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O CATECISMO MAIOR DE WESTMINSTER Comentado por Johannes Geerhardus Vos Editado por G. 1. Williamson Introdugdo de W. Robert Godfrey 2 Copyright © 2002 by G. I. Williamson Originally published in English under the title “The Westminster Larger Catechism: A Com- mentary” by Johannes Geerhardus Vos — Presbyterian and Reformed Publishing Company, P.O.Box 817, Philipsburg. New Jerseyy 08865-0817. All rights reserved, Used by permission though the arragement of Presbyterian and Reformed Publishing Company. Assérie de 191 ligdes de Johannes Geerhardus Vos sobre o Catecismo Major foram publicadas na revista Blue Banner Faith and Life (janeiro de 1946 a julho de 1949), A introdugio de W. Robert Godfrey foi publicada com o titulo de “The Westminster Larger Catechism”, no capitulo 6 de To Glorify and Enjoy God: A Commemoration of the 350th An- niversary of the Westminster Assembly, orgs. John L. Carson e David W. Hall (Edimburgo: Banner of Truth, 1949), 127-42. ‘Todos os direitos reservados. Nenhuma parte deste livro pode ser reproduzida, armazenada em sistema de recuperagGo nem transmitida de nenhuma forma por nenhum meio — eletrénico, mecdnico, fotocdpia, gravagio ou qualquer outro — exceto em breve citagdes com 0 propésito de resenhas ou comentarios, sem a permissdo prévia do editor. Carecismo Maton bE Westminstrer CoMENTADO ~ Johannes Geerhardus Vos © 2007 — Projeto Os Puritanos/CLIRE — 1* Edigdo em Portugués — julho de 2007 ospuritanos@uol.com.br Traduzido do ingles: The Westminster Larger Catechism: A Commentary — Presbyterian and Reformed Publishing — Editor G, I. Williamson Editor Responsével: Manoel Sales Canto Tradugdo: Marcos Vasconcelos Revisdo: Métcio Santana Projeto Grdfico: Heraldo Almeida — heraldoa@gauail.com Editora Os Puritanos Rua Canguaretama, 181 ~ Vila Esperanga CEP 03651-050 — Sio Paulo- SP Fone/Fax: (11) 6957-1111 / (11) 6957-3148 / (81) 3223-3642 facioli@facioli.com.br; www.puritanos.com.br Iupressdo: Facioli Grafica e Editora Ltda SumArrIo Prefdicio do Editor wi. Introdugao ao Catecismo Maior de Westminster........ Esbogo do Catecismo Maior de Westminster..... Parte 1 — Acerca do Que o Homem Deve Crer 1 - Doutrinas Fundamentais 2 - Deus... 3 - Os Decretos de Deus. 4-A Criagéo... 5-A Providéncia de Deus... 6-0 Pacto de Vida ou de Obras 7 - O Pacto da Graga.... 8 - O Mediador do Pacto da Graga 9—A Obra do Mediador.... 10 - Os Beneficios da Obra do Mediador-...... Parte 2 — O Que Deus Requer do Homem 1] - Obediéncia a Vontade Revelada de Deus... 12-A Vontade de Deus com Referéncia Direta a Si Mesmo .. 13 — A Vontade de Deus Expressa em Nosso Dever para com o Préximo..395 14 - A Nossa Condigéo Perdida... 15 - O Arrependimento, a Fé e a Palavra de Deus. 16 - O Uso dos Sacramentos.... 17-0 Uso da Oragéo... vii PREFACIO DO EDITOR Ovvi certa feita 0 falecido Professor John Murray descrever a revista Blue Banner Faith and Life como 0 melhor periédico do seu tipo no mundo inteiro. Tornei-me um seu fiel leitor, e assim fazendo tomei ciéncia da alta qualidade do trabalho de seu editor, o Rev. Johannes Geerhardus Vos. Uma das melhores coisas que ele escreveu para aquela revista, na minha opiniao, foi a sua série de estudos no Catecismo Maior da Assembléia de Westminster, Exige-se dos oficiais das igrejas presbiterianas conservadoras, como eu mesmo, que “recebam e adotem” esse Catecismo como um dos trés documen- tos “que contém o sistema de doutrinas ensinadas nas Sagradas Escrituras”, No entanto, € amplamente sabido que o Catecismo Maior tem recebido bem menos atengdo que o Catecismo Menor ou a Confissio de Fé. Uma das razdes disso € a escassez de bom material de estudo que o exponha. Uma reimpres- s%o da obra de Thomas Ridgeley, publicada originalmente em 1731, é 0 tinico outro estudo de que tenho conhecimento e que, por varias razGes, no é nem de longe tao util quanto este estudo do Dr. Vos. Estou, portanto, felicissimo porque a Sra. Marion Vos — vitiva do Dr. Vos — me animou a editar esta obra e porque o Conselho Editorial da Igreja Presbiteriana Reformada da América do Norte autorizou a sua publicagio, Que 0 nosso Soberano Senhor possa abengoar o presente