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NA PONTA DA LINGUA 10. Fi 2, Bstrangerismas — guerra em trno da lingua (Carlos Alberto Faraeo lor], 3*e Lingua materna ~ Ietramente, aria ensino ‘Marcos Regn, Michael Saks & Giles Gaga 3" ed Histiria encsa da lingaitica Bubera Weedwood, 4° ed, Secoingdticn — uma introduce ort TouleJoan Calve, 2d “Hisiria concsa da excita (Charles Higounet,2 od Para entender a lingistiea — lementar de wma disciplina Robert Martin, 3" ed Inerodupdo aos estudos culturais ‘Armand Matean, Erik Neves, 2° ed, A pragmatics Frangoise Armengnud Histéria concisa da semiftca ‘Anne Hénault Histria concize da seméntica ‘rene Tamba-Mocz Lingtistica computacional — tovia & pratica Gabriel de Avila Othero Sérgio de Moura Morszi Linglistica histerica — Uma introdugéo ao estudd histria das Knguas Carls Alkerto Faraco, 2 Lutar com palavras — coesde ¢coerénela Wandé Antunes, 2° ed Analise do discurse Francine Menitee Mas 0 que é mesmo “gramdtea”? Cetlos Franchi Andlize da epistemologia Histria « prévicas As pllicas lingisticas TLoaissean Calvet ae Louis-Jean Calvet As politicas LINGUISTICAS Tradugéo: Isa. o¢ Ouvena Dusste Joas Tewen ‘Mancos Bacvo Prefécio: Guan Mauer oF Over ‘tie ol TT. NA PONTA DA LINGUA 17 Slawsonch mmens SF amend ipa Eonox Marcos Maronio irae monte canes: Ania Custce ever Tena Perera ee UA fo St Ze nino over abot aa (FN {gon se ore fag usr (ena oe Ces OS ‘ee Wey 8 Stag de Compara fn hava Rk tower eno Se ors Pe he UF ns ‘ahead dace ue P Sina tor sacha Ste hart bn ns na ‘ans. aracagonao Sharan eons uEK ‘pion pine sgn ‘tesa “scope secgraretn = Ct ‘igs Rapa Ps Ironia kinaae aioe Fon eee foe nena og nm aabcarlcote at pntapanttataeanar Rieieeaetnmnnedenasweaneea es eepoatamwnse soe sres-1se200 dese Pol eae So Fai de 207 SUMARIO PREFACIO Capitulo I: NAS ORIGENS DA POLITICA TINGUISTICA 1. Nascimentodoconcitoe sau campo deaplicagao I, Oprimeiro modelo de Haugen TL. A sbordagem “instrumentalists PS, Haye I. Osegundo modelo de Haugen. VW. Acontrbnigio da socolingisica“nativa” anita TAS TPOLOGIAS DASSITUAQOES ‘PLURILINGUES 1 Rerguson e Ste Wt wren IL AspropestasdePasoid ML Agrade de Chaudonson. Conelis80.. (Capitulo II. OSINSTRUMENTOSDO PLANIJAMENTOLNGOISTICO. 1 Ocquipementodasli Acsrita.. 0 sien A padronizagio - Do “in vivo” para o “in vitro". 1. Oambientetingtistico IL. Asleislingiticas... Nomar a Ving wonsnonnnnan Nomear as fancies. von SERERE 4 eeaes BaRsegaeee . 5 routiens und Principio de teritorialidade ou de personaida Oia lingn en enna Capitulo 1¥: A AGAO SOBRE A LINGUA (0 CoRR 1. Oproblemadatingua nacional a China... 1. Intervengéono éxin ena crtograie de iia Jingu: oexzmpl do francés Os "drt lingutsticos AS let lings A oragrafia cnn ‘8s indies da nga IL. A fixagéo doalfabeto bambara no Mall. IN. A “sevolugio iingtistica” na Tarquia.. WA padronizagio de uma lingua ‘exemple da Nom nn ‘Capitulo V: A AGAO SOBRE ASLINGUAS (0 STATUS) 1A promogio de wma kingua easoda Apronoro dena ingu ear oewod IL A promogode uma lingua minorities 0 caso da, Indonéss. A pazlingtistia sua IN A defesa do status internat exemplo do francs... NEO crn A francafonian O francés no mundo inno nrnnnnennn VA substtuigéo de um lingua colonial os inicios aarabizagdo na Africa do Norte. No Marr00$ ern Na Tunisia "Na Argiia.- CONCLUSAO.. BIBLIOGRAMIA.... iNDICEDENOMES, S888 ae nes PREFACIO Faz pouco tempo que o termo ‘politica ling ca’ estdcizculando de maneira minimamente sistem ca no Brasil, contrariamente ao gue ocotre em virios ‘outros paises latino-americanos, notadamente na Ar- gentina ou nos paises andinos. Na metade da déca- da de 1980, por exemplo, fui aluno de um bacharela- do em lingitstica em uma importante universidade ‘brasileira, com varias frees de estudo, e ndo tive ne- lum contato com o termo ou a disciplina. # que ‘politica lingiifstica’, enquanto disciplina nascida na segunda metede do século XX, como Calvet ‘mostra nesta introdugdo, esté associada ao plurilin- flismo e a sua gestio, Esti associada a mudancas pol ticas que levaram a alteragoes no estatuto das diver- sas comunidades linglisticas que integram a cidada nia, como ocorreu na esteira do processo de descoloni- zagao da Asia ¢ da Africa a partir dos anos 1950, en tre outros. No Brasil, onde a ideologia da ‘Tingua nia’, des- de tempos coloniais, tem camuflado a realidade pluri- lingie do pais, parecia haver poco hugar para as ques- ‘aes empiricas e tedricas levantadas pelos estudiosos das poiticas lingisticas. O consenso em torno da Ifa- {gua nica — ‘todos os brasileitos se entendem de norte SES eu . 1 voueas uneosricas| sul do pas, porque fam portugués [alguns ecrebcen- tariam: “e aqui nio hé disletos" — tem sido adapla- mente hegeménieo, inclusive em muitos tunis ‘ersitirios, comprometidos, em grande parte, chm a ‘execuglo de mais esse item do ‘projeto nacional’ brasi- leiro, Note-se, por exemplo, que até a sociolingiistica njortaranete patina no ps 6 uma suit tica das varidveis e variantes do portugnés — um so- ciolingtistica do monolingismo, portant ‘Nas duasiltimas décadas, entretanto, o parlor: ‘ma das reivindicagdes dos mavimentos sociais, versificagio de suas pautas, o crescimento das tes étnicas, regionais, de fronteite, cultrais, t ‘ram muito mais visivel que o Brasil é um pais tuido por msis de 200 comunidades lingiisticas rentes que, a seu modo, tfm se equipado para partic? per da vide politica do pais, Emerge em varios féruins © conoeito de ‘inguas brasileiras’ inguas falodas por comunidades de cidados brasileiro, historicamdnte assentadas em tertitrio brasileiro, parte constituliva a cultura brasileira, independentemente de serem tin. uas indigenas ou de imigragdo, linguas de sinais| ou faladas por grupos quilombolas. Emergem tam! colhares inovadores sobre 0 prdprio portugués, nakci- os dos novos papéis que o Brasil desempenha bm contexto regional e mundial O crescimento desses movimentos sosisis ea rpac ‘do do Estado a essas reivindicagées vao tornando 4 dia mais claro o ambito das responsabilidades das politicas lingisticas — seus métodas e interesses, bretudo, vio tomsndo mais claro que ‘politic ling. tica, para além de uma multidiseiplina constituida ensrhcio . corthecimentos técnicos de lingistica, antropologia, sociologia, histéria, dreito, economia, politologe, mo: Dilzados para aandlse dassituagées ingitstcesé como di Lia Varele, uma pratica politica, associada & inter: ‘vengio sobre as situagSes coneretas que demandam de- cisves politica ¢ planificagio de politias pilicas O liv de Caivet vem, assim, em um bom momen- to. umlivro que tem oméito da apresentagéo conceit sistemitica, nerssria no atual momento das discassdes politicas envolvendo as linguas do Brasil as ages pal ticoingtistcas do Fstdo. Apors, alm disso, andises de situagées politcolingisticas em varias partes do ‘mundo, mostrando com isso solugées produzidas em planejamento de corpus e em planejamento de status das ‘inguas, sous limites e possbildades ‘¥ uma contrbuigéo importante para o que temos chamado ée ‘virada politico-lingitistica’: 0 movi- ‘mento pelo qual os lingistas (mais que alingistica) passam a trabalhar junto com os falantes das lingua, apoiendo tecnicamente suas demandas politicas e cul turais. Deixam de atuar no campo da ‘colonizagio de suberes’ para atuar no que Boaventure Santos chama do ‘comunidade do saberes,e passam do campo uni- ‘versitério ao campo dos conihecimentos pluriversité- rios, 0 que prioriza a pesquisa-cio sobre uma vi de pesquisa que tem tratado os falantes das Knguas o- mo meros informantes descartaveis, uma vez que 0 ‘grevador capture 0 ‘dado’ lingistco Calvet define a lingiistice como o estudo das co- -munidedes humanas através da Kings. Em outro