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COMISSÃO DE EDUCAÇÃO FINANCEIRA

Manual de Educação Financeira

Integrantes da Comissão:
Edvânia Pedro
Eunice Caty
Lenge Nkossi
Vausílvia Bernardo
Gilberto Gonçalves
Pedro Dos Santos
Diane Luqueny
Elca Augusto
Sheilla Jaime
Manual de Educação Financeira

Nota prévia:

Este manual de Educação Financeira resulta de pesquisas feitas pelo grupo de


voluntariado da UCAN (VUCAN), guiado pelas dificuldades apresentadas por grande
parte das pessoas em administrar o seu dinheiro.
Nele, estão incluídas citações de alguns livros e de alguns endereços
electrónicos, sendo que o nosso objetivo foi torná-lo simples, de modo que possa ser
compreendido com alguma facilidade.
Trata-se de um manual elaborado com o objetivo de fazer com que as famílias
em geral e os indivíduos em particular percebam a importância de se adoptar uma
filosofia correta de consumo, eliminando deste modo, a falta de planificação financeira
e incluindo a disciplina de poupança e de investimento.
Achamos que as pessoas precisavam entender a importância da busca pela
informação quando se resumir no uso do dinheiro, já que este pode ser considerado de
bem-estar das famílias.
INTRODUÇÃO

O mundo em que vivemos não dispõe infelizmente de recursos suficientes para a


satisfação das necessidades ilimitadas dos homens, daí surge a necessidade de
compreendê-las.
Deve compreender esta questão porque precisa saber que existem necessidades
que devem ser priorizadas (alimentação, transporte, vestuário, educação, etc.) e outras
que passam a ser sonhos de consumo pelo facto de não dispor de recursos suficientes
para satisfazê-las. Porém, deverá conhecer e colocar em prática, mecanismos que lhe
possibilitem realizar estes sonhos de consumo (Poupança e investimento).
Etimologicamente a palavra economia vem de Oikos que significa casa e de
Nomos que significa norma ou lei, sendo que de modo geral significa administrar a casa
ou num contexto mais alargado a empresa ou país.
Logo, é através da ciência económica que encontramos a solução para a
resolução da maior parte dos nossos problemas quotidianos.
Este manual deverá ajuda-lo a elaborar um plano financeiro para a sua renda de
acordo com o seu consumo e lhe mostrará a importância de ter algo que chamamos de
saúde financeira.
CAPITULO – I EDUCAÇÃO FINANCEIRA

A educação financeira é, segundo o dicionário inglês a capacidade de entender


finanças e assuntos relacionados. Mais especificamente, refere-se à capacidade de um
indivíduo de fazer julgamentos bem informados e decisões efetivas sobre o uso e gestão
do seu dinheiro.
A educação financeira tem por proposito, auxiliar os consumidores na
administração dos seus rendimentos, nas suas decisões de poupança e investimento, no
seu consumo consciente e na prevenção de situações de fraude. Ela nos ajuda em
questões como:

 Organizar o orçamento familiar e planificar as despesas de forma antecipada


para não gastar mais do que se ganha;
 Nunca depender apenas de uma fonte de rendimento, fazer investimentos e
aprender como maximizar os rendimentos;
 Não investir a renda em uma só coisa, ou seja, não colocar todos os ovos no
mesmo saco.
Na educação financeira é importante fazer uma distinção e separação entre desejos e
necessidades para que não nos arrependamos das nossas escolhas, colocando-nos
questões do tipo:

 O que comprar;
 Quando comprar;
 Como pagar;
 Onde comprar;
 Se é ou não necessário comprar.

Assim, garantimos que compramos exclusivamente aquilo que é necessário e prioritário.

Importância de ter saúde financeira


Ter saúde financeira seria ter dinheiro? Ter bens? Ou viver intensamente o dia-
a-dia? Nada disso. Saúde financeira está envolvida na educação financeira, o que não
significa planilhas, cálculos e matemática. Falo de educação financeira
comportamental, que lida diretamente com hábitos e costumes.
Estar saudável e sustentável financeiramente é ter pleno domínio do dinheiro
que passa pelas nossas mãos, seja o que ganhamos ou o que gastamos.
A saúde financeira não é mais importante do que as saúdes física, mental e
espiritual, mas nos proporciona a condição de viver uma vida com harmonia e
qualidade. Somos seres humanos, vivemos em uma sociedade na qual o dinheiro é o
meio para se alcançar desejos, objetivos e sonhos, portanto, precisamos aprender a
lidar com ele.
Se eu lhe perguntar como anda a sua saúde financeira, o que me responderia?
Uma pessoa ou família pode estar em uma das três situações:

 Poupadora ou investidora;
 Equilibrada financeiramente;
 Endividada ou inadimplente.

Independentemente de qual seja a sua situação é preciso investir na educação


financeira para que possa, em caso de estar endividado sair das dívidas, em caso de
equilíbrio financeiro começar a poupar e em caso de ser poupador, saber onde melhor
investir o dinheiro guardado.
O dinheiro sempre norteará a nossa vida, por isso, é preciso buscar
imediatamente, uma melhor relação com o dinheiro, para que ele possa ser canalizado
para a plena realização de seu sonhos.
Estar saudável financeiramente é poder gozar de uma vida mais prazerosa,
estável e, acima de tudo, proporcionar aos entes queridos uma condição diferenciada,
na qual o dinheiro entra como grande aliado e não um inimigo.
Bolsa de valores de Cabo Verde

1.1 - A NOSSA RELAÇÃO COM O DINHEIRO


O dinheiro é o meio que nos permite satisfazer das nossas necessidades mais
básicas aos nossos desejos mais profundos. Necessidades precisamos satisfazer
independentemente dos nossos anseios porque são coisas indispensáveis, ao passo que
os desejos queremos possuir ou usufruir sendo necessário ou não.
É primordial que este satisfaça as nossas necessidades, mais também precisa
satisfazer nossos desejos, pois estes nos despertam emoções, a sensação do prazer de
compra. Ninguém gosta de ter as suas expectativas frustradas pela impossibilidade de
compra.
As nossas necessidades e os desejos podem ser influenciados por algumas
situações:

 Condição económica e social da família;


 Momentos e situações de vida pelos quais passamos (chegada de filhos,
desemprego, doenças, etc.);
 A etapa da vida. O custo de vida tende a aumentar com a idade da pessoa.