estudo para que sirva de professor a muitos dos que nfio puderam vislumbré-lo nas paginas originais da Blue Banner faith and Life. IntTRopUcAO. Ao CaTEcisMO MAIor DE WESTMINSTER 'W. Robert Godfrey Em 1908 B. B. Warfield mostrou ser um mestre do discernimento ao comentar que “na histéria recente dos documentos de Westminster, o Catecismo Maior tem tido uma espécie de posi¢iio secundéria”.' Comparado 4 proeminéncia e influéncia do Breve Catecismo nos circulos presbiterianos, o Catecismo Maior est4 mesmo num distante segundo lugar. Nos Estados Unidos, pelo menos, 0 Catecismo Maior é raramente mencionado e muito menos estudado como par- te viva da heranga presbiteriana. Essa situagdo nao é nova. Desde 0 século 17 o Breve Catecismo tem recebido muito mais atengio que o Catecismo Maior. Francis Beattie comentou h4 mais de um século: “quando téo poucas obras tratam diretamente do Catecismo Maior, merece atengao a Coleténea Teolé- gica (Body of Divinity) de Ridgeley, como exposigiio individual desse catecis- mo”.? Os dois volumes da obra de Thomas Ridgeley impressos em 1731~1733 parecem ser de fato a Unica grande obra que trata do Catecismo Maior. Tamanha negligéncia para com o Catecismo Maior é justificdvel? Ha al- gum beneffcio em renovar o mérito de um Catecismo escrito h4 mais de 350 anos? Com toda a certeza, a resposta é sim. O Catecismo Maior é uma mina do mais puro ouro teoldgico, histérico e espiritual. O presente estudo se apro- fundard nessa mina ao considerar resumidamente a preparagao do Catecismo, 0 seu propésito final e o seu valor permanente para a igreja hoje. Catecismo Maior, Preparacio e Propésito Os ansEIos catequéticos da Assembléia de Westminster tinham por base A Liga e o Pacto Solenes assinados entre Irlanda e Inglaterra em 1643. O pri- meiro artigo dessa alianga declarava “que nos esforgaremos para trazer as igrejas de Deus dos trés reinos (Inglaterra, Escécia e Irlanda) 4 mais aproxi- 1B B. Warlield, The Westminster Assembly and its Work (Nova Iorque, Oxford University Press, 1931), 64. Francis R, Beattie, “Introduction”, Memorial Volume of the Westminster Assembly, 1647~1897, E (Richmond, Va.: Presbyterian Committee of Publication, 1897), xxxvi. xi InTRODUGAO Ao CaTEcisMo Malor DE WesTMINSTER mada conjungio e uniformidade na religiao, confissio de fé, forma de governo eclesidstico, diretério de culto e catequizacio; que nés, e a nossa posteridade Ppossamos, como irmaos, viver em paz e amor e que o Senhor compraza-se em habitar em nosso meio”? A preparagao do Catecismo era, claramente, um objetivo importante da alianga. A Assembléia levou muito a sério a responsabilidade de preparar um ca- tecismo, elegendo um comité para cumprir a tarefa.* Embora nao seja possf- vel reconstruir a maior parte dos trabalhos do comité, temos conhecimento de alguns dos assuntos que foram debatidos. O comité propés uma linha de catequizagao’ e avaliou diversas maneiras de fazer um catecismo. Herbert Palmer elaborou o rascunho de um catecismo, mas mesmo sendo reconhecido como o melhor catequista da Inglaterra o seu esbogo niio foi aceito pela to- talidade do comité. O comité também discutiu se deveria ou no incluir uma exposig&o do Credo Apostélico, que era historicamente uma das principais caracteristicas dos catecismos;* mas, nao sendo o Credo Escritura inspirada 0 comité decidiu-se definitivamente por nao incluir a sua exposigao. Uma mudanga chave para que o trabalho do comité progredisse veio em janeiro de 1647 com a decisao de se escrever dois catecismo e nao apenas um.” Ao que parece, essa decis&o iluminov e simplificou a tarefa do comité; depois disso os trabalhos progrediram rapidamente. Em 14 de janeiro de 1647 a As- sembléia aprovou uma mogiio para que “o Comité do catecismo prepare 0 es- bogo de dois catecismos: um maior e um mais resumido, que tenham em vista a Confissiio de Fé e o material do catecismo ja comegado”.