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§ E PRATICAS PEDAGOGICAS DE ENSINO DE A: IMPLEMENTACAO DOS PCNs NAS SERIES INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL Michele Cristina Moura’ Selva Guimaraies Fonseca’ trabatham, lutam, e se aperfeigoane a si mesmo (Antonio Gramsci). e artigo é fruto de uma pesquisa desenvolvida no periodo de 001 a agosto 2002, financiada pelo CNPq (Conselho Nacional Ivimento Cientifico e Tecnoldgico), da Universidade Federal dia, Trata-se de um estudo integrado ao projeto de pesquisa Saberes pordficos escolares: representagbes e priiticas pedagigicas, veiculado ao Estudos ¢ Pesquisas em Saberes e Praticas Educativas do Pro- flestrado em EducagSo da Universidade Federal de Uberlandia. fomamos como ponto de partida nesta investigagdo algumas que se constituiram eixos norteadores para o pleno desenvolvi- pesquisa. Ressaltamos que as mesmas constituiram o proble- al desta investigagio e podem ser assim sintetizadas: Quais as idades implicitas e explicitas dos Parimetros Curriculares Naci- edagogia e Mestranda em Educacio pela Universidade Federal de Uberlindia, ipmail.com.br di Faculdade de Educagio da Universidade Federal de Uberlindia (UFU/MG). Joio vil, 2160, Santa Ménica, Uberlandia-MG, CEP: 38400-000, selva@ufu.br 59 um universo de trés instituigdes escolares da rede de ensino da‘! ‘tele cidade, sendo, uma escola publica municipal, uma péblica estadual: + privada. O critério mais relevante na escolha dessas escolas foi o institucional das mesmas, ou seja, optamos por escolas de diferente mas educacionais. Sao elas: Escola Municipal Professora Stella Saraival Escola Estadual Enéas Oliveira Guimaraes e Colégio Marista Champ: Buscando respostas as nossas interrogac6es, analisamos de Histéria- primeiros ciclos do Ensino Fundamental, os currfcul ais de Historia do Estado de Minas Gerais e do Municipio de da mesma modalidade de ensino, os curriculos das escolas seleci entrevistamos um grupo de trés professores(as). A anilise do Currfculo Nacional, tanto dos objetivos, tetidos, da avaliacao, das orientagdes didaticas e das formas, permit desvelar dos fins sociais e culturais que o permeia, assim como das] erlucarivas criadas em torno de Sis pelas quais os contetidos currict por diversos tipos de praticas. Nosso estudo esta dividido em partes distintas, porém! das. Numa primeira parte, faremos uma abordagem referente 0s " Carticulates Nacionais e o ensino de Histéria. Em seguida, ape 5 mos as quest6es formuladas para as entrevistas realizadas na p campo. Nessa ordem, teceremos algumas consideracdes sobre g6es escolares pesquisadas, faremos uma andlise conclusivae fi 2 referéncias bibliograficas. Parémetros curriculares e 0 ensino de histéria O discurso educacional brasileiro, principalment anos, tem enfatizado a necessidade do compromisso da escola truco da cidadania. Nessa perspectiva, hd uma demanda educativas voltadas para a for macio de cidad3os capazes de se como sujeitos sociais e histéricos, transformadores e participati cesso histérico da época em que vivem, De acordo com Caimi: 592 St hd algumas décadas, a educacéo tinha um caréter adaptative, concebendo — se que bastava a transmissio e assimilacao do conbecimento social e historica- mente produzido, hoje as praticas escolares ¢ atadémicas precisam voltar — se para o desenvolvimento do pensamento critica e reflescivo, valorizanda aspectos como flexibilidade, antonomia, capacidade de questionar padroes sociats ¢ cuthu- ras, entre outros (2001, p. 14). _ Assim, neste contexto, o ensino de Histéria assume um papel de ortancia na formagao do homem, na medida em que constitui-se 0, possibilitar o entendimento de si e do mundo em sua e, pluralidade e dinamismo, despertando por fim, nos alunos a, mais do que nunca exige-se um professor, enquanto agente rocesso educativo, dotado de saberes multiplos. Requer também cepcio de Histéria como processo, como construcao histérica, um na relagio dialética entre passado/presente, realizado atra- logo com o vivido, da incorporagao das diversas