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Para aqueles que não sabem

quem Kate Bush é,

ou esqueceram, ela é a cantora


que parece uma criança abandonada

no sucesso arrepiante
Wuthering Heights

Ela era uma original.

Uma raridade no mundo pop,


no qual tantos artistas se parecem.

É um pássaro? É um avião? É uma árvore?

Não, é um arbusto.

Sim, senhoras e senhores, Kate Bush.

- Kate Bush.
- Kate Bush?

Parece fogo! Simplesmente... saindo de sua boca.

Ela transformou suas apresentações em uma nova arte,


que mistura dança, mímica e todo tipo de teatro.

Não são canções normais,


nenhuma de suas canções é normal.

Ela é quem ela é, ela é única.

Um mistério. Ela é o mais belo mistério.

Houveram momentos de cantar na frente do espelho,


balançando o cabelo, dançando pelo saguão...

A música fala por si mesma,


mas ela a torna mais inteligente.

Por horas estive em meu quarto,


escutando nos fones de ouvido,

e ela me tirava de meu stress.

Quer saber? Quando fiz minha união civil,


9 anos atrás, em 2005,

convidamos Kate, sem achar que ela viria,


e ela veio, com seu marido, Danny.

Havia muitas pessoas famosas naquele lugar,


umas 600 pessoas,

e todos queriam conhecer


Kate Bush.

Músicos, qualquer um.


Não acreditavam que ela estivesse ali.

Ela é um enigma.

Acho que ela nunca quis


fazer parte do jogo.

Acho que quando alguém faz


um grande trabalho, como ela fez,

e se retira da vida pública, as pessoas...

precisam criar uma versão própria


da pessoa, não é?

Dá pra ouvir apenas uma nota


de uma música de Kate Bush,

ou uma nota de sua voz, até,

e saber imediatamente o que é.

E esta é a maior façanha de qualquer artista,

especialmente se considerarmos tudo o que ela fez.

Wuthering Heights atingiu o primeiro lugar


das paradas britânicas em Março de 1978

Quando Kate Bush apareceu, por volta de 1978,

eu tocava nas Slits, e eu estava na van,


do lado de fora da casa de nossa vocalista,

esperando para irmos fazer um show, e

Wuthering Heights tocou no rádio, e eu fiquei...


UH?

O que é isso? E eu esperei que a melodia


repetisse, porque, naquele tempo,

a música pop era muito repetitiva,

e esta melodia sinuosa, com a voz


muito aguda, oscilava e borbulhava,

e eu fiquei absolutamente encantada.

Quando ouvi pela primeira vez,


achei que a voz era extremamente desafiadora,

que era quase histérica, e tão aguda,

que era absolutamente fascinante,


e sei que, na época,

muitos dos meus amigos


não conseguiam suportar.
Mas foi exatamente o que me atraiu.

Kate Bush tornou-se a primeira mulher


a chegar sozinha ao topo das paradas

Olhe! Consigo ver o Morro dos Ventos Uivantes!

Bem, eu vi uma série de TV,


10 anos atrás, era muito tarde,

e eu só vi os 5 minutos finais, em que ela


está na janela, tentando entrar.

Quem é você?

Sou Catherine Earnshaw.

Estou voltando para casa.

E aquilo me chocou, era tão forte!

- Então li o livro.
- Leu depois?

Sim, li o livro antes de escrever a música,


para capturar corretamente o clima.

Nunca ouvi nada igual antes.


Era a música de fadas.

Esta voz absolutamente sobrenatural,

cantando sobre um livro.

E, como uma criança que gostava


de livros, sempre fui fascinado

por qualquer coisa, ou música,


que parecesse ser inspirado por livros.

Para que aquilo tenha sido criado,


em primeiro lugar, já é impressionante.

Ter sido criado por alguém


de 17 anos de idade,

essa música incrível, incrível...

Não existem muitas canções boas


que tenham 2 ou 3 mudanças de tom.

E não estou falando só


de modulações, é do tipo...

"Ok, agora o tom é Q!"

Sabe, "Como é??"


Mas é tão brilhante, tão memorável.
Sempre canto essa música em Karaokês.

Wuthering Heights não é uma música comum.

Mas é por isso que é tão genial. Foge às normas.

Essas coisas não acontecem com muita frequência.

Quando tivemos outra Kate Bush,


depois de Kate Bush? Não tivemos.

Catherine Bush nasceu na Maternidade Bexleyheath,


sudeste de Londres, em 30 de julho de 1958

Vamos voltar ao início, você tem 19 anos...

- 20. - 20. E vem de Kent.


- Sim.

- Kate Bush é o seu verdadeiro nome?


- É sim.

- E seu pai é um médico?


- Sim.

É uma família musical?

Meu irmão é bastante musical, ele fez com que


eu me interessasse, em primeiro lugar.

Ele sempre tocava música quando eu era criança.