* George Gillespie ressaltou que o Catecismo Maior deveria visar “aqueles com entendimento” € outros delegados escoceses referiram-se a ele como um catecismo “mais itado da Confissio de Fé (Glasgow: Free Presbyterian, 1966), 359. “Para os membros do comité ¢ os detalhes de como 0 comité funcionava ¢ mudava, veja Alexander F. Mitchell, The Westminster Assembly: its History and Standards (Filadélia: Presbyterian Board of Publica- tions, 1884), 409ss.; Warfield, The Westminster Assembly, 62ss,; ¢ Givens Strickler, “The Narure, Value, and Special Utility of Catechisms”, Memorial Volume, 121ss. ‘SRobert Baillie, The Letters and Journals of Robert Baillie, ed, David Laing (Edinburgh: Robert Ogle, 1841), 2:148. “Quanto ao nosso Diretério, a questo da pregago que submetemos, foi ratificada no Comi- (8. A parte do Sr. Marshall, sobre a Pregacdo, ¢ a do St. Palmer sobre a Catequizagio, embora este seja 0 melhor pregador e aquele o melhor catequista na Inglaterra, mesmo assim no as apreciamos de mancira nnenhuma: seus papéis, portanto, foram passados as nossas mos para moldé-los segundo a nossa mente”. ® Mitchell, The Westminster Assembly, 416. 70 Catecismo Maior comegou a set discntido em meados de abril, e en meados de outubro a obra foi con- clufda (exceto pelas provas da Escritura). Para a reconstrugao do esforgo original para se produzir um tinico ccatecismo, veja Wayne R. Spear, “The Unfinished Westminster Catechism”, apendice A em To Glorify and Enjoy God: A Commemoration of the 350th Anniversary of the Westminster Assembly, ed. John L.. Carson and David W, Hall (Edinburgh: Banner of Truth, 1994), 259~266. * Citado em John Murray, “The Catechism of the Westminster Assembly”, Presbyterian Guardian, 25/12/1943, 362, xii CatecisMo Malo, PREPARAGAG & PRopdsiTo exato e compreensfvel”. A Assembléia admitiu que estava sendo uma tarefa “muito dificil (...) servir leite e carne num tnico prato”.? O Catecismo Maior era claramente voltado para os mais amadurecidos na fé, Como deveria ser usado 0 Catecismo Maior? Ele deveria seguramente ajudar no estudo e no crescimento dos crentes em Cristo que jé estavam pron- tos, no Ambito da ¢é, para se alimentarem de carne. Ao aprovar o Catecismo Maior em 1648, a Assembléia Geral da Igreja da Escécia chamou-o de “uma diretriz para catequizar aqueles que tém progredido no conhecimento dos fun- damentos da religido”.'° Philip Schaff sugere que a Assembléia tinha em mente um outro propé- sito para o Catecismo Maior. Ele escreveu que a Assembléia preparara “um [catecismo] maior para a exposigio ptiblica, no pillpito, segundo o costume das igrejas reformadas do continente”."' & curiosa a sugestfio de Schaff, mas ndo se sustenta em suas prprias notas de rodapé nem em nenhuma outra evi- déncia, Como a intengao da Assembléia era conformar as igrejas britanicas & pratica reformada do continente, é provavel que Schaff tenha raciocinado que a Assembléia também iria promoyer 0 mesmo tipo de pregacéio do catecis- mo que havia nas igrejas reformadas de Genebra, Alemanha e Holanda. Sem nenhuma evidéncia clara que © sustente, esse raciocinio vai notoriamente na contra-mio de outras decis6es da Assembléia. Por exemplo, a deliberagao de nao ministrar a exposi¢#o do Credo Apostélico no Catecismo, por nfo ser inspirado por Deus, torna improvavel que a Assembléia esperasse que um catecismo ndo-inspirado fosse pregado nas igrejas. Além disso, no Diretdrio Para o Culto Piiblico a Deus a declarag&o sobre a pregagiio opée-se paten- temente a Schaff: “O tema do seu sermio deve ser, ordinariamente, algum texto da Escritura que trate de princfpio ou aspecto principal da religiao, ou seja apropriado a alguma ocasiao urgente especial, ou que discorra sobre al- gum capitulo, salmo ou livro da Sagrada Escritura, que ache apropriado”.'? Ao escrever que “o Catecismo Maior foi planejado principalmente como um roteiro do ministro para o ensino da fé reformada de domingo a domingo”," T. F, Torrance expressa, provavelmente melhor do que Schaff, a finalidade do Catecismo para os pregadores, * Citagges de Mitchell, The Westminster Assembly, 418, "Citado da Confissdo de Fé, 128. ip Schaff, Creeds of Christendom, 3 vols. (Grand Rapids: baker, 197), 1:784. ™ Citado da Conjissiio de Fé, 379. ™ Thomas F. Torrance, The School of Faith (Nova Torque: Harper, 1959), 183. Frederick W. Loester fez abservaciio semelhante: “[O Catecismo Maior foi] planejado principalmente como uma adaptagdo da Con- fissdo de Fé para as fungies didéticas do