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Escravid
Escravid
Por último, a mão de obra escrava nos tempos coloniais e imperiais era determinada por
características étnicas: os escravos eram negros ou indígenas. Hoje essa característica
tem menor importância, são escravizadas as pessoas em situação de pobreza e miséria.
Como principais tipos de trabalho que empregam mão de obra escrava, a Walk Free
aponta:
exploração sexual, que faz cerca de 4,5 milhões de vítimas, sendo uma a cada quatro
delas menor de idade;
o relatório aponta ainda que muitas crianças ao redor do mundo são obrigadas por
criminosos a pedir esmolas nas ruas;
A grande maioria das pessoas nessa situação é atraída por falsas promessas de emprego e
melhoria de vida. Contudo, acabam sendo levadas a lugares isolados, onde têm seus
documentos retidos e são atrelados a uma dívida, que deve ser quitada com “trabalho
gratuito”.
Segundo a Fundação Walk Free, a pobreza e a falta de oportunidades desempenham
importante papel no aumento da vulnerabilidade das pessoas à escravidão moderna.
Outros fatores contribuintes além das desigualdades sociais são a xenofobia, o
patriarcado e a discriminação de gênero.
Ainda hoje, o trabalho escravo é caracterizado por mortes e castigos físicos, alojamentos
sem redes de esgoto ou iluminação, sem armários ou camas, com jornadas de trabalho
superiores a 12 horas diárias, sem alimentação, sem água potável e sem equipamentos de
proteção.
Do total de pessoas em trabalhos forçados no ano de 2016, 58% vivem em cinco países:
Índia, China, Paquistão, Bangladesh e Uzbequistão. Somente na Índia, a escravidão atinge
18,4 milhões de pessoas. Já em Bangladesh, existem 1,2 milhão de pessoas em situação
de trabalho forçado.
Apesar dessas cinco nações serem as que possuem maior número de pessoas em situação
de escravidão, elas não são necessariamente os países com maior proporção da
população em trabalhos forçados.
Estes são a Índia, com 1,4% da população em situação de escravidão, o Uzbequistão com
4% da população nessa situação, o Camboja, que apresenta 256,8 mil pessoas em
escravidão ou 1,6% da população, o Catar com 30,3 mil pessoas ou 1,4% da população, e
por m a Coreia do Norte, que embora seja de difícil veri cação, evidências apontam que
o próprio governo submete pessoas a sanções de trabalho escravo. O número de escravos
no país norte-coreano é de 1,1 milhão, equivalentes a 4,4% da população.
Entre os motivos que mais levam pessoas ao trabalho forçado nesses países está a
indústria de algodão no Uzbequistão, onde o próprio governo força o trabalho nas
colheitas; a exploração sexual e mendicância forçada no Camboja; e na Índia há
prevalência de trabalho forçado nos setores de construção, agricultura, trabalho
doméstico e exploração sexual.
Mas esse avanço tem sido bastante ameaçado nos últimos anos. Uma série de disputas
judiciais fez com que a divulgação da lista fosse adiada diversas vezes desde 2014,
quando uma ação da Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc)
questionou a lista suja no Supremo Tribunal Federal (STF). A divulgação voltou a ser feita
somente em março de 2017.
A cada dia, em média cinco pessoas em trabalho forçado são libertadas no Brasil. Os
estados com maior número de resgates nos últimos cinco anos foram Minas Gerais (2 mil
resgates), Pará (1.808), Goiás (1.315), São Paulo (916) e Tocantins (913).
Apesar dos avanços, a principal di culdade do Brasil hoje está no combate ao aliciamento
dos trabalhadores, mesmo com a criação do Programa Marco Zero, lançado em 2008 pelo
Ministério do Trabalho.
O Código Penal brasileiro prevê em seu 149º artigo, uma punição de dois a oito anos de
reclusão e multa para quem “reduzir alguém a condição análoga à de escravo, quer
submetendo a trabalhos forçados ou a jornadas exaustivas, quer sujeitando a condições
degradantes de trabalho, quer restringindo por qualquer meio a sua locomoção em razão
de dívida contraída com o empregador ou preposto”.
Além disso, a lei estabelece também um aumento de metade da pena se o crime for
cometido contra criança ou adolescente, ou ainda se motivado por preconceito de raça,
cor, etnia, religião ou origem.
Se durante as blitze de scalização for con gurado trabalho escravo pelos auditores
scais, os trabalhadores são libertados e os empregadores são obrigados ainda a pagar
todos os direitos trabalhistas devidos. Estima-se que já foram pagos 86 milhões de reais
em indenizações aos quase 50 mil trabalhadores libertados no Brasil.
Para auxiliar as pessoas libertadas do trabalho escravo, desde 2002 uma lei concede a
esse trabalhador o direito a três parcelas do “Seguro Desemprego Especial para
Resgatado”, sendo cada parcela no valor de um salário mínimo.
E você, acha que o Brasil pode melhorar o combate ao trabalho escravo? Opine!
Isabela Souza
Estudante de Ciências Sociais da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e
assessora de conteúdo do Politize!.
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Camila Caldas
Conteúdo muito explicativo,obrigada!Notei que a maioria das medidas para tentar
solucionar esse problema,infelizmente, é voltada para as consequências,se houvesse
mais medidas focadas nas causas,talvez os resultados poderiam ser melhores.
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Genecy Gomes
Muito bom. ajudou demais..
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Eduardo Mesquita
Muito bem escrito o conteúdo, como também, é muito ruim saber dessa situação que é
tão mascarada.
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Reinaldo MartinsSeraphim
PODERIA TE UMA LEI QUE CONFISCACE OS BEM ADEQUERIDOR ATRAVES DO
TRABALHO ESCRAVO NO BRASIL!
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Cleber Leao
Parece que o sucesso do trabalho escravo depende da falta de opção do trabalhador e
da falta de concorrentes do empreendimento criminoso. Assim fico interessado em
saber onde encontrar mais informações sobre os trabalhadores e essas empresas.
Para entender em que termos esse modelo de negócio é viável e como as campanhas
de combate estão agindo.
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Politize
Olá Cleber. As empresas que empregam mão de obra escrava no Brasil
aparecem na "Lista Suja", do Ministério do Trabalho. Segue o link com a lista
divulgada no início do ano, referente a 2016: http://bit.ly/2tFT8Lr. Sobre as
campanhas de combate, algumas são organizadas pelo próprio Ministério do
Trabalho. Você pode conferir aqui: http://bit.ly/2rwzAsl. Espero que tenha lhe
ajudado!
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Valeria Borges
Politize A Repórter Brasil é uma das Ongs mais sérias que conheço que trata
sobre esse tema aqui no Brasil.
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Konrado Pfisterer
Admiro muito suas publicações, super show. Mas, desta vez preciso dizer, foi fraca.
Especialmente abordando um tema tão especial e importante como esse.
Pergunto,
Condicionar justificando salário de minimo R$937,- significa o que? Quando 1 mínimo
de independência está por volta de uns 3.000 Reais? Escravidão moderna condicionada
por países consumidores. E mantida aqui por influentes e corruptos.
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Politize
Konrado, agradecemos a interação. Poderia detalhar um pouco mais seu
feedback, para que possamos entender como melhorar nosso conteúdo?
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