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Escola Politécnica da Universidade de São Paulo

Departamento de Estruturas e Fundações

ES-012
Estruturas Pré-moldadas de Concreto

Prof. João Carlos Della Bella

4º Ciclo - 1999
3. Projeto de Elementos para Pisos
3.2 Lajes Alveolares

c.6) Resistência à Flexão


A resistência à flexão é , em geral, determinada nos E. L.
Utilização, e verificada no E. L. Último.

c.6.1) Estados Limites de Utilização


– Tensões normais de tração e compressão no concreto.
– Contraflecha.
– Flechas.
As tensões normais são, em geral, verificadas no instante
da transferência de protensão, e na situação final de
utilização, após a ocorrência das perdas lentas.
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No instante inicial: (ti)


Pi - Força de protensão inicial após as perdas imediatas
[Pi ≅ (1-0,07)P0] com P0=força no macaco.
fci - Resistência característica do concreto à compressão
no instante (i)
fti - Resistência característica do concreto à tração
(fti = 0,7+0,06fci)
g1 - Peso próprio da peça
σi ≤ 0,6fci para Pi e g1
σs ≤ 1,5fti para Pi e g1
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No instante final: (tj)


Pf - Força de protensão após todas as perdas
[P∞ ≅ (1-0,20)P0] com P0=força no macaco.
fcj - Resistência característica do concreto à compressão
no instante (j)
ftj - Resistência característica do concreto à tração
(ftj = 0,7+0,06fcj)
σs ≤ 0,6fcj para G+Q (Comb. Rara)
* σi ≤ 1,5ftj para G+0,8Q (Comb. Freqüente)
σi ≤ 0 para G+0,4Q (Comb. Quase Permanente)
(*) Válido para protensão limitada, usual para ambientes
mediamente agressivos.
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Valores de referência para perdas totais, em função da


tensão inicial de protensão.(Peças com tratamento
térmico e aço de baixa relaxação)

TENSÃO INICIAL PERDAS(Totais)


0,85fptk ou 0,95fpyk 20%
0,80fptk 19%
0,75fptk 18%
0,70fptk 17%
0,65fptk 15%
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As deformações (flechas e contraflechas) são, em geral,


estimadas no Estádio I, adotando-se para o concreto um
módulo de deformação médio a longo prazo (Ecv)
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As contraflechas originadas pela protensão e pelas cargas


permanentes, podem ser avaliadas pela expressão:

. 4 2
5 .G l l
fa1 P f. e . . .
384 E I. 8 Ecv I
cv

Onde: G = Cargas Permanentes


Pf *e = Momento de Protensão Final
I = Momento de Inércia da seção transversal
Sendo admissíveis valores de l/300
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As flechas devidas às cargas variáveis, também calculadas


no Estádio I, devem ser inferiores a:
– l/500 ou 2cm, quando houverem acabamentos frágeis.
– l/350 ou 2cm, caso contrário.
(ELLIOT)
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c.6.2) Estado Limite Último


As hipóteses para verificação dos estados limites de flexão
consideram:
– Manutenção de seção plana.
– Aderência perfeita entre aço e concreto.
– Bloco retangular de tensões no concreto em uma altura
0,8x (x=profundidade da linha neutra).
– Alongamento máximo das armaduras a partir da
neutralização 10%o
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3,5% o 0,85fcd
c

Rcd
0,8x
x

Rspd
yd s
10% o
∆ ε: pré alongamento ∆ ε= σ c ∞ /Ec + σ sp∞ / Esp
Rspd ≅ fpyd Asp para εsp > ε yd
(Evitam-se peças super armadas ε sp < ε yd
σ sp∞ : Tensão na armadura após todas as perdas
σc∞ : Tensão no concreto (na altura da armadura) após todas as perdas
Ec e Esp : Módulos de deformação longitudinal do concreto e do aço
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c.7) Resistência ao Cisalhamento


Sob a ação das cargas uniformemente distribuídas, e em
vãos acima de 3m, a resistência ao cisalhamento não é
determinante. Para vãos menores, ou submetidos à ação
de cargas pontuais ou lineares, o estado limite último de
ruptura por cisalhamento deve sempre ser considerado.
Para essa verificação são considerados dois trechos ao
longo do comprimento da peça. O primeiro é aquele que
não apresenta fissuras sob a ação dos momentos de
cálculo, e o segundo o trecho fissurado.
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Pd

id id
1 2
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No primeiro trecho a peça trabalha toda no Estádio I, e a


ruptura se dá por tração diagonal na alma, sendo
designada por cisalhamento-tração(Vu1)

Vd
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No segundo trecho prevalece a resistência ao cisalhamento


de peças de concreto armado onde dois tipos de ruptura
são possíveis:
O primeiro tipo apresenta ruptura após o aparecimento de
uma fissura pouco inclinada que liga o topo das fissuras
de flexão (Modo 1)
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O segundo tipo (Modo 2) apresenta ruptura por


esmagamento do concreto devido à redução da região
comprimida da peça.