O dinheiro pode para alguns pode significar estabilidade e segurança, mas


também pode ser motivo de preocupações para algumas pessoas, por isso se pode
afirmar que tem um sentido diferente para cada um de nós.
O dinheiro, porém não pode servir de meio ou justificativo para algo que se
denomina por violência financeira (Uso de recursos patrimoniais de outras pessoas sem
o seu consentimento ou recorrer a ameaças para que sejam cedidos bens ou dinheiro).
A violência financeira é muito comum entre membros da mesma família, dada a
afetividade que existe entre estes, a pessoa pode se sentir obrigada a ceder para não
enfraquecer tais laços ou por razões culturais e até religiosas. Ela é comum na relação
de compra e venda de bens e serviços por parte do fornecedor.
Alguns exemplos de violência financeira:

 Cobrança excessiva de dízimos na igreja (estipular que parte do salário,


50% por exemplo deverá ser entregue a igreja);
 A obrigatoriedade de sustentar determinados familiares, mesmo estes
tendo a possibilidade de se auto sustentar;
 Receber os bens de alguém no caso de falecimento do parceiro (Marido /
Mulher);
 Cobrança indevida de taxas de juro excessivas;
 Omissão ou falta de clareza das informações fornecidas referentes a um
bem ou serviço que pretendamos adquirir;
 Propaganda enganosa;
 Negação de prestação de serviços (Saúde, troca de produtos, entre
outros);
 A chamada gasosa que às vezes somos obrigados a dar para termos
acesso a determinados serviços ou facilidades.

CAPÍTULO – II O PRIMEIRO EMPREGO E RENDIMENTO


Emprego é a relação contratual estabelecida entre duas partes, um empregador e um
empregado. O empregado contribui com seu trabalho e conhecimento a favor do empregador
em troca de uma compensação monetária.

2.1 - DIFERENÇA ENTRE TRABALHO E EMPREGO


Muitas pessoas se questionam a respeito da diferença entre o trabalho e
emprego, sendo que algumas pessoas confundem os dois conceitos.
O trabalho (é um conjunto de actividades realizado, é o esforço feito por
indivíduos, com o objectivo de atingir uma meta), é uma tarefa que não
necessariamente confere ao trabalhador uma recompensa financeira. O emprego é um
cargo de um indivíduo em uma empresa ou instituição, onde o seu trabalho (físico o
mental) é devidamente remunerado.
Reemprego – Indivíduos à procura do reemprego (os que já tiveram emprego
anterior).

2.2 - MODO DE PREPARAR-SE PARA OBTENÇÃO DE UM EMPREGO


Para aquisição do primeiro emprego, o indivíduo deve preparar a sua qualificação,
com base nos seguintes elementos:

 Formação humana
 Formação académica
 Cursos profissionais
 Aprendizagem

2.2.1 - Formação humana


Ao falarmos da preparação do ser humano, estamos a tratar de uma preparação
capaz de formar um ser crítico e consciente do seu papel no mundo.
O mais importante na Formação Humana é a integralidade do ser e pensar de
cada indivíduo no mundo. Essa formação prepara o ser humano para produzir as
condições de reprodução da sua vida e das formas sociais da sua organização. Assim,
ele poderá construir o seu modo de vida livremente, tendo autonomia para organizar os
modos de existência e sendo responsável pelas suas acções, tornando-se um ser humano
ético.

2.2.2 - Formação académica


A formação académica é um dos itens básicos e obrigatórios de seu currículo, por
isso não deixe de preencher essa parte, pois deixa-la em branco pode ser um problema e
tanto para conseguir um emprego.
Formação académica é o grau de ensino nas três instâncias considerado pelo
Ministério da Educação que são:

 Formação Básica: aqui entram o ensino fundamental e médio, a escola


normal, seja em escola pública ou particular.
 Formação Técnica: São cursos de escolas técnicas, também conhecidos
como profissionais, que ensinam uma actividade específica para seus alunos,
em nível técnico.
 Formação Superior: são as faculdades, cursos tecnólogos, pós-graduação,
mestrado e doutorado.

Basicamente você coloca no currículo a formação que você tem, ou que está a fazer
no momento. Vamos explicar as 3 instâncias de formação académica.

2.2.3 - Cursos profissionais


São um dos percursos do nível secundário de educação, caracterizado por uma forte
ligação com o mundo profissional. Tendo em conta o teu perfil pessoal, a aprendizagem
realizada nestes cursos valoriza o desenvolvimento de competências para o exercício de
uma profissão, em articulação com o sector.

2.3 - ACESSO AO EMPREGO


O primeiro emprego é uma fase muito importante na vida dos jovens e é nesta
etapa em que estes começam a encarar responsabilidades que farão parte de sua vida
adulta e iniciam um período de aprendizado, que lhes proporcionara oportunidades de
promoção dentro do mercado de trabalho.
Porém, conquistar uma vaga não e fácil porque se exige, aos jovens recém-
formados ou não, alguns requisitos que muitos, depois da formação, não ostentam o que
vem de alguma forma condicioná-los na procura do seu primeiro emprego.

2.3.1 - Forma de acesso ao emprego


1) Concurso

É um processo selectivo que tem por objectivo avaliar candidatos concorrentes a um


cargo efectivo de organização. Apesar de o processo geralmente ser preparado por
empresas especializadas, a responsabilidade da avaliação dos serviços cabe às áreas de
Recursos Humanos legalmente designadas.

Geralmente os concursos são exigidos para avaliar a competência dos candidatos


relativos ao cargo pelo qual estão concorrendo e também para evitar que políticos
ocupando cargos electivos usem de sua influência para fornecer empregos públicos a
parentes e conhecidos, desrespeitando assim os princípios da igualdade.

