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INDICE

1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 2
2. DEFINIÇÃO ......................................................................................................................... 2
3. CORROSÃO DAS ARMADURAS...................................................................................... 2
3.1 - Passivação das Armaduras ................................................................................................ 2
3.2-Mecanismos de Corrosão das Armaduras ........................................................................... 2
3.3 - Principais Factores para a despassivação das Armadura .................................................. 3
3.4 - Corrosão pelos íons cloreto ............................................................................................... 4
3.5 - Mecanismos de Transporte dos Íons Cloretos .................................................................. 4
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................ 5
5. REFERÊNCIAS .................................................................................................................... 7

Corrosão das Armaduras de Betão Armado 1|7


1. INTRODUÇÃO

Tradicionalmente o Betão Armado é considerado um material durável, e sua armadura se


encontra num ambiente particularmente propício para manutenção de sua passivação e
consequentemente protegidas contra a corrasão.
Entretanto, a corrosão da armadura do betão já tem causado sérios danos e conduzido a
ruina diversas estruturas. Tem sido e ainda é um grande problema na construção civil e
so recentemente tem recebido um tratamento sistemático pelos técnicos.
Este trabalho apresenta as diretrizes consideradas básica e necessárias para o
entendimento do problema de corrosão das armaduras do betão armado, as principais
causas da despassivação da mesmo, algumas medidas de prevenção e proteção contra a
corrosão e o processo de corrosão por cloretos.
Muito embora os princípios básicos apresentados aqui sejam genéricos para todos os
embutidos metálicos no betão, este trabalho é voltado para as armaduras de aço do betão
armado, que serão denominados apena por armaduras.

2. DEFINIÇÃO

Corrosão é a deterioração ou inutilização para uso, de um material por meio de reações


químicas ou eletroquímica com o meio em que se encontra, podendo ou não haver uma
associação de esforços mecânicos. No caso dos metais as reações são essencialmente de
natureza eletroquímica.

3. CORROSÃO DAS ARMADURAS

3.1 - Passivação das Armaduras


A elevada alcalinidade da solução aquosa dos poros do betão favorece a formação e
manutenção de uma filme de óxido ardente a superfície do aço, que evita a dissolução
anódica dos íons ferrosos e portanto passiva o aço. Quando o filme de passivação não é
formado ou é enfraquecido e destruído, pode haver corrosão.
3.2-Mecanismos de Corrosão das Armaduras
A formação de uma célula eletroquímica ou célula de corrosão depende da existência de
quatro componentes:
 Um ânodo, onde ocorre a reação de oxidação ou dissolução;
 Um cátodo, onde ocorre a reação de redução,
 Um condutor metálico, onde a corrente elétrica é um fluxo de elétrons;
 Um eletrólito, onde a corrente elétrica é um fluxo de íons num meio aquoso.

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Entre o ânodo e o cátodo haverá uma diferença de potencial (ddp), dando origem à
circulação de corrente elétrica, devido à formação do efeito pilha. Conforme a intensidade
de corrente e a de acesso do oxigênio, haverá corrosão que poderá evoluir lentamente,
sendo desconsiderada para efeito de vida útil da estrutura, como rapidamente, quando a
corrosão deverá ser considerada (FORTES; ANDRADE, 2001).
Inicialmente a camada passivadora da armadura é destruída por ação combinada da
umidade, do oxigênio e de agentes agressivos, principalmente cloretos, que penetram no
betão. A concentração destes elementos é variável ao longo da armadura, dando origem
a uma pilha de corrosão. Surge então uma corrente elétrica (fluxo de íons) que sai das
áreas anódicas para o betão (eletrólito), corroendo-as, penetra nas áreas catódicas
(FORTES; ANDRADE, 2001).
Não há corrosão em betões secos (ausência de eletrólito) e nem em betão totalmente
saturado, devido não haver acesso suficiente de oxigênio. Como a corrosão é um
fenômeno eletroquímico, procura-se evitar que no betão haja condições que facilitem a
formação de pilhas eletroquímicas. Dentre estas condições estão a presença de eletrólitos,
aeração diferencial (porosidade do betão), áreas diferentemente deformadas ou
tensionadas (concentração de esforços) e a existência de uma corrente elétrica (GENTIL,
1996).
Os parâmetros que determinam a velocidade ou taxa de corrosão, ou seja, a cinética de a
reação, são a resistividade elétrica do eletrólito (betão, no caso) e a disponibilidade de
oxigénio.
Para ocorrer o processo de corrosão deve existir, um circuito elétrico completo entre as
áreas anódicas e catódicas do aço, conforme foi dito anteriormente.
3.3 - Principais Factores para a despassivação das Armadura
Sendo a despassivação do aço a primeira etapa no processo de corrosão das armadura, a
carbonatação e o ataque por cloretos devem ser prioritários nesta avaliação.
A carbonatação, ou também conhecida como neutralização do betão é um fenómeno
químico que ocorre na superfície do betão e prossegue durante anos para o interior do
betão. O hidróxido de cálcio [Ca(OH)2] que é libertado na hidratação do cimento,
combina-se com o gás carbónico (CO2) do ar atmosférico para formar o carbonato de
cálcio (CaCO3), insolúvel a água, que se deposita nos poros do betão, fechando-os.