linguagens e (0. de conhecimentos histéricos. Dessa maneira, ¢ recorrente na historiografica e académica a possibilidade e a necessidade de do com o ensino da Histéria Tradicional, factual, linear ¢ pro- que privilegia conteidos compartimentalizados, cristalizados, beres prontos e acabados, desprovidos de historicidade. Paraa maioria das (mais recentes) propostas curriculares, 0 ensino de Historia isa contribuir para a formacdo de um cidaddo ‘critico’, (...) tem 0 objetivo bésico fazer 0 alino compreender 0 tempo presente e perceber-se como agente ‘sotial capaz de transformar a realidade, contribuindo para a constragao de wnia rou os Pardmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Fun- megando pelos dois primeiros ciclos, que compdem as quatro ies. _OsPCNs foram elaborados num contexto politico internacional de nacionalizacio de curriculos. Para uma melhor compreensio 593 desse processo de padronizagSo curricular, fazemos mengio ao Art Lei de Diretrizes e Bases n. 9.394/96, que expressa claramente e postas que respondem a ordem politica neoliberal conservadora. Ve} o que determina a LDB: da weal da cultura, da economia e de clientela. Podemos ainda justificar esse discurso em prol da nacion de curriculos através das mudangas histéricas no mundo do tra se refletem direta ou indiretamente nas politicas educacionais, redel propostas curriculares e consequentemente na organizacao (ele conhecimento escolar. Para o Governo Federal, esse discurso é justificado com | necessidade de possibilitar a todos 0 acesso aos conhecimentos unly através dos temas transversais, 0 acesso as alteridades culturais, geogratita politicas locais. Constitui-se, portanto, um avango democratic named em que brasileiros em idade escolar de todos os lugares do pais passa usufruir de um referencial comum de conhecimentos. Ao nosso ver o que é comum a tados, ou seja, 0 referé versal para o ensino fundamental, deve se expressar também oa desenvolvimento de capacidades que assegurem uma focmage tm sto dotados de um carater /leocivel, na medida em que, as escolas larem suas propostas curriculares podem e devem levar em ¢o te, efetivando assim um ensino contextualizado e voltado para: dades da comunidade. Ou seja, a escola deve estar atenta ao cut cifico que atenda as singularidades sdcio-culvurais e historicas. Nés, enquanto educadores(as) ou futuros(as) educa mos a responsabilidade de elaborarmos coletivamente projeto pedagdgicos que considerem as diretrizes oficiais, mas ndo. Assim, temos a possibilidade de construirmos um curriculo que possa ser utilizado, de fato, como instrumento socializadot cimentos culturais produzidos pela humanidade, e que incorpo os valores e a histéria dos grupos silenciados e marginalizados, 594 ensamos que seja possivel, a partir da fungao social que cada npenha, minimizar as diferencas de oportunidade a partir deste lacional, pois, cada crianga ou jovem brasileiro, mesmo em lo- infra - estrutura e condigdes desfavoraveis, deve ter acesso soja, de auciliar na reflescio e na formagio de cidadaos. Mais que isso: mar cidadaos criticos, conforme te sido defendido nas propostas curriculares f partir das consideragées feitas pela autora, podemos, entdo, nos estionar se as atuais propostas curriculares que se propdem a yelto construtor do conhecimente histérico, que compreenda s sociais em sua complexidade, tém produzido i impactos; ou seja, i Moreira, no momento da produgio e discusséo dos PCNs, anali- es relevantes em relacio 4 implantag%o de um Curriculo Nacio- autor a implanta¢ao implicava sobretudo em: Privilegiar os discursos domrinantes ¢ a exciuer das salas de atla, os discursas € 98 voxes dos grupos sociais oprimidos, vistos como nado merecedores de serem onvidos no espaco escolar (1996, p.34). discurso oficial que intencionava a construgao de uma socie- jocratica, a producio de escolas, educadores e estudantes com- com a emancipacio de individuos e grupos oprimidos, nao se odiscurso pedagdgico académico. Neste sentido é importante resistencia dos pesquisadores ligados 4 ANPEd - Associagio al de Pés-Graduagio e Pesquisa em Educagio. Focalizando esta critica do autor, se faz necessario enfatizar que a ) curriculo apesar de exercerem a fungio reprodutivista da cultura (valores, tendéncias culturais e econdmicas), na qual o sistema 595 vigente é legitimado, a escola é também uma espaco de produgaod res, valores e idéias capazes de desenvolver relagdes que questi¢ modificam estas relagdes de poder que perpassam o cotidiano es Fonseca elucida de forma clara o papel que 0 curti nesta veiculacio de ideologias, de propostas culturais e pedago: gundo a autora, 0 curriculo como discurso age, especialmente, no proces a0 continuada, no pensamento das professores ¢ da breracracéa escolar (199 Sendo, portanto, o curriculo nacional um documento uma politica educacional, marcadamente, neoliberal conser yadoi em que as relag6es de poder sio experenciadas e configuradas praticas, discursos e trabalhos cotidianos da escola. Dos caminhos percorridos na investigagao 1 Dados de identificacdo da escola © Denomina¢io: ¢ Endereco: ¢ Bairro: 1.1 Localizacio da escola no municipio © Localizacio ( )central ( ) periferia ° Zonas de localizagio F ( )residencial ( —) comercial ( 2 Dados referentes aos PCNs * Quando e como a escola recebeu os PCNs? * A instituigao escolar teve alguma participacio direta ou sulta (solicitaco de pareceres sobre a versao prelimin parte da SEF/MEC) ou elaborac4o dos PCNs? 596 ea esta se organizando para elaborar projetos educativos, entos de aula de acordo com as diretrizes contidos nos parametros? ‘No primeiro contato com as escolas investigadas, ficou evidente sisténcia de alguns professores(as) as pesquisas da Universidade. mente, a Escola Estadual Enéas Oliveira Guimaries, expressou for- e fator. Observamos que a instituic3o se constitui-se um espaco debate, A discussio e ao didlogo com a comunidade universitaria. la Escola Municipal Professora Stella Saraiva Peano, foram ne- quatro visitas para que a entrevista fosse realizada na sua totalida- Jado, ou seja, o limitado acesso ao interior das escolas, acabou por osso objetivo de analisar, de forma mais ampla, os saberes e as pedagdgicas desenvolvidas no ensino de Histéria, pois, para se ar e compreender os saberes e as praticas pedagdgicas é pre- mdo curriculo oficial e das vozes dos profissionais. _ Em contrapartida, o Colégio Marista Champagnat nos recebeu agentileza, se mostrando aberto aos nossos questionamentos eendendo a importancia e relevancia de nosso trabalho, contribu- forma significativa para a concretizacao de nosso estudo. Chamamosaaten¢io para um dado que julgamos imprescindivel es¢ a analise dos curriculos de Histéria dos dois primeiros ciclos Ensino Fundamental das trés (3) escolas pesquisadas. E importante di- denominagio utilizada pelas escolas investigadas se diferem entre aescola “1” se refere ao Curriculo como Plano de Curso, enquattto ” denomina-o como Planejamenta Curricudar, @ por Ultimo, a esco- efere-se ao Curriculo como Proposta Curricular. - Através dos discursos dos sujeitos entrevistados, percebemos ieapesar das escolas usufruirem de uma determinada autonomia para 597 elaborarem suas propostas pedagdgicas, as mesmas em geral, reprodud de forma mecinica os pressupostos ¢ diretrizes dos Governos Fi Estadual e Municipal. Estas escolas serao identificadas respectivamente com 1; Escola Municipal Stella Saraiva Peano; Escola 2: Escola Estadh Oliveira Guimaraes; Escola 3: Colégio Marista Champagnat. 