Seu irmão teve um grande papel em seus


primeiros dias, os anos de formação.

Ele trazia todas essas ideias musicais, interessava-se


por muita música e instrumentos estranhos.

Muitas formas de música.

E ele sempre as apresentava a ela,


e ela se lembraria de muita coisa.

Qual é o nome?

"Instrumenta de Porca"
é seu nome verdadeiro.

- Você é irmão da Kate, não é?


- É, temo que sim.

Isso é uma coisa de família?

Bem, sim e não. Kate e eu


fazemos música há muitos anos,

em diferentes níveis, mas sempre há


música em nossa família.
Quando eu era jovem, conhecia a música
que meu irmão tocava,

e eu escolhia o que gostava


para ouvir com ele.

- Que tipo de música?


- King Crimson e Pink Floyd...

e Blind Faith, Fleetwood Mac,


esse tipo de coisa.

Quando visitávamos a casa da família,


certamente lembrava a casa da minha família.

Uma casa confortável de classe média,


de doutores, com um jardim agradável,

no entanto, ali cresceu essa criatura estranha,


que fazia coisas maravilhosas.

Quando começou a compor?

Eu devia ter 10 ou 11 anos.

E quando a gravadora soube de você, e como?

Foi um processo gradual. Quando eu tinha 14 anos,


um amigo de meu irmão chamado Ricky Hopper...

trabalhava nisso, e conhecia muita gente,


e distribuiu minhas fitas para muita gente.

Após algum tempo, não houve resposta,


mas ele conhecia David Gilmour, do Pink Floyd,

e David juntou-se a ele, pois estava


procurando artistas iniciantes para ajudar.

Eu escutei. Fiquei intrigado


por aquela estranha voz.

Fui à sua casa, conhecer seus pais, em Kent, e...

ela tocou para mim. Meu deus, 14 ou 15 músicas.

Em fitas. E eu...

achei que poderia ajudar.

Quando David conheceu Kate em 1973, ela já havia composto


mais de 100 músicas, incluindo The Man With The Child In His Eyes

David Gilmour financiou a gravação


de uma demo apropriada, com arranjos...

e uma seleção das músicas.


Fizemos companhia um ao outro.
Estávamos fazendo, digo, o Pink Floyd,
o disco Wish You Were Here.

Acho que juntamos as pessoas da gravadora


em Abbey Road, estúdio 3.

E perguntei, "querem ouvir algo que tenho?"

"Claro", então achamos outra sala e eu toquei


para eles The Man With The Child In His Eyes.

E eles disseram "Sim, obrigado, vamos ficar com ela."

Kate tinha apenas 16 anos quando assinou com a EMI


e recebeu um adiantamento de 3000 libras.

The Man With The Child In His Eyes


ainda é uma daquelas coisas que, do início...

toma vida própria, porque é uma música tão boa...

e ela tem... por todo o tempo que ela, ou eu,


ou qualquer um passa decorando ambientes...

este é o elemento principal no que cantamos, melodia,


acordes, ritmo, que permanece. Uma grande canção.

É absolutamente lindo, não é?

E estava pronto 2 anos antes de tudo


o que ela gravou. Isso é a voz dela aos 16 anos.

Tendo escrito essa letra extraordinária,


sobre... o que quer que ela seja.

Isso só se encontra em talentos extremos.


Uma coisa que é completamente original.

De onde vem Kate Bush?


Não dá pra ouvir suas influências.

É como Billie Holiday, que quando ouvi


pela primeira vez, nunca tinha ouvido nada parecido...

É o mesmo com Kate Bush. Eu acho que musicalmente,


artisticamente, ela não tem pai nem mãe.

3 de julho de 1973, o último show de Ziggy Stardust


no Hammersmith Odeon, Londres

Alguém me disse que ela estava


naquele show, eu pensei

"Tem certeza?
Parece que todo mundo estava lá."

É, estávamos lá.
Ótimo show!

Ele é uma dessas pessoas que a influenciou


de maneira indireta.

Não é óbvio, mas existem essas pessoas.

Ela prestava atenção a Roxy Music,


Brian Eno, gente assim.

Ela seguia muita gente,


muitos a influenciavam.

David Bowie estudou mímica com Lindsay Kemp


antes de criar Ziggy Stardust

Kate me viu trabalhar com Bowie,

e ela queria fazer apresentações assim.

Não igual a Bowie,


mas mover-se daquele jeito.

E claro que ela tinha assistido a Flower,


como todos naquela época.

O espetáculo Flower, de Lindsay Kemp, foi inspirado


no romance erótico de Jean Genet, Notre Dame des Fleus

Assisti a um espetáculo, de Lindsay Kemp,


e nunca havia visto nada como aquilo antes.

Ele usava movimento sem nenhum som.

Algo que nunca havia experimentado.

E ele expressava tanto, mais até do que


as pessoas expressam com suas bocas.

