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MARIO FERREIRA DOS SANTOS Sociologia Fundamental € Frica Fundamental Livarta Eprtora LOGOS Lapa. Rua 15 de Novembro, 137 — 8. ‘Telefone: 95-6080 — SKO PAUL ndar 1 ediedo em outubro de 1957 2 edi¢do em novembro de 1959 TODOS OS DIREITOS RESERVADOS OBRAS DO AUTOR = "Filosofia ¢ Coamovielo”™ — 4 ed. = "Liglea e Diatietien” — 4" et, "Psicologia" — 4 ed. — "Teoria do Conhesimento” — (Gnoseologia © Critirilogia) — 3.¢ ed. = *Ontologia ¢ Cosmologia” — (As Cidnelas do Ser ¢ do Cosmos) — 42 ed. 70 Homtem que foi um Campo de Batatha" — (Pxélogo de “Vontade de Poténcia”, do Nietesche”) — Bsgotad = "Curse de Oratéria e Retérien” — 1 e 0 Homem gue Nascan Péstumo” — 2 vols. — 28 ed. "Assim Falava Zavatustra” — (Texto do Nietzsche, com and len) — 3° of. ~ "Teenie do Discurso Moderne” — 4." ed. — “Sea Bafinge Palazse..." — (Com o psondinimo de Dan Andersen) = Bsgotada. = *Realiiade do Hemem” — (Com @ paediniano de Dan Andersen) — Bsgotada, = "Anal = ‘Curso de Integragio Pessoal” — 8.8 ed. — "Tratsdo de Eeonomia” — (@d. mimcomrafada) —~ Easotada, T *Arlsiteles @ as Mutactes” — ( eaten do tex 7A Ante e 8 Vide” ygumnento” — 2. ed, = "Gortas Subsileens Homanas” — 2° ef, = *A Late dos Contrivios” — 28 ed, losofias da Afirmagio ¢ da Negacio". “— "Métodos Légicos ¢ Dialécticoa” — 2 vole x loofia © x “0s Versos Aureos de Pitéoras x *Tratado de Estética’ x “Filosofia ¢ Histéria da Cultura”. X "Tratado Decadialéetieo de Economia" , INDICE comentadan — 12 vols, X “Obras Competas de Antattelos” — comentadas — 10 vol. TRADUGOES: Preféecio n “Ventade de Pot de Nictaehe Alée do Bem ¢ do Mal” — de Nietsche, SOCIOLOGIA FUNDAMENTAL ‘Aurosa” — de Nietaashe “Didrio fatima” — do Amiel Tema I “Saudagdo a0 Mundo” — de Walt Whitman Art. 1 — Facto Social e Sociedade ww Art, ses Sociais € Grupos Sociais 37 Art, 8 — Graus de Inter Extensidadi Art. 4 — A Sociologia 49 Tema II Art. 1 — ‘Téeniea Social — Grupos & base de forca, 35 Art. 2 — Grupos A Base de Persuasio a Art. 8 —- Bxame das Relagées Sociais Positivas Negativas, nos Grupos Soeiais 67 Tema TIT Art. 1 — Da Autoridade Social 83 Art, 2 — 0 Estado na Simbiose Social 99 w MARIO FURREIRA DOS SANTOS #TICA FUNDAMENTAL TeMwa I Art, Unico — A Btiea como Giéneia Concreta . Tema IT Art. 1 — Historia da Btiea Art. 2 — Origem da Conseféncia Moral Art. 8 — As Concepcées Morais segundo o Fim Humano Pema IIL ‘Art, 1 — Caracteristieas do Dever-Ser Art. 2 —- Dos Fins e dos Meios - Art. 8 — O Dever-Ser Humanamente Btico Tema Iv Art. Unico — Teses Fundamentais da Filosofia Conereta da Etiea TESES SUBORDINADAS Argumentos de Tomas de Aquino sdbre o livre- -arbitrio Algumas normas éticas Tema V Art. Unico — Do Direito ¢ outros conceitas morais 109 121 1st aa 159 165 169 181 215 2a 23a PREFACIO Com esta obra, damos “Enciclopédia de Ciéncias cerrada ap reduzimos a teses apor des 76 adi 2 segunda parte de nossa icas © Sociais", tendo sido en- losofia Conereta", na qual ind de ponto de partida € também de apoio para novas especulagées no terreno de oi tras diseiplinas. Ao exartinarmos, neste livro, a Sociologia ¢ a Btica fun- ‘por esta diseipli= ie, corn 0 que hi, de fundamen- nae mais {dell adaptagdo , to faikos de er fg entutos, to deseurndos na épace. m tum verdadeire (ratamonto especulative 0 a Btica com a Moral, 0, e por ter a Moral srgido oo énieo, como extrema. ferais'¢ nas diversas rregides do mundo, jolgaram muitos, 6, entre éles grandes pene 12 MARIO PERREIRA DOS SANTOS sadores, que a Btica nada. mais seria que a diseiplina que estu- da 08 costumes estabelecidos na sociedade por influéncias de factores de ordem religiosa, ow econémicn, ou apenas histbrico~ ssociais, Negavam-the, assim, qualquer fundanento ontotégieo. Reduzida a religido, perdia eta, ante o8 othos do homem ineré- aula da nossa épocd, 0 seu verdadeiro valor. Cotocamo-nos nume posiedo, por déste livro, de que « distinct entre Bien ¢ Moral é mais Etica, como diseiplina dedica-se a revelagito das normas invariantes, das lets eternas ‘que presidem ao dever.sor do homer, 7 ‘montos ao estudo da Etica exe Ygico. Para més, os factos cthikoi, 08 quais extda para a para simboto. Para toilo abstractismo moderno, que viswaliza 0 mundo ico ou do biolégico, como procedem. jas mecanicistas e o8 biologistas, ou ima apresenta. , em grande parte predominante no pen- um factor de confusto e de prejuizo para porque éxle, desviado da visto nitida. dos imperativos dticos, passon a compreender 0 dever-ser ante si ‘mesmo, ante o sew semethante ¢ ante o Ser Suprema, como upenas’ regulado por normas morais, por preceitos estabeleck- dos, ¢ muttas vézes arbitrérias, B todos deses que se sectari- zaram em jace de tais temas, deizaram de recomhecer quo @ verdaieiro problema do horem continua senio o que nce penuinamente humano: 0 problema do dever-ser frustavel pela Sua vontade. Se olkarmos para os temas que constituem a questo so- cial, veremos que « solucio nav poderd dar-se pelo arbitrio, nem pelo emprégo da forge, que faca dominar a ético, profundamente ética, e é s6 fundado no que hé de inva riante naguela diseiplina que poderé encontrar az verdadeiras SoctoLOGIA FUNDAMENTAL B SICA FUNDAMENTAL 1) normas que deverko regular as relagies dos homens consign mesmios, con seus semelhantes, como pore, quanto esta além déle, sem o qual E 0 descazo dox estudos éticos ‘MAmio PERRETRA DOS SANTOS SOCIOLOGIA FUNDAMENTAL TEMA T ARTIGO 1 FACTO SOCIAL B SOCIEDADE Podemos estudar a Natureza que nos cevea, divi em quatro esferas a Diolégica, em que a quantidade existencial vida, o 0 eatudo que Ihe eorresponde ¢ 0 da das cigneias afins} Logica, em que @ vida manifesta sensi 0, € que cabe & Paeologia estudar, e, ‘a antropolésica, qu dam as relagses humanas, objesto material Sociologia e das ciéneias afins, como veremos. Vive 0 homem em scciedade (socius, 0 que acompanha, companhelro). Para surgir um ser huméno, nocessita dle de luma parelha ‘de séres de sexos diferentes (homer her), para que o gestem e Ine déem a vida, E Jl ainda que o amparem, até idade que Ihe permita ov precisa ser eduendo (e, fora e ducere, conduair para ta forma, para surgit im ser bhumano, impdem-so relagées entre séres semelhantes, necessiriamente anteriores a éle, com 03 ‘quais mantém relagies. Foi baseado em hhomem 6 um ser soeial Aristételes dizia que 0 is aspectos qu Ao observarmos uma ‘200m politito © di como so correlacionam com outros, © guais as leis que os reger. 