pregador ¢ do pastor”. “The Westminster Formularies: A Brief Description”, in The Westminster Assembly (Department of History, Office of the General Assembly of The Presbyterian Church in the U.S.A., 1943), 17. xiii IntRoDUugAO Ao CaTEcisMo Maton DE WESTMINSTER O Valor do Catecismo Maior Se o prorésiro do Catecismo Maior era catequizar aqueles que j4 tinham sido apresentados & verdade crista, € importante saber como 0 catecismo pode cumprir ainda esse propésito. Que valor permanente tem ainda para a igreja hoje? Primeiro, o valor do catecismo pode ser constatado por alguns dos noté- veis resumos de doutrina nele encontrados. Por exemplo, as perguntas 70~77 apresentam uma excelente declaragiio das doutrinas reformadas da justifica- go e santificagio. A pergunta 77 mostra a relagio que hé entre essas duas verdades de maneira muito sucinta e poderosa: Em que diferem a justificagao e a santificagéo? R. Embora a santificagdo esteja inseparavelmente unida a justifica- ¢Go, elas sao, contudo, diferentes nisto: Deus, na justificagao, impu- ta a justiga de Cristo; na santificagao o Seu esptrito infunde a graga e dd o poder de exercité-la. Na primeira o pecado é perdoado; na outra é subjugado. Uma liberta igualmente todos os crentes da ira vingadora de Deus — e isso nesta vida, para que jamais sejam con- denados; a outra ndo é igual em todos nem é perfeita em ninguém nesta vida, mas progride para a perfeigao. Segundo, alguns expositores do catecismo afirmam que o Catecismo Maior tem, em alguns pontos, formulagdes superiores 4s da Confissao de Fé de Westminster. John Murray, por exemplo, defende que a declaragio acerca do Pacto da Graga no Catecismo Maior, perguntas 30~32, é superior ao capi- tulo VI, segdo IIT da Confissio, Afirma também que a respeito da imputagaio do pecado de Adio 0 Catecismo Maior, pergunta 22, vincula a imputagiio a0 Pacto de Obras com maior clareza que a Confissao de Fé, capitulo VI, segiio uu! ‘Terceiro, o Catecismo Maior apresenta uma exposigao dos Dez Manda- mentos particularmente completa e rica. A escritura dessa seco do Catecismo esté especialmente associada ao nome de Antony Tuckney, notdvel tedlogo moral Puritano. Muitos consideram essa parte do catecismo como uma consi- derdvel introdugdo ao pensamento ético dos Puritanos. Nem todos os eruditos, porém, consideram essa sego como uma expres- sio proveitosa do pensamento reformado a respeito da lei. Philip Schaff co- * Murray, “The catechism of the Westminster Assembly”, 363, Essa parte do artigo de Murray foi reimpressa 1a Presbyterian Reformed Magazine 8 (Spring 1993): 14, xiv © Vator po Carecismo Maton mentou: “também serve em parte como valioso comentdrio ou suplemento & Confissio, especialmente quanto ao aspecto ético da nossa religido, mas € extremamente detalhista ao especificar 0 que Deus ordenou e proibiu nos Dez Mandamentos, perdendo-se numa floresta de mincias”.'’ T. F, Torrance é ainda mais critico e sugere que o catecismo genebrino de Calvino é “mais evangélico” acerca da lei, ao passo que o Catecismo Maior é “altamente mo- ralista”.'6 Apesar dessas criticas, outros comentadores fazem uma avaliag3o mais positiva. Frederick Loetscher, por exemplo, escreveu: “A exposigao da lei é particularmente admirdvel. Sem dtivida hé aqui a tendéncia para uma elabora- flo exagerada ao se especificar 0 que os mandamentos ordenam ou proibem, mas nenhuma outra obra desse tipo oferece tratamento mais sugestivo e util sobre os ensinamentos éticos e sociais do Novo Testamento”.'” As criticas a essa seco do Catecismo se justificam? Uma resposta possivel € que o Catecismo Maior dedica uma porcentagem significativamente menor As perguntas sobre a lei do que o Breve Catecismo (veja a Tabela 1 no final dessa introdugio)."* Se a acusagao de moralismo fosse minimamente verda- deira, seria mais aplic4vel ao Breve Catecismo do que ao Catecismo Maior.'