Percebi que havia todo um novo mundo


de expressão, que eu não conhecia.

Julho de 1976: Kate frequenta o Dance Centre,


em Convent Garden

Eu ensinava em Convent Garden,


e Kate apareceu vestida muito adequadamente,

com roupa de bailarina e cabelo preso,


parecendo muito profissional,

e uma estudante muito séria.

Mas tímida como o diabo!

E ficou nos fundos da sala.

Eu tive que trazê-la aos poucos.


E ela era extremamente tímida,
e a primeira coisa que tive que fazer, sabe...

trazê-la para fora de si mesma


e encontrar coragem.

Preciso dizer que assim que começou a dançar,


ela era uma coisa selvagem!

Digo, ela era selvagem!

Um dia, alguns meses depois de conhecê-la,

voltei para casa e encontrei um LP


entregue embaixo da porta, The Kick Inside.

Com uma linda canção dedicada a mim, Moving.

Moving abre o primeiro album de Kate, The Kick Inside,


produzido por Andrew Powell, amigo de David Gilmour

Eu não fazia ideia...

que ela tinha aspirações de ser cantora.

Ela nunca disse.

Enquanto aprendia a dançar,


Kate canta na banda de pub de seu irmão

Eu a conheci na primavera de 77.

Fomos à casa de seu irmão conhecê-la,


porque queríamos formar uma banda,

e a ideia era que a irmã dele cantasse,


porque conseguiríamos mais trabalho com uma cantora.

Montamos a banda, ensaiamos um pouco,


eram muitos covers,

mas tocávamos James and The Cold Gun, Heavy People,


versões embriônicas dessas canções.

Lembra da primeira vez que cantou em público?

Sim, foi 2 anos atrás, em um pub.

E eu estava tão nervosa, estava mesmo.

E eu sabia desde o primeiro dia


que nada a impediria.

Ela vai ser um sucesso enorme!

Porque ela era tão determinada,


e seu entusiasmo era contagiante.

Agora temos uma pessoa jovem,


a irmã de Paddy Bush.

Como sabem, responsável


pelo grande sucesso Wuthering Heights.

Kate Bush e os Bushwackers.

O estilo vocal do início


é realmente acrobático, não é?

É como ginástica vocal.


Pulando pra todos os lados.

Ela ainda está definindo seu estilo.

É bem cacarejado e estranho.

Quando comecei a cantar,


eu tinha uma voz muito limpa,

eu cantava no tom, mas era só.


Não era muito bom.

E tudo o que eu fiz foi cantar todos os dias,


porque eu estava compondo,

então eu cantava, mas estava concentrada


na escrita, e minha voz seguiu isso.

Dá pra entender a experimentação em sua música


quando pensamos no que ela faz com a voz.

E ela a usa como um tecido, para...

puxar, empurrar, e quase rasgar.

Ela meio que arregaça o tecido,


não apenas de sua voz,

mas de todo o formato de música pop.

Wow é o sucesso do segundo álbum,


Lionheart, lançado em março de 1979

Há muitas camadas nessa canção,


mas o que ela faz com a voz...

com o wow, wow, wow,

é muito hipnótico, lembra uma sirene,


ela salta ao registro mais alto.

É como uma criança descobrindo


o que a voz pode fazer.

A música é sobre seu próprio


melodrama, não é?

Sobre a interpretação, sobre


o senso de tristeza da vaidade.

Não era o que você queria?

Você escuta isso em um toca-discos,


no subúrbio, e é levado...

Ela te pega pela mão e voa pelo céu,


como um boneco de neve em um conto de natal.

"Usando a vaselina"... Eu não percebi


que tinha uma referência gay aí.

É um pouco rude.

"Você me deu um papel, amor"

"Mas tinha que dar uma de tolo"

Ela é um presente para os humoristas!


É claro, é fácil!

Porque artistas medíocres, especialmente


na música pop, são difíceis de satirizar.

É um prato feito, não é?

É uma interpretação errada


do que ela queria dizer.

"Sou eu, Kathy, estou em casa agora"

"Com tanto frio, deixe-me entrar pela janela"

Acho que ele faz "deixe eu entrar, oooh".

Como se fosse sobre sexo,


e não a angústia do amor.

Foi divertido, as pessoas riram,


e Kate Bush veio à última noite, para ver.

Ela disse, "é tão bom ouvir essas músicas de novo."


Foi o que ela disse.

Kate Bush estreia como artista solo em abril de 1979,


em uma turnê de 6 semanas no UK e Europa

Até janeiro deste ano, Kate Bush nunca havia


se apresentado para um público importante.

Ela era uma cantora mediana.

Quando ela decidiu sair em turnê, ninguém duvidou


de como seria importante para sua carreira.

The Tour Of Life é um circo musical que combina


canções, dança, mímica, mágica e teatro
Seus primeiros shows são tão sensacionais!