18 MARIO FERREIRA DOS SANTOS tolalidade, notamos as relagées entre as partes € 0 todo, e da- quelas entre si, a0 que chamamos ordem. Ora, em tds a na turoza hi relagdes das partes entre si, por isso hd sempre cordem. Mas a ordem nao é sempre a mesma, pois hé tolali- artes funeet at interbase penas ao proprio. Verificamos, aqui, uma or- ria, porque forma uma unidade de per si, uma estruc- tura organizada (de Grgéo), porque cada parte jé tem uma funceao determinada, delimitada, que Ihe 6 tipica: Na_parelnn humana, e nos seus descendentes, forma-se uma ordem (relagao das partes com o todo e das partes entre si). E’ uma ordem organizada, porque ha um todo em que cada parte tem uma funcgdo, determinada em certo sentido pelo interésse do todo, Forma-s 1» uma coeso, uma coeréncia hacrens, de todo). "Ess de as partes, diversos, de cum e mmido como com filhos nfo 6 apenas a soma de ma- rid 08, mas uma estructura coerente, uma totu lidade, cujo grau de’coeréncia € maior ou menor, solidifieada afectivos, ete. ir, apenas para argumentar e esclarecer, em. hordas, estiivel de’ marido, mulher © fundamental da sociedade humana jé ci caso, ainda haveria ordem, pois, na horda, as partes eompo- nentes funceionavam no interésse do todo, como se pode veri- fiear entre as hordas animais. nos posteriores estudos © grupo social, pertence o uma soma dos elementos componentes, nem apenas wma sfntese, SOCIOLOGIA FUNDAMENTAL BTICA FUNDAMENTAL — 19 mas uma ordem nova, com qualidades novas, que The séo pré- prias. Chamamos fenado a essa cocréncia, egea coesio que co- ordena muitos numa unidade, e que tem estructura propria. el examinar em que co tensio, enquanto tal, pois ¢ matéria de trabalhos posteriores, sabemos, eontudo, se manifesta naquelas total em gue as partes funccionam, nfo para atender suas finalidades, mas também as do todo, que 6 qualitativamente diferente da soma quantitativa das partes. Uma familia, por exemplo, 6 uma soma de individuos, mas funceiona como um todo vente das partes componentes. Numa familia, iferente do que & tomado isc” ladamente. Ha restrigGes quanto aos interésses pessoais, mo- ‘cago de atitudes, ¢ um proceder que obedece de certo modo a0 interésse do todo tensional. Apesar de nio ser i sociedade, os individuos mantém rela- 60s com seus semelhantes, entre as quais algumas nfio podem ser modificadas sem por em risco a ordem da totalidade, Nao se podem considerar as relagoes nom explicar 3 factos sociais, como apenas factos psicolégieos, O facto so- é qualitativamente diferente do facto psicolégieo, Chama- -se de psicologismo a tendéncia para reduzir os factos sociais 20 palcolégico. ‘Tom a Sociologia uma ordem diferente, ¢ para compreen- déa precisamos clarear algumas das suas Categorias, io justos, on ni se podemos criar ordens meliores que outras e substitulr as h ‘es pelas superiores, © quais meios que empregar empregar para al- cancar tais modifieags ante temas que inte- ressam, s sobretudo éticas, e, consegliente- mente, E como as discussdes travadas agui nfo se ativeram ape- po das idéias, mas foram levadas aos 1 adar tais problemas, sem que préviamente se pontos fundamentais’? 20 MARIO FERREIRA DOS SANTOS RELAGKO SOCIAL. Tédas as coisas do mundo do existir podem ser eonside- radas sob quatro aspectos: 1) Segundo a direeho que exercom, so positieus ou opo as, © sio chamadas negutivas aquelas que provoea de una perfeie ym. grupo Social, ene positive. Um grupo social, que @ outro se negative, quando prejudiea aquéle, 2) Poem ser aetivas ou passivas. Activas, quando exercem luma actividades passives, quando sofrem uma actividade exercida por outro. Desta forma sio: ae quanto tal, opie, é positiv positives: — activas jpassivas opositivas: — activas passivas € puramente aetivo nem pa- se opdem, se poem ob, contra outro. E nessa oposi¢ho exercem, ont nic, uma actividade s0- bre o outro, que sofre, ou ndo, essa actividade, Uma drvore € activa ¢ passiva, positiva e opositiva, pois cla exeree uma actividade © sofre as exeteidas por outros séres. © térmo relagio vem de re latum, trazer outra ver, eolo- car ante, Ora, o5 séres humanos se colocam uns em face do outros e actnam uns sébre os outros, influindo sens actos sobre 08 actos ou 05 eatados psieoldgicos doa outros, ‘HA uma influéneia reciproca entre @es. A presenga de uns e a sla actuagho sObre os outros provoeam sentimentos, afectos, eomheeimentos, manifestagies volitivas, © temos os actos psicolégicos, constituintes de tima relagdo social, Essa influéncia sdbre os actos ou sdbre os estados psieo- lbgi¢os dos outros pode exereer-se de varias formas: 2) pelo emprégo active de uma forge, de um eonstrangimento; 1b) pelo emprégo da persuasio no sentido mais amplo;, ©) pela troca de vantagens, Como om téda relacdo social ha, pelo menos, dois térmos, entre dois séres humanos, um pode obrigar o outro a fazer ou nfo, pole persuadi-lo a isto ou aguilo, ou pode conseguir que SOCIOLOGIA FUNDAMENTAL B ETICA FUNDAMBNTAL — 21 ou no, algo, dando-The em troca alguma coisa. Estas trés maneiras podem combinar-se em imimeras