2) Estágio (voluntário) / direccionado pela universidade


O estágio é uma modalidade de contrato de trabalho dedicada a estudantes. O seu
principal objectivo é preparar os jovens para o mercado de trabalho. Ela pode ser
remunerável ou não. Quando vale a pena aceitar um estágio não remunerado?
Se a empresa ou instituição que está oferecendo a vaga for a sua meta profissional e
a oportunidade lhe parecer ser dignificante para uma efectivação futura, então o estágio
não remunerado pode ser uma boa alternativa. O mesmo pode ser dito se o facto de ter
em seu currículo essa experiência vier a contar bons pontos e abrir portas no mercado.
3) Curriculum vitae
O curriculum vitae é um documento que tem como objectivo fornecer o perfil da
pessoa para as empresas, podendo também ser usado como instrumento de apoio em
situações académicas. O curriculum é uma síntese de qualificações e aptidões, na qual o
candidato a alguma vaga de emprego descreve suas experiências profissionais,
formação académica, e outros dados pessoas.
Outrossim é a principal ferramenta para a conquista de um espaço no mercado de
trabalho. É a porta de entrada para o início do processo selectivo, e é ele que irá
despertar o interesse e a curiosidade do examinador em conhecer pessoalmente o
candidato.

2.4 - RENDIMENTO
O termo rendimento designa a remuneração ou conjunto de remunerações de um
qualquer agente económico em contrapartida pela cedência a um outro agente
económico de um factor produtivo por si detido para utilização no processo produtivo.
São exemplos de rendimentos, os seguintes:
 Salário (ou ordenado) – remuneração recebida pela cedência do factor
produtivo trabalho.
 Juros – remuneração recebida pela cedência da utilização durante um
determinado período de tempo de meios financeiros;
 Lucros distribuídos (geralmente designado por dividendos) – remuneração
recebida pela cedência de capital produtivo;
 Rendas – remuneração recebida pela cedência de instalações.

CAPITULO - III ORÇAMENTO PESSOAL OU FAMILIAR


Orçamento é uma ferramenta de planeamento financeiro pessoal ou familiar que
contribui para uma melhor gestão e alocação de recursos financeiros. É necessário que
se saiba aonde se quer chegar através da perspectiva de realização de um projecto
estabelecendo metas claras e objetivas.
Em geral, as pessoas naturalmente têm uma boa noção de onde vêm as suas
receitas, pois esperam recebê-las pelo trabalho realizado, por investimento efetuado ou
por benefícios recebidos. Por outro lado, grande parte da população não sabe como
gasta o seu dinheiro ou o quanto é gasto em cada grupo de despesas, como alimentação,
moradia, educação, saúde, dívidas e juros, viagens e realização de sonhos ou outros
gastos e investimentos.
O orçamento financeiro pessoal oferece-te uma oportunidade de avaliar a sua vida
financeira e definir prioridades que impactam sua vida pessoal. O mesmo vai ajudá-lo a:

 Conhecer a sua realidade financeira,


 Escolher os seus projectos,
 Fazer o seu planeamento financeiro,
 Definir suas prioridades,
 Identificar e entender seus hábitos de consumo,
 Organizar sua vida financeira e patrimonial,
 Administrar imprevistos,
 Consumir de forma contínua.

Um importante princípio a ser seguido na elaboração do orçamento é que as


despesas não devem ser superiores as receitas. Mais do que isso, é prudente que as
receitas superem as despesas, para que você possa formar uma poupança, investindo o
seu superávit financeiro de modo a ter recursos suficientes para eventuais emergências,
realizar sonhos, preparar sua aposentadoria, etc.

Receitas – Despesas = Poupança


O processo de elaboração do orçamento deve ser iniciado a partir do registro de
tudo o que ganha e o que gasta durante um período (geralmente um mês ou um ano). É
necessário ainda organizar e planear suas despesas, com o objetivo de gastar bem seu
dinheiro, suprir suas necessidades e ainda realizar sonhos e atingir metas, de acordo
com as prioridades definidas.
Existem inúmeras maneiras de elaborar um orçamento. Vamos sugerir um
método que consiste em quatro etapas: planejamento, registro, agrupamento e avaliação:

1ª Etapa: Planeamento
O processo de planeamento consiste em estimar as receitas e as despesas do período.
Para isso, pode utilizar sua rotina passada, enunciando as receitas e as despesas passadas
e usando-as como base para prever as receitas e as despesas futuras. Para tal, devemos
diferenciar as receitas e despesas fixas das variáveis.

 Receitas fixas – são receitas que não variam ou variam muito pouco, como o
valor do salário, rendimentos de aluguel, aposentadoria.
 Receitas variáveis – são aquelas que variam de mês para mês, como ganhos de
comissões por vendas.
 Despesas fixas – são aquelas que não variam ou variam muito pouco, como
aluguel, propinas.
 Despesas variáveis – são aquelas cujos valores variam de um mês para o outro,
como a conta e luz ou de água que variam conforme o consumo.

Lembre-se ainda dos compromissos sazonais: impostos, seguros, matriculas


escolares, etc e sem esquecer os compromissos já assumidos.
2ª Etapa: Registro
É necessário anotar, de preferência diariamente, para evitar esquecimentos, todas as
receitas e despesas.

 Comece por anotar todos os gastos.


 Confira os extratos bancários e comprovantes de utilização de cartões
(crédito/débito)
 Faça a diferenciação das várias formas de pagamentos e desembolsos, separe-as
(dinheiro, débito e crédito).