con- texto afirma que sio as linguas que existem para ser vir aos homens ¢ no os homens para servir as lin ‘uas, Sua obra vai se estruturar centralmente em tor- ‘no a essas méximas, descrevendo os confitps huma- nos ¢ procurafido desenvolver unta eonceitubcdo para @ compreensio dessas situagbes que tem sual "questio teérica primordial levantada pela préprialidéia de politica lingiistioa”: em que medida o honiem pode intervir na lingua ou nas linguas? Gavan Motu pe Duvama, IPOL, Forianége caPituLo | NAS ORIGENS DA POLITICA LINGUISTICA A intervengéo humana na lingua ou nas situa bes lingisticas nfo é novidade: sempre houve indivt- duos tentando legislay, ditar 0 uso correto ow intervie na forma éa Kingua, De igual modo, o poder politico sempre privilegiou essa ou aquela Kingua, escothendo governar o Estado mama lingua ou mesmo impor & ‘maiora a lingua de uma minoria. No entanto, a polit- a lingitstica (determinagdo das grandes decisGes re- forontes as relagées entre es linguas a sociedad) € 0 planciamento'lingitico (sua implementagao) so con- ‘cites recentes que englobam apenas em parte esses priticas antigas. Se observarmos, por exemplo, que a cescolha de um afbeto para uma lingua se origina da politica lingistica, isso nao significa que Cirilo e Me- ‘6d, ao eriarem 0 alfabeto glagolitico (ancestral do cirflico), ou que Thonmi Sambhota, ao definir 0 alfa- ‘Tadao fants plenaon po “anemeno tem mito mas epregsdo no parts basi do gue pia” © ese, po exe db Mite do Manjaesa) n.d E). POT OOOO RR RRR RRA nants 12 ss rounens uncoltncas| eto tibetano,tonham escrito um eaptulo da hitéria 4a politica lingtstica. Da mesma mancira, seen} cer tos paises, como a Turquia ou a Indonésa, «Kinga do tao fol forjeda pela intervengo sobre wma Kinga existente, para modernizéla, adaptila is necessida- des do pais, nfo colocaremos no mesmo plano os iver tores de linguas artificiis (do, experanto, volapque tc), cus criagSes, ns maiora das veves, ned sie ram do papel. A politica lingistica 6 insepardvdl de sua aplcagdo e & a esse bindmio (politica lingitlen © planejamento ingstio) que €dedicado este Livro, Neste primeiro capitulo, acompanharemos o recimento desse bindmio, que se dew na segunda tade do séeulo XX, ¢ mostraromos as rlagBes au «stubelece com as quests politica desca epoca I~ Nascimento do conceito e seu eampo de aplicagao © sintagma language planning, tradusido pera 0 portugués por plangiament lingistico, aparece em 1959 num trabelho de Binar Haugen! sobre os prable- ‘mas lingiisticos ds Noruoga, O autor procurava trar nesse trabalho a intervengiéo normativa do Hsta- do (por meio de regras ortogcdticas, por exemplo) para constrair uma identidade nacional depois de séilos de dominagéo dinamerquesa, Haugen retoma ¢sse ‘mesmo tema em 1964, durante uma reunio orgkni- zada por William Bright, na Universidadel da 1B Hage, "Planning fa Moder Narway" in Ant ayia inguistics, 173, 1958 CCalifémnia, evento que marca o sungimento da socio- ngiistice?. Na mesma obra, encontre-se tarabém um texto de Ferguson sobre as national profile formulas, que discutiromos no capitulo seguinte e, observando a ‘ista dos participantes (Bright, Haugen, Labov, Gumperz, Hymes, Samarin, Ferguson...) podemos dizer que fal tava apenas Fishman para completar o “time” que representaria, nos anos 1970 ¢ 1980, a sociolingiist- ct e/os a sociologia da linguagem nos Estados Uni- dos, Desse modo, o “planejamento lingbistica” reeebe sen batismo na mesma época que a sociolingtistica, e ‘pouco mais tarde serd dfinida por J. Fishman como sociolingtistica aplicade® Em seguida, Fishman, Ferguson e Das Gupta pablicam em 1968 uma obra coletivat dedicada aos problemas lingiisticos dos paises em via de desexvol- vvimento, ¢ durante o ano universititio de 1968-1969, quatro pesquisadores (lyotirindra Das Gupta, Joshua Fishman, Bjémn Jernudd ¢ Joan Rubin) retnem-se no ‘Bast-West Center lo Havai para refletir sobre a nati- era do planejamento lingistco. Bles organizam, en- ‘te 08 dias Te 10 de margo de 1969, uma reunio so- bre o mesmo tema, para 2 qual foi convidado um gru- po de pessoas (antrop6logos,linglistes, socidlogos, economists...) que jf haviam trebalhado no campo 2B mde, Linguists se Langage Maing Wiig ight or), Salinas. La Baye: Moston, 1988 “J Fishman, Sling Toe, Mas: Newbury House Publis, 1970. “Jehu A Fhmso, Chces A. Fegusoa, Joris Dat ‘cup, "Language Probie of Developing Nations, in Amevcen ‘tral, New Sein, wa. 73,2 (Apt 197, pp 104405 “ ss poumeas duotstcns da poltica ou do planejamento Fingtistico| Rss en- contro deu origem « uma obra, Can Lakguage be Planned? (‘a lingua pode ser planejada?), que faz uma andise do estado da questio na pcs’ J. Rubin, J, Das Gupta, B,Jernud, J. Fishman © C. Fexguson: temos aqui o“bendo des cinco” ahfonos ‘que permaneceriam, durante anos, no cant da ree- aro sobre ese novo campo (Feremos mais ‘os mesmos temas sero igualmente a quisudoresfrancéfonos, germandforose E possivel acompenhar as progressos do pan Linglistico sobretudo através das publicagée} de uma colegio (Contributions tothe Sociology of Uenguage) Airigida por Joshua Fishman ne editora Mahiton, De fato, em poucos anos, eses publicagdes reunijam una ‘mpressiouante concentrasio de trabalhos: — Advances in Language Planning, edfado por J. Fishman, 1974; — Language and Politics, editado por|William OrBarr¢ Jean O'Bars, 1976; ~ Selection among Alternates in Language Standardisation, the Caseof Albanian de Janet Byron, 1975; ~ Language Planning for Modernisation|the Case of Indonesian and Malaysian, de 8, Takdit Alisjabana, 1976; ~ Advances in the Sy of Soi Hain guaism, etitaio por J. Fishman, 197F; 5. Jun Rubi, Rr esd (np). Can Language anne? Mono The Univesity Pee af Hawa, 1971 fuss omeens 04 oun umeoSTEN o = Language Planning Processes, editado por J. Rubin, B Jemnudd, J das Gupta, J. Fishman, ©. Rerguson, 1977; — Advancesin the Creation and Revision of Writing ‘Systems, editado por J. Fishman, 1977; ~Colonialiss and Language Policy in Vietnam, de John DeFrancis, 1977 ets Por esses titulo, & possvel perceber uma espécie de resumo da histria do conceito, ea presenga de ma alternancia entre uma abordagem mais gral e estudos de caso (a Albina, a Indonésis, a Malisi,o Vietnd.) Paralelamente, a nogio de politica lingitstica apa. ‘rece em inglés (Fishman, Sociolinguistics, 1970), om es pankol (Rafael Ninyoles, Estructura social y politica linguistca, Valencia, 97), em alemafo (Helmut Glick, “sprachtheorie snd Sprach(en)politik”, OBST, 18,1981) «em francés. Em todos 0s casos ¢ em todas as defini: .6es, as relagées entre politica linglistca e o planeja- ‘mento lingitstico sfo relagdes de subordinagdo: assim, para Fishman, o planejamento € 2 aplicagdo de uma politica lingitstica, © as definigges posteriores, ema sua variedade, nao ficardo muito longe dessa visio. Bm 11994, por exemplo, Pierre-Etienne Laporte apresenta- ria a politica lingtstica como um quadro juidico ¢ & corganiaagio lngifstica como um conjunto de agdes ‘que tem por objetivo esclarecer e asseurat determi- nado status 2 um ou mais Knguas”™. De fato, no inter- valo, A mangem da corrente predominente, aparecera Fie Benne Lapot “Les mots lsd ous plas en andgennt gage ms On: tm Cane’ fs Cade ast (ont Le prions ay is Ces 00, p. 7-8. Fee nee 16 As FOLENS unebiens coutras denominagbes: aminagement lingustiquh no (Quebe, normalizagdo na Catala; cada uma dlas com efeitos de sentido particulares e importdicia desigual, Os catales por exemplo (primeiramente Luis Aracil, depois o conjunto de pesquisadores agru- dos sob acassficago de “socolinglisica cata), Procuraram distinguir » normalizagio da substi do on da assimilagao. Num conflito lingiifsticd no: qual