Aquele do Palladium, por exemplo.

Foram referência para os shows do futuro.

Oralmente, ela era quem sempre foi,


mas visualmente, criou novas referências.

Você gostou do show?

- Foi adorável.
- Foi mesmo?

- Você está feliz?


- Estou pasma! Que público inacreditável!

Agora que funcionou tão bem, eu sei que você estava


preocupada antes, você pretende fazer turnês maiores?

Depende, tanta coisa depende


das energias, sabe?

Pode ser muito desgastante viajar tanto.

Vamos ter que esperar pra ver.

Kate Bush só anunciaria


novos shows ao vivo 35 anos depois

Espero que ela não ligue


que eu diga isso, mas

14 anos atrás, tivemos uma longa conversa


por telefone, sobre trabalharmos juntos,

e ela não queria nada ao vivo,


ou fazer música comigo.

Ela me ligou para explicar. Foi uma longa


conversa sobre apresentações ao vivo...

e como isso a amedrontava.

E ela não fazia isso há muito tempo.


Ela tinha medo da possibilidade de isso acontecer.

Acho que, no material mais antigo,


ela ainda não havia se encontrado.

Todo aquele negócio de dançar


com roupa de balé,

parecia teatro amador, não?

Algumas pessoas pensavam


que ela tinha saído de uma escola de teatro,

mas pra mim isso não era importante,


era todo o conjunto, principalmente
o som que saía dela,

que era tão incrível, e compensava


qualquer problema que ela tivesse,

as pessoas não se importavam para a sua aparência,


ela soava maravilhosamente.

Breathing é o primeiro single do disco


Never For Ever, de 1980

Breathing é uma canção sobre um feto!

É sobre reencarnar em um feto, voltar à vida,

com medo da guerra nuclear.


Com medo da radioatividade.

Com medo de não poder respirar.

Como se escreve músicas assim?


É muito político!

E muito feminino.

É um lembrete da importância
das mulheres.

Minha mãe cometeu suicídio, e toda


a minha carreira se baseia nisso.

Tudo, porque eu não a conheci.

E eu sempre estou lamentando,


lamentando a falta dela.

Posso descrever assim


minha carreira inteira.

Eu sou uma criança adotada,


um cara mestiço,

que cresceu em um gueto branco.

Uma vida totalmente diferente


da de Kate Bush.

Mas a letra "Continuo a respirar


dentro de minha mãe",

toda a minha carreira


é baseada nela.

Parecia uma pequena sinfonia, pra mim,

tinha um coral masculino, de resposta...


"O que faremos agora?", e ela, "Respirar!"

A maneira como ela canta é, meu deus,


o que essa mulher está sentindo?

Era todo um universo no qual eu podia mergulhar,


e, para mim, era muito de vanguarda,

expressivo e...

um planeta completamente diferente


do que se via nos anos 80,

como Duran Duran,


passeando de lancha em Rio.

Ela definitivamente estava sozinha.

É engraçado ninguém usar o termo


Rock Progressivo a Kate Bush.

Pra mim, isso é prog, e dos melhores.

A coisa de mostrar habilidade técnica


nunca me interessou,

mas os experimentos e sonhos,


que vêm de vários lugares ao mesmo tempo...

Eu a coloco lado a lado com...

Bem a comparação com Genesis é óbvia,


por conta de sua colaboração com Peter Gabriel.

Em janeiro de 1980, Kate grava backing vocals


para Games Without Frontiers, de Peter Gabriel

Ela se inspira no seu uso do Fairlight, que é o primeiro


sintetizador com sampling digital disponível comercialmente

Gabriel usou um instrumento computadorizado


chamado Fairlight.

Qualquer som pode ser tocado para ele,


armazenado, e reproduzido por seu teclado.

O que era tão excitante


era poder pegar qualquer som

e manipulá-lo.

Se pego este microfone, por exemplo, e...

apertar "S" para "sample",


podemos inserir um som.

Aqui temos o som em gráfico de ondas.


Deve estar alto no teclado.
Hoje qualquer criança pode fazer isso
com seu telefone, mas na época,

era único, e certamente revelou


novos continentes de som e textura.

Kate usou o Fairlight pela primeira vez


em Never For Ever

Babooshka contém proeminentemente os sons


de vidro quebrando que vinham no sintetizador

Ela me deu crédito naquele disco,


por abrir suas janelas.

Na verdade, eu só limpei a janela.

Mas eu fico feliz em receber


qualquer agradecimento.

Babooshka chega ao quinto lugar das paradas em 1980,


tornando-se seu maior sucesso desde Wuthering Heights

O vídeo é tão no estilo


de Kate Bush, porque

ela faz essa coisa, sempre


que se apresenta, na qual

ela é uma versão de si mesma,


e normalmente quando chega ao refrão...

ela vira essa outra versão, uma versão louca, e seus olhos
ficam muito abertos, chamando o zoom da câmera.