3ª Etapa: Agrupamento
Consiste em fazer as anotações conforme algumas características similares. Por
exemplo: despesa com alimentação, com habitação, com transporte, com lazer etc.
Você pode utilizar outras formas de agrupamento que sejam mais adequadas a
sua realidade. O agrupamento facilita a verificação de cada parcela do rendimento gasto
em cada grupo, além de auxiliar os ajustes ou cortes que eventualmente sejam
necessários.
4ª Etapa: Avaliação
Esta etapa permite avaliar o comportamento das finanças ao longo do mês e ajuda-
nos a agir, corretiva e preventivamente, para que o seu rendimento proporcione o
máximo de benefícios, conforto e qualidade de vida para si e para a sua família.
Como avaliar também significa refletir, no final de cada período devemos fazer
algumas reflexões:

 O balanço de seu orçamento foi superavitário, neutro ou deficitário! Ou seja,


você gastou menos, o mesmo ou mais do que recebeu!
 Os seus sonhos e suas metas financeiras são compatíveis com o seu orçamento,
tem separado recursos financeiros para realiza-los!
 Reduza os gastos desnecessários, observando os pequenos gastos, pois a soma
de muitos poucos pode ser bem relevante.

CAPITULO - IV CONSUMO PLANEADO E CONSCIENTE


Estamos em constante conflito entre o que desejamos adquirir e o que nossos
recursos financeiros permitem. Muitas vezes queremos consumir mais do que nossa
renda actual permite. Muitos não conseguem se controlar e acabam por endividar-se de
maneira irresponsável. Para evitar que o dilema entre o querer e o poder nos coloque em
uma enrascada financeira, devemos planear o consumo.
Consumir de maneira consciente não significa restringir gastos e deixar de comprar.
Não se trata de fazer menos de tudo. O que estamos aqui a dizer, é fazer mais daquilo
que é mais relevante e menos daquilo que é menos relevante para a sua realidade, seus
anseios e de sua família. O planeamento financeiro possibilita consumir mais e melhor.
Consumir “mais” por meio da potencialização do dinheiro e “melhor” via eliminação de
desperdícios.
Utilize a tabela seguinte para refletir se é um “consumidor consciente” ou um
“consumidor consumista”, (que age se planear ou por impulso).

Consumidor consumista Consumidor consciente

Gasta compulsivamente Pondera antes de comprar.

Pensa em si e no resto da sociedade,


Pensa apenas em si próprio inclusive nas gerações futuras, pensa no
impacto sobre o meio ambiente antes de
comprar.

Compra tudo o que deseja Compra apenas o necessário.

Joga todas as embalagens no lixo. Reutiliza as embalagens.

Se estiver fácil para comprar e for barato Não compra produtos piratas e
não se preocupa se o produto é pirata ou contrabandeados, mesmo os mais baratos.
contrabandeado.
Desperdiça. Deixa a torneira aberta sem Evita desperdícios e utiliza efectivamente
usar a água, deixa lâmpada acesa sem o que compra.
estar no ambiente.

Orienta-se pelo status. Orienta-se pelo estilo de vida saudável.

Faz “Terapia de compras” Satisfaz necessidades.


É imediatista e não se preocupa com o Premedita e sabe que o futuro é
futuro. consequência das escolhas de hoje.

4.1 - VANTAGENS DE PLANEAR O CONSUMO


As famílias que planeiam adequadamente o consumo conseguem obter uma série de
vantagens, dentre as quais:

 Controlar o endividamento pessoal: o consumidor consciente de seus gastos (e


de suas receitas) pode se controlar melhor. Mesmo que ele passe por
dificuldades, pode sair delas mais rapidamente do que outro que não planeia seu
consumo.
 Auxiliar na prevenção e no aumento do património: o consumidor que consome
planeadamente tem mais condições de destinar parte de sua renda para a
poupança. Afinal o planeamento auxilia a manter a disciplina.
 Eliminar gastos desnecessários: “o leite acabou” ou “fiquei sem açúcar”, quem
vivencia esse tipo de situação corre para o lugar mais próximo e acaba por
comprar produtos mais caros. Quem planeia incorre em menos gastos
desnecessários e compra mais barato.
 Maximizar os recursos disponíveis: por meio de atitudes como pesquisar preços,
negociar descontos ou aproveitar situações como a sazonalidade (exemplo:
comprando frutas da estação, você aproveita produtos de melhor qualidade e
menor preço).

4.2 - RECOMENDAÇÕES PARA O CONSUMO


Os vendedores em geral recebem treinamento para se tornarem vendedores
profissionais. E os consumidores? Recebem algum tipo de treinamento para se tornarem
consumidores conscientes de suas escolhas, ou, em outras palavras, “consumidores
profissionais”? normalmente não.
Para nos tornarmos consumidores preparados, precisamos conhecer algumas das
técnicas de vendas mais utilizadas, nomeadamente:

 Apelo emocional: frases com forte apelo emocional dão uma sensação de
facilidade e urgência para o consumidor não “perca” a “oportunidade” oferecida.
Já deve ter visto frases do tipo “compre um e leve dois”, “dinheiro fácil e rápido.
 Preços que terminam com Akzs 0,99: dão a impressão de serem “menores” e têm
um impacto psicológico importante para o consumidor.
Nos supermercados, existem várias características que podem nos influenciar para o
consumo não planeado. A começar pelo piso liso e pelo ambiente agradável, que nos
mantêm por mais tempo para consumir. Precisamos estar atentos para identificar esses
detalhes que afectam nosso comportamento.
Além disso, identificamos outras técnicas:
 Embalagens e placas atraentes.
 Produtos mais caros ou de marcas famosas ao alcance dos olhos e das mãos (das
crianças e adultos).
 Inexistência de relógios (para não ter pressa e ficar mais tempo).
 Talho e padaria ao fundo da loja (para fazer “passear” por todo ambiente).
 Produtos associados (Fiambre perto do queijo e manteiga).

Estas técnicas poderão ser ultrapassadas se:

 Promoção de produtos com data de validade próxima (fique atento).