o espanol ea a lingua dominante eo catalfo, a Uingea dominada, eles julgaram mais convenitnte “normaliar” wna situagio “anormal” Na realidad, trata-se mis de um programa politico do que dd wes conceito: em face do espanhol imposto pelo poder franquist, os lingistaseatalesmiltavam para]aue sua lingua fsse promovida as fangdes até entio ex padas pela lingun do Estado. Os quebequenses [por Sua ves peferem aménagementlinguistiue a ple nejamento (planifcation) para evtar fazer refetén- cia a intervengao planejadora do Estado. Neste caso, no se trata em absoluto de uma diferenga tedtica, ras, sim, de ma questo de embalagem: apresehta se 0 mesmo produto com outro nome; e Rainer Hari aque Hamel tem razdo ao selientar que “os tts er ‘mos ~ planejamento, normalizagiio ¢ aménagement ~ se referem ao mesmo ale concstual, masse tinguem pelas suas conotagdes””. Na mesma ort ‘© terme anugemont dis do eb amage, “aol Algor, rama, es equivalents eat em ports no feat 4p sido no Ques pa uaa de pole agian (nd "aver Enq ae, Bes yeni del eng”, in Jmptape Mev: 9°20, 1083, p12. us onsen on rounca unsoienien ” I de idéia, o tormo glotopoltica' aparecers em francés, criddo por Marcellesi e Guespin, com definigdes im- procisas, som que essa inovagio terminolégica cause ‘uma alteragio no campo conceitual considerado. Nesoe conjunto de textos e de anilises, é preciso ‘bsorvar uma importante diferenga de ponto de vista centre 0s pesquisadores amoricanos ¢ os pesquisadores ‘euopeus. Os primeiros tém tendéncia a acentuar sobre tudo 08 aspectos téenicos da intervengao sobre as situs ‘es lngistcas consttuide peo planejamento, questio- rando-se muito pouco a respeito do poder que hi por tris dos decisores. O planejamento thes parece muito sais importante do que a politica e temse, 8 vezes, a {mpressio de que eles fantasiam a possbildade de um ‘planejamento sem politica. Osintagma language planing ‘pode assim cobrir sozinho, durante muitos anos, im Aoraaio que teve origer visivelmente nessas das agtes, complementares decerto, mas que € preciso distinguir ‘com euidsdo as decisdes do poder (a politic) e a passa- gem a acio (0 planejamento). Em contrapartida, 08 pes- uisadores europeus(franceses, espanhiis, alemies) pa ecem mais preocupados com a questio do poder, eibo- 1a 05 sociolingistas catalies se situem num sistema de substituggo de um poder por um outro. Por outro lado, 0 periodo durante o qual apsre- ‘com na literatura cientiiea essas nogies e as tentati- 8A qoopoien¢ (tai, "De crise dea inguistiqe 8 inpsiqe de eine: ‘a snciingsegu’ nL Peat 2° 208, 980) ov cna "desig ‘to dren enfogies que wna nila tem daa ube ngs, Seja la concent ou io” (Guepin «Marcel page” is Langage, 2° 83,1800), meno problems da minora te a roumtens «medfsncas vas de equacionar as situagdes de pluritingyismo (Giglossia,férmulas tipoliess...), que diseutifemos no capitulo seguint,tém a ver com as questbes dp 6po- ‘a. Os primeios textos de Haugen (sobre o plineja- rento lingltico na Noruega) e de Ferguson (sre a diglossia) datam do mesmo aro, 1959, ¢ durapte es Agcadas de 1960 ¢ 1970 as publicagées nessef dois ‘campos se mulipicam. Ora, trata-se do periodo que vern imediatamente epés a descolonizagdo de imtjneros paises afeicanos e ations, eo titulo de uma ds pri reitas obras publicadas nesse dominio, Laviguage Problems of Developing Nations (New York, 1968), 6 caractoristico do campo conositual no qual nase essa disciptna, Poralelamente, observase 0 aparecifnento de refiexes sobre as relagdes entre ingua e n liso (Goshua Fishman, Language and Nationplism. Rowley, Mass.: Newbury House Publishers, 1972), sobre asituagio lingistica das antigascoldnias (Louis. Jean Calvet, Linguistiqueetcolonitisoe — Pei trité “aeglotaphagi, Pais: Payot, 1974), sobre a situao da 1ingua catalé na Espana (Aracl, Ninyoles). Ein Can Language be Planned? (197), 08 estudos de efso re- ‘metem a Irlanda, Israel, Filipinas, Africa Orjental, “Turquia, Indonesia, Paquistio: em todos esses{traba: Thos, temios a impresséo de que a énfase é datla aos pafses novos, recém-independentes e om vias fe de- seavolvimento, como se a politica lingistica npo dis esse respeito aos paises europeus. B10 infjo dos anos 1990, uma coleedo de obras publicada nq Fran- «a, soba diregio de Robert Chaudenson, audi} pelo fexctitulo (Langues et développement”) a obra de 1968 roferida acima: a politica Tingitstica parece tr] nasci- do como resposta aos problemas dos pafses em “via de desenvolvimento” ou das minorias lingistics. ‘Mais tarde, os problemas lingtisticos do Québec, bem como agtieles suscitados nos Estados Unidos pela ‘migragio de hispanofalantes ¢, posteriormente, 08 que aparecem na Buropa com a construgio da Comunida- dde Econdmica Européia, mostrario que politica ¢ pla- rejamento lingifsticos nao estfo vinculados somente 20 desenvolvimento ot &s stuagdes pés-colonais. O texto fundador de Haugen sobre a Noruega bastaria paracom- provar que as relagbes entre lingua) e vida social so ‘a0 mesmo terapo problemas de identidades, de cultura, de econontia, de desenvolvimento, problemas dos queis ‘nenhum pais escapa. H perceberemos que ha também ‘uma politica inglistica da francofonia, da anglofonia ‘ete Desse ponto de vista, a emengéncia de novas nagées ter simplesmente servido como tm revelador. ‘Reiteremos: tratamos aqui da emengéncia de unm can- caito, 0 de poltca’planejamento lngistico, que implica ‘ao mesmo tempo wna ahordagem cientfica das situagies socilingistics, a elaboragdo de wn tipo de intervencio sobre essa situages e os meios para se fazer essa inter- venglo, Podemos encontrar prefiguragbes de caréterin- canestavelmente centfi entre os intistas do Cisculo Ge Praga, por exemplo, que interveram no campo da pa- Gronizagio do tcheox?, ou em Antoine Meillet, que expr: ‘min seu ponto de vista sobre « Buropa linghistca”. Mas 9: er D, do Rebar, Lemdagemet igus pons use pret. Proveng: Universe de Proves, 1989, pp 507, tac, 0 Loniefean Cale, A. it "La plu Tings et ‘marope ls ns sen Paring Pais CHRP, 25, 198. tratase, neses cass, spenas de prefiguragtes, que pof= imos nio abordar nesta hrove apresentacio historia IL-0 primeiro modelo de Haugen Quando 0 temo planning, “planejamento”, sir- ‘go na literatura lingistica, ele é romado em seu set do eeondmico e esata: determinagio de objetvos (am plano) ¢ a aplcagio dos meios necossérios para atin fr esos objets. Desse modo, pode-se falar do nejamento da natalidade, do planejamento da ecoho- ‘mia ete. Nos anos 1920 ¢ 1930, s6 2 Unido Soviefca dspuaba de um plang, e6 esenciaimente na segu retade do século XX que essa prética se general Mas essa generalzacio se consituia sobre princ diferentes. De fto, 6 preciso distnguiro plang to indicativo ou inciativo, baseado no acondo entry as diferentes fozeassociis, do plangiamento imperativo, aque implica a soializacio dos meios de produgio] O primeiro é aguele praticado nos paises ocidentil, 0 segundo earacterizaria os pafses do Leste. Nesses dois, casos, enzetento, esse planejamento tem potos Fm comumm: 6 nacional, repousa sobre a andlise de pirs- pectivas a méato ¢ longo prazo, pass pela elaborayio depois pela oxecugo de um plano, por fra é suscht- vel de avaliacéo © aspecto “nacional” ou “estatal” da politica fin- ststica, que aparece aqui, é um trago importante] de sus definiglo. Efetivamente, qualquer grupo pode fae Dorar uma polities lingistica: uma digspora (0s it~ dos, os ciganos, os falantes de dice...) pode se rpu- sir em congresso para decide uma politica, e um gru- hs OMGENS DA FOLTEN Naik A po minoritfrio do interior de wm Bstado (os bretties ‘na Franga, por exemplo, ou os indigenas quichuas no Equador) pode fazer 0 mesmo. Mas apenas o Estado tem o poor e os meios de passar ao estégio do plane- jamento, de pi em prtica suas escothaspolitoas. 