Ca(OH)2 + CO2 → CaCO3 + H2O

A carbonatação da pasta de cimento reduz substancialmente a alcalinidade da solução dos


poros a valores de pH aproximadamente de 8.5, e portando despassivando o aço.
O fenómeno carbonatação e a sua influencia na corrosão das armadura já tem sido
bastante estudado nos últimos anos e os principais factores controlador do processo são:
 Concentração de dióxido de carbono na atmosfera;

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 Permeabilidade do betão e disposição dos poros;
 Teor de humidade do recobrimento;
 Capacidade reativa do betão com CO2.
Os íons cloretos podem ser introduzidos no betão de varias maneiras e não devem ser
considerados da mesma forma, exatamente pelas diferenças devida sua origem.
3.4 - Corrosão pelos íons cloreto
Uma das principais causa de deterioração das estruturas de betão é devido a corrosão das
armaduras pela ação dos cloretos. Segundo Helene (1993), a ação destes íons é
especialmente agressiva, pois a despassivação da armadura pode ocorrer mesmo com pH
elevado.
No betão, a concentração dos cloretos poderá ocorrer devido a presença dos componentes
(aditivos, água e agregados) na mistura, ou por penetração, do exterior, através da rede
de poros, como é o caso de ambientes marinhos (névoa salina). A quantidade de cloretos
é incrementada temporalmente chegando, até mesmo, a atacar toda a superfície da
armadura, podendo provocar velocidades de corrosão intensas e perigosas (POLDER;
PEELEN, 2002 e FORTES; ANDRADE, 2001).
Segundo Fortes; Andrade (2001), os íons cloreto (Cl-), em contato com a armadura,
produzem uma redução do pH do betão, que passivada se encontra entre os valores de
12,5 a 13,5, para valores de até 5. Tais íons atingem a armadura de forma localizada,
destruindo a camada passivadora, resultando na corrosão por pite que, depois de formado,
permanece ativo sempre reduzindo o diâmetro da barra de aço.
Em dissolução aquosa os agentes agressivos, tanto para o betão como para a armadura,
atingem as regiões mais internas do betão armado por intermédio de chuvas ou umidade
e através da rede de poros conectados. Segundo Cascudo (1997), tais agentes podem ser
transportados para dentro do betão através dos mecanismos de absorção capilar, difusão,
permeabilidade e migração. Pode-se considerar que esse contexto promove a corrosão do
betão.
3.5 - Mecanismos de Transporte dos Íons Cloretos
A penetração de íons cloreto não é visível, não reduz a resistência do betão e não altera a
sua aparência superficial. Para identificar a profundidade de um teor crítico de cloreto são
necessários ensaios específicos (CASCUDO, 1997).
O mecanismo de penetração tem forte influência no desenvolvimento da corrosão no
betão armado. Os íons cloreto que penetram no interior do betão são responsáveis pelo
aumento da condutividade elétrica do eletrólito facilitando a corrosão das armaduras. A
taxa de penetração de cloreto através do betão depende de diversos fatores, que incluem
o local onde a estrutura de betão está localizada (incluindo o micro clima e a situação de
contato com o cloreto), a água e o oxigênio (MEDEIROS; HELENE, 2003).
Os quatro mecanismos de penetração tradicionalmente referidos na literatura são: a
absorção, difusão iônica, permeabilidade e migração iônica. A absorção capilar
geralmente é o primeiro passo para a penetração de íons cloreto na superfície do betão,