 Pesquisar preços, com alguma antecedência, pela internet ou por algum outro
meio (amigos por exemplo);
 Negociar descontos;
 Experimentar pagar com dinheiro em espécie em vez de cartão. Às vezes, é
possível conseguir um bom desconto;
 Transmita certo “desinteresse” ao tratar com vendedores. Conheça opções de
produtos e serviços;
 Fazer uma lista de compras com os preços médios que costuma pagar.
 Ir alimentado. Pesquisas mostram que quem faz compras com o estômago vazio
compra mais por impulso.
 Ao levar crianças, combinar previamente com elas o que comprarão (é uma
oportunidade para educar financeiramente os filhos).
 Comparar preços.
 Experimentar outras marcas.
 Aproveitar as promoções, mas não ser vítima delas.
 Ficar atento para a data de vencimento de produtos perecíveis.

Conhecer as estratégias dos vendedores de produtos ou serviços é um importante


passo para se proteger. Um consumidor que planeia e é disciplinado é capaz de comprar
mais e pagar menos e ainda conseguir poupar mais. E se você quer se tornar um
consumidor consciente, eis algumas dicas para o supermercado.

 Siga rigorosamente sua lista de compras.


 Não compre produtos apenas pela aparência ou pela novidade.
 Verifique a validade dos produtos e não compre produtos vencidos.
 Priorize frutas da estação e do local.
 Elimine os desperdícios. Adopte os 3 R – Reduza, Reutilize e Recicle. Isso fará
bem ao seu bolso e ao meio ambiente.
CAPÍTULO – V POUPANÇA

Depositar dinheiro em um cofrezinho de madeira ou guarda-lo no colchão é uma


estratégia antiga e frequentemente adoptada para poupar.
Poupança é a parte do rendimento, Salário ou do património que não é gasto ou
consumido no período em que é recebido e, por consequência, é guardado para ser
utilizado em um momento futuro. Isto é, um conceito amplo que se refere a todo o
dinheiro não destinada a gastar de imediato.

5.1 - ENTENDA A IMPORTÂNCIA DE POUPAR DINHEIRO

A saúde financeira é um dos principais factores que condicionam uma vida


satisfatória: o dinheiro é um instrumento para concretizar metas e vontades. Para isso, é
importante guardá-lo e planejar o seu uso consciente.
Poupar dinheiro funciona, principalmente, como garantia de uma margem de
manobra e ampliação do espectro de escolhas possíveis frente a diversas situações. A
poupança traz flexibilidade financeira, estabilidade e tranquilidade no futuro.
5.1.1 - Por que poupar dinheiro

 Em períodos de crise económica e recessão, dinheiro guardado ajuda a trazer


tranquilidade. A poupança pode ser vista, em contextos de instabilidade
financeira, como um plano B que pode ser acessado caso a situação se
complique. Numa situação de crise, é mais difícil obter crédito (Empréstimo)
e o dinheiro em conta e de reserva se tornam fundamentais;
 Imprevistos acontecem e é importante levá-los em consideração na
construção de planos e de novos hábitos financeiros. Acidentes, problemas
de saúde e desemprego, entre outras situações, podem desencadear uma série
de problemas, que geralmente exigem mais gastos do que o previsto. É
importante ter dinheiro em poupança como forma de antecipar eventos
(Situações) dessa natureza — para você e sua família;
 A poupança é a principal fonte de investimentos privados, e garante que o
dinheiro não só seja guardado, como multiplicado. Assim, produz uma
segunda fonte de renda, importante para o crescimento financeiro,
profissional e pessoal. É interessante guardar dinheiro e, a partir de um
montante acumulado, começar a investir;
 A reserva em dinheiro e o retorno de investimentos trazem mais flexibilidade
à vida profissional. Com mais tranquilidade, você poderia recusar trabalhos
indesejados, trocar de emprego, investir em novos projectos ou apenas
trabalhar menos e se dedicar a hobbies (passa tempos) e outras paixões.
 Muitas pessoas se preocupam com a economia de dinheiro para construir
uma poupança e rede de investimentos que garantam uma aposentadoria
tranquila e compatível com o estilo de vida enquanto trabalhadores
assalariados. É possível juntar dinheiro suficiente, a partir de renda mensal,
que possibilite ganhos significativos em investimentos durante os anos de
aposentadoria.

5.2 - COMO ECONOMIZAR DINHEIRO


Para economizar dinheiro, é necessário transformar hábitos financeiros e,
principalmente, estabelecer metas que devem ser seguidas à risca. É difícil ter
disciplina, cortar gastos e determinar quais tipos de consumo são necessários e
importantes para você e sua família. Por isso, é fundamental manter o compromisso de
guardar, periodicamente, uma percentagem preestabelecida da renda, de modo a chegar
a um objectivo de montante (Quantia desejada). Geralmente, poupar dinheiro de
maneira aleatória (Casual) torna o processo mais ocasional, negligente e com piores
resultados.
Comece com uma percentagem mais modesta e assuma o compromisso por um
período. O ato de poupar vai contribuir para uma reeducação financeira e, com o passar
do tempo, você pode estabelecer metas ainda maiores com um retorno mais efectivo e
rápido, principalmente se a economia for motivada por um objectivo a ser posto em
prática (por exemplo, a compra de um carro, Casa, Mobília ou uma viagem). Se você
ganhar dinheiro de forma inesperada, guarde essa quantia para considerar, com cuidado,
para o que deverá ser usada.

5.3 - FAÇA PLANOS


Vá além do exercício de poupar uma parte mensal da sua renda e faça um
planejamento financeiro pessoal de economia, com metas de curto, médio e longo
prazo. A partir dos seus objectivos, você consegue definir o seu comportamento em
relação à contenção (Limitação) de despesas, tipos de gastos e o trabalho que se deve ter
para alcançá-los. Seu planejamento financeiro depende das suas prioridades, de
determinar aquilo que é mais importante para você e para a sua família, e se algumas
metas dependem de outras dentro dos seus planos.
Os objectivos de longo prazo consideram o seu estado financeiro futuro, em 5, 10 ou
20 anos, por exemplo. Reflita sobre suas vontades e planos de vida, estude os gastos
necessários para alcançá-los e então determine a economia necessária, dentro do tempo
disponível.

