tributérias a que autorizou a instituigio, que podem ser identifica- das segundo os critérios propostos, que consideram trés vatidveis distintas, para efeito de classificacdo dos tributos, a saber: (i) a exigéncia constitucional de previsio legal de vinculaglo do ante- cedente normativo a0 exercicio de uma atividade por parte do Estado, referida ao contribuinte; (ii) a exigéncia constitucional de revisio legal de destinagao especifica para o produto de arreca- dagio, ¢ (iii) a exigéncia constitucional de previsio legal de resti- a tuisio do produto arrecadado ao particular, ao cabo de periodo de 12. SINTESE DO TRABALHO E CONCLUSOES tempo determinado, A 12.1. AS PREMISSAS. 12.2. OS CRITERIOS DE CLASSIFICACAO. 123, 4 APLICACAO DOS CRITERIOS DE CLASSIFICAGAO. 124, A IDENTIFI. ‘CAGAO DAS ESPECIES IMPOSITIVAS. 12.5 CONSIDERAGOES FINAIS. Pensamos que 0 esforgo empreendido trouxe-nos resul- tados positivos. A reflexio acerca do contetido, sentido e alcance das normas constitucionais que informam e delimitam o exercicio da competéncia impositiva outorgada as pessoas politicas de direito puiblico interno, mediante a utilizagdo de categorias e ins- trumentos da Teoria Geral do Direito, parece ter-nos esclarecido alguns pontos que até entio se nos apresentavam incertos ou obs- curos, sobre a classificagao dos tributos, no direito constitucional brasileiro. 12.1, AS PREMISSAS, 12.1.1, Partimos da nogdo de sistema, para entendermos a estrutura escalonada do ordenamento juridico, segundo a “pird- mide normativa” kelseniana. Uma norma juridica encontra seu fundamento em outra norma de superior hierarquia, que pode con- dicionar a validade de seus comandos & observancia de certas exigéncias formais e/ou materiais. Esta norma de superior hierar- quia deriva de outra de plano ainda mais elevado, ¢ assim suces- sivamente, até © ponto de origem representado pela norma fun- damental, 12.1.2, A base do direito positivo brasileiro é a Constitui- So, fundamento titimo de validade das demais normes do orde- ‘namento juridico nacional, que conforma um sisterma, 12.13. A Constituigao consagrou e positive o Principio sae Caendida © Coerentemente disciplinada, repartia pessoa encias lesislativas € politico-administrativas enre ne essoas politicas de direito piblico interno. 12.1.4, Para conferir aos entes federados autonomia finan- ses uro fexto consttucional outorgou-thes competéncias impositi- Ua Privativas, facultando-thes a instituigdo de tibutos, segundo a SStruturd das normas de tributasdo por cle mesmo estabelec dnc 12.1.5. Essas normas de estrutura informam e del mitam, material ¢ formalmente, o exercicio da competéncia impositiva Outorgada & Unido, Estados, Distrito Federal « Municipios, fun- damentando a validade das normas de ttibutagao cuja instituigio foi assim autorizada. 12.16, A atividade do legislador infraconstitucional foi, tessa forma, rigidamente delimitada por exsas nosmen de esta. {ura que Ihe impiem o atendimento de determinadas exigéncias, do produto de arrecadasio como eritério de classificagdo, ao lado Ga consisténcia material do antecedente normative c da restituigao do tributo arrecadado ao contribuinte 12.2.2. Foram trés, portanto, Utilizados para a Classificagio de tributos procedida: (i) « exigéncia constitucional previsdo legal de vinculagio da materiaidade da antecedente normative (hipStesetcibutria) 20 exereicio de uma atividae por Parte do Estado, referida ao contribuinte, (ii) a exigéncia constinue ional de previsio legal de destinasao especifica para o produto do arrecadasao do tributo, e, finalmente, (il) a exigeneia constiueso, nal de previsio legal de devolucdo do montante arrecadado ay contribuinte, ao cabo de determinado periodo. 1223. A utilizagdo desses trés ctitérios foi necesséria, porque no sistema constitucional brasileiro alguns tibutos tém cug Yalidade condicionada & sua insttuigdo como fonte de custelo de Gespesas especiticas do Estado, exigindo-se previsto legal nesse Palsérios), ainda, as disposigdes constitucionais. determinam a Pbrigatoriedade de ser legalmente prevsta a restituigio 40 cont, buinte do montante recolhido, a0 cabo de determinado periodo. Tratam-se de exigéncias impostas pelas prdprias normas de esta, {ura que fundamentam a validade desses tributos, de forme que nio podem deixar de ser atendidas pelo legislador infracont: tucional. 12.24, Eis a razio por que julgamos wil a adogio desses prbpr gees dizem respeito a comandos estabelecidos pelas PrSptias disposigdes constitucionais que disciplinam e informey. competéncia impositiva outorgada s pessoas politicas de direite publico interno, 12.3. A APLICACAO DOS CRITERIOS DE CLASSIFICACAO 12.3.1. Utilizando-nos, portanto, desses tr@s critérios, examinamos a estrutura das diferentes espécies impositivas autor’, zadas pela Constituigdo, concluindo no sentido de que lhes foram atribuidos regimes juridicos distintos, possibilitando, dessa forma, a sua identificagao e classificagao, no ambito do sistema positive vigente. 