8 por isso que, sem excuir a possibilidade de politics lingitions que transcendam as frontrras (éporexem- plo o caso da francofonia, mas tratase de uma reu- nido de Estados), nem a politica lingiiistica pertinente 4s entidades menores que o Estado (as Tinguas regio nais, por exemplo), devemos admitir que, na maior parte dos casos, a politics Tinglistica si incitiva fo Estado ou de una entidade que disponha no seo do Pstado de ceitaautonomta politica (como #Catalunba, 4 Galiza ou o Pais Basco na Espank) ‘0 modo como Haugen, em sua comunicagio na reunilo de Las Angeles em 1904, definira a nogio de planejamento mostra que ele se situava nesse campo ‘ideolégico: 0 plajacin gua ava naa deren deri dee oc enantio put pbs. He poles conpltamerteinrl adi ae pode abe ec ogain Ao tbr. Poser exon pndivr parla seb) Seoplanenentfer en ty deeompeeaet tpstas tapi exam ded, czas acesteties tonal derissoesmepcai. De fato, Haugen partin esencialmente do pro- blema da norma lingtistica eda padronizacio, Ble c- tava, por exemplo, o gramético indiano Panini (gue HL Op PP S182. Gente para ditigir e controlar a mudanga a 8 rouiens unpsncas viveu no século IV antes de Cristo), ou ainda os gramaticos gregos ¢ latinos, definindo o planejamento Tngitn como avaaao de dane ni ca”. Consciente das contradigbes entre essa aborda- for ean polos decididamente desert orate da gi, cle afr qu 0 tet ingen dvi er mated Gira esas em mati de ngs, fim implicant, ao ldo dag qu ei cia coro lament insti, Aés dis, wn ee ‘Moca pasvam plored deisel. te wld a campo da “amiss” ov re feos, dx gto econtmice, Newe domi, wl te grt o moto de Herbert Sion, pe ie tage quate fee gna dem problems — concep das soles pone’ = sande una das solute, — avaliagao da solugo tomada, © planejamento lingtistico inspirave-se diretamente nesse modelo, uma vez que ele analisava os diferentes cstigios de um planejamento lingistico como um “pro- cedimento de decisio": os problemas, os decisores, a8 alternativas, ¢ avaliagio e a aplicagéo. ~ Para ele todos 0s problemas se reduzem 30 caso geral da néo-comunicagao: pode haver um fracasso relativo, quando os interlocutores fala dite. rentes da mesma Kngua, ou fracasso total, quando os {nterlocutores nfo falsm a mesma lingua = Os decsores. Quem dispde de auto Eo plano escolhido por Haugen para as sufi- ica? as oncens 04 rounen asolerien a Haugen constata inicialmente que a aparicao das pi- reiras gramétices ¢ dos primeirosdicionrios das lin- guas moderns coincide nos séeulos XV o XVI com a mergéacia de paises recs e poderosos.F, por exom- plo 0 caso da gramatica de Nebria elaborada para o espanol (1492), da fandagio da Academia Francesa por Richeliu (1635) ote. Rm seguida a partic do sécu- Jo XIK, os progressos do ensino ea dius de iterata- ra tornam neoessirie ume padsonizacéo das Kinguas © observa-se o aparocimento de individuos empenhados ent normatias sua lingua: Frédric Mistral em relagéo 20 provengal, Aason em reagio ao dinamarqués, Korais em elago ao grego et, Bsses homens, esses primiras ‘planejadoreslingisticos”,eonsideraios por Haugen como meio lingistas€ meio patriots, erem individuos jsolados, e a obra deles tem & ver com iniciativa indivi- dual. Ao conteéio, a intervengio sobre a Maga turea deciida por Atatisk se vincla& ditadura, e podemos encontrar entre esses dois extremos foda urna varieda- de de onganizagdes que intervieram na lingua grees, sociedades litres ou cientfics etc — As altzrativas. Hagen destca primeamen. te que, mesmo haven grupos menores que a “nao” (como os galeses) ou maiores que a “nao” (como os judeus, que tém problems lingistioos), & no soi da “agdo” quo se encontram os meiosoficiis para se de- senvolver um planejamento lngistico. Em seguda, favend referencia as fungées da Kngua proposta por Jakobson, Haugen explica que a lingua no serve ape- nas para transmitirinformagio, ela também diz coisas sobre o fant, sobre o grupo. A Fangio de comunica- G0 leva & unifrmidade do ebdigo, 4 a fungio da ex- pressio, ao contri, eva sua diversficag. sso dé ‘porque o objetivo do planejamento nio é nevessariamen- te gerar um o6igo uniform: ele pode visar&diversida- ‘de ou A uniformidade,& mudanga ou & estebildade — A avaliagta das diferentes solugies passa bela identificagi des formas lingstica envolvdes prague sejam fixados os limites nos quai € possvel intetvir. Convén saber se existe una ou mais normas, se existe uma ortografia, on mais de wma. Eni, é preciso dtr se de cities objetivos que, em relagio com as finalida- des visas, permitrio a escolha da solucio. De mane sa geal, sogundo Hagen, uma forma Kington se for fic de aprender efi de utilizes. —Aaplzagia, Haugondestaca que s dacisores io, 1 final day cont, on usros ding, equ so or tanto eles que precisam ser convencidos &aceitaraspl- Go escola, Desse ponto de vista, o inivduo quase na tem relevineia, «nao ser aguela quo he & dada poe sua autoridade pessoal ox centifica, Fam conta © gavermo contola o sistema escola, as mins; © para le a melhor estratégia consiste em introduzir a refotma lingisticaescolida por zzeo da escola. E posivel que oletor dest texto fie surpreso dom ‘fat de que Haugen, quelaépoce, nfo etivesse criahdo ada de novo. Conhecendo bem & histria lings] da [Norueé, eeadotou alguns coneits da economia jamento), da adesinistragio (teria da decsio)e 08 cou nos exensplos de intervengio do Estado sobre asi as (Noruegs, Grecia, Turquia etc). Assim, 20 p tun novosintaga, oplanciamentolinastcy, Haugen chegouacriar um conceto novo, mas delintou sobretido um dominio de atvidade, sem desenvolver qualquer ‘1 aos conceitosadotades. Mais precisamente, Haugen ‘que no question o problema do por, das ragdes de forga de que dio testemunlo as relages lingistcas. Isso ‘pore sr em parte explicado pel fato de ele nao ter evado ‘en contao plurtingismo, os problems de elagdes entre 1s lfnguss, mas também pelo fat de estar vinculado a tuma coneepedo Fiber americana do planejamento, Ble tam nfo levantou o problema do controle democrit- cosobre as decisis dos plangjres,considerando que 0 Estado deve esolher eaplcar a socio que Ihe parega melhor para resolver wm problems, Hi de fato, em tudo {sso a exportagfo e a aplcagdo mecancista de modelos ‘tiados na economia liberal ena adminstragio de em- ‘press, sem nenhuma anise soiokgica das relagbes de forga que se encontram em jogo. Nessa Epoca, o plana ‘mento linistco se imitavaessencialmente & propasigio de slugs concernentes padronizaco das Kings, era que os vinculos entre liga ¢ sociedaies fossem verde Aoiramente levados en cote III-A abordagem “instrumentalista”: PS. Raye V. Tauli [Nao faltam definigoes que apresentam @ Vingua ‘como um “instrumtento de comunicagio", sendo fic ‘observar 0 cardter resrtivo de tis definigdes, que ig- rnoram aquilo que é essencial na Lingus, isto 6, seus vvinculos com a sociedade. As sbordagens estruturalis- tas da lingua foram criadas com base nessa restrigio, foi contra ela que se desenvolveu uma nova maneira de abordar os fatos das Linguas, que foi batizada de “sociolingistica”, mas que constitui de fato a lings a hs rounicas upectsncas fica no sentido amplo, indo a fundo nas implcagies da definig da Yingua como “fato socal” Encontramos esse enfogue instrumentaista em alguns trabalhos que maream emergéncia da politica Tingiistica, Assim, Punya S. Ray, numa obra publicada ent 1963, insistia no carder instrumental da lingua, ‘consideraido que seu funcionament podia se apertei- nado pela intervengio ne esta, na gramitisa ou n0 lexico, Sua abordagem ora relativamentesimplist: por ‘um lado, pode-e avaiar a eficcia de uma Vidgua, soa