5.4 - QUANTO JUNTAR POR MÊS


O mais recomendado é que, para dar início ao processo de poupar dinheiro, você
guarde pelo menos 10% do salário mensal. Como já tratado, os 10% podem ser vistos
como um exercício inicial de economia e, com metas e plano de despesas feitos, é
possível definir uma percentagem ajustada às suas necessidades específicas. Assim, o
quanto juntar por mês varia caso a caso e depende da renda fixa, dos gastos fixos e das
possibilidades de contenção de custos. Para os jovens em início de carreira, quando
ainda moram na casa dos pais, é interessante fazer uma poupança ainda maior. É
possível, nessa época, guardar até 40% da renda mensal.
Frente a objectivos diferentes, de curto e longo prazo, a parcela de dinheiro a ser
poupada pode variar no correr da vida. Mas tenha em mente sempre um valor mínimo
para nunca deixar de ter uma reserva financeira — e o ideal é que esse valor não seja
inferior aos 10% recomendados. Mesmo que a quantia guardada vá além dos seus
planos no momento, lembre-se de que objectivos podem mudar e imprevistos podem
acontecer. O importante é definir um valor percentual que seja confortável e que dê
condições de desfrutar a vida e ao mesmo tempo de assegurar um futuro estável e mais
tranquilo.

CAPÍTULO – VI INVESTIMENTO

O cuidado com seu dinheiro está ligado ao seu bem-estar e ao de sua família. Por
isso, é preciso dar a devida importância à educação financeira. Qualquer pessoa pode se
tornar um investidor independentemente do seu status social. Não importa qual tipo de
investidor almeja ser, só pelo simples fato de ter uma ideia, pensar num negócio, já é um
passo a frente para saíres do lugar em que estás e se colocar a frente de muitos que não
pensam em investir.

Investimento é a aplicação de algum tipo de recurso (dinheiro ou outro bem não


monetário) com a expectativa de receber algum retorno futuro superior ao aplicado
compensando, inclusive, a perda de uso desse recurso durante o período de aplicação
(juros ou lucros, em geral, a longo prazo). É o valor dos bens e serviço adquiridos, não
transformados em despesas, custos, ou perdas, são recursos comprometidos em gerar
renda, bens, ou serviços que geram benefícios financeiros.

6.1 - ORIGEM DO VALOR A INVESTIR


A origem dos recursos (Dinheiro) para o investimento, pode ser da poupança pessoal
ou da utilização de meios obtidos de terceiros (empréstimos em amigos ou familiares,
financiamento bancário). Os investimentos devem sempre ser analisados pela óptica da
criação de valor para o negócio como um todo. Ou seja, deve visar ao aumento da
riqueza do investidor. De forma genérica, qualquer decisão de investimento deverá levar
em consideração quatro pontos básicos:
1. Lucro: O lucro a ser gerado pelo investimento, em detrimento da utilização dos
valores derivados da poupança ou empréstimo. É importante analisar se o investimento
vai gerar lucros ou prejuízo através de um estudo de viabilidade.
2. Risco: O risco do investimento e a possibilidade de os recursos investidos serem
perdidos pelas circunstâncias adversas que poderão aparecer. Não existe investimento
sem risco! O que existe são investimentos com tipos de riscos diferentes, em maior ou
menor grau.
3. Tempo: O tempo de realização e tempo de retorno do dinheiro investido. É
fundamental que se defina um período de recuperação do valor do investimento.
4. Recursos: Cálculo do custo do dinheiro a ser utilizado no investimento, seja ele
proveniente da poupança, ou do endividamento de terceiros.
Na verdade as pessoas investem para conseguir obter rendimento adicional para a
satisfação de alguns sonhos de consumo, por exemplo, comprar uma casa, um carro,
pagar faculdade dos filhos, ter um plano de saúde, ter uma aposentadoria tranquila, ou
talvez para se sentir mais confiante perante os amigos e familiares. São “n” motivos
para se investir - a maioria relacionado à segurança financeira. O fato é que traçar seus
objectivos é essencial para o planeamento financeiro e deve ser sempre o primeiro passo
para quem pretende ser um investidor de sucesso. Abaixo as principais razões para
investir:
 Independência financeira;
 Estabilidade financeira futura;
 Criação de riqueza;
 Multiplicar o património;
 Dinamização da economia.

Ciclo do Investimento

6.2 TIPOS DE INVESTIMENTO


Quando se fala de investimento, a primeira ideia que se tem á aplicação de valor
monetário para render mais. Não é só isso, existem várias formas de investir, abaixo
encontramos alguns tipos de investimento:
 Investimento financeiro;
 Investimento empresarial;
 Investimento alternativo;
 Investimento em conhecimento;
 Outros investimentos (em qualidade de vida).
Dentre os vários tipos de investimentos listados, os mais falados ou estudados na
disciplina de Educação Financeira são, o investimento financeiro e o investimento
empresarial. Daí a razão de falarmos um pouquinho do investimento financeiro e
colocar maior realce no investimento empresarial, que é nosso principal objectivo.