206 MARIO SEVERO Marques E 0 mesmo se diga em relagao a destinagdo do produto de sua Go legal de devolucéo do montante arrecadado, ae cabo de de- terminado period, 12.33. AS taxas apresentam estrutura diversa, Ha vinew- lagdo estabelecida para o antecedente normative, concemente A xigncia de previsio legal do exercicio de ume atividade estatal referida ao contribuinte, descrita pela hipétese tibutaria. E lambém hi exigéncia de previsdo legal de destinagao especifica cries Oat de sua arrecadacao, finalidade para a qual foi au- prizada sua insttuigio: 0 custeio da atividnde exercida pelo hd previsio constitucional nesse sentido 12.34. As contribuigdes de melhoria também so vine uladas pelo aniecedente normativo, porque se exige que a valori- Zas%o imobilidria seja tesultante de obra piiblica (atividade estatal referida ao contribuinte), para antorizar instituigéio do gravame, Mas no que concere & destinagito do produto se sua arrecadag: impositiva (respeitadas, por ébvio, as normas constitucionais que isciplinam o orgamento, e demais correlatas) Também nao ha exigéncia Constitucional concerente A devolugao do ‘Produto arre- cadado ao contribuinte, CLASSIFICAGAD CONSTTUCIONAL DOS TRIBUTOS 247 12.3.5. Os empréstimos compulsérios no exigem qual. Autr contraprestagio do Estado, vinculada & materiatidade do fributo, para a validade de sua cobranca. Mas por outro lado, deve haver previsio legal concemmente & destinago do produto de sug irrecadago ao eusteio das despesas extraordinatias (quando eseotados, portanto, os recursos ordinérios), devidamente identifi veis, que legitimaram sua instituigao, ficas, exige a Constituigto, ainda, a edigao de norma Juridica que imponha ao Estado o dever de restituir ao contribuinte o montarte do tributo arrecadado, ao final de determinado periode, 12.3.7. As contribuigées, por fim, tém estrutura seme- thante & dos empréstimos compuisérios, porque tamisém néo so vinculadas pelo antecedente normativo (ou seja, nfo tom vane Fialidade da hipStese tributéria vinculada ao exercicio de wag atuacto do Estado teferida ao contribuinte), embora o sejam no Ate diz respeito ao produto de sua arrecadagio, uma ver que as normas de estrutura que fundameniam a validade desses tnbutos raigem previsio legal de destinago especifica da respective farcita. Quanto a devolugdo do produto arrecadado, também nao hd previsio constitucional nesse sentido, para esta espécie impo- sitiva, 124, A IDENTIFICACAO DAS ESPECIES IMPOSITIVAS 12.4.1. Identificamos, assim, as cinco espécies tributérias autorizadas pelo texto constitucional, mediante a anilise das tes Fretivas normas de estrutura, que atribuem regimes juridicos distintos para cada uma delas, a saber: 124.1a. Impostos: teibutos em relagio aos quais (2.1) ndo hi exigéneia constitucional de vinculagio da material dade do antecedente normativo ao exercicio de uma atividade por Parte do Estado, referida ao contribuinte; (a.2) no ha exigéncia € (2.3) nio hd exigéncia constiucio, nal de previsio legal de feStituigto do montante arrecadado ao Sontribuinte, ao cabo de determinade periodo; 124.1.b, Taxas: tributos em relagdo aos quais (b.1) hd exiga; lago da materialidade 12.4.1.¢, Contribuigées de melhoria: tributos em Felagdo aos quais (e.1 ) hd exigéncia constitucional de vinculagao da materialidade do antecedente normativo 20 exercicio de uma ne ldde por patte do Estado, referide Contribuinte; (6.2) néo a exigencia constitucional de previes legal de destinagio espect. fica para © produto de sua arrecadacao; ¢ (¢.3) nio he exigéncia ystitucional de previsdo legal de restitui¢ao do montante arreca. ‘tad a0 contribuinte, 20 cabo de determinado perfodo; 12.4..d. Contribuigées: tributos em relacdo aos quais Gi) 0 ha exigéncia constitvelonss de previsio legal de vin. culagao da ‘Mmaterialidade do antecedente normative g0 exercicio de uma atividade Por parte do Estado, referida ao contribuinte; ) ha exigéncia constitucional de Previsio legal de destinapio compulsérios: tributos. em ig€ncia constitucional de vin. edente normative ao exerci ‘CLASSIFCAGAO CONS TIFUIONAL DOS TRIBUTOS 249 ado ao can Gf Previsto legal de restiuigéo do montane areca: ado 20 contribute, 20 cabo de determinado perioda 12.5. CONSIDERACOES FINAIS 0 das respectivas competéncias impositives (capacidade contributiva, anterioridade ete), em Tazio das pré- Pras difereneas existentes entre as estrturas normativgs de cada val, analisadas a partir do texto constitucional Assim, dependendo da espécie de que se trate, identificada mediante a aplicagio dos critérios adotados (exigéncia de previsao vinculagdo da materialidade da hipotese tibien, a0 idade por parte do Estado, referida ao contr, buinte; (i) destinagao especifica para o produto de sua arreca- casio, e (it) devolugzo do respective montente ac contribuinte, ao cabo de determinado perfodo), o inicio de ava vigéncia serd ime- diato ou diferido no tempo (Saja para o exercioig subsequente a0 4 publicagao da tei que a veicular,seja pelo Prazo reduzido de 90 dias, contados da data daquela publicagas), sea aliquota poderé ou ‘no ser majorada pelo Poder Executive ete Pensamos, assim, Clonal, pois foi procedida a partir do exame de suas disposigées, Ste disciplinam de forma rigida o exercicio dessa competéncia impositiva, Reconhecemos, por ébvio, que o assunto reclama majores ‘eflexdes, mesmo porque a matéria é absolutamente controvertida,

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