rcionalade, sua normlizagio e por outro, perfigo- a a lingua a partir desos diferentes pontos|de vist, ‘como ge troca una pega defituosa de uma miquina, ‘Essa maneira de considera @ lingua domo um instrumento que pode ter o funcionamentoajereigoa- do é passivel de ertca, mas acontece que o problema da avaiago (neste caso das lingua, mas tarsbém das situagieslingistics)estard no contro ds peflexdes prévias a ume intervengéo plansadora. Cos O grit de eficcia de uma Lingus? Bsa qu esta no centro da intervengio de Ray, est trident mente mal formulada ¢, portant, fica sem fesposa Una Mngua nfo 6, em si mesme, racional qu efcaz; ela respon ou mo a necessidades socias, ba segue cu nfo a proressio da demanda social. O prphlema é saber em que media a organzasi ingstion de uma Sociedade (as linguas em contato, seus dorpinios de tuo ete) responde as necessidades de combunicagéo dessa sociedad, mas essa abordagem era diffmente 1. Panga §, Ray, Language Standartzaton| Sadist Prive Linus, Hayes Mote, 1985. {magindvel no inicio dos anos 1960, diante da ausén- ~ cia de formalizagio da sociolingistica nascente, ‘alto ‘lie situa na mesma linha go propor, era 1968, uma “introdugio @ uma teoria do planejamento Tingistio™®, Certamente ele fiz, aque al, algumas e- feréncias& natureza socal da ingua, como que por obri- ‘co, mas para ele a ngua éessencilmente ur insu rento, no sentido mais anal Go term, um instrumento ‘que pode tersen funcionamentoaperfeigoado, sendo esta a tarefa do planejamento lingifstico. Em 1962, ele ja aprosentava essa posigo com veeméncia: ‘Una ven gu elinguné um intone, sipica qu ua ingua pdese ova leas eg, ead rihors dae novasingus podem seria &votale® ‘Mas como avaliar uma lingua? ‘aul imagina essa avaliagéo baseado no modelo do decatl, competigio esportva em que os atletasconcorrentesreeebem cto sndmero de pontos segundo seu desempenho em dex rmodlalidades diferentes. Mas essa metéfora nfo Ihe for rece os meas para avaliar globalmente una Kgs, clea eds a uma abordagem pontilhists, selecionando alguns dominios, demonstrando um dogmatismo sur- preondente, Assim, para ele, « ordem “normal” das palavras na frase 6a ordem sujeito-verho, a distingio entre mascufino, feminino ou neutro é inate absur 18. Wer Tal, urodaction 8 Thy of Language Planning pple: Angst Wilalle 1968.0 lvo vahs senda sega dea 1962 4, Value Tl, Pret Linguist They of Langage long’ In Horace Ba, am (or), Prt of te Ninth Congres fungus «Cambri, 195. Hal: Moston 1984p. 5 ae he rouncas uncoty ceserite deve ser alfabética e fundamentada m andlise fonolégiea etc, ¢ o papel do planejador ‘modificaro instrumento lingua para aproximé-lo normalidade, “O planejamento Tingtistico”, af ‘Tauli, “& uma atividade eujo objetivo ¢ 0 aperfeic mento € eriagio de Linguas”™, ‘Se as posigdes de Ray e Tauli, 8s vezes no lim absurdo, aproximam-se de um impasse, elas ddemonstram os lagas entre o grat de conceitu ao gual chegou a linglistica ¢ 0 modo de tos planejamento lingistico. Esse instrumentalismo se row possivel gragas a uma lingistica que anali lingua de um ponto de vista interno, fazendo abstr de seu aspect social, e suas posigées, as vanes ca ris, asinalavam 90 mesmo tempo 08 defeitos € ‘mitagbes dessa lingistica. ( leitor teré peresbido que, até aqui, 08 te6r do planejamento lingiistico pareciam se intere apenas pela lingua, por sua padronizagio, por “aelhoria’, ¢ isso ocorreu também por conta da| ‘seistica estrutural, de sus abordagem interna. Mi planejamento lingtifstico logo vai se interesser ‘outras questdes, passar dos problemas de forma| problemas de estetuto, evolugio paralela& da li tica, que lentamente ia se tornando sociolingtisic IV - O segundo modelo de Haugen Bm 1967, Heinz Kloss propos a distingio e “Yfnguas Abstand” (em alemo: “distancia”, " 15 Op cp. 68, sua faos mento”) ¢ “Iinguas Aushau” (em slemio: “desenvalvi- mento”): do um lao, as Knguas peroabidas como isola- + das, independents, ¢, do outro, aquelas que sio perco- como linguas résimas, de uma mesma fart ‘Tl diferenciagdo no deixou de repereutir nas ques tes de planejamento lingistico, Assim, 0 grego por exemple, lingua “Abstand?, como o basco ou o hinga- 1, nfo era considerado como interante dem continuum de variagbes, 20 conteivio das linguas “Ausbax” como 0 italiano, 0 espanhol, 0 portugués ou o francés, ou ia como 0 alemio, o dinamarqués, 0 inglés, 0 ho- ns; e esse diferena de status tem incidncias cla- +as nos problemas lingisticos dx Buropa. De fato, pode-se imaginer a divisdo dos paises a Comunidade eonémica Buropéia em dois grupos: um de inguas sermnicase outro de inguas roménicas; mas ogrego ¢ © basco ficam fore dessa classificaco.. Dois anos de pois, Kloss introdusiu ume distingdo entre 0 planeja- ‘mento do corms & 0 planejamento do status", que teria sepercussoes importantes. O planejamento do corpus se elacionava as intervengGes na forma da lingua (cxi- agio de uma escrite, neologis, padronizagéo...), en- quanto o planejamento do status se relacionava is in Aervengées mas fumgdes da lingua, seu status social € suas relagdes com as outrasFinguas. Assim, é possrel que se queira mudar 0 vocabulério de uma lingua oar ‘novas palavras,lutar contra os empréstimos: tudo isso 16. im Kos Abad Languages and Aube Lange ‘Anon ans 8 a Ros a elite rp Buin Repr, Que CRB, 1969. ‘enc 10 As pouiens ungulsrcas portent cfra do corpus poste an qu ‘Sequin modifar oss de wa nga, pec la 4 fungao de lingua oficial, introduzi-la na ett, & is se relciona a tars Ha iting amplfoucow Sieravelnenteo amp da pen ngs se i tanciounotvemente da eordage insted Sue dota de voce, CObservamos desde eto, na Heratara reve 30 planejamento lingitistico, uma tendéncia a aprestntar as {ivernas operates em trmos entices, por Hagen ug er 1989, retomou esa isto e a ‘integrou = seu modelo™. Sua apresentagao pode ser re- ‘sumida no esquema seguinte, que cruza as nogies de status © corpus com as nogies de forma ¢ funcao da li Roma (planejamento Tingitico) Sociedade | 1. Bata (lancia- | (processo de smeniodo | devise) stax) | SJientifiagto |») svaligio do problema escolhe de ume ‘ingua | &Codisleagdo | 4 Moternizagto (Glansja- | (Gadronizagao) | (desenvviment rmentodo | a)manscrigio | funcional) corms) | gréica 2) moderninag ia 1 Bina Hang, “Tbe Implemectation of Conus Pansing ‘Thonn Prat’ eun Cabaret ena), ‘in Language Pang, Inernational Pose: Haa: Mov, 188. 1) sintxe terminologia °) exco D)desenvelvimento ‘estlisticn Para ilustrar ese essuema, vejamos 0 exemplo concrete da Indonésia © primeiro estigio & constitut- do pela escolha de wna norma: identiica-seo proble ra (estigio 1a), a questéo aqui era saber qual Tingua seria a lingua do Estado e, neste caso, 0 malaio foi escolhido para substtuie a lingua colonial, o holandés (cetigio 18). Bssa decisio foi tomada em 1928, du- rante uma rouniao do Partido Nacional Indonésio, ou soja, bem antes de « Indonésia proclamar sua inde- pendéncia, Temos, neste momento precisa da histé- ria, um exemplo de politica Tingiistica que no pode sor posta em pritica, pois, como afirmamos, a planc- jamento precisa do Estado. Num segundo momento, essa lingua seria padro- saad nos niveis gréfico, sitético ¢ lexical (estos 2 2, ¢0).0 malsio ers, de fato, uma lingua veicular de {rmas flutuantes ¢ convinha fixarthe uma norma, ‘Ua ver resolidos os problemas formas, pasou se ses problemas funciona difusio da forma etbelecids, coreg, avaiagio (4). Mas € claro que isso 6 poderia ser feito depois da independncia, em 1946, ‘Finalmente, essa implementagio exigia que a is ‘ua fosse “modernizada”, ou sea, que fossem criadas 0 vocabultioe e estitstica neessrios ds novas fungies aque ela iri preencher. Desse modo, insprando-e pre- ferencialmente em