formas. forga social quem € eapaz de agi sobre outrem, quer constrangimento, ou pela persuasao, ou pela troea de vane tagens. Toda pessoa que tem tais meios, um ou mais ou todos, tem uma /érce social. Esta, portanto, pode ser maior ou menor, 0 Estado é uma forea social, mas 0 6 também 0 sibio "0 rico ante © pobre, o mais vigoroso ante 0 CONTORNO SOCIAL "r humano, que vive em soeiedade, nflo vive em ‘bstracta, mas numa sociedade eoncreta. Pois, ide, nao ha apenas homens, j4 que ela se de- num meio ambiente, emprega meios para aleangar fins. © homem nfo é um gor abstracto, mas conereto. E os séres humanos constroem instrumentos, uten: guirem com mais eficiéneia os bens que necessitam para apla~ car as suas necess pois melas contribui o contdeno com os elementos que 0 com poem, os quais tim do ser considerados para se compreetiderem as relagdes que se formam entre os séres humanos, No estudo sociolégico, além da Psicologia, quanto se refere aos pl i citados, ravilo por que apa 4 Sociologia como uma ciéncia conerela, ou, methor, de maior ‘eoneteedo quanto ao objecto tomado, ‘Temos de considerar a sociedade humana como humana, © © homem como homem, pois, como tal, eonstréi uma téeniea, 22 MARIO FERREIRA DOS SANTOS sua sogiedade funda-se naquela, pois nao hA sociedade sem ica. ‘Técnica € todo processo sistemitieo que permite a uti- 18 para realizar um fim determinado, ‘ca emprega meios para aleangar fins. Mas os em- fa sistematicamente, coordenados em esquemas, regras, que mnteligéncia, as quais podem ser ensinadas a ou ela nos meios de trabalhar as coisas, mas tam- mas a palavra, como meio de transmisso de idéias, opi sentimentos, efe., também 6 uma téenica. Chama-se téeniea social aguela que emprega meios para influir sobre os homens. lustrial aquela que se emprega sobre as cosas. pereeber-se que esta sobretudo porque o homem nio mantém pois eria novos meios, eoordens-os entre si, @ deseobre novos, ANALISE DA MATEIUA TRATADA A palavra gociedaie inclui idéia de pluralidade de séres, exel ser, 0 qual nfo formaria sociedade sem a presenga di provenga dos outros ‘Mas nfio inclui, em seu coneeito, apenas pois no basta haver pluralidade para haver exige-se também agregaedo, unio, ou, em nossas palav) covrtneia, uma tensao unitiva. Numa soviedade, ha convivévicia de séres, que vivem uni- tivamente, numa coeréneia tensional. Nesse sentido amplo, poder mais, come um rebanho de carneiros, uma que distin- animais, 6 ‘que, naquela, além da convivéneia, da cocrdncia tensional, ha ‘um’ tender dos elementos componentes para algo que deve ser, SOCIOLOGIA FUNDAMENTAL B STICA FUNDAMENTAL — 23, pata um fim geral que 60 bem comum para o qual tend, fim ie humana é, portanto, uma pluralidade de indi- ‘coerentemente estructurada, que tende para um que escapam & mera es- fera da biologia, porque, melas, revelaase constiéneia, escolha, valores, portanto. 0 transitério, mas algo per- ile. E quando séres huma~ em para a exeeuho de um fim, transitdriamente 1 nao se considera soeiedade humana, mas apenas ‘suas modalidades de associagio, como ‘mais adiante ‘veremos. Assim, na sociedade humana, hé a revelacdo da conseidn- ‘cin e da vontade, da eseolha e do arbitrio, portanto a revelacso inteligéneia num grau elevado, que tende a conseguir, pela cooperagao dos individuos, a consecucdo de um fim, que € um ‘bem comum. Se examinarmos a sociedade humana do Angulo aristoté- a forma, a harmonizacao, dessa assoriagio, que ¥é ‘co e dos meids empregatos para dar uma unidade étita © moral, e que aponta ao fim que essa conjuncéo tende. © que dé unidade, portanto, a ésse conjunto so a forma eo fim para o qual tende a colectividade formada. Uma so- ‘edlade humana implica, portanto, a eooperagio clos esforgos ys que tendem para um fim eomur. ‘das, assim, dentro da concepeio avistotélica, as fundamentais da sociedade, restasnos procurar a ente, 0 que faremos em breve. Se tomamos 0 método aristotélico para exame da sociolo- Luar 0 mais concretamente o nosso estudo, szemos debalxo de outros ponios de vista, formas. pensamentais, que tém sido. os pontos altos do pensamento humano. Assim, considera do dnguto da matéria socal a socio. dade pode’ ser simples ou composta, se de simples individuos ou de estructuras colectivas ja antoriormente exis- 24 MARIO FERREIRA DOS SANTOS tentes. Uma assoclagio de individuos, para um fim determi. nado, 6 0 exemplo de uma sociedade simples. Um cartel, for- riado de diversas emprésas, com um fim determinado (cconé- rico, por exemplo) é uma Sociedade composta. Quanto ao fim, a norma que o ordena ou 6 espontiineamen- te dada pelos componentes ou por elemento estranho. No pri- meiro caso, temos a autonomid, e, no segundo, a heteronomia indo, posteriormente, & pro- ‘dade com que se manifes- porgdo que exami tam as relagdes sociais. METODO DESTA ORA Seguimos aqui o método que temos exposto em todos os nossos trabalhos: partimos éa sintese prévia, para uma andlise, terminando com a concregdo de tudo quanto fol estudado. Lem- bramos, para exemplo de quem vai ® pereorrer suas ruas ¢ bairros, analisa-a. Depois, \ &, a0 véla novamente como ‘um todo, nilo oF gomo a vira pela primeira 4 esta enriquecida pel A visio sintética fi reine, numa , eaptados an- Ademals, sendo a Sociologia uma eiénei ética, pois esta fundamentalmente detert que é 6 que caracteriza a Etica. e subordinada essa’ cla. Oportundmente, € no decorrer deste trabalho, teremos 0 ensejo de demonstrar m ’ ,, mas incompleta, por examinar ape- nas 0 aspecto material e esquecer o formal e 0 cia da evolugiio social” (Spencer). Hivado do mes- grupos humanos” dera o aspects material lentemente incompleta, pois a ¢ dade humana aleanca, ¢ no 0} idade. DEFINICAO DA SOCIOLOGIA Nilo vamos citar as imimeras definigées