Você está na página 1de 54
Ate 6 ricia nossa pele e sopra nos Percebemos tudo que lumina nossas retinas, que soa em nossas c6clens, seset = ets Fences tenet a 5 narinas? Quanto de nossos desejos internios,crengas, necessidades moment Ty ae eee nossas experiéncias perceptivas? As respostas a essas questdes sfo "nso" © PACT ETT er 8 Ihemos para prestar atencao ¢ o que prende nossa aten¢4o podem dor s nossa atencao em eventos exter- Mente que mecanismos neurais estdo envolvidos quando concentramo: os ou quando eles capturam nossa consciéncia é uma das quest6es m: cognitiva. Considere o seguinte encontro: Um homem de aproximadamente 60 anos esta sentado confortavelmente no consult6rio de sua médica. Muitas semanas atras, ele sofreu um AVC, mas parece ter se recuperado bem, sem problemas motores perceptiveis, ou na fala, que sejam duradouros. Entretanto, sua espo- sa estava muito preocupada com a visio dele, que pare- cia estar prejudicada —ele nao podia “ver” normalmei te, tornando dificil exercer suas atividades do dia-a-dia. Sua médica, uma neurologista, comegou a examinar 0 homem, ¢, realmente, via que o paciente se recuperava bem, mas que apresentava alguma dificuldade para ver 108 objetos. A médica pegou um pente no bolso e segu- rou-o em frente ao homem (Figura 7.1a). "O que voce vé?", perguntou, “Bem, eu no tenho certeza, mas. ahn... € um pente, um pente-de-bolso”. Otimo, disse a médica. Entao ela segurou uma colher recém-retirada de seu jaleco branco e fez a mesma pergunta (Figura 7.1b). Depois de um momento o paciente respondeu: “Eu vejo uma colher”. Otimo de novo. A médica entéo segurou a colher ¢ 0 pente juntos, perguntando ao ho- ‘mem o que ele via. “Eu acho... eu vejo uma colher”, dis se o homem. Entéo a médica segurou o pente bem atris da colher de forma cruzada, de tal forma que se sobre- pusessem, mas que, ainda assim, fossem visiveis, e per- Runtou novamente ao homem o que ele via (Figura 7.1¢). Ele disse que via um pente. Quando a médica perguntou sobre a colher, o paciente disse que nao a via, mas de repente falou: “Sim, Id estd ela, eu vejo a co- Iher agora”. “E 0 que mais?”, perguntou a médica. "Na- ais intrigantes da neurociéncia da”, respondeu 0 homem. “Vocé nao vé nada mais, de jeito nenhum?”, perguntou a médica & medida que sa- cudia vigorosamente a colher ¢ o pente ndo-visto ha pouco em frente a face do homem, esperando atrair sua atengao. O homem fixou seus olhos a sua frente, olhan- do intensamente, ¢ por fim disse: “Sim, eu..., eu 0s ve- jo agora... eu vejo alguns ntimeros”. “O qué?!”, dissea médica surpresa. “Niimeros, nao ha nimeros. O que vocé vé?” O homem olhou de soslaio e pareceu forcar sua visdo, movendo suavemente sua cabeca, ¢ respon deu: “Sim, eu vejo ntimeros”. A médica entao percebeu que a direcao do olhar do homem parecia distante e, a0 virar sobre seu ombro, localizou um relégio grande na parede atris de si. E voltando em direcao ao homem, disse em tom enérgico: “Uhm... sim... nuimeros, na f- ce do relogio na parede. Otimo. Obrigada.” O que ¢ interessante sobre essa cena ¢ que a médica’ estava segurando ambos os objetos em frente ao homem 40 mesmo tempo, inclusive sobrepondo-os no espaga, em lugar bem visivel e iluminado. Mas o homem s6 via lum item de cada vez, ou via ainda algum outro item’ diregio de seu olhar, mesmo quando itens mais préxi- mos estavam sendo apresentados logo em frente a0: nariz, Esse paciente tem a sindrome de Balint, q cutiremos mais tarde neste capitulo. Que forma de lesi cerebral poderia levar aos déficits observados nesse lente, ¢ 0 que isso nos diz sobre como a visio ea at lo estao organizadas no cérebro? Considere a seg ‘duestao: Voct presta atencao a coisas ou a regioes do () Figura 7.1 Alon im pactente ¢examinado apos se ecuperar de um AVC que afetou o crtex (a) A médica segura um pente-de-bols pergunta 20 ho- trem o qe ele ve. O homem dz que vé um pente (B) A medi : : médica segura enti uma clhec eo homem diz que av também. () Mas quando amédica segura pent € ce ao mesmo tempo ome di que bv um ejto decode vez Opacets ea sinrome de slit ago ou a ambos? Talvez a resposta esteja por aqui. Voce Jembra da discussao no Capitulo 6 (veja a Figura 6.3) so- bre duas vias dominantes na andlise cortical visual? Co- mo poderia essa organizacZo do sistema visual em vias espacial (onde) e de objeto (0 que) interagir com a aten- «io para criar as deficiéncias observadas nos pacientes Com a sindrome de Balint? Neste capitulo, iremos aprender que a atenco en- olve tanto processos voluntérios de cima para baixo {quanto reflexos de baixo para cima ou mecanismos guia- dos por estimulos, € que eles esto em competigao di mica pelo controle do foco momentineo da atencio. Es- ses efeitos de atengao influenciam a forma com que a in- formagio é processada no cérebro e podem ocorrer pre- cocemente durante 0 processamento sensorial, mas tal- vez nio tao cedo. Redes cerebrais difusas interagem pa- ra permitir que nos ocupemos com eventos relevantes e, essencialmente, ignoremos os irrelevantes. Essas redes de atengao envolvem estruturas em todos os lobos do cértex, assim como estruturas subcorticais. Entretanto, essas redes sao altamente especificas para certos aspec- tos da atencao, e lesbes em diferentes regides cerebrais podem levar a uma variedade de deficiéncias de atencio, incluindo a sindrome de Balint, e a deficiencias de aten- sao espacial, como a negligéncia unilateral, que iremos Tevisar no final do capitulo. Primeiro, vamos considerar a psicologia da aten¢ao cognitiva. Entdo discorreremos sobre a neurobiologia ea neurologia da atencao, usando evidéncias de estudos em. animais e em humanos para compreender por que algu- ‘mas coisas ganham acesso a consciéncia enquanto outras do excluidas, como 0 cérebro controla essa habilidade- chave e o que acontece quando ela é perdida. MODELOS TEORICOS DE ATENCAO Oconceito de “atengao” é de imediato intuitivo e enigma- tio. Envolve conceitos do dia-a-dia como prestar atengio na sua mae quando ela o orienta em como se comportar, mas também inclui a natureza de dificil compreengao da consciéncia humana, como quando sua atengio esti tao concentrada em um pensamento que voce nao ouve os avisos de sua mae quando vocé est correndo algum peri- 40 Aprimeira vista, pode parecer que atengao é sinénimo dever ou perceber, mas, apés uma reflexio profunda, fica clazo que a atengo envolve algo mais do que sensago e percepcio, embora, sem divida, interaja com elas. Por exemplo, podemos prestar aten¢do a outras coisas além: os estimulos sensoriais. A atengao pode ser direcionada para processos mentais internos, como pensar sobre me- ‘érias ou somar ntimeros mentalmente, Muito da caracteristica especifica da atengio foi ex- traido pelos primeiros psicblogos, como William James, da Universidade de Harvard (Figura 7.2), irmao de Hen- ry, 0 romancista ¢ dramaturgo. No século XIX, William James (1890) escreveu: ‘Todo mundo sabe o que é a atengio, Vai tomando conta da mente, de forma clara e viva, e para aquele que assim nio se tencontra, virios objetos ou raciocinios parecem sirmultanea- ‘mente possiveis. Focalizagio, concentragao da consciéncia so sua esséncia, Isso implica a retirada de algumas coisas de forma a lidar efetivamente com outras, ¢ € uma condigio que € oposta ao estado confuso,aturdido, dispersivo. ‘Nessa citagio perspicaz, James capta caracteristicas do fenémeno da atengao que hoje estao sob investiga- 24 atencao tem muitos significados. Ela envolve es. tar desperto, consciente e atento, isso sem men- cionar as deficiéncias relacionadas a ela, Os

Você também pode gostar