Ambos os tipos de ruptura são designados por


Cisalhamento-Flexão(Vu2).
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A força Vu1 é maior que Vu2 , conferindo grande capacidade


resistente às peças onde as forças cortantes máximas
ocorrem no trecho não fissurado, como acontece no caso
de cargas uniformemente distribuídas.
O aumento da força de protensão, visando aumentar a
resistência à forças cortantes, é pouco eficiente, sendo
mais econômico romper os alvéolos e preenchê-los com
concreto de resistência compatível com o da peça.
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c.7.1)Resistência ao cisalhamento no trecho não fissurado Vu1


O limite entre os trechos fissurado e não fissurado é
caracterizado por uma tensão nula na fibra inferior( σid) para
as cargas de cálculo.
A capacidade do trecho não fissurado pode ser determinada
limitando-se as tensões principais de tração σI na altura do
baricentro da seção.

A h cd
A cd

s h/2
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Essas tensões são determinadas em função das tensões de


cisalhamento τd e da tensão normal devida à protensão σcd ,
onde:
Vd Pf
τ 1.5 .
d bw. h

Pfd s 0.5h
σ .
cd A le
c le x
com le=comprimento de transferência de protensão
(~80 φ N) para fck=30MPa
σ pi =0,75f ptk
CP190RB
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A força cortante resistente pode ser determinada como:

=0,67bwh √fctd +fctd (0,67 σcd)


2
Vu1

com fctd=0,14(fck)2/3
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c.7.2) Resistência ao Cisalhamento do trecho fissurado


A capacidade do trecho fissurado pode ser controlada
limitando-se a força cortante a Vu2 onde:

Vu2=0,12 ξ(100 ρfck)1/3b wd


com: ξ =1+ √200/d , d em mm
ρ =Asp/Ac
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c.8) Comprimento de Transferência e de Ancoragem


Distinguem-se esses comprimentos sendo o primeiro
aquele necessário à transferência da força de protensão
ao concreto no ato da protensão.

le

M pf M pi
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Nessas condições, a força na armadura no final desse


comprimento é Pi no instante inicial e Pf ao longo do tempo.
Posteriormente, sob ação do carregamento externo, é
possível aumentar essa força até Pd=Asp*fpyd, sendo
necessário para tanto um comprimento adicional

le

M pr

Envoltória de
ld Momentos Resistentes
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Assim, para as seções que distam do apoio:


• x>ld atinge-se a capacidade plena da seção à flexão.
• ld>x>le a capacidade é maior que o momento de
fissuração, mas menor que o momento último.
• le>x as seções rompem com o momento de
fissuração pois não é possível aumentar a
tensão na armadura uma vez que a capacidade
de aderência já é máxima nesse trecho.
Valores típicos do comprimento de ancoragem para CP190RB:
fck=40MPa
σ pi =0,75fptk
ld =100 φN , ( φ N : diâmetro nominal da cordoalha)
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c.9) Ancoragem e Pressão nos Apoios


A dimensão mínima de apoio sobre concreto ou estrutura
metálica deve respeitar:
– “s” , tal que Rd /A ≤ 1,5MPa e não menos que:
è s>4cm para l < 12,50m

è s>5cm para 12,50m < l < 15,00m

è s>6cm para l > 15,00m

Rd A = s xb
s
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Essa dimensão deve ainda garantir o equilíbrio da biela de


apoio (Fad = Rd)

45°

Fad
Rd
s
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A força disponível de cálculo Fad é determinada em função


do comprimento “s”, supondo uma variação parabólica de
força ao longo do cabo.
Fad=1/1,4 * Pf * s/le * (2-s/le)
onde:
le=1,2*le
Pf : valor da força de protensão após todas as perdas.
le : comprimento de transferência.
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c.10) Resistência à Torção


As tensões de cisalhamento devidas à torção τtd, podem ser
avaliadas empregando-se a expressão de Budt:

τtd = Td br
2Abr
onde:
A: Área da superfície limitada pela
linha média das paredes A
extremas (sem descontar os alvéolos)
br: Menor espessura da nervura de borda
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c.10) Resistência à Torção


Essas tensões, juntamente com as tensões de cisalhamento
devidas à força cortante τvd, onde:

τvd = 1,5V d
bw h
devem satisfazer as seguintes condições:
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a) Para o trecho não fissurado na flexão:

τ vd + τtd ≤ √ fctd +fctd( σ cd(x))


2

onde:

σ cd(x)= Pfd (s+x)0,67 para s+x ≤ le


Ac le
e

σ cd(x)= Pfd para s+x > le


Ac
com le = trecho de transferência de protensão
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s
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b) Para o trecho fissurado na flexão (na falta de dados mais


precisos):

τ td + τvd /1,15 ≤ 0,12 ξ(100 ρfck)1/3

c) ( τvd )2+( τtd )2 ≤ (0,25fcd)2


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c.11) Lajes Alveolares em Balanço