que tém sido ofe- reeidas, mas queremos apenas estabelecer @ nossa, a qual ser demonstvada no decorrer desta obra. "A Sociologia € a ciéncia ordem, o processamento, e 2s mii e 0 contdrno natural, co sae meamnoss Laetos. de Montesquien ¢ Sa valem apenas pelas pr Iéetico-conereto, le Marx e seus adeptos, 08 quais lades que captam do método dia- 26 MARIO FERREIRA DOS SANTOS A ORIGEM DA SOCTEDADE Sobre a origem da sociedade humana, tédas as doutrinas 1) @ uma orig: natural, ou 2) a uma origem convencional. Ou a societiade humana surgiu das dos entes que a eompiem, Yontades, de uma intuito de constit mos a linha aristot cia natural dos seus elementos a formarem uma colectividade, mas ak edrdo” ao esta Ji. Déste modo, os séres humas Essa parte inteligente, que ¢ uma re- seu arbitrio, dar-lhe-ia, portanto, a sua caracteri ea humana, © exame que faremos das diversas posigdes, tomando por ponto de partida seus mais earacterizados estudiosos, permitir- Snos-d coneluir om m: ‘a uma sintese conereta, que ‘obedeverd, désse modo, ao nosso metodo. A POSIGAO DE ROUSSEAU F ROBES Comecemos, portanto, com a teoria dos autores acima ci tados, Para a teoria do Contraeto Social, de J. J. Rousseau, tida a ordem social sana livre convenedo dos homens. © estado social é, portanto, um facto convencional. Como precedentes histén joutrina, notamos que os princi- pais elementos do se contém em germe em alguns trabalhos da antigtidade, em Cicero, Hordcio, Platao, SOCIOLOGIA FUNDAMENTAL © ETICA FUNDAMENTAL 27 1r0, Didgenes de Laéreio, Marsilio de Padua, e muitos ssta teoria se deve principalmen- ad, J. Rousseau, na Franca. para Hobbes, para a elaboracio de yrimitive antinsoetal do homem. ra Rousseau foi o estado etre rig, partindo desta tese que al nao provem da natu- tea Hobbes, © ponto de partida teoria, era 0 estado (0 ponto de partida Rousseau explica a sa 0 seu pensamento: reza funda-ce na Se 0 direito so tar que certos Y ia om autoridade, nfo se concebe a seciedade. deve ter uma ilimitada Tiberdade. Para isto apresenta éle a seguin A existincia de um estado primitivo, anterior 20 estado a esta hipétese, nflo com factos e sim com razies Estuda 0 homem como um ser perfeito, o qual apre- com os da s0¢ algo que € convencion |, evia ‘entre os homens. Para evita agrogngio de ua goma, de forces io que defenda ¢ proteja, contra 1s 08 outros, a pessoa € bens de cada associado, e, pela qual, tnindo-se aos outros, nfo obedega, apesar disto, mais mo © permaneca to livre como antes", diz Rous seau ser © que os homens contractam ao se constituirem em sociedade. Entroga-se a um poder (que ird substituir as pessoas par tieulares dos contratantes), um cor Le colactivo, um: pessoa pl “desigada antigamente com o nome de cidade; 28 MARIO FERREIRA DOS SANTOS jen (nagio, veino) ow © individuo entrega @ ira recebor 0 cedeu. © do aque eRirica __Compeniando a eritica de vros autores, podemos sint- tiaila ddste motos a forma que Rousseau deu sua vorla € fais pelassepuintessaybeas ‘Dis sfo os fondamentes da teosia do Contrssto Social: nom tampoueo ume sentido especifico, os homens Por um lado, essa, ila governagio; ou, por cute’ Estado, ao despatismo do Contraeto jos Estados reallzados octal JIA FUNDAMENTAL B BTICA FUNDAMENTAL — 29 ao Bstado pertence estalelever as Jeis fundamentais da a de associngio, porque a forma- gio de sociedades lade do Estado; °) ico proprietario absoluto de todos os be dividual € mera concessio sua} 1) 5 “Quando © prin inte que morras, deve ‘9 doutrina favoreee 0 nias espantosas, (Podemos ay ‘Tende para o contractismo prepoté maiorias, para a negagio dos dire’ uo, da fan 'S grupos socials maiores, para w absorgie da liberdads ‘dual pelo Estado, para o Bstadoxleus; para a estatolate snegho no so: suas eonsed fea no poder fatal do Hstado. Em qualquer caso, 0 termina por realizar a “negagio da sociedade”. A TEORIA NATURALISTA, ‘glo & teoria de Rousseau, temos a naturalivta, ‘2 sociedade humana como win fase mais elevada tivo, «qual marea, Esta concepefi, encontramo-la em germe nos estudos de Aristételes ¢ até de gregos anteriores, e, posteriormente, em Vieo, Pascal, Condoreet, ete. Ji pereebiam a muito profunda entre os factos soctais © os processos orginicos. novas contribuigdes a esau vt Kant, pela escola hegelians, vel e fatal, que governa 0 mundo e ‘mo, 0 eterno fier (devir) da idéia absoluta, MARIO FERREIRA DOS SANTOS Em Comte, a sociedade humana 6 um verdadeiro organis- ‘mo vivo, como também a viu Spencer. Para éste, a maléria da sociedade forma um organismo, que esti sujeito & lei da evaligdo, Na evolugdo da matéria, observam-se trés fases: a i a oll social. A primei- ra rege a dos planétas, a segunda a dos animais ¢ do homem, a terceira, a do estado soci Nao hé uma solupdo de continuidade, pois a tereei apenas um estégio mais evoluido das anteriores, © homem surge com o instinto de soviab nstinto gue conhece um desenvolvimento, que parte do confuso e ho- mogéneo para 0 heterogdne0, para o diferenciante, para 0 come ploxo. A sociedade é, assim, um grande organismo, tm macro- organismo, que se analoga’ ao organismo biolégies, com sua ‘com os seus sistema: linguagem dessa igiea 6 tirada da Bi Desse modo, , parasitismo soci posigaio soci em clementos histéricos, eélulas s iene, terapeuticn, cirurgia social, ete, Funda-se essa posigdo nos seguintes argumentos 0 humano nunca se apresenta como um sua vida decenv a) obediente As exigen- rgimento e desenvolvimento as leis, que regem essa 0- lade, tém a sia origem nessas exigt b) observada na sociedade, é quia do organismo vivo; ha uma subordinagan das partes ao todo, e as sociedades conhecem um i os eared vi cs organismos mais perfeitos revelam essa hetero essa unidade superior que preside e subordina ° resultado de