? Mais digno de nota é que, apesar de ser detalhada e arguta, a exposigao dos Dez Mandamentos no Catecismo Maior nao se precipita em questdes su- perficiais ou obscuras, tampouco adota um tom moralista. A exposigiio segue a pratica de Calvino ao enxergar nos Dez Mandamentos o resumo de todas as responsabilidades morais do homem. Muitas respostas dessa segao do Cate- cismo so longas, mas todos os mandamentos, exceto dois deles, sfio tratados em apenas trés ou quatro perguntas. Nao surpreende que o quarto manda- mento tenha uma exposigiio mais extensa — sete perguntas — a vista da sua importancia para os Puritanos e da natureza controvertida do sabatarianismo no século 17. Talvez surpreenda que 11 perguntas sejam dedicadas ao quinto mandamento. Um tratamento tio dilatado reflete as circunstancias sociais e politicas da Inglaterra nos dias da Assembléia e da necessidade de tratar-se amplamente da quest&o da obediéncia aos superiores. A exposigao da lei no 'S Schatf, Creeds of Christendom, “Torrance, The School of Faith, xvi " Loetscher, “The Westminster Formularies”, 17. Vejaa Tabela 1. Embora se encontre uma porcentagem mais alta de perguntas sobre a lei no Breve Cate- ccismo, 0 total do espago dado & exposig&o da lel ¢ cerca de 33% no Breve ¢ de 35% no Maior, Torrance acusa mesmo 0 Breve Catecismo de ser moralista (The Schoo! of Faith, xvi). Ele, contudo, no especifica as bases pata tal acusagto senio a observagdo de que uma proporgdo substancial de ambos os catecismos é dada para a exposigao da lei. O moralismo é normalmente definido nos termos da maneira que a lei se relaciona com a justificagao, nao em termos do total de atengio dispensada a ela, 86. xv IntRopuGAO Ao CaTecismo Maton DE WESTMINSTER Catecismo Maior é de fato uma base Util para a meditagfo e o auto-exame e verte luz, sobre 0 que os mandamentos significam para o crente que procura viver uma vida piedosa. David Wells enalteceu recentemente © tipo de integragfio que ha entre vida e teologia cristis expostas no Catecismo Maior. Wells escreveu que no passado a teologia tinha “trés aspectos essenciais”: “(1) um elemento confes- sional, (2) a reflexfo quanto a essa confissdo e (3) 0 cultivo de um conjunto de virtudes fundamentadas nos dois primeiros elementos”. Acrescenta ele que “o terceiro elemento, as virtudes da vida, nem sempre tem sido visto como central para 0 trabalho do tedlogo como tedlogo. O que vez por outra tem sido uma fraqueza significativa da teologia protestante, se comparada 4 cat6lica; mas o puritanismo é um lembrete de que esse elemento nao precisa ser exclufdo dos beneficios de uma teologia genuinamente protestante”. A discussio da lei no Catecismo Maior procura cultivar a virtude de uma forma mais aguda e prové um encorajamento vital para 0 tedlogo e o crente. Em quarto lugar, o valor do Catecismo Maior assenta-se na sua apre- sentagtio da doutrina da igreja, desenvolvendo-a de modo pleno e completo — assunto quase totalmente ausente do Breve Catecismo, Alexander Mitchell observou o seguinte quanto ao Breve Catecismo: Embora (...) seja um catecismo totalmente calvinista, nada tem de censuras, tribunais e oficiais eclesidsticos, como os tém muitos pro- dutos semelhantes. Nao, nao contém sequer uma definigdo da igreja, vistvel ou invistvel, como o Catecismo Maior e a Confissdo de Fé; faz somente uma referéncia incidental a igreja, associada a pergun- ta: A quem deve ser ministrado 0 batismo?™ Mitchel afirma que isso é um ponto forte, nao uma fraqueza, e escreveu: Parece que neste simbolo mais simples [o Breve Catecismo], porém mais nobre, eles desejassem, até onde seria possivel a calvinistas, eliminar de suas declaragées tudo o que fosse secunddrio e ndo-es- sencial; tudo relacionado 4 organizagdo de cristéos como comuni- dade exterior; aquilo que os diferengava dos protestantes episcopais David Wells, No Place for Truth (Grand Rapids: eerdmans, 1993), 98. * Thidem, 99n.4. % Mitchell, The Westminster Assemby, 432, Outros também notaram isso. Thomas Ridgeley p0s a seguinte ‘observagio no comeco da sua obra sobre 0 Catecismo Maior: “fo maior deles que temos tentado explicar € pelo qual regulamos 0 nosso método; porque contém varios t6picos de teologia, nfo tratados no breve”. ‘Thomas Ridgeley, A Body of Divinity, ed. 5. M. Wilson (Nova lorque: Carter, 1855), 1:2. Torrance chama a atengdo para a auséncia absolute da doutrina da igreja no Breve Catecismo. The School of Faith, xvi. xvi A Doutrina DA TaRgsA No CaTECISMo MAIOR ortodoxos, por um lado, e dos sectarios inortodoxos, pelo outro, num esforgo supremo de oferecer um catecismo valioso no qual toda a juventude protestante do pats pudesse ser treinada.