O emprego de lajes alveolares em balanço pode ser feito
empregando-se uma das seguintes alternativas:
– Utilização de cordoalhas superiores.
– Utilização de armadura passiva concentrada dentro dos
alvéolos.
– Utilização de armadura passiva na capa (Para cargas
predominantemente estáticas).
Em todos os casos, o esquema estrutural de peça em
balanço deve ser considerado na verificação de tensões
ao longo de toda a peça.
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A segunda alternativa é pouco atraente no caso de balanços


longos, pela grande extensão em que os alvéolos devem
ser rompidos e preenchidos, não só pela mão de obra e
consumo de concreto como pelo aumento do peso da laje.
A armadura colocada deverá considerar, além das cargas,
o momento negativo originado pela protensão.
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No caso de pequenos balanços (~0,50m), é possível


dispensar a armadura superior, desde que as tensões de
tração no concreto, devidas ao carregamento e à
protensão, sejam inferiores a fctk/2.
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Índice de vazios: 47,3% Espessura média: 13,4cm


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Concreto: C50 4, 6, 8 φ 9,3 6, 8 φ 12,5


Concreto: C60 10 φ 12,5
Flecha: L/250
g/(g+q): 15%
Resistência ao Fogo: 1h

4φ 9,3
6φ 9,3
8φ 9,3
6φ 12,5
8φ 12,5
10φ 12,5
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3.2 Lajes Alveolares
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3.2 Lajes Alveolares
3. Projeto de Elementos para Pisos
c.11) Peças π
São peças moldadas em formas metálicas de grande
comprimento, sendo na maioria dos casos são
protendidas. A sua utilização como concreto armado não é
recomendada para vãos acima de 8m por apresentarem
deformações significativas ao longo do tempo.
3. Projeto de Elementos
para Pisos
3.2 Peças p
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3.2 Peças p

O concreto pode ser bombeado ou lançado nas formas,


sendo em alguns casos empregadas pontes de
concretagem com lançamento, adensamento e
acabamento mecanizados. O concreto utilizado apresenta
média trabalhabilidade (slump de 75 a 100mm).
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3.2 Peças p
A superfície superior pode receber acabamento manual para
conferir sulcos de até 6mm, fornecendo grande resistência
ao cisalhamento na ligação com a capa.
3. Projeto de Elementos para Pisos
3.2 Peças p
3. Projeto de Elementos para Pisos
3.2 Peças p

A resistência do concreto fica em torno de 40MPa, e a


transferência de protensão acontece depois de 12 a 24
horas de cura a vapor, com resistências da ordem de
30MPa.
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3.2 Peças p
As extremidades dos cabos de protensão devem ser
protegidas após o corte, por exemplo por meio de pintura
epóxi.
3. Projeto de Elementos para Pisos
3.2 Peças p

Diretrizes de Projeto
Essas peças são dimensionadas à flexão como vigas T,
ficando a resistência às forças cortantes garantida pelas
almas.
Cabos encapados junto às extremidades das peças são
utilizados em peças de maior dimensão para reduzir o
excesso de protensão nesses pontos.
As almas, em geral, apresentam dentes nas extremidades,
visando minimizar a altura total do piso estrutural
(Viga+Peca π). O dimensionamento desses dentes segue
as mesmas recomendações feitas para as vigas.
3. Projeto de Elementos para Pisos
3.2 Peças p
Empregam-se ligações
soldadas entre peças π
adjacentes ou entre
peças π e a viga de
apoio, utilizando-se
cantoneiras ou chapas
ancoradas nas mesas.
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3.2 Peças p

As peças π podem ser projetadas como elementos


compostos com capa moldada no local, apresentando
nesse caso mesas com espessuras mínimas de 5 a 7cm,
ou como elementos simples, com mesas em torno de
12cm.
O trabalho conjunto da peça π e da capa depende da
resistência ao cisalhamento da interface entre os dois
concretos, devendo ser explicitamente verificada como se
verá no item de peças compostas.
3. Projeto de Elementos para Pisos
3.2 Peças p

Aberturas nas almas para a passagem de utilidades são


possíveis, recomendando-se:
– Posicioná-las fora das regiões com força cortante elevada,
tipicamente l/4.
– Aberturas devem garantir cobrimentos dos cabos de pelo
menos 5cm.
– As aberturas devem apresentar cantos arredondados.
– O centro das aberturas deve estar sobre o eixo
baricêntrico da peça.
A região das aberturas pode ser dimensionada como viga
“Vierendeel”, reduzindo-se a rigidez do banzo tracionado
no caso de concreto armado.
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3.2 Peças p
Antes e depois das aberturas, devem existir estribos
concentrados para suspender a força cortante nessa
região.
3. Projeto de Elementos para Pisos
3.2 Peças p
Aberturas nas lajes são possíveis, devendo levar-se em
conta o seu efeito na redução da resistência e da rigidez
do elemento.

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