uma lade, que 6 © desen- volvimento fatal de uma tondéneia hereditavia, CRITICA DESSA DOWTRINA trina, Ime ida bioléuica, @ quela, ndo pode separar-se totalmente SOCIOLOGIA FUNDAMENTAL © ETICA FUNDAMENTAL SI Assim como nfo se pode considerar a posigho de Rousseau como absotutamente individualista, como 34 vimos, 6 um exa- sero considerar-se a formago da sociedade humana como ape nas biologica, Keaimente 0 homem nase do homem. No se conhece contudo, pela experiéncia que foi sempre assim, pois um ho: inom deve ter sid ‘Mesmo que partamos da evo. ugio animal, deve ter havido um instante em que surgi o Eomem coma sua forma humana. Examinamas éste ponto ‘bastantes pormencres ontologicos, em nossa “Noologia Ge- ‘A. indueeho, a que leva o ni a ada, pois fun ima observacio parcial’ dos factos-¢ am- plia demasiadamente as suas conclu Realmente, na ordem dos factos socials, podemos considerar ie invariante daguoles que se fundam no biolé- io naturalista), mas hi, ademais, es to na vontade humana’ (posit dae da posigfo rousseauniana). Ambas as posigées so abs- tractas, por virtualizarem o que ia de positive na outea, actua- lizando apenas 0 que afirmam. Se a sociedade humana tem a origem numa inclutavel tendéncia natural, é ela, contudo, modelada pela vontade. A colectividade & at \deria aleangar até a acra itarismo. logia nfio pode ser outra senfo en- nde estabelecer fim nao pode di ‘vos dessas doutrinas, para, losofica bem dirigida, “ Impie-se, portanto examinar ainda outras posigdes. 82 MARIO FERREIRA DOS SANTOS A TRORIA CRISTA DA NATUREZA SOCIAL Para essa teoria, a sociedade humana tem uma origem divina. Fundamenta-se nos seguintes postulados: 8) Todas as socledades humanas, por mais simples que se- Jam, revelam um certo grau de perfeigio nas relagdes $0- E? uma constante, independentemente do. temp, wos, e das ragas, a vida em sociedade. Essa co provir da natureza humana. Examinada a natureza humana, nela eneontramos um ins- ypensfo inata a vida social. O homem € como ») como a sen- 1 a poss Gade de mover-se para afastar-se do que Ihe 6 noch prejudicial, também a razao lhe seria imitil se nfio pudesse comunicar aos outros 0 que sente, 0 que pensa, por meio ino, que o homem é formado para viver em comu- ihantes, Gs animasy mostra omés de, Aquino, esto providos de meios naturais de defe razlo que 0 a al a para conseguir os meios que The tornem a is segura. da revelagdo, nao poderia o homem resolver as, ¢ sem ela nfo alcancaria as formas mais complexas da vida e da organizagio social. Conseqiiente- mente, o fundador da vida social € a natureza humana ¢ esta depende de Deus. Para essa concepedo, sobretudo a dos escolisticos moder- sociedade humana é uma forma evolutiva da familiar. Partindo do instinto de procriar, dade humana lo par, ¢ dai a fami a origem histdriea natural da sociedade, e a seria dada pelo consentimento técito das diversas fi formarem 05 mrupos sociais mais eomplexos. SOCIOLOGIA FUNDAMENTAL B BTICA FUNDAMENTAL — 33 wwiea da Tgreja parte do prinetpio pos- lativo primordi ‘téncia de Dous, como ordenador das is edsmieas, A sociedade humana surge, portanto, da pro- a formacao para que tal tecimento for- lo, 0 spastos na ordem, 1 sociedade, disponde os factores 3 ke desse, Nao ¢ a sociedade humana um 2c tuito, obra do aeaso, mas de algo ja plane; riamos, algo que 3@ eneontra seus factores natural das eoises, A sociedade no 6 um estéstiv de evolucio da matéria, nio um degrau da transformac: 3 passer para a fase biolégien aleangasse a fase soc © homer & uma eriaturs, um soe er apenas de um corpo, mas de um espitito. fio € uma perfeicao animal, perfeigdo da bésta, mas da to. O espfrito fem das faculdade ter a0 bem, Se 0 homem ora escolhe © que nao consta liggncia e a vontade na deve tender pat OA pH o extreiio da el marl ‘ersas doutrinas que tornam o homem ea quem negam, Por ter wma alma, o destino do homem é i 1a nio peréee com 6 corpo. Apesar de ter cone ‘Po homem pode erguer-se, pela restauragao ein sobrenatural Nab diseutimos nesta obra g,ponetracao em temas de Teolog 20 Ta teoria, porque ela implica ipam ao dabito des- tudado os factOres que consti- wsee0s ¢ 08 extrinsecos, Como 34 MARIO FERREIRA DOS SANTOS Silo factéres imtrinsecos do homem: © 0 eonjunto dos esquemas biondmicos; le humana sob todos os seus aspectos. AAs primeiros chamamos factéres emergentes, porque iio @les que emergem do homem; ¢ aos segundos, factores prodis ponentes, que o antecedem e 0 aco ‘J4 demonstramos na "Filosofia Conereta” que nenhum ser € factorado pelos factores emergentes, pois se tal se desse um ente existiria existir; 0 que & absurdo, Déste modo, os factdves predisponentes antecedem sempre aos factOres emergentes, pois antes de um ente ser outro ou outros antecedem, dos quais éle depende, pendéncia proxima no nega u a ‘Assim, se 0 homem, como individuo, depende de uma so- ntal, éstes, por sua vez, ue so panham. € entve os grupos. De a antecedéncia désses is humanas, so im- ‘com seus factores emergentes e pre- fan plow tact como entende 0 hiologismo, ou pelos factores ps ‘entende o psicologismo, ou pelos mitende naturalismo eo eeologismsa. em SOCIOLOGIA FUNDAMENTAL © TIGA FUNDAMENTAL — 35 ou pelo histérieo-social como o entende o historieismo, \bém seria Grro palmar abstractista considerar as relacées is apenas por um désses Angulos ou por dois, esquecendo, de ser rectamente eompreendido, quan- jiderado como um resultade da inter- emergentes e predisponentes presentes, Nie se poderiam explicar as relagées entre mie e filho apenas pelo biologismo, pois hé af entructuragdes também de eardcter histérico-sacial, como sejam a presenca de normas éticas, que presidem sempre tOda actividade humana, embora niio estejam elas sempre presentes na conscidneia désces