palavras malias, ou em palavras de outrasKinguas lcais ou de ostras ngs asiaticas, © Komisi Bahasa Indonesia (Comité da Lingua a 5 rounens medio Indonésie) elaborou 0 vocabulério funcional da ‘mento lingistico esbocado por Hagen (do est I, e- colha de wma norm, so estigio 4, modernizagso da i Gus) se apresenta, aos mesmo tempo, como técnico) Darocritico: hé um decisor (gerakmente o Estado) q ‘scolhe uma lingua para preencher determinada fimcao (@ fungio oficial, por exemplo), que confa a espoc ‘asa tarefa de codificar essa lingua e que depois oper naliza sua esoolha (a lingua passa a se utlizada em rents niveis do apareiho do Estado: ensino, meias comunicasio eta), farendo eventuais corregdes na es03- Tha ete. Mas no ccorre em neniuma parte desse ‘ia a menor eritica em relagéo aos processos de deci ‘nenfruma sugestio de wna possivel consulta democtét a jumto as populates envolvidas on ainda de um Ee ae dos estigios 1 (escolha) ¢ (codificacio): se a lingus pertence aquees que a flan, ‘problema da lingua aparece aqui como uma «tuestio ‘Bstado, iso gera em algumas situagGes, como na ‘8,confites entre esse stu, os flantes da lingua. nal ¢ as minoriaslingitsticas do teretério, V~A contribuigio da sociolingitistica “nativa’ 0s téenicos do planejamento lingtifstico néo estave Dessoalmente implicados nas situagées nas quais in ‘ervinham: sen status era o do especialiste que obser va uma situagio, a avalia, faz propostas de mtdance 04 de reorganizacdo e, eventualmente, as aplca. Usii| elo que vimos até agora, os tedrieos e, as a sando tama metéfora médica, eles agiam como um ci- rurfido que abre um corpo, constata 0 mal e opera. A coriginalidade da contrbuigéo dos socolingtistas cata ies, occitanos ¢ erioulétonos se deve ao fato de que, nesses casos, o cirurgio era também o paciente, ¢ de ue teoria ¢ priticaestavam esteitemente ligacas, ‘A situagio da Catalunha, sob o franguistuo, po- deria ter servido de exemplo a Ferguson, quando ele apresenton sex conceito de diglossia: o espanhol era alia variedade alts, a Kingua do Estado, da escola, da justga etc, enquanto o catalio, variodade baixa,esta- va reservado & comunicacio familiar, intima. Mas Ferguson tinha uma visio esttice da diglossia, que ‘ele aparecia como uma repartigio funcionsl harmo- nioss dos usos, ¢ é precisamente essa visio que serd ‘questionads pelos linghistas “nativos”, ou sea, aque les oriumnos de situagdes diglssices, particalarmente Robert Lafont, no lado dos occitanos"; Lambert Félix Prudent, no lado dos criouléfonos” ¢ Lluis Aracil, no lado dos catalies", Bles afirmavam que & diglossia nio era uma cooxisténcia harmoniosa entre duas va- riedades linglisticas, mas uma situagéo contlituosa entre uma lingua donsinante e ums nyu dominada, Ora, de acordo com Linis Araci, esse conflito s6 po- deria levar a duas situagées: ou a Tinga domineda desaparece em favor da lingua dominante (0 que ele 1S, Robes Ltt, “Un probe de culpa sot 1s idole fancoczlane’ Langue Prange, 8, 1971 20 Lambert lx Prades, "Dios et net nage, 3° 61, 1881, 21 Us Are, Coxe gist Forman igi ropa nove, 1885 (ero rere, mimeo) e182 (vero eat). a se rounens Uncoaricas cama de substitigaa), ou ela reeupera suas fungdes€ seus dititos (0 que ele chama de normalizagao) sa abordagem dove ser situada numa syéise de tipo eletromecinico das situagées lingtistcad, que considera o binomio linguas/sociedade com um hhomeostats, ov sj, como um sistema que Fuioga no ‘modo da autoreguagio. Aracl propunha a distiugso entre as “fangées sociais da lingua” ¢ as “fizngéeks lin- Sopot cals dois grupos desembocar na substituigio ou nf nor- nalizagio. No primeizo caso, quando as funge I {isticas da sociedad nio encontram resposta| a= dla nas fungées sociais da lingua esse défcit nun dos cconjuntos rie, por “feedback positivo”, um déficit das fungées reefprocas no outro conjunto ¢ essa ampliacio resulta, pela multplicagdo do défcit inicial, na stbst- gaa. No segundo caso, a0 coatzicio, 0 déficit provo- ca, por “feedback negativo”, uma regulagao, ma antocorrecio ot um esforgo compensatério entye as fangées lingiisticas da sociedade e as fangbos sofiais da lingua, o que leva & normalizagto, Nesses aspoptos, «a sociolingtfstica cataléfornecea 2 politica lingitica vinda da América do Norte um quado tedrico qup Ihe faltava, fazendo a ligagio entre as situagBes lingist- ‘as (a diglossia, por exemplo) e as situagées sociis, Esse modelo eletromecdnico ¢ originalmente es- ctitivo, explicativo. Mas a nogio de normalizagad lin ) oe) ae + + ffs) cia ‘Bsas tentativas de equacionsr os stuagBes pluri- ee tng bem fanco an oto ime deca See © A esa ds abuts de Stowar nem sem 2 |: [2 | se pre éevitente, Des manit, diet que 0 Erioulo nfo possuio trina “autonomia™ (porque se deve esclarecer “erioulo de base lexical francese, inglesa, portuguesa” eto) provém, em parte, da ideologia: por que se- tia necessécio especificercrioulo francés para ‘uma Kingua falada nas ilhas Seychelles, por ‘exemplo, eno lingua romanica para 0 fran- cés ou Hingua germénica para o ingiés? Néo hhaveria por teds desse apresentagio a rectus ‘em considerar os crioulos como linguas ple- ‘nas o uma maneira de abordar as Kinguas do pponto de vista do senso comam em detrimen- to da perspectiva cientifica? ‘« Ceztas clasificagdes eavelhecem rapidame: te (0 crioulo haitiano seria, por exemplo, con- siderado atualmente como padronizado ¢ ‘muites Ifnguas africanas teriam, em vinte ‘anos, mudado de classificagao), o que suscite problema da dimensio histrica dessas fr smulas unicamente sincronicas. ‘© Certas fungdes no sto avaliadas de mancira precisa. Assim, existem linguas “oficialmente oficiais, como o gasico na Irland, cujo states “ x rouneas unser real é nul, ¢ Iinguas sem fangdes oftciais, podem desempenhar entrotanto wm papel Portante, como o francés na Tha Mau II As propostas de Fasold Bssa abordagem ilustrada pelos trabalhos Ferguson ¢ Stewart foi deivada de lado durante my} Primeiro, ele resumiu os textos de Ferguson e de que acabamos de citar; em seguida, retomou o prob ma de um ponto de vista ligeiramente diferente: — por um lado, ele destaca uma carta de das fngGesassumidas plas inguas, no 6 quer lingua que pode asumix qualquer — por outro lado, ele raciocina unicamente termos de atributos ede fangses, de modo, uma lingua deve possuir certs atributos preencher determinada fungio, Seu ponto vista é resumido no seguinte quadro: tempo até que Ralph Fasold a retomasse, em nk ‘Ateibutos sociolingisticos requeri tical 1 = padroniagéo = Uillads eorretamente por cata simere de cidadios excolaizados facionalista | 1 slmbolo do dentidade nacional para ‘uma pare importente de populate 2 anplamente utinads on comunics (0 eotidana mp ¢ feientementefalada no 8. Ralph Patol, The Salllguitcs of Seep, Lon Blackwel, 1904. ss TwoLosts OAS sITUNG Bes euuMUNGOEs o 4 sem alteroatva mslor 20 pale pra a tess fungéo 45 = scritavel como sinbolo de eutentici dade 6 Higada ¢ um passe gloiowe fae grapo | 1 tlizada por tofos na comveranio freieaar nversacional | 1 presente na Tsta das Inteaacionss poten colar ‘pedronizagi igeal ov malar do gue lingua dos alunos lions cléeica ses tributes, cujapresenca garante que deter- rminada lingsa possa preencher determinada fungio, criam, no entanto, alguns problemas; partcularmen: tw 05 dois seguintes: =O atebuto “cldssico” necessério para qe ua lingua possa preencher a fungio religios provém de tuna carta concepeia de religio.O que dizer, por exem- plo, da lingua do vodu? Ow das linguas afticanas de Iniciagio? E pouco provivel que o autor as considere com linguas elisicas, o que demonstra ma concep- Gio limitativa da religio. — A lista das “linguas internacionais poten- ciais” de Fasolé€ instrativa: dle cit, de fat, 0 in- flés, 0 espanhol, o russo, 0 alemdo, “perhaps Mandarin Chinese and maybe one or two others? 