* Adoutrina da igreja, porém, nao pode ser vista como “secundaria e¢ nao-es- sencial”. Nenhum tedlogo da Assembléia de Westminster consideraria a dou- trina da igreja como matéria insignificante. A auséncia da doutrina da igreja no Breve Catecismo reflete tao-somente 0 seu propésito, que era, segundo de- finiu Torrance, auxiliar o “inquiridor’™ na “apropriagiio da salvagdo e na vida crista”.*5 A Assembléia tencionava que o Catecismo Maior suplementasse 0 Breve Catecismo, tratando alguns tépicos nao abordados por esse — como 0 da igreja. Essa intengdo pode ser claramente vista ao se compararem, nos dois ca- tecismos, as segdes que vém imediatamente antes da exposigao da lei.’ As perguntas 37 e 38 do Breve Catecismo falam dos beneficios derivados da morte e da ressurreig&o de Cristo, ao passo que as perguntas 82~90 do Cate- cismo Maior falam, nao desses beneficios, mas da “comunhdo em gléria” com Cristo. O impactante € que enquanto o Catecismo Maior fala da comunhao em gloria da “igreja invisivel”, 0 Breve Catecismo fala dos “beneffcios” dos “crentes”. O Breve Catecismo enfoca deliberadamente os individuos, enquan- to o Catecismo Maior enfoca muito mais a comunidade dos crentes. A Doutrina da Igreja no Catecismo Maior A vecisao de eliminar a doutrina da igreja do Breve Catecismo fazia senti- do num contexto em que se sabia que os catectimenos prosseguiriam para a instrug4o mais completa do Catecismo Maior. Onde 0 Catecismo Maior nao funciona mais assim, existe uma séria omisso. A doutrina da igreja é um ele- mento integral do verdadeiro calvinismo. Na verdade, a doutrina particular da igreja é a prépria esséncia do calvi- nismo. O calvinismo € uma forma de cristianismo que evita dois extremos no entendimento do que é€ a igreja. Ele rejeita, por um lado, uma forma de cristianismo sacramental que enxerga os offcios e os sacramentos como se portassem, inevitavel e automaticamente, a graga de Deus; e rejeita, por outro ® Mitchell, The Westminster Assembl ¥ Torrance, The School of Faith, 262. % Tbidem, xvi, 20 Catecismo Maior esté dividido em duas metades, uma sobre a fé (perguntas 6~90) ¢ uma sobre o dever (91~196). O Breve Catecismo niio est explicitamente dividido desse modo, mas segue a mesma seqiléncia do Maior, xvii InTRoDUcAo AO CaTECIsMo Maron DE WESTMINSTER lado, uma forma interior e mistica do cristianismo, que enxerga os meios de graca externos como irrelevantes, A instituiciio da igreja como a mie do fiel € essencial ao calvinismo genufno. Joao Calvino torna a centralidade da igreja muito clara nas Institutas da Religido Cristé. Em termos gerais, 0 Livro 1 & sobre 0 Pai e a criagio; 0 Livro 2, 0 filho e a consumagio da redengio; 0 Livro 3, o Espirito Santo e a aplicag%o da redencAo ao individuo; e 0 Livro 4, o Espirito Santo aplicando a redengaio através da igreja. Calvino comega o Livro 4 com estas palavras: (...) pela fé no evangelho Cristo se faz nosso e nds nos tornamos participantes da salvagao e da eterna bem-aventuranga trazidas por ele, Mas, visto que nossa obtusidade e indoléncia (adiciono também a fatuidade do espirito) tém necessidade de substdios externos com os quais a fé em nds ndo s6 seja gerada, mas também cresga e avan- ce gradualmente até a meta, Deus adicionou também esses meios para que [Ele] sustentasse nossa fraqueza. E, para que a pregacao do evangelho florescesse, depds esse tesouro com a Igreja: instituiu “pastores e mestres” (Ef 4.11), por cujos ldbios ensinasse aos seus, investiu-os de autoridade, enfim, nada omitiu que contributsse para o santo consenso da fé e a reta ordem2” O Livro 4 €, na verdade, 0 mais volumoso livro das Institutas (mais de um tergo de toda a obra) e é quase totalmente dedicado a igreja ¢ aos sacramen- tos.