3. Das Resittados A escola 1 faz parte da rede municipal de ensino de Ube MG. Atende alunos do ensino fundamental, isto é, 1° a 8" séries. A cio atende individuos da “classe média - baixa” e “classe trabalhad nos perfodos matutino, vespertino e noturno, funcionando ha va em bairro da periferia da cidade. No inicio da entrevista a Diretora e Vice - Diretora s que os (as) quatro supervisores (as) ‘eniane maiores informagtes obi pesqutsada... Mas, apenas uma supervisora se dispés a ser entrev De acordo com a entrevistada, os Parametros Curt ram recebidos em 1999, enviados diretamente pelo Ministér cio - MEG, ea partir dai a equipe pedagdgica repassou os mes educadores e procurou orienti-los em sua utilizagéo. Porém, que ha grandes dificuldades para implementar e incorpor: Planos de Curso (curriculos) da escola, justamente devido a res sentada pelos professores. A instituigio em questao, adota deste 1998 a propos ~ Definindo Caminhos ~ elaborada pela Secretaria Municipal sob orientagio da Coordenacio Didatico - Pedagégica (CDP), nesta proposta e na realidade escolar sio elaborados os plant aula. Esta proposta curricular foi construida apés o langamen exatamente no ano de 1998, trazendo consigo diretrizes q renovacio no campo conceitual (ressignificacio dos conceito sociedade, educacio, educador e aluno) e metodoldgic corresponder aos desafios colocados pelo dia-a-dia da sala bramos que tal proposta foi elaborada coletivamente, com senca de um mimero significativo de professores, especialistast da Rede Municipal de Ensino, o que possibilitou englobar: construidas por cada escola. a 598 4a Supervisora uma das dificuldades para se trabalhar os con- toria é justamente defini-los, pois, os Hvros diddliens traxem tudo ido separan qual parte é de Histéria e qual é.a parte de Geografia. omrelaciio 4 implementacio dos Parametros Nacionais, apesar as e dificuldades encontradas, a escola desenvolve reunides ndo estas divididas por séries, desde 0 ano de 2001, como socializar e discutir de wma forma mais ampla as finalidades, , enfim as intencionalidades dos mesmos. Observamos, que o grau de informacao da supervisora entrevista- limitado, mostrando um aparente desconhecimento do assunto n como uma certa indiferenga em relac3o ao tema. Ao nosso ver a ¢ bastante preocupante, pois os PCNs representam uma das es propostas pedagdgicas para a educagio brasileira e mesmo que jam implementados nas salas de aula do Ensino Fundamental, ratica educativa dos educadores, se fario presentes nos materi- 9s (livros, videos, programas de computadores, etc.) e especial- tema nacional e estadual de avaliacao. escola 2 pertence A rede publica estadual de ensino do Estado rganizacio dos tempos e espagos, do trabalho e da pratica da institui¢do pesquisada se desenvolve por meio dos ciclos. assim, criangas na faixa etaria de 7 A 9 anos de idade (1° e 2° nsino Fundamental). jitua-se na regio central da cidade, funcionando nos periodos espertino, e atende alunos oriundos dos diversos bairros, abran- aclasse média como a classe média = baixa. lesta escola, a entrevistada a principio foi marcada por um certo ento, apreenso e inseguranca diante das questdes propostas. o que devemos ressaltar foi a forte resisténcia apresentada por trevistada, Sentimos assim, tratar-se de um ambiente estranho a esquisa, A discussio pedagdgica e curricular. f Quando abordamos 0 tema dos PCNs, a supervisora disse nao documento, apenas alguns resumos e comentarios que tratam unto, Afirmou ainda que apenas um professor (a) da escola len 0 docu- segundo a super visora cada uma das profissionais recebeu os PCNs através dos Correios. Apesar disso, verificamos que permanece 0 ento, pois, segundo ela nio ha tempo de estudo, para assim 599 compreender o documento, sobretudo, suas intencionalidades, pi objetivos, coneeitos, contetidos e métodos para o ensino de Histor Nessa perspectiva, a entrevista revelou que os Pardmetto nio foram implementados na escola, sendo valido destacar quea Pi proposta curricular foi elaborada em 1994, anterior 4 publica Parametros Curriculares. De 1" a 4* série, destacamos que ao ani concepgio de Historia identificamos que a mesma nao é vista comok ria - Ciéncia, nao possibilitando ao aluno a compreensio da teali sua totalidade e dinamismo. Em fungSo destas limitacdes descritas, a supervisora capaz de responder as agestoes propostas. pertence a rede particular de ensino de Uberlandia - MG, e n tiva foi possivel fazer um contraponto com relagao as outras it A instituicfo atende alunos predominantemente de média”, possuindo um numero significativo de salas de aulae tram-se os Parametros Curriculares, que, antes