séres. Assim como a paicologia humana ndo pode ser compreen- dida sem a actuacio dos outros factores, reduzir a relagio social a0 psieclogico seria outro érro palmar. © grau de intensidade, que nas 1s factores emergentes © predi la pelo grau de intensidade de exclui 0 papel que os outros exereom. A Sociologia, portanto, néo se afasta totalmente das on- disciplings, que tém por objecto outros factores, mas delas ontra, nfio s6 elementos para 0 seu como também suas bases mais sélidas. Jesse falar numa psicologia social, que se en- ‘trosa mals divectamente com 0 psiedlogico e com 9 histirieo- “Social; nima ceologia social, por razbes semelhantes, numa soctologia histéri ica, numa soviologia econdmiea, como ntima économie soe%al e, assim, sueessivamen- te, pois {ais diseiplinas representam os pontos intermédios de contacto de todas essas disciplinas, ARTIGO 2 RELACOES SOCIAIS E GRUPOS SOCTAIS B? a Sociologia uma ciéneia eonereta, porque examina o pela vida hu- ig semelhantes, como Por sua vez, para aplacar as necessidades, 0 ser humane tem de imbiente bens, E essa actividade eco- nomiea implica uma técnica, Portanto, no fucto socialégico ral, ete.s iluindo a téeniea social para aplacar as necessidades; 5) 0 meio ambiente (natureza, com suas com Portanto, toda relagdo social inclui ¢ exige a concrecio geral, 0 conjtnto dos elementos que crescem juntos (concres- ‘¢ interaetuantes, Numa fai por exemplo, n apresentar tais caraeteres, 38 MARIO FERREIRA pos SANTOS Mas, numa relacio so duos, por isso ela pode ser div a) podem intervir diversos indivi- Tago social singular, quando apenas se a4 entre dois individuos; ) colectiva, quando nela tomam parte numerosos individuos; ©) miata, quando um dos térmos & um individuo © 0 outro Scomposto de uma colectividade; por exemplo: a relagdo entre um individuo e um grupo social ‘As relagdes soelals duram no tempo, e por isso pollem ser: 8) ofémeras, quando sucedem répidas, como a entro um pas sageiro ¢ 0 cobrador de um onibus; b) durdveis, como a entro um operdrio © © patrio; ©) pormanentes, como a entre pai e fitho, Como em t8da relagio social bi sempre, pelo menos, dois térmos (as partes que se relacionam entre a!) pode ela ser? 2) bilateral, quando hé influéncia reciproca entre as duas partes; b) unilateral, quando apenas um dos tlrmos é influenctado. Nas relagées sociais podem dar-se ainda dois aspect nos do nota, os mais importantes para os estudos que varios empreender: ou essa relagio apresenta cordialidade entre as partes ou deixa um germe de discordia, ‘Temos entio: a) relagiio social ambas as parte 1b) relagio social negativa, quando apenas uma das partes tem fk vantagem total ou entio uma muito maior que a outra, Quando a vantazem de uma parte é A custa da outra, quan- do a que a primeira obtém & em de receba. uma sui rrelacdo social ne; partes aumentam a sua fdr¢a, vantagem ou tem a melhor. relagio social positiva negativa traz 0 germe da discérdia e provoca ressentimentos a parte prejudicada, Ora, nao esquecamos 0 que ja foi assi- nalado sobre a fOrga social. Se essa relacao se labora por constrangimento, ou por persuasio, ou por troca temos situagdes diferentes. A discordia, © ressentimento po: sitive, aquela em que hé vantagens para SOCIOLOGIA FUNDAMENTAL E STICA FUNDAMENTAL — 89 erescer segundo a férga social empregada. Sempre as relacoes socials negativas tiveram um papel destraidor na cons tituiedo das sociedades humanas. E em tédas as eras houve homens que sentiram a injusti- ‘ga dessas velagées sociais negativas, sobretudo quando a forea, ‘ue as dirigia, era a da persuasio, aproveitando-se da ignoran- cia ou da fraqueza ¢, muito mais odienta, quando era a do constrangimento, da coaccao. Por iaso surgiram sempre aquéles que desejaram evitar as relagées sociais negatives e propuseram para os homens, cada vez mais ow apenas, relagdes soviais positives. Esta a razlo por que surgem idéias que podemos sinte- tizar neste esquema: 1) os que desejam abolir as relagdes sociais nezativas; 2) os que desejam reduzir o nimero de relagdes so gativas; 8) os que procuram justi ‘essas relagies Nestas trée grandes divisées, podemos idéias poltticas. is resultados, impde-se 0 emprégo stes & imensa, as idéias politieas se a) pela intencionalidade, o fim desejade: aboligio total, re- ou juistificagao; rem empregados. Siio tais aspectos que nos permitem comp: licidade de idéias politieas, bem b) os meios a onder, de ‘a variedade dos fim de evitar a repe- s.. Muitas vézes os 40 MARIO FERREIRA DOS SANTOS © GRUPO SOCIAL A interpenetragdo das relacdes soci senga de um térmo comum. Assim, nias relagies entre si, Bles pore dar-se pela pre- dois irmios e a mae, netram-se pela -e sire os filhos gran- Ge influéneia, Chamam-se tais relacdes relaedes soviais eomple~ ‘mentares, porque séo complementadas pela presenga de um ‘ermo comum, 8 socidlogos essas relagdes complementares da relagdes sociais esto ligadas por um térmo ima dessas relagdes 6 complementar da ou- eondiciona quer a sua existéneia, quer a sua na- tureza”, As relacoes sociais, de qualquer espécie que sejam, podem influir sobre outras, quer sobre a sua existéneia, quer sobre a sua natureza. E observadas, sob éste aspecto, elas so eom- plementares. Essa complementariedade pode 12) positiva — ¢ se assim fr, seré fortalecedora; b) nesrativa — e nesse caso pode ser smens vio calebr ‘de modo a tornar positiva a relagho, e descabidas, Siio as relagies soviais complementares quo nos dio uma Juz sobre a formagio dos grupos sociats, Definem os sociblo- nutros individuos por re Para qite um grupo is ¢ complomentares, quando uma ati- seus intorésses entram em jOx0, unem-se para to! ‘tude em defesa dos mesmo’. Quando as relagdes sociais negativas se dio dentro de um