Ela interpreta essa mulher louca,


sem restrições.

E é claramente um lado dela que ela


traz à tona nessas canções.

Babooshka e uma dessas músicas


que ficam na cabeça, não é?

Como ela consegue pegar uma única palavra


e nos fazer ver imagens...

quando não é algo como "je t'aime"...

é... "babooshka".

E como ela transforma


isso em uma emoção,

ela combina uma palavra,


com melodia,

e cria uma nova linguagem.


A primeira música dela que ouvi
foi Babooshka, sabe, com o baixo.

E aquele impressionante relacionamento


que ela tinha com aquele baixo.

Ninguém havia feito nada daquilo antes.

Os movimentos de dança que ela fazia não podiam


ser aprendidos em academia de dança,

a música não podia ser aprendida


em escolas de rock ou conservatórios,

o que eu amo de sua música


é que é tão inata.

Seu talento é inato, porém perfeito,


completamente formado.

Me lembro de uma entrevista com ela,


na qual perguntaram

"por que você escreve


do ponto de vista de personagens?"

e ela disse de maneira


simples e eloquente,

"porque são mais interessantes que eu."

Ela parece ter uma habilidade infinita


de se colocar no lugar e ter empatia

por diferentes personagens


e pontos de vista.

Army Dreamers tem


um ponto de vista maternal.

Uma música sobre a morte


de jovens escoceses.

E a pessoa que a canta,


de alguma forma, entende aquilo.

Ser uma mãe, e perder um filho.

Byron disse, certa vez, de Keats,

"Keats escreve sobre o que imagina,


eu escrevo sobre o que vivi."

E a maioria das pessoas do rock 'n' roll


escreve sobre suas vidas,

e Kate Bush é mais como Keats,

pois ela escreve sobre o que imagina.


Junho de 1981: Sat in Your Lap,
do quarto álbum, The Dreaming

Meu disco favorito dela é


The Dreaming,

e acho que ela mesma produziu.

Foi muito criticado, e eu amei!

Carregado de texturas, tons,


e todo tipo de coisas!

É um disco em que ainda escuto


coisas novas hoje em dia.

Obviamente, não dá pra dançar,


mas nem toda música deve ser pra isso.

Kate leva dois anos de experimentação


para produzir o álbum.

Aparentemente é você,
confortando alguém que chora,

tem algo na sua boca...


é uma chave?

- É!
- Uma chave, sim.

Você deveria ouvir o álbum,


especialmente à música Houdini.

Você vai saber de tudo sobre a chave.

"Com um beijo eu passaria a chave."

Sabe quem é o homem


que ela beija? Sou eu.

Só dá pra ver pela minha orelha direita.

Mas pode ver que sou eu.

Kate passou os últimos 14 meses em vários estúdios,


gravando seu novo LP, The Dreaming

e os ruídos resultantes incluem helicópteros,


didgeridoos e um coral de ovelhas falsas.

A música-título de The Dreaming fala


da destruição de comunidades aborígenes

Nesta faixa você chamou Percy Edwards


para simular os sons da floresta...

Sim, queríamos criar a atmosfera


daquele ambiente,

e vários animais australianos


nos remetem a ele,

e Percy pôde vir e trazer sons de pelo menos


10 diferentes animais australianos.

Não tenho certeza de qual música é


a que ela imita um jumento...

Quando ouvi pela primeira vez,


quase tive que torcer meus ouvidos

para entender os sons


que vinham até mim.

E eu tinha 11 ou 12 anos,
então achei meio assustador.

A direção na qual estou indo


é a que quero seguir,

porque é mais profundo,


tem mais significado.

Não é tão popular, eu suponho,


e claro que provavelmente

não vai se sair bem nas paradas de sucesso.

Novembro de 1982: There Goes a Tenner é o único single


de Kate Bush a não entrar nas paradas de sucessos

Ela apareceu com esse disco que as pessoas


não conseguiam entender.

Mas o bom é que depois, The Hounds of Love,


acho que é um dos seus trabalhos mais completos.

E só foi possível após quebrar esses limites

e explorar os cantos
mais obscuros da produção,

então ela pôde criar algo como


Hounds of Love.

Você fez esse disco


em seus próprios termos, não foi?

Sim, eu quis ter certeza


que tivéssemos nosso próprio estúdio,

nos últimos discos ficávamos


vagando por vários estúdios,

e agora temos nosso lugar


e tudo é ótimo! Que diferença!
Quando montamos o estúdio
para Hounds of Love,

acho que isso realmente...


eliminou muitas correntes que ela tinha,

e a libertou em diversas maneiras.

Uma oportuna explosão de uma dama


que não agracia nossos toca-discos

com um novo lançamento


há dois anos. É ótimo tê-la de volta.