da sua publi so preliminar, j se faziam presente na escola através de text davam o processo de sua elaboracio pelo Ministério da Edi perspectiva, quando em 1997 0 Ministério trouxe a publico dos PCNs, a escola ja se encontrava inserida nas discussdes\ intuito de promover a revisio curricular que se fazia necessari diretrizes presentes nos Pardmetros. Realizou-se reunides coletivas visando discutir mudangas previstas para o ensino de Historia nos PCNs. reformulagées curriculares, buscando a renovacao do curs adocio uma nova concepcdo de Histéria, propondo por: voltado para projetos e o ensino fundado na interdiscipli 600, lo quese refere 4 implementagio do curriculo nacional, a coordena- Ggica nos relatou que os professores se mostraram abertos e flexiveisa entagio, Porém, encontraram muitas dificuldades neste processo, cipalmente, a questo da formagio profissional dos mesmos. Oensino de 1" a 4" séries, os professores em sua maioria possu- 0 Magistério (1997), assim, as lacunas da formagSo docente, m ser resumidas em uma base tedrica limitada, uma visio tradici- nsino, geraram dificuldades para se colocar em pratica as diretri- pelos PCNs. Dessa maneira, o desenvolvimento dos contet- atividades, nao foram implementados em sua totalidade. __Emsuma, os dados expressaram que apesar dos problemas referen- macio profissional dos docentes, estes, assim como toda a escola, ma posicao favoravel aos PCNs, que constituem a base para a orga- desenvolvimento do processo de ensino da instituigao em questao. Apartir do estudo desenvolvido, foi posstvel perceber que o Cur- lacional por si s6 no é suficiente para mudar 0 quadro que, princi- escola piblica apresenta. Caracterizado pela indisciplina, for- te precaria, desinteresse pelo trabalho escolar e falta de rele- prendizagem para a vida social. A pesquisa revelou - nos que (0 continuada de professores, com salario digno, estrutura de apoio v0 de livros, supervisio, materiais didaticos, instalagées adequadas) e tizacio do trabalho docente (Cf: Parecer da UFRGS. Educagdo ¢ Reali- l): 229-241, jan./jun. 1996). _ Ressaltamos que apesar dos Parimetros Curriculares Nacionais em limitagdes, visdes especificas quanto As sugestdes tematicas e Ogicas, mio acreditamos que ignoré-lo ou desconsiderar totalmentea do MEC seja uma postura adequada. Conhecé-lo, compreendélo ¢ 601 desvelar de suas intencionalidades, nos permite entender que este do toé parte de um projeto amplo de educagio, fruto de politicas publica cacionais implementadas pelos poderes federal, estadual ¢ municipal. ‘A A escola encontra-se inserida no contexto de mudangas 30 assim, no pode se manter a margem desse processo de mudangas,¢¢ tes envolvidos no cotidiano escolar sto responsaveis pela construgaode ae no qual, ae devem se envolver numa aco coletiva em pr transformagio e o rompimento com praticas curriculares dominant Nossa investigacio se mostrou relevante na medida qu refletir e (re) pensar os papéis € os propésitos da escola e dos edi Nos levou a questionar se as instituigdes brasileiras e, conseq! dangas essas que, nos desafiam desenvolver propostas curni¢ viabilizem aos alunos o desenvolvimento das competéncias req) cialmente, e uma formagcio integral do ser humano. leve a aos bem como, incorporando a esse curticulo as experiéncias, viven dades, desejos ¢ expectativas de seus educandos, de modo a prepa convivéncia no mundo social e para 0 exercicio pleno da cidadar efetiva sobretudo, com a participacio direta dos professores a deba s6es que visem 0 estudo aprofundado de documentos que inte! indiretamente no processo de organizagao do conhecimento eset Na pesquisa de campo, percebemos que apesar det diferentes segmentos de ensino (escolas municipal, estadual « as realidades se aproximam muito, assim como, as falas, os d professores, que expressam as lacunas em suas formages | Especialmente, nas escolas puiblicas as realidades que conhec 1 sibilitaram ver que os educadores entrevistados mantém: margem das questdes curriculares discutidas no meio aca 602 significa no campo