grupo social, elas netuam como forex desintegradora, desagre- gadora. Sucedem como accidentals e nfio como necessirias, seus componentes relagées sociais positivas, podem sofrer 0 ane SOCIOLOGIA FUNDAMENTAL B BTICA FUNDAMENTAL — 41 tagonismo de outros grupos, ou também tornur-se antagénicos a outros. Antes de examinarmos éste ponto, classifiquemos os gru- pos socials, que podem ser: a) numerosos; Dé-se com os grupos, na sua constituigio, © que ja vimos com as relagées sociais. "Um grupo social @ formado de mui- tas relates socials positivas e complementares, mas unido por uma coeténeia, que the dt maior ou menor eoesio, Todo grupo social, portanto, forma uma tensa, Oferecem os grupos sociais uma variedade imensa e graus de existéneia também diversos. E ésses graus dependem da tensdo. Quanto mais forte a tensio, maior coeréncia entre os componente, as condigdes, ou espontiineamen- ias, © chamam-se: ot sho intencionalmente realizados, por deliberacio e preme- ditagdo dos componentes, e temos: solhem quem néles quer entrar; Wem condiedes formas para que A. coestlo dos grupos sociais pode dar-se, segundo forea: a) A base de constrangimento; 1b) A base de persuasio. Os primeiros empressam a forga material, os segundos fun- dam-se no consentimento dos componentes. E quanto a actividade, ante a sociedade, podem ainda ser: a) ostensivos, quando actuam aos olhos de todos; yeoretos, quando sua act a2 MARIO FERREIRA DOS SANTOS Quanto A sua composicao, isto 6, quanto aos elementos que © formam, podem ser: a) simples, quando nfo tém subdivisées; ) complexes, quando contém subdivisies de grupos in- ternos mais ou menos consistentes. Nas suas relagées com outros grupos podem ser: 4) independentes, quando nip se subordinam a nenhum outre grupo; b) coordenados, quando sua ordem actua numa ordem de conjunto de’ outros grupos; ©) subordinados, quando sua actuagdo depende de outros grupos hierdrquicamente superiores, que sio os 4) subordinantes. Por isso, podem ainda sor classificados, segundo os graus de eoordenagao e subordinagao, em: a) superiores; b) inferiores; ©) iguais. Os grupos independentes néo conhecem esta classificagio. Os coordenados so igueis; o3 subordinados eo inferiores & 08 subordinentes so 0s superiores. TEMA T ARTIGO 3 GRAUS DE INTENSIDADE EB EXTENSIDADE, DOS GRUPOS SOCIAIS ‘Quanto A cooréncla, podem os grupos sociais ser last eados em: a) grupos consistent b) grupos néo-consistentes ou efémeros. Estes grupos efémeros sto verdadeiras nebulosas sociais, desprezados muitas Vézes pelos socidlogos. Ha leo da propaganda dirigida. Os seus pouco definidos, les surgem na vida social e se caracterizam por girar em timo de algumas pessoas (A base ¢ por exemplo) Nos grupos formados ¢ ios pela opinido As véues, mas que facilmente se 108 consistentes, podemos observar uma série de la propaganda 4 ica, prupes apaixonados inogivelmente as relagdes complementares positivas que fundamentam tais grupos, que é importante. SIDADE DOS GRUPOS Podemos eonsiderar o8 grupos sob dois angulos — 0 grau de coeréncia de sua estruc- tura, mais ou menoe coer a4 MARIO FERREIRA DOS SANTOS 2) 0 da extensidade — 0 mimero de elementos componen- tes © a exiensto que abrange, maior ow menor, Em ambos 0s casos, os grupos podem sofrer modificacdes (de grau e de extensio), sem deixar de existir. wr coordenada pela a que formem'o micleo de coe- de intensidade, existencia de um grupo social, a sua coeréncia ) revela a tensdo, de que jé falamos. Essa ten- estructura, FE aumenta ou diminui sesrundo as relagées soci positivas sejam maiores ov menores, e, nos grupos numerosos, segundo 0 grau das relacdes socinis complementares Un grupo social coeso, ao erescer, ao aumentar de exten- sidade, tem sempre o perigo de sofrer mudangas ma intensida- de, que ora pode aumentar, ora diminuir. HA casos em que os grupos que se estendom se i HG casos em que os grupos que se estendem intensidade, ‘Pambé aumento d h& casos inversos, Diminuigdo de extensidade, intensidade, portanto, pode ser Uma multidao, que forma um grupo trueturada em mieleos wel. Eo que vemos com a formagao de grupos de opinisio pitblica, que so estructurados, com um nticleo, em grupos par- tidirios de eonsisténeia maior. As grandes sociedades vivem intensamente nos momentos de perigo e de agitagdo (guerras, revolucdes, ante dissid: internas, ete.) porém nao oferecem 2 constaneia das socieda- SOCIOLOGIA FUNDAMENTAL 8 STICA FUNDAMENTAL — 45 's pequenas. Uma sociedade grande oferece vantagens, 00 rnianto: ha mais facilidade de dissipar ou conter os dissen- timentos, Os graus de uma tensao social so dados elementos, enja cooperaeso oferece maior & casos fortuitos, nos grupos momentinecs, nao estes aleancem tim rad elevado: a sua preser ladle — um grupo tom perdurabilidade quando ten- ‘a realizar algo, isto é quan \eionalidade, quando se organiza para atingir um fim acedo — 08 grupos soc i quanto, na actividade, temos maiores po iagio de um grau'de consistineia (tensio) mai 1g — a presenea de tals ou gui pode aectuar em proveito de cia — who 48 deve um grupo social, 0 cont jente historieo ent oe Podemos agora di mentos positives, os que cooperam para mai e negativos, os que cooperem para reduzir o seu gran de tensio, 46 MARIO FERREIRA DOS SANTOS Na classificagio acima, podemos considerar como conslan- temente posit positividade, conscléncia, lidade, coordenagio. Como ora positives, ora x ividuos, sue As sociedades podem ser: a) de facto; 1b) de inteneao, ie se forma para aleancar um ve, 6 uma soc ‘upo de mereadores, que equipam ‘para editar apen a data, te, Baaas oc também uma sociedade cujo fundamento principal é de facto. A SIMBIOSE SOCIAL Os individuos, componentes de um grupo social, podem ser, ‘componentes de muitos outros