Eu me lembro de ir para o acostamento,


eu estava dirigindo,

e ouvi no rádio,
nos Estados Unidos

E ela não tocava muito no rádio de lá,


antes daquela música.

Aquilo realmente tocou muito.

Running Up That Hill é o maior sucesso


de Bush nos EUA

Eu lembro que tive que parar


o carro, e ouvir aquilo.

Porque eu nunca havia


ouvido nada parecido.

Eu acho que a coreografia, o fato de que havia


uma Kate Bush completamente apropriada do

uso da dança, até mesmo


sem fazer playback,

era ainda um tipo de dança


que não era nada popular na época.

Não era a dança de Michael Jackson,


Janet Jackson ou Madonna,

era a introdução de um estilo marginal


de movimentação, dança moderna.

É uma das minhas músicas


favoritas de todos os tempos.

Música deve evocar emoção,


sabe, ditar um sentimento.

Isso são as vibrações.

Não é imóvel,
não é o jeito de tocar.

Toda vez que você escuta,


te toca, atinge um sentimento.

Fui apresentado à música


pelo meu tio, Russel, o doido da família,

skatista, sabe?

Eu era da 6a, 7a série, e escutava


na bicicleta, indo pra escola.

Acabou virando uma das minhas maiores


influências musicais. Eu a amo.

Se virmos seu trabalho


desde The Kick Inside,

e como evoluiu através


de Never For Ever,

até o topo, que é


Hounds of Love, pra mim,

é uma bela evolução,


as músicas ficam mais sofisticadas,

mesmo que sempre tenham


sido, desde o início.

Elas vão desenvolvendo


uma sofisticação calma.

E acho que as pessoas nunca


entenderam completamente.

Com a faixa título de seu disco, no estúdio,


no número 18, Kate Bush com Hounds of Love!

Hounds of Love, o terceiro single do álbum,


foi lançado em fevereiro de 1986

Ela começa a música com


uma citação de Night of the Demon,

e é um pouco assustador.

É como a sexualidade reprimida,


tão sensorial e sensual...

e tão honesta também,


"eu sou uma covarde", tenho medo,

dizer "sou uma covarde" em uma canção


é uma coisa bem corajosa.

Parece mesmo que ela está amordaçada,


toda a música está, mas dá pra sentir
que vai escapar e se espalhar,
e correr livre.

Estou convencida de que, mesmo


com o álbum soando tão bem,

se qualquer outra pessoa cantasse,

qualquer um tentasse torcer e fazer


se espalhar como fogo em uma floresta,

ninguém conseguiria fazê-lo.

É incrível como, desta atmosfera fria,


ela consegue fazer surgir fogo.

Tudo sai assim de sua boca.

Sintetizador Fairlight
faz esse som lavado,

que foi o que ela usou como


base para escrever a canção.

Montamos um padrão no Fairlight,


e colocamos na fita,

então ela usou um sinclavier pra manipular


esse som e ela escreveu a música assim.

O que ouvimos o tempo todo é esse som


"lavado" do sintetizador, na base de tudo,

e os cellos dançando
em cima de tudo isso.

Não tem nenhum backing vocal,


o que acho que é a força da canção,

é que tem pouquíssima coisa


pra atrapalhar a voz.

E agora está tocando


na minha cabeça.

Acho muito difícil separar


imagens da música.

A música é brilhante, claro,


e eu associo esta imagem

com algumas das minhas


canções preferidas.

Da minha vida.

A segunda metade de Hounds of Love


é onde está a mágica, pra mim.
A primeira parte
é uma coleção dos singles,

mas a segunda parte


é uma incrível

série de canções...
And Dream of Sheep... que são lindas.

"Eu sintonizei algumas vozes


amistosas, falando de coisas estúpidas,

"Não posso depender


de minha imaginação,

"Deixe-me chorar, deixe-me dormir,


e sonhar com ovelhas."

Eu amo essa letra.

A maneira como tem as músicas


mais estranhas, como Waking the Witch,

são esses estranhos, desconfortáveis,


momentos musicais.

Acho que The Ninth Wave foi a música que


mais me afetou quando eu era criança,

pois me amedrontava.
Falava de bruxas, e de...

ficar preso debaixo do gelo,

flutuar à deriva no vazio, todos esses


elementos de sonho, subsconsciente,

e à moda das antigas


histórias inglesas.

Parece que, naquele pedaço de música, ela capturou


o momento entre despertar e dormir.

Passei muitas, muitas horas ouvindo


aqueles 30 minutos de música,

aconselho a todos que ouçam,

pois é uma das maiores composições musicais.

A criatividade vem da liberdade de errar.

E a liberdade de errar vem do experimento,

é o que dá a algo sua individualidade, e

acho que sua coragem, que é uma


maneira positiva de interpretar
sua teimosia, que seria negativa,

é parte do que dá a ela valo


verdadeiro como artista.