10. Op. ep 78 “ ss pounens unclsncas (Ctalves.o mandarin ¢ quigd mais uma ox duas lia- fuas mais"), demonstrando assim grande cegueira quanto a nguas como o drabe,o su, 0 guichua, 0 bambara, 0 malaio etc, faladas em vérios paises portanto, no sentido propzio do termo internacionais. "Teme agai aimpressio de que Fesold considera como internacionats apenas as aguas edmitias como Kn- {gous de trabalho na ONU ou na Unesco: em ves de dar uma definielo univoce da nogdo de Kingsainter- nacional, o que Ihe permitiia classificar sem embi- ifiidade essa ou aquela Kingua nessa categoria, ele Ssanciona o resultado de uma relagSo de forgas, de tum momento da hist6ria No entanto, aida de cruzamento entre atributo « fungdo era interessante, ¢ previsibilidade, assim postulada, podesia ter encontrado uma solugio no lominio do planejamento lingistico. Vejamos, por fexemplo, a apresentagio de Fasold da situagio do ‘hind, 20 questionar-se sobre a possibilidade de esta Jingua vir @ ocupar a fumgio “nacionalista” na Inia a “Unidade sociopotitice: fndia Punglc: nacionalista ‘Lingo: indi Atributos requeridos Atributos possuides 1. sinbolo de identidade nacional +h 2. lngsmente utiliza no eatidiano +/- ‘3. ampla e feqitentementefelada no pais +/+ 44. som slterativa maior no pais : 5, aceitivel como simbolo de autentcidede + 6 ligada a um passedlo lorioso +h ps rrovocias was stuagees uniuncods 0 (44: significa que © atributo 6 possufdo unica- monte por uma parte da populagio: + para os falen- ‘tes do bin, - para os outros) ‘Bssa apresentacSo nos evaria a coneluir que o indi temporcas chances de chegar a preencher a fungéonacio- ‘nalista na india... Pereebe-se o interesse, se essa shorda- gem fosse mais bem trabalhada, de estabelecer fichas para todas as linguas de um pase para todas as fungbes ‘potenciais dessas Knguas. Mas temos a impressio de que, spss as intervengles de Fasold no debate, essa vertento de peaquisa foi mais uma vez sbandonada, I-A grade de Chaudenson [Na década de 1990, Robect Chaudenson tentow claborar um instrumento de medida e de comparagio do status ¢ do carpus da Kingua francesa nos paises da francofonia™. Sua sbordagem consistia em situar os diferentes paises anslisados a partir das fungdes (ou status) e dos usos (ou corpus) de uma lingua (no caso, o francés, mas pode-se, como destaca o autor, seguir 0 ‘mesmo procedimento para qualquer lingua: inglés, ‘espanol etc); esses paises aparecem representados ‘por pontos em am grfico bidimensional "claro que o problema aqui é saber como medir 0 status (eonsiderado por Chaudenson num sentido lssico) ¢ 0 corpus (definido por ele como 0 volume de produgio Tingiistica realizado na lingua e « natureza “Raber Gaudeson Ls francesa al, perspectives, Aien-Provenee Innitat etnies créoles ot Feancophones, 180 so rs rounens Ueber dda competincia linglistica dos falantes). O autor és um modo de cotagdo complexo, levando em cok fs seguintts entradas (nos reportaremos a sou te} para os valores numéricos atribuidos a cada entra A. Status 1, Oficalidade 2, Usos “institucionalizados” 3, Bducagao 4. Meios de comnicagio de massa 5, Setor sectindério e terciio privado B Corpus 1) apropriagio lingtistica 1b) vernacularidade / vernacularizagio ve veicularidade / veicularizagio ©) 08 tipos de competéncias 4) produsio e exposigdo lingisticas ‘Vejamos o resultado dessa avaliagdo aplicada ‘és paises: Ruande, Madagascar e flha Maurie 100 Gl seegeasss 10 7 30 40 0 60 70 80 80) ioe no fs ta to sk: ‘as TPOLOGIAS DAS SITUAGOES PLURINGUES a © interesse dessa sordagem consist, evidente- mente, no fato de que ela permite refleti sobre a situa {ao respectiva dos diferentes paises no espaco francéfono, sobre os reagrupamentos que ela revela- fia no grdfico ete, Maso valor de um gréfico assim 6, obrctuo, didétio, porgue ele visualza of roslta- dds do uma andlise, permite apresentar oconhecimento ‘eno adguirtlo:o conherlmento que tems na parte Superior a grade se encontra na parte inferior, mani festado de maneica diferent. ‘Outrawilzago possivel dessa grade consists em considerat as inguas em rlagao a um pats © nto mais tim paisem relagio a una Krgua, como no teabalho do aso. Para intra iso, considera cade Xongua sob {res pontos de vista: fe seu rau de ws, isto 6, a poroentager de falan- testo pfs considerado (corse Chasdenson); “esex rau de rconhecimenta isto 6, grax de of Ginlidade da Vngua (o status de Chawdenson); seu grau de funcionaidade, isto é, as posstil- dades que a Kogua tom de preencher a8 fun- ‘es destnadas « ela (que pode se aproximar da relagio atcbutos/fungdes de Faso). _Apenasos dois primes termos (frau de so ea de eoonheciment) serio leradosem consideragio no ge- $c. 5 dep, 0 nas qustionarmos, a parti Go grafico, sobre estatégis de planelamento lingtstion € que 0 ‘lema do grau de fsncionslidade ser leva em conta, Por enguanto,o nas sizpls€astrar este onto de vista cam dois exernpos 0 do Marrooes eo do Mali Acompa- ‘hei pr alto o modo de iran de Chaudenson no que dit respete a status” (ogra do recoabcimento) ras si fe c “ ‘ st 5 rouncas umetlsreas| plifiqeioprocedimento no que di respeit a “corpus” (0 a de so) levando simplesmente er conta a avaliae 60 (que me 6 propria, pois nfo dispomos de mentum némero oficial sobze esse assunto) da poreentagem da populagiofalante das diferentes linguas em conto, CConsideremos oaréfico do Marrocos: tes linguas coexistem no pals com status diferentes 0 érabe, 0 berbere eo franc, © podemos ver quo elas eparecem cm posiges extemamente contrastantes no quadzo. O frabe tem um satus ¢ um corpus de valor sensivelmen- te igual (ele 6 ilado por corca de 90% da populagio © tem o satus de lingua oficial), ofranots tem um status ais importante que se corps, o berbere est em situagio inversa (Falado por aproximadamente 50% da popuiagio, ele nfo possui nenkm status fica) 00 * . 2 debe 7 ©] tants ao) « 2 » a beers ° 0 1 0 © a 7 1 H ‘Aaa do aoa Quanto a0 Mali, a situagéo 6 igualmente contras- tante, mas de maneira diferente: o songhai, o peul e o ss nnoiocias 4s sirunghas rumulnedes 2 tameshed (sou ctando apenas as quatro prncinisHn- fas do pais, mas indas as outraspoderim costar neste fio) tm um tats um corpus de igual vals, poréa frac; barbara tem wn corpus reito mais important ue seu satus 0 francés coneee a situao inverse: gesgsase Qual pode ser a utilidade destes grificos? Eles ‘nos permitem ferer uma leitura imedista da relagio entre status e corpus para cada uma das linguas ¢ as- sim avalir a situagdo lingistica do pais. Se conside- rarmos, de fito, que de mancira geral 6 desjavel que uma lingua possua um status correspondent a seu corms, temo tréssituagbestesrcas: 1, das linguas que se encontram na diagonal (ou Sef, as Knguas para as quis satus = corzus). B dlaro que elas podem se stwar mais no alto ou ‘menos no alto nessa diagonal, dependendo de sua condi de Kinga de uniicago nacional Corpus préximo do valor maximo: érabe no Mareceos) cu rgional (0 peal eo songhai no Mali); 2, adas Iingues que se encontram acims ch ffonal (como 0 francés no Mali , de mane menos clara, no Marrocos) e que possum status superestimado; 43, a das Hinguas que se encontram sbaixo fa diagonal (como o berhere no Marrocos) e que tim, portanto, um status inswficiente, pal visuslizagdo da situagto linguistica desir pode asim: tradigbes ou a coeréncia entre os rms de uso ‘evonleimento das Hinguas em contato; 2. permitr representer, no plano diacrOnicp, @ ‘proluedo esperada de uma situagao ap6s 4 i tervengio planejadors. emos aqui um instrumento} ate fixando a pottca de reonganizagto