* O compromisso de Calvino com a centralidade da igreja € mantido nos diversos padrées reformados. Por exemplo, a Confiss&o Belga afirma que a igreja é necesséria para a preservagio da verdadeira religifio.” A Confissiio de Fé de Westminster declara que fora da igreja visivel nao ha “possibilidade ordindria de salvagiio”*° A doutrina reformada da igreja esté plenamente desenvolvida no Catecis- mo Maior, nele aparecem referéncias & igreja em muitos contextos diferentes. Ao discutir a obra de Cristo, menciona a igreja como objeto do Seu amor. Cris- to é “Rei da Sua igreja” e profeta “para a igreja”. Cristo “congrega e defende a Sua igreja” e é “o Salvador somente do Seu corpo, a igreja".2! A exposigao ® Joo Calvino, As Instinas ou Tratado da Religido Crista, (Sto Paulo: Ed, Cultura Cristi, 2003, 2* ed.), %, 4.1.1, Trad. Rev. Dr, Waldyr Carvalho Luz. > Somente a ultima parte do capftulo 4 sobre o governo civil nifo trata especificamente da igreja nem dos sdcramentos, ® Confissdo Belga, artigo 30. Veja Tabela 1, “Sobre a igreja”. ” Confissdo de Fé de Westminster, xxv. ™ Catecismo Maior, perguntas 42~43, 54, 60, xvii A Doutrina Da lores No CaTECISMO MAIoR da lei também contém referéncias a igreja. O segundo mandamento demanda pureza no culto e no governo da igreja.?? O quinto mandamento exige corre- ta obediéncia As autoridades da igreja.* A reflexdo num resumo sobre a lei chama a atengéo de que o pecado torna-se mais grave se cometido contra as censuras da igreja.*4 Seis perguntas sobre os sacramentos mencionam a igreja, acentuando que os sacramentos so institufdos na e para a igreja, sendo mi- nistrados sob a sua autoridade.** A segio do Catecismo sobre a oragao faz trés convocagGes para que se ore em favor da igreja.** O elemento chave na definigdo da igreja no Catecismo Maior é a diferenga entre a igreja visivel e a igreja invisivel.” A igreja visfvel so todos os que professam a Cristo com os seus filhos; a igreja invisfvel sao todos os eleitos que gozam ou gozardo da unifio e comunhio com Ele. Essa distingao entre a igreja visfvel e a invisivel, exprime a diferenga que ha entre os meios externos, pelos quais Deus age para salvar, e a realidade interior da salvagao fra(da pelo salvo. A igreja visivel goza do privilégio da protegio especial de Deus e tem o privilégio “de gozar da comunhio dos san- tos, dos meios ordindrios de salvagao ¢ das ofertas da graga feitas por Cristo a todos os membros dela, no ministério do evangelho, testificando que todo © que nEle crer serd salvo, sem excluir a ninguém que queira vir a Ele”.** A igreja invisivel inclui aqueles que verdadeiramente participam da salvagio proclamada na igreja visfvel. Na teologia reformada os “meios ordindrios de salvagdo” so elementos cruciais na economia salvadora de Deus. Tanto o Breve Catecismo quanto 0 Catecismo Maior deixam isso claro. O Breve Catecismo fala enfaticamente: Deus exige de nés “o uso diligente de todos os meios exteriores pelos quais Cristo nos comunica as béngiios da redengao”.*” O Catecismo Maior fala da mesma maneira ao se referir aos meios externos como os “meios ordindrios de salvagao”.” O Breve Catecismo trata com relativa brevidade os meios de salvagiio; fala da importancia do culto e das ordenangas, ao expor o segundo mandamento;*" 3 Tbidem, pergunta 108. Ibidem, pergunta 124. ™ tbidem, pergunta 151 % Ibidem, perguntas 162, 164~166, 173, 176. % Ibidern, perguntas 183~184, 191. » Veja especialmente 0 Catecismo Maior, perguntas 61~65. % Catecismo Maior, pergunta 63. » Breve Catecismo, pergunta 85; veja também a pergunta 88. °® Catecismo Maior, perguntas 153, 63. Breve Catecismo, pergunta 50, xix InTRODUGAO Ao CarEcisMo MaIoR DE WESTMINSTER lista também como meios a Palavra (especialmente a pregacao), os sacramen- tos e a oragéio. Nao surpreende que 0 Catecismo Maior descreva esses meios de modo muito mais pleno nas suas perguntas. O Catecismo Maior é também mais especffico a respeito das ordenangas de Deus. Ao discutir 0 segundo mandamento, por exemplo, ele menciona 0 culto e as ordenangas e declara: “especialmente a orago e a agao de gragas em nome de Cristo; a leitura, a pregagdo e o ouvir da Palavra; a administragiio e a recepgio dos sacramentos; © governo ¢ a disciplina da igreja; o ministério e a sua manutengiio; o jejum religioso; 0 jurar pelo nome de Deus e Lhe fazer votos”.” Embora todos os dois catecismos discutam os meios externos de salvagio, no Catecismo Maior eles esto claramente amarrados A igreja, mas nio no Breve Catecismo, Por exemplo, o papel do ministério é mencionado varias vezes no Catecismo Maior,* mas é deixado apenas implicito nas referéncias do Breve Catecismo & pregagio.’