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onde um exemplo é a névoa salina em contato com a estrutura. Esta é dependente da
porosidade, permitindo a transporte de líquidos para o interior do betão. Quanto menor
forem os poros conectados do betão, mais intensas serão as forças capilares de sucção.
Este processo é intensificado pelo refinamento dos poros do betão com a água,
caracterizando-o como um material hidrófilo. Betãos com poros mais delgados, apesar de
apresentarem forças de sucção mais intensas, segundo CASCUDO (1997), apresentam
absorção total de massa menor.
Difusão iônica é o meio predominante do movimento dos cloretos no interior do betão e
acontece quando o cloreto ultrapassa a camada superficial e alcança o interior do betão
(região mais úmida); neste ponto ocorre à busca de equilíbrio através da diferença de
concentração de cloretos (entre o exterior e interior do betão), promovendo a
movimentação dos íons.
A permeabilidade é um dos principais indicadores da qualidade de um betão e é descrita
como a facilidade com que uma substância atravessa o betão. É um parâmetro que
dependente da qualidade e dimensão dos poros, ou seja, depende diretamente da relação
água/cimento na mistura do betão, quanto menor for este fator, menos permeável será o
betão. Segundo CASCUDO (1997), isso ocorre apenas em situações especiais como
contenção de solos, contato direto com a ação de águas correntes e estruturas semi-
enterradas.
A migração iônica no betão se dá pelo campo gerado pela corrente elétrica do processo
de corrosão eletroquímico da armadura (CASCUDO, 1997). Através da corrente elétrica
gerada na corrosão ou através de campos elétricos externos, os cloretos podem também
ser induzidos a movimentar-se pela rede de poros do betão.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este trabalho teve como principais objetivos fazer uma revisão bibliográfica da corrosão
de estruturas de betão causada pela ação dos íons cloretos, buscando entender as variáveis
que influem neste processo assim como seus mecanismos e fatores de influência.
O fenômeno da corrosão das armaduras é mais frequente do que qualquer outro fenômeno
de deterioração das estruturas de betão armado, comprometendo-as tanto do ponto de
vista estético, quanto do ponto de vista de segurança. O processo corrosivo é um processo
de deterioração da fase metálica existente resultando na crescente perda de seção de barras
e a formação de produtos expansivos que exercem reações e fissuram o betão. Este
processo é evolutivo e tende a ser agravar com o tempo.
A corrosão das estruturas de betão armado é um processo eminentemente eletroquímico.
Os principais causadores são o CO2, que contribui com a queda do pH e a consequente
despassivação da armadura, e os íons cloreto que contribui com a diminuição da
resistividade do betão e o com ataque à camada passivadora.
Os fatores que aceleram o processo corrosivo das estruturas são a qualidade e a espessura
de cobrimento do betão. O meio ambiente também apresenta uma influência significativa

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na intensidade da corrosão. Esta análise pode explicar a incidência diferenciada das
patologias em diversas partes de uma mesma estrutura. As regiões litorâneas ficam
submetidas à ação extremamente agressiva da atmosfera marinha, podendo então ocorrer
à incidência de corrosão pela ação dos cloretos.
Apesar do avanço tecnológico no campo das técnicas e dos materiais de construção, a
corrosão das armaduras está associada também ao uso inadequado de materiais, aliado à
falta de cuidados na execução e mesmo adaptações quando do seu uso.

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5. REFERÊNCIAS

ANDRADE, M. C. P. Manual para diagnostico de obras deterioradas por corrosão


de armaduras. 1.ed. PINI. São Paulo, 1992.
CÁNOVAS, F.M. Patologia e terapia do concreto armado. São Paulo: Pini, 1988.
CASCUDO, O. O controle da corrosão de armaduras em concreto: Inspeção e
Técnicas Eletroquímicas. São Paulo: Ed. Pini, 1997.
FORTES, L.R.; ANDRADE, J.C. Corrosão na armadura do concreto armado:
influência dos agentes cloretos e da carbonatação, 2001.
GENTIL, V. Corrosão. 3 ed. Rio de Janeiro: LTC, 1996.
HELENE, P. R. L. Manual Prático para Reparo e Reforço de Estruturas de Concreto.
Editora PINI. São Paulo, 1992.
HELENE, P. R. L. Contribuição ao estudo da corrosão em armaduras de concreto
armado. 1993. 231 f. Tese (Livre Docência em Engenharia Civil) - Escola Politécnica da
Universidade de São Paulo, São Paulo, 1993.
MEDEIROS, M. H. F., HELENE, Paulo. Migração de íons cloreto no concreto -
Influência da consistência, relação água/cimento e consumo de cimento. Revista
IBRACON, São Paulo, ano XI, n. 32, 53 -65 p., Fev/Mar/Abr 2003.

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