educacional um lugar e papel de extrema rele- ,0 curriculo nao é um meio neutro de transmissio de conheci- Pos, condigées de trabalho que expressam aquilo que minou materializacio do curriculo oculto reprodutor. Nesse infor magio e o desinteresse por conhecer e debater novas riculares (Parametros Curriculares Nacionais) ou debates pe- dificultam principalmente possibilidades de libertacao. A analise los das instituices nos mostrou que, a pratica marcante na elabo- 3 Mesmios se restringem a um simples recorte e reproducdo dos § propostos tanto pelos governos federal, estadual e municipal. -Levando em contaa concepeao de Histéria que perpassa o texto do ‘oria, 1° a 4* série do Ensino Fundamental, os contetidos histéricos itados como uma leitura, e no como recuperacdo de uma suposta 0 passado. Propée-se 0 estudo das agdes humanas € no conjunto do ato curricular ha uma forte preocupacdo com a diversidade cultural, ando para a necessidade da escola considerar os diversos grupos cultu- pertencem seus aluno. £ importante acrescentar ainda que, a idéia dos Parametros Curriculares de Histéria é, integrar o ensino ao aluno, legitimando a educagSo para a cidadania, colocando a es- onancia com as demandas atuais da sociedade. Partilhamos aqui a concepcSo de Histdria como construgdo pois, nao se trata de indagar sobre a interpretacao histérica mais mas interrogar acerca do que sucede com diferentes leituras do ma compreensio que os alunos tém da Histéria que esta sendo ano espaco escolar? O ensino de Histéria recorrente em nossas escolas, mais do as disciplinas escolares, tem se constituido em solo fértil para a acho, a repeti¢4o, o mondlogo do professor, um espaco propicio déia de saber pronto, acabado, que resta apenas transmitir. Frente erspectiva, os Parametros Curriculares analisados, propdem que a Historia pode dar como contribuigado especifica aa desenvolvimento dos amo sjeitos conscientes, capazes de entender a Histéria como conhecimento, speriéncia e prética de cidadania (PCNs - historia, 1997, p. 30). 603 Diagnosticamos através da pesquisa de campo, que, apesard posta curricular do MEC objetivar a consolidagao de um projeto par fornecer as instituig6es escolares um instrumento que as apoiem ni s6es pedagdgicas, “na plaborarag de projetos educativos, no plane| das aulas, na reflexdo sobre a pratica educativa e na analise do materi nal tico” (Idem, p.05), as escolas investigadas, no entanto, revel descompasso com relagio a esta pretensio do Ministério da Educaga seja, a resistencia e a formacio profissional, de acordo com os ent sio elementos que dificultam a legitimagSo desta proposta curricula especial, dificulta o desenvolvimento da proposta de ensino de Hi Por fim, reconhecemos que a nossa investigacao tornou p explicitacao de alguns limites, avangos e possibilidades apresentado Parametros Curriculares de Histéria, sobretudo, como exercicio dey pi to propusemos-nos a interrogar nao s6 acerca das questOes curti sobre o papel doa) professor(a) e da escola. Como palavras finais, que os agentes envolvidos com o fazer educativo voltem seus 0 para este documento curricular, mas também para o curriculo real de do na escolas, para que possamos compreender as formas partic nhecimento que contemplam, as relagSes de poder que os sustenta se possamos estud-lo em sua totalidade. Sabemos que nossa pe passos que poderao ser ampliados, e desejamos ainda, que a me contribuir para o pensar, para a reflexto dos sujeitos inserido com a area educacional, pois, a mudanga na qualidade do ensino responsabilidade de todos nds. 604 icias Bibliograficas hael, Eateagdo e Poder. Porto Alegre: Artes Médicas, 1989. Laide diretrivges e biases da educagao nacional. LDB (Lei 9.394/96) / apre- los Roberto Jamil Cury.-4" ed.- Rio de Janeiro: DP&A, 2001. ecretaria de Educac4o Fundamental. Parametros Curriculares Na- Woria/ Secretaria de Educagio Fundamental. - Brasilia: MEC/ 66p. URT, Circe F. (Org,) O saber Histirico na sala de aula. S80 Paulo: 97. Eduear 0 Cidadéo? 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