6.2.1 - Investimentos Financeiros


Consiste em comprar activos (bens ou serviços) para aplicar e se esperar
determinado retorno, em geral, superior ao valor aplicado. É fazer a aplicação de
poupanças ou outro rendimento qualquer, em produtos que proporcionam obter um
rendimento através de intermediários financeiros. Os investimentos financeiros
enquadram-se nas actividades que são realizadas no mercado financeiro. Estas
actividades reflectem – se na aplicação de valores monetários nas mais diversas formas
de investimento financeiro, como: Caderneta de poupança, Certificados de Depósitos
Bancários - CDB, Câmbio, Títulos públicos, Mercado de acções, Fundos de
investimentos, Compra e venda de imóveis, Debêntures, etc.
6.2.3 - Investimentos Empresariais
Este é o nosso foco, incitar as famílias a investir em pequenos, médios ou
grandes negócios. Estimular a capacidade empreendedora das famílias ou pessoas
singulares. Investir através de negócios é um investimento empresarial, mesmo que não
exista uma empresa constituída. Para investir em imobiliário, em arte, na agricultura ou
numa actividade comercial, nem sempre as pessoas constituem uma empresa, porém, é
necessário e obrigatório a constituição de uma, já que os rendimentos são originados
através de actos de comércio (operações de compra e venda). A criação de uma empresa
é um investimento que produz efeitosna comunidade onde se insere, pois pode originar
postos de trabalho, pode transformar uma ideia numa fortuna ou pode ser um completo
fracasso e perder o dinheiro e tempo investido. Tudo pode acontecer, só depende de si.
Criar e sustentar seu próprio negocio não é apenas um meio que pode levar a
riqueza – é um caminho que pode ser trilhado prar correr atrás dos seus sonhos e
encontrar realização pessoal. A jornada não é fácil, mas todos os grandes
empreendedores da História se aventuraram nela. Apesar de ser menos complicado
começar seu próprio negócio com vastas reservas de capital, é possível erguer um
negócio do zero baseado na sua inteligência, perseverança e dedicação, mesmo que o
orçamento esteja apertado. Se você está preparado para trabalhar muito e aprender com
os próprios erros, você tem em mãos a chance de construir um negócio bem-sucedido
que poderá ser motivo de orgulho.

Estrutura das características do Investimento Empresarial.

Invest.
empresarial

Como mostra a estrutura das características do Investimento Empresarial, está


directamente ligado ao empreendedorismo, assim sendo, trataremos deste tema com
mais detalhes e maior propriedade no capítulo a seguir que fala sobre o
EMPREENDEDORISMO.

CAPÍTULO – VII EMPREENDEDORISMO


No contexto actual de Angola, de elevada taxa de desemprego e que clama-se
pela diversificação da economia, surge a extrema necessidade de se popularizar o
conceito de empreendedorismo e o papel do empreendedor no país.

O espírito empreendedor envolve ambição, otimismo, intuição, autoconfiança,


criatividade e disposição de assumir riscos. Estas são coisas que movem o
empreendedor, para que ele faça as coisas acontecerem.

O Empreendedorismo: é o processo de iniciativa de implementar novas ideias


de negócios ou mudanças em empresas já existentes.

Isso quer dizer que o empreendedorismo apesar de parecer uma palavra muito
complicada, não é nada mais do que o acto de criar um negócio. Mas para que este seja
criado é necessário que haja iniciativa, ou seja, é necessário que se tenha vontade de
inovar, é necessário antes de mais nada uma ideia. Ideia esta que pode surgir de uma
necessidade que haja no bairro, de um talento que possua ou mesmo de um negócio que
viu a funcionar noutro país, província ou bairro e queiras que funcione no teu bairro
também.

Mas e depois? O que fazer com a ideia que eu tenho?

É muito simples, basta elaborar um plano!

Vamos supor que queiras começar um negócio de lavagem de carros no teu


bairro, do que que precisarias? Poderias começar por saber se já existem lavadores de
carro no teu bairro, quanto eles cobram, como eles lavam o carro, e que materiais usam,
a isto se chama uma pesquisa da concorrência. Sabendo dessas informações poderias
começar por estabelecer como irás lavar carros de uma forma melhor ou igual a do teu
concorrente, como irás fazer a tua publicidade, quanto é que vais precisar para começar
o negócio, quantos carros queres lavar por dia, quanto dinheiro pretendes ganhar, se
precisarás de algum tipo de patrocínio e assim sucessivamente. Isto tudo terá que estar
bem claro no teu plano de negócios.

Plano de negócios: é um documento que especifica, em linguagem escrita, um


negócio que se quer iniciar ou que já está iniciado. Geralmente é escrito
por empreendedores, quando há intenção de se iniciar um negócio, mas também pode
ser utilizado como ferramenta de marketing interno e gestão. Pode ser uma
representação do modelo de negócios a ser seguido e reúne informações tabulares e
escritas de como o negócio é ou deverá ser.

7.1 - IMPORTÂNCIA DE TER UM PLANO DE NEGÓCIOS


 O plano de negócio orienta o empreendedor a iniciar ou a expandir o seu
negócio;
 Permite mostrar a visão, missão e valores da empresa;
 Mostra a viabilidade do negócio, se dará certo ou não, e quando se irá recuperar
o dinheiro investido;
 Contribui para o estabelecimento de uma vantagem competitiva, que pode
representar a sobrevivência da empresa, ou seja, contribui para que o negócio
seja melhor em relação aos outros;
 Serve como instrumento de solicitação de empréstimos e financiamentos junto a
instituições financeiras, novos sócios e investidores.
 Definir claramente o conceito do negócio e objetivos financeiros e estratégicos
 Mapear de maneira detalhada o que será feito, por quem será feito e como será
feito, para que os objetivos do negócio sejam atingidos;
 Relacionar os produtos que serão oferecidos ao mercado;
 Definir a quem vai ser oferecido e quem vai competir com o novo negócio;
 Posicionar como o cliente vai ser localizado e atendido;
 Mapear quanto será necessário investir no novo negócio, e quando se irá
receber o dinheiro de volta;
 Descrever quando poderão ser realizadas as atividades e como serão atingidas
as metas;
 Identificar os riscos e minimizá-los, e até mesmo evitá-los através de um
planeamento adequado;
 Identificar os pontos fortes e fracos da organização e compará-los com a
concorrência e o ambiente de negócios em que se actua;
 Conhecer o mercado de actuação e definir estratégias de marketing para seus
produtos e serviços;
 Analisar o desempenho financeiro de seu negócio, avaliando os investimentos,
retorno sobre o capital investido.

Ao escrever o plano de negócios tem uma componente muito importante a ter


em conta, a Estratégia de Marketing. O que será isso?

Voltemos ao nosso exemplo do negócio de lavagem de carros; imaginemos que


tenha a ideia de lavar carros, já tenha escrito o seu plano de negócios, mas está em casa
sentado a espera que os vizinhos lhe batam a porta, acha que assim conseguirá muitos
clientes? Claramente não, por isso surge a necessidade de ter uma estratégia de
marketing, que nada mais é do que o planeamento do que fará para fazer com que o seu
negócio seja conhecido pelas pessoas, para que assim elas possam contactá-lo quando
precisarem dos seus serviços ou produtos. Neste caso, da lavagem de carros, uma boa
estratégia de marketing seria andar de casa em casa que tenham carros na porta,
perguntando se querem que lave os seus carros e que em troca da lavagem está a cobrar
o preço X.