grupos.” Dessa for rentes portanto, podem ser constitufdos por grande parte dos mesmos individuos. Bstamos agui em faco de um aspecto importante, tantas vézes deseurado pelos socidlogos: a interpenetragio désses ele- Na vi , a simples obsy ‘acho Togo. nos mostra quanto influi numa sociedade recreativa a um nGmero capaz de influir na sociedade. E’ £4 rem-se exemplos de interpenetragao dos grapos em outros, pela acgila dos elementos que os compéem, Se tals aspectos sfo convenientes ou nfo, é diseussio que a Sociologia pode registrar; mas o que é importante & serem tais factos normais na esfera sociolégica, Assim, na vida so- cial, o8 individuos se separam ou se unem. nas formagoes dos’ grupos sociais, aumentam ou diminuem a separabilidade dos individuos. Os'cogumelos ¢ 0 rusgo cooperam, isto é, aju- dam-se mittuamente, E’ 0 que se chama simbiose. Nao se SOCIOLOGIA FUNDAMENTAL © ETICA FUNDAMENTAL — 47 deve confundir a simbiose com 0 parasitismo. O parasitism 6 opasitivo e negative, A planta, que é parasita, tira para si ad. A simbloge @ postiva, poraue ambas eioperam. Ha Os trupos sociais podem ser parasitirios ou simbidticos, om rola: eGo a outros. Na divistio do trabalho, hi simbiose, como Bé também entre os grupos sociais; ¢ se esta 6 necessdria, 0 pa- rasitismo, por ser opositivo e negativo, € reprovavel. TEMA 1 ARTIGO 4 A SOCIOLOGIA, A Sociologia, como se vé ante o que examinamos, 6 0 est natureza das a mamas © nas Tela goes, entre sie com o contre bio-césmico, ecoléfica, posi- ‘gue exereem sobre 3s individuos e dos grupos (realizagées materiis, ete.) e seus extados psi pectos Como se formam os grupos sociai ? ceo grau de sua intensistas ex! os tensiio (coeréneia) ‘Tais aspectos, j4 05 estudamos, Mas o facto social se at no mundo, im contdrno ecclégico. O homem vive em sociedade, no As condlig6es, nao 86 da natureza, como ea, edo importantes para gue se com- preendam o8 factos sociais, que so também, de certo modo, js se dio entre sfrea vivos. Nfio se dio coisas que compoem 0 ¢o) (geoe! etc,), Essas relagdes entre os Indiv: so positivas on opesitivas e negativ sas relagées c lizagées humanas ‘Uma forma de produgao soci Beles eonaldes gongratens, stabe- lecer onde ‘as condicées geogriticas sejam favoraveis. $6 posteriorments, gragas A téeniea, pode o homem eriar con goes de contorno favordveis a uma forma de producio. Por tanto, a forma de produedo é condicionada também pelas con- Aigoes geogrdticas, $6 pede haver pesca onde ha peixes. Nao 6 possivel a agricultura na zona Arctica, nem a tentariam os 60 MARIO FERREIRA DOS SANTOS esquimés. As relagdes sociais, portanto, so dependentes tam- bém dessas condicdes ambientais. las actuam nas realizagoes humanas materiais e, consegiientemente, nas eulturais, que se processam fundadas nestas, A arte é uma formegao cultural, por exemplo, Convém distinguir, aqui, o mundo da natureza de o mune do da cultura. io da natureza 6 0 mundo de tudo quanto surge no exterior edsmico, mas o mundo da cultura é eriaedo do homem. Jm corpo pertence no mundo da natureza, porgue éle é por ela causado. Mas quando 0 homem mares’ nease objecto um traco da sua vontade, do seu pensamento, quer intolectu: ‘vel, quer afectivo, éle 0 coloca no mundo Ia cultura 6 aquéle que traz a marea do e: hhumano. Uma pedra, na montanha, pertence ao mundo da naturezi. ‘Transformada paralolepipedo pertence tam- bem ao mundo da cultura. © homem € natureaa e € cultura. atureza, 6 estudado pelas eléneias naturais; como estudade pelas ciénetas eulturais. , mas no pode desinteressar-se do mundo da yatureza, sob pena de tornar-se numa ciéneia nbs. tracta € nfo conereta como deve ser. As relae’ influem eObre a psi mas a psicol influi sobre essas relagées, do home, 0 INSTINTOS SOCIAIS Consideram-se como énstinios soeinis as propensdes trans- lativas & vida em sociedade, como 0 instinto de conservacio, ete. Podemos observar nesses instintos: orga e direcgia (veetor) estuda tais instintos, entiio de Neo-saeiolog idade social e a dis ido quanto decorre désses, ia da paleo-sociologia, como os Muitos y que seguem as correntes do biologismo ¢ do psicologismo, isto fam a pri SOCIOLOGIA FUNDAMENTAL # HTICA FUNDAMENTAL — 51 4, que explicam os factos sociolégicos como simples factos bio Jégicos, ou entao psicoligico: ‘Os que proclamam a primazia da Neo-sociologia tender a cair na forma viciosa do socislogiemo, © ser humano esté ligado aos antepassados por um elo ancestral e sobrevive gragas & presenga dos instintos parentais (instinto de mae, de pai) Mas pode di & tdda tendéncia do individuo « reagir de mancira determinarla determinada (con: porém, em sua ra igica; em suma, é a légiea dos orgios, da vida bioléarica), Costumam os socidlogos considerar duas ordens de ins- tintos: 2) os instintos tndividuais ou egoistas ¢ b) instintos sociaie, aitrutatae. Enlretanto, o ser humano, ao julgar a si mesmo, ou se considera totalmente bom, como 0 fazer ‘mau, tornado bom, quando 0 é, pela acc&o social, como os pes- simistas em geral, entre les Freud, etc. 0 optimismo do primeiro grupo e o pessimismo do segun- do pecar pelo unilateralismo, que os revela como posigies abstractas, Hi, no homem, impulsos benevolentes e malevolentes. possivel que muitos neguem os primeiros e queiram expli pelos sestundos. Dé-se com essas e3 3 fa quase tolalidade detas: nao exp! qual gesta, para éles, a simpatia, E? éste instinto que per! te a formacdo da coesdo social (tensio), por isso é éle tema de tanta importa ra a Sociologia, ‘Mas as atragées variam no Ambito social. Uma assem- biéia, ama reuniao de homens, pode atrair uns ao seu ambito, mas também afastar outros, Os ti troverti de uma assembiéia. Gos e estimulados, ou a permanecer ini

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