Don't Give Up, o dueto de Kate com


Peter Gabriel, foi lançado em outubro de 1986

É extraordinário ver os usos


que fizeram dessa música.

Muitas pessoas com problemas


se identificaram com a música,

e acho que muito disso é devido

à voz maravilhosa de Kate,


que dá amor e apoio,

e faz as pessoas perceberem que existe


esse tipo de amor no mundo.

A música que ela fez com Peter Gabriel


salvou minha vida.

Aquela gravação me ajudou a ficar sóbrio.


Então ela teve um papel importante

em minha queda e renascimento.

Aquilo me ajudou tanto.

Eu nunca disse isso a ela, mas ajudou.

Uma das coisas que amo sobre Kate Bush é

sua habilidade de pegar coisas que jamais


imaginaríamos em um disco de rock,

colocá-las lá e fazê-las funcionar.

The Sensual World é o primeiro single


do álbum homônimo de 1989

Ulisses de James Joyce,

uma das maiores passagens em toda


a literatura inglesa, anglo-irlandesa...

o glorioso solilóquio de Molly Bloom,

Terminado por uma sequência de "sims".

"Disse, sou uma flor da montanha, sim,


Então somos todos flores do corpo, sim"

Trata de aceitar o mundo dos sentidos,


aceitar a si mesmo, aceitar o sexo,
aceitar o amor, aceitar o futuro,

aceitar todas as possibilidades.

E tudo se refere, pra mim,


a Wuthering Heights,

aqui está alguém que não teme


os livros, não teme ler,

não teme os escritores,


e ousa traduzir,

ser uma intermediária, ser uma passagem


entre o mundo dos livros e o do rock.

Ainda me lembro ir pra loja de discos


comprar Sensual World, aos 16 anos.

Da capa, e tem uma rosa na frente


da sua boca, que floresceu.

Ela tem olhos bem abertos,

E me lembro de colocar no som


do carro a caminho de casa, e...

e minha vida mudou para sempre.

Eu realmente tenho que agradecê-la,


porque esses marcos, como

This Woman's Work, esse tipo de música, é...

uma celebração de tudo o que é maravilhoso


sobre ser uma mulher, e ser...

carinhosa, intuitiva, emotiva,


e sensual, e é muito íntima.

Não é comum expor seus sentimentos


com essa vulnerabilidade dessa maneira,

e como artista, isso me ajudou a

não ter medo de mostrar toda, ou tanto


da minha vulnerabilidade quanto posso,

e isso é poderoso.

É como se na voz dela existissem


todas as coisas,

todas as facetas da experiência humana


estivessem sob sua superfície,

e seu trabalho como compositora é colher daí constantemente,


não apenas sua experiência em um corpo feminino,

mas sua experiência enquanto pessoa, que é...

estar vulnerável a todo tipo de forças e sensações.

Após alguns anos fora dos palcos, Kate aparece no show


Aspel & Company em junho de 1993 para promover The Red Shoes

E as letras? As suas são muito apaixonadas


e provocativas. O que as inspira?

Não acho que dê pra descrever, mas acho


que a maior inspiração vem de pessoas,

as pessoas são tão inspiradoras.


São fascinantes e maravilhosas,

acho que quase todas as nossas ideias


vieram de outras pessoas.

Acho que The Red Shoes, sem entrar em


muitos detalhes, é um disco muito pessoal.

Aconteceram muitas coisas


pessoais naquela época,

e acho que dá pra ver na música.

Muito do disco é sobre separação


e fim de relacionamentos.

"Vou passar quando você tiver saído


para buscar minhas coisas", coisas assim.

"Tudo que eu tenho, eu comprei com você"

É uma canção tão desesperada,


ela realmente acha uma maneira de

representar o desespero
da falta de uma pessoa,

ou uma separação que sabemos


que não pode ser reatada.

Sei que é um assunto delicado,


mas obviamente,

você teve um relacionamento profissional


e pessoal com Kate por muito tempo.

E The Red Shoes foi uma expressão de algumas


coisas que aconteciam entre vocês,

e vocês continuavam trabalhando juntos..

É exatamente isso.
O relacionamento profissional
nunca é um problema.

Sempre trabalhamos juntos,


e sempre trabalharemos.

Sempre discutimos,
e sempre discutiremos, acho.

Eu sempre discuti com ela,


e ela, comigo,

mas acho que é assim mesmo, sabe?

Acho que tenho um envolvimento


emocional com a música também,

bem mais do que as pessoas imaginam.

Não é que tivemos um relacionamento


pessoal e trabalhamos juntos,

eu realmente amo a sua música.

Ao ponto de não querer trabalhar


com mais ninguém,

porque ninguém chega aos seus pés.

Kate retira-se da vida pública após a morte de sua mãe


e separação com o parceiro Del Palmer

Eu fiquei triste porque alguém que fazia


um trabalho que era acessível para mim

de repente tornou-se inacessível por...

circunstâncias, escolhas pessoais,


o que quer que seja,

mas eu sempre culpei os críticos.