Hingistica d pla”, segundo a qual o francis e osango passiram reer an dons Linguasofiiats do pas. F possivel avs 4 situagio dessas Kinguas, em termos de grau de de grau de reconhecimento, no momento da indfpen (déncia do pais © ap6s a intervengio dessa nova polit ca lingtistice: "e No momento da independéncia, o francés (no réfico: francés 1960) tinba um grau de reco Shecimento maximo, nica Kingua de pémi- Distraglo, de escolarizacéo ete. ¢ um gypu de 08 ys TroLoaiAs OAS SITUAGBES LIRILNCUS ‘uso que pode ser estimado em torno de 10% de falantes, enquanto 0 sango (sango 1960) ‘nha um grau de roconhecimento nulo ¢ um frau de uso que pode ser estimado em aproxi- rmadamente 80% dos falantes. ‘e No ano 2000, se a politica pretendida tiver feito, pode-se estimar o francés com um gras. de uso em ascendéneia devido ao progresso da escolarizacio (hipoteticamente em 20%, pela necessidade da demonstragio), 0 sango jqualmente em progresso (90%), com as dias lingas dividindo entre si o status (50/50); 0 que posstbilitaria 0 seguinte grfico: feats 1060, 1 ygsgeeses 0 1 m 0 0 9 70 HO eis Canosa Percebe-se que, nesta hipStese, o francés desceria ¢0 sango subiria para a linha diagonal, mas qu, at dda assim, a situagdo no corresponderia a0 desejével {corpus = status). Se 0 corpus do francés aumontasse, co higar da lingua se aproximaria da diagonal, mas para se ‘routers umelsricas {que 0 sango fizesse 0 mesmo deslocamento seria ne~ cessério aumentar o seu status (em detrimento do francés). A avaliagdo sociolingistica termina aqui e ‘enteamos no dominio das escolhes da Replica Cen- ‘tro-Afticana: dar, por exemplo, a0 sango um status semelhante a seu corpus implicaria tirar do francés ‘seu status de Kingua oficial e isso levanta outros pro- Dlemas que nio afo da algada do lingtista, Contudo, ¢ isto condi agora ao graw de funcio- nalidade, so diante de tal gréfico um pais decidisse intervir sobre o grau de reconhecimento de uma lin- gua, para tentar aproximé-la de seu grau de us, su- dea questfo de saber so tal lingua esti equipada para preencher essa funcio, Como delimitar essa nogto de ‘rau de funcionalidade? Nesse caso, o melhor é partir da idéia de Fasold de que certas FungGes implicam cer- ‘tos atributos. Mas Fasold expunha 0 problema em ter- 0s estatstcos: tal lingua possui ou nfo esse ou aquele atributo e portanto pode ou nfo preencher determina- ‘da fungdo, Meu ponto de vista & muito mais dindmico ‘pode ser formulado da seguinte maneia: se quere- ‘mos que tal lingua preencha tal angio, o que é preci= so farer entdo para equip la? Utilizando um exemplo simplista 6 evidente que para introduzir uma lingua no sistema de ensino (ou seja, transforméla em gua de escolarizagio), é necessério primeiramente dar- The uma transcrigdo, alfabética ou outts, darthe uma norma, forjar unia terminologia grametical ete. E isso ‘nos conus a reflexSes eminentemente priticas sobre a rolagio qualidade/prego desse equipamento ox s0- ‘bre a zelagio custo/beneficio. Se temos, por exemplo, diante do que eu chamaria de um “gréfico de avalia- ‘hs rrococas ons ssuagbes rules a lo da situagio lingiistica”, imimeras possibilidades de politica lingistca (aumentaro grau de reconei- mento de uma, duas,inimeras linguas, por exemplo), ‘um dos crtérios de escolha a ser levado em conta po- deria ser a telagio entre custo da operacio ¢ o benefi- cio social decorrente. ‘Nos exemplos mencionados acitsa, fiz referén- cia, para dustrar a utilizagio desse grifico no do- ‘minio da politica lingifstica, a uma agdo sobre 0 frau de reconkecimento das linguas. Mas evidente- mente 0 contrério também & possivel,e pode-se as- sim tomar a decisio de intervie no grau de uso das lingua. Os grupos minoritérios que lutam pela s0- Drevivéncia da sua lingua, eriando, por exemplo, ‘eseolas privadas nas quais ela seja ensinada, empe- nhando-se em transmiticla as criangas etc, nio fa rom nada além de tentar agir sobre o grat de uso dessa Hingua. Isso significa que temos dois estéigios sucessivos de reflexao: a escolhe de um tipo de agio (Gobre 0 reconhecimento ou sobre 0 uso) e a deter- minagio do equipamento necossfrio a lingua n0 dominio da funcionalidade. Bntretanto, meis uma ven, iss0 ja nio estd no dmbito da anilise sociolin- siGtica, mas no das decisdes politicas. Percebe-se que essas proposigies slo langamente programéticas € que convém agora seguir a reflexdo € 4 experimentagio com ase nestes dois pontos: ‘© Como medis, de maneira univoce, ogra de uso © ograuderecnhecimento de um Vinge? ‘© Como determinar, de maneira precise, 0 que ‘constitu a funcionalidade de wma lingua? De modo mais geal, os modelos tipoéicas que presentamos neste capitulo estéo Tonge de esgotar 0 que conviria saber sobre uma situagio para pensar ‘uma eventual politic lingitstica. De fat, para elabo- rar um modelo capex de elucidar a complexidade das situagées, seria conveniente considerarmos diferentes fetores, dos quais a lista soguinte nos dé uma idéia: 1. Datlosquantitatvos: quantaslingsasequantos falantes para eada usa dela. 2, Dados juridics: status das Knguas em conta- to, reconhecidas out nio pela Constituigao, utlizadas ou nio na midia, no ensino ete 3, Dados funcionais: linguas voiculares (6 sua taxa de veicularidade, inguss transnacionais (aladas em diferentes paises frontetigos);lin- uns gregrias,linguas de uso religioso etc. 4, Dados diacrénicos:expansio das inguas, taxa de transmisséo de uma goragéo a out ete 5. Dados simbticos: prestigio das Kinguas em contato, sentimentos lingiisticos,estratégias de comtnicagio ete, 6, Dados conflitisis:tipos de relagbes entre as linguas, complementaridade funcional ou con- corréncia ete Podeios pereber que se fc, por um lado, me- dir ou delimitar os quatzo primeitos tipos de fatores desde que, evidentemente,sejam fits a pesquisas ne- cessirias, por outro, os dois iltimos so mais comple- 205 ,sobretudo, dificeis de introdusir em wm modelo Aicotdmico, Mas, pelo afi de apresentar esquemas bem ‘hs THrOLOGIAS OAS srTUAGDES FLURILNGDES 30 ‘construfds, corremos 0 riseo de sacrificar a preciso ‘em prol da elogincia. A grade de Chaudenson, por ‘exemplo, integra com facilidade os fatores quantitati- ‘vos ejuridicos, mas no deixa nenhum espago aos fa- {ores simbdlios ou conflituais. As propostas de Fasold Integram os dados funcionais¢, em certa medida, sim- Délicas, mas néo dio conta do fator diacronico. De fato, todas as propostas de Ferguson, Stewart e Fasold apresentam uma visio estética das situagdes que, no entanto, esto em evolugio perpétus, tanto no plano cestaistico (niimero de falantes, indice de transmissio tz) quanto no plano simiélico. Ora, a avaliagao prévia a determinagio da polftca lingistca deve necessaria- ‘mente levar em consideragio as evolugdes em curso. Porisso ébem provavel que surjsm novos modelos, mais ‘completos, mais eficazes, passando, talvez, por outra abordagem, Podese, por exomplo,imaginar wm modelo informatizado que, alimentado regularmente com no- ‘vos dados, forneceria “on line” unva avaliagio dinami- ca das sizagbes. ‘Vése queareflexto sobre assituagbes de plurilin- ‘lismo nos remete a lingua de maneita muito mais rica, Nao se trata mais, nesse caso, de agir sobre o “corpus” para katar contra empréstimos ou para mo: Gernizar a Kngua, por exemplo, mas para torné-la funcional, a fim de que possa desempenhar o papel que se espera que cla desempenhe do ponto de vista do status. E essa passagem do ponto de vista do corpus ao do status, mesmo que essa dicotomia seja muitas vores dificil de ser mantids (corpus ¢ status esto freqientemente muito imbricados, o grau de equips mento de uma lingua, por exemplo, estando emt rela:

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