Outro ponto muito relevante do plano de negócios é saber quais serão as suas
fontes de financiamento, ou seja, de onde vai tirar dinheiro para conseguir realizar o seu
negócio. Tomando novamente o nosso exemplo, para lavar carros é necessário que tenha
uma escova, um balde e um pano. De onde irá tirar dinheiro para comprar essas coisas?
Tem duas opções: ou investe o seu próprio dinheiro, acumulado na sua poupança, ou
então peça dinheiro emprestado a alguém ou a um banco. A primeira opção é a de
financiamento com capital próprio e a segunda de financiamento com capital
alheio.

 Financiamento com Capital Próprio: resulta do financiamento assegurado


pelos seus proprietários e que, por norma, não tem associada qualquer
contrapartida de remuneração. Ou seja, é o dinheiro que investirá no seu negócio
por conta própria.
 Financiamento com Capital Alheio: é o financiamento assegurado por
terceiros, isto é, por pessoas que não são da empresa.

Para se conseguir um empréstimo é necessário convencer os financiadores de


que o teu negócio dará certo e que lhes fará ganhar ainda mais dinheiro do que
investiram.

Tendo todas as condições reunidas é necessário então começar o negócio! Mas


como?

Para isso é necessário que realize a tarefa da gestão.

Gestão: é o ato de administrar ou gerenciar negócios, pessoas ou recursos, com


o objetivo de alcançar objetivos definidos.

Então gestão é simplesmente fazer com que todos os recursos que você possua,
funcionem para que consigas alcançar as metas planeadas. E para isso é necessário
desempenhar 4 funções:

 Planeamento: envolve a definição de objetivos para o negócio e a forma como


estes objetivos devem ser atingidos.
 Organização: o gestor deve organizar os recursos da empresa para que estes
cumpram os objetivos determinados anteriormente.
 Direção: é o processo de determinar e influenciar o comportamento dos outros.
 O controlo: é a função que assegura que os objectivos estão a ser cumpridos.
Muitos pequenos negócios em Angola, terminam logo que começam por uma
deficiência e falta de consistência em termos de gestão, e também por falta de
conhecimentos básicos sobre contabilidade.

Contabilidade: é a ciência que tem como objectivo quantificar o património dos


indivíduos, empresas e países.

Portanto a contabilidade se preocupa do património da entidade (é o conjunto de


bens que pertencem a uma pessoa, empresa ou estado).

O património da empresa deve estar em equilíbrio:

E este equilíbrio é representado no balanço da empresa.

Balanço: é a principal demonstração financeira de uma empresa, onde se


representa a sua situação patrimonial em determinado momento.

O Balanço está dividido em três partes fundamentais:


 O Activo: inclui tudo aquilo que a empresa possui e que pode ser
transformado em dinheiro. Ex.: o balde, a escova e o pano do lavador de carros.
 O Passivo: é o conjunto das dívidas da empresa. Ex.: empréstimo para
compra de baldes.
 O Capital Próprio: corresponde ao capital que pertence ao dono da
empresa. Ex.: o dinheiro com que o lavador de carros começou o seu negócio.

Depois do negócio estiver estável, começará a gerar lucros.

Lucro: é o que se ganha com o negócio, o que deixa o empreendedor rico ou


simplesmente a diferença entre custos (o que se gasta) e proveitos (o que se ganha).

O ideal é reinvestir, ou seja, reinvestir os lucros no negócio, para que este possa
se tornar ainda maior, e para que os clientes não se fartem dos seus serviços e produtos é
necessário inovar, ter novas ideias, empregar novas pessoas, e assim será um empresário
de sucesso!

Tendo tudo isso dominado, está pronto para começar o seu negócio. Vamos fazer
um resumo dos pontos principais para se ser um empreendedor:

1. Ter uma Ideia: tudo começa com a iniciativa, vontade e desejo


de criar um negócio;
2. Elaborar um Plano de Negócios: para que se tenha tudo anotado
e claro de como será a empresa;
3. Implementar uma Estratégia de Marketing: para que as
pessoas saibam que produtos ou serviços ofereces e como podem te contactar;
4. Achar uma Fonte de Financiamento: para que consigas
implementar as tuas ideias precisas de saber de onde tirar o dinheiro;
5. Começar a Gerir o Negócio: para que este não vá a falência é
necessário implementar técnicas de gestão para cumprir com os teus objectivos;
6. Ter Noção da Contabilidade: procurar manter o equilíbrio
patrimonial, e ter noção daquilo que te tira o dinheiro (passivo) e o que
acrescenta dinheiro ao negócio (activo).
7. Reinvestir e Inovar: para que o negócio se torne em algo maior,
não vá a falência e os clientes mantenham o interesse.
Nota: Meditar no Evangelho de Mateus (Mt 25:14-30), onde encontramos a
Parábola dos Talentos de Jesus.
Referencias Bibiliográficas

 Administração Financeira. Jeff Madura e Lawrence J. Gitman, Editora


 Pearson Brasil, 2003.
 Administração Financeira. Louis C. Gapenski, Eugene F. Brigham e Michael
 C. Ehrhardt, Editora Atlas, 2001.
 https://pt.wikihow.com/Abrir-Seu-Pr%C3%B3prio-Neg%C3%B3cio-Sem-
Dinheiro
 http://mentalidadeempreendedora.com.br/empreendedorismo-digital/como-
comecar-um-negocio-do-zero/
 Página do facebook da Bolsa de Valores de Cabo Verde
 Caroline stumpf, Denise Comerlato, Johannes Doll - Caderno de Educação
financeira.
 Samuel Fernando Manzambi, Economia Doméstica e finanças pessoais

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