Ela mudou-se para Berkshire com o guitarrista Danny McIntosh.


Eles tiveram seu filho Albert em 1998

O fato dela ter tomado um tempo para


criar seu filho, e desaparecer,

e dar a Bertie uma vida maravilhosa,

sua humanidade é tão grande que ela


não se interessou por mais nada,

além de criar seu filho e ser feliz.

Eu não acho que o que ela fez


foi estranho de maneira alguma,

recolher-se para cuidar de uma criança,


se é que esta foi mesmo a razão.

Talvez ela estivesse cansada das pessoas


querendo saber da vida dela,

eu posso realmente entender isso.

Para entrar no processo criativo,


eu precisava de um lugar silencioso,

se eu tivesse a vida de alguém da indústria


do estrelato, ou o que quer que seja,

seria distração demais.

Tem demais a ver com a percepção


de outras pessoas sobre quem você é.

E o importante para mim


é ser um ser humano.

que tem uma alma, e com sorte


um senso de quem é,

e não quem os outros acham que seja.

O álbum duplo Aerial foi lançado em novembro


de 2005, 12 anos depois de The Red Shoes

O single King of the Mountain é seu primeiro


sucesso no top ten em quase 20 anos.

Houve tanta expectativa sobre isso, que até escreveram


um livro chamado "Esperando por Kate Bush".

Valeu a pena?

Acho que menos para o "mundo real"


e mais pra "certos círculos da mídia".

As pessoas estão empolgadas com o disco.

Ainda há um elemento
de adoração cega a Kate Bush.

- É profundamente excêntrico!
- Nem tanto!

Dá pra ver que é de alguém que está


fora do mercado há 12 anos!

Parece trilha sonora de shopping


em 1989, como Tears For Fears...

Mas eu gosto exatamente porque


não é conscientemente excêntrico!

Ela fez o disco para agradar


a si mesma.
O disco Aerial... minha canção favorita
nele chama-se Prelude.

O som de alguns pássaros,


e a voz de uma criança.

Ela é capaz de unir esses elementos


bem prosaicos... e transformar em mágica.

Ela sempre foi capaz de achar


a linguagem da natureza,

fazer ouvir palavras em...

os sons dos pássaros parecem dizer algo.

Kate Bush faz um disco...


e não se sabe dela!

E ouvimos as coisas que ela fez,

e um dia somos surpreendidos por algo novo


no qual ela vinha trabalhando secretamente.

E eu adoro isso! Adoro a disposição


à quietude, até ter algo a dizer,

o que ela faz de novo e de novo.

Wild Man, do 10o disco, 50 Words For Snow,


lançado em novembro de 2011

Minha música favorita nesse disco


é aquela em que seu filhinho canta...

"Eu sou o céu!"

aquela maravilhosa voz pura


de uma criança de coral,

é tão adorável ver diferentes gerações


fazendo música juntas.

Meu agente me ligou com a pergunta,

"quer gravar uma música com Kate Bush?",

para a qual só existe uma resposta,

"contanto que eu não precise cantar.


Ela não sabe que eu não consigo?"

Ele disse, "não, será uma narração.


Palavras para a neve."

Não acredito que diz


"Kate Bush afaga Stephen Fry".
Bem atmosférico...

"à deriva"...

Esses termos vêm dela, e alguns, obviamente,


existem, como "tempestade de neve",

e outros são apenas construções poéticas,


como cânones da poesia anglo-saxã,

no qual palavras se unem.

Ela tem uma mente poética muito intensa.

Isso é o que junta tudo,


essa voz que entra!

A intenção é contar uma história,

criar um mundo sonoro,


ou uma pintura sonora,

na qual podemos entrar, sem ter que...

vê-la. Ela transcendeu isso.

Escolheu transcender,
e é uma coisa poderosa de se fazer.

Nunca achamos que ela faz música


para persuadir ninguém,

acho que sempre conseguimos sua melhor


tentativa de mostrar seu conceito,

sempre que ouvimos


uma gravação de Kate Bush.

Eu quero dizer "tesouro nacional",


mas isso quase equivale a dizer

que a pessoa morreu,


e não é o caso.

Ela não é uma lenda


só por sua ausência,

mas porque é importante para os músicos


tanto quanto é para o público inglês.

Ela é uma dessas pessoas


abençoadas por uma musa,

ela tem uma maneira especial de acessar


a energia e a realidade da música.

Ela te leva a outros lugares.

Existem outros artistas, que


definem-se por um gênero,

e podemos pular de um pro outro.

e não acho que seja o caso dela.

Acho que é necessário


entrar inteiramente no..

eu ia dizer "no arbusto",


mas é melhor não.

Tradução, legendas, sincronia, etc: Yellowmann


Agosto de 2014

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