* B evidente que o Catecismo Maior tem para oferecer ao Breve Catecismo um suplemento necessdrio e vital sobre a doutrina da igreja e os meios externos de salvagao. Amadurecida Sintese da Fé UM Merrro final e importantissimo do Catecismo Maior é que ele € um resu- mo pleno, equilibrado e edificante da fé evangélica; socorro util e valioso para © crente na medida em que progride no conhecimento da verdade de Deus. O Catecismo nfo é, de jeito nenhum, diffcil de ler ¢ entender. Na verdade, as suas declaragGes so mais simples que as da Confisso de Fé — compare, por exemplo, a discussio dos decretos de Deus onde a Confissao (III.I) menciona “a liberdade ou contingéncia das causas secundérias” e 0 Catecismo Maior nao o faz (pergunta 12). A dificuldade em usar 0 Catecismo Maior acha-se principalmente na extensiio das suas sentengas, que podem desanimar o leitor contemporfneo. Na verdade, serd facil entendé-lo pegando-se uma cléusula de cada vez. A Assembléia de Westminster foi notdvel de vérias maneiras, Os padrées que ela produziu estio entre os grandes tesouros da igreja de Cristo. O Cate- cismo Maior é parte crucial desse tesouro, ¢ as igrejas da tradigio reformada — e especialmente as igrejas presbiterianas — empobrecem a si mesmas se deixam de usé-lo. © Breve Catecismo, pergunta 88. Esses trés meios so examinados nas perguntas 89~107: 2 perguntas sobre a Palavra, 7 sobre os sacramentos e 10 sobre a oragio. * Catecismo Maior, pergunta 108. “ Ibidem, perguntas 108, 156, 158, 176, 191. Breve Catecismo, pergunta 89. xx, AMApURECIDA SINTESE DA Fé Como perguntou Givens Strickler hé um século na homenagem a West- minster: “Por que no conseguem os ministros e oficiais da nossa denomina- do instruir o nosso povo nessas doutrinas, de modo que em todas as igrejas haja um ntimero minimo deles que saiba como resguardé-las do assalto dos modismos que lhes sobrevém com tanta freqiiéncia hoje? Jamais prevalecere- mos como podemos e devemos, até que isso seja feito”.*° As igrejas enfrentam hoje uma tarefa educacional muitissimo maior que a de séculos atrés. A ignorancia doutrindria é ampla e generalizada. Os pastores € mestres esto sempre procurando por materiais de estudo titeis e eficazes, Em resposta a essa necessidade a igreja tem a obrigaciio de resgatar os seus grandes recursos educacionais do passado. O Catecismo Maior é um instru- mento negligenciado que a igreja necessita hoje para auxiliar os crentes a desenvolverem uma fé e uma vida equilibradas e vigorosas. Coa Breve Catecismo eed Cateclsmo Malor de de Westminster PASTOR Ua) (107 pergs.) Sobre a oragio Sobre os sacramentos Referéncia explicita a0 Espirito Santo 4%) 6 meted | we | ae | oe | Tabela 1. O nimero de questdes de varios assuntos tratados em 4 catecismos reformados (13,2%) “Memorial Volume, 136~137. Essoco po CaTECIsMO MAIOR DE WESTMINSTER Jeffrey K. Boer 1A. “O fim supremo e principal do homem € glorificar a Deus e gozii-lo para sempre!” (Cate- cismo Maior, Resposta 1) 2A. Entdo, a revelagiio de Deus materializou tudo, (2~196) 1 B. Comparagdio entre a manifestagio geral ¢ a revelagio especial (2) (A manifestagiio geral de Deus doravante nao serd mais estudada no Catecismo). 2B. Exposigo da revelagao especial (3~196) 1C. De que se constitui a revelagao especial de Deus? (3~4) 2C. O que as Escrituras principalmente ensinam? (5~196) 1D. O que o homem precisa crer sobre Deus (6~90) 1 E, Que é Deas? (7) 2E. As Pessoas da Divindade (8~11) 3 BE, Os decretos de Dens (12~13) 3B. Aexecugiio dos decretos de Deus (14~90) 1 F Acriagdo de Deus (15~17) 2 FA providencia de Deus (18-90) 1G. A providéncia de Dens para com os anjos (19) 2.G. A providéncia de Deus para com o homem (20~90) 1H. A providéncia de Deus para com o homem antes da queda (20) 2.H. A queda do homem (21~22) 3H. A providéncia de Deus para com o homem depois da queda (23~90) 111, O estado do homem depois da queda (23~29) 1J.A pecaminosidade do estado do homem (24-26) 2.J. A miséria do estado do homem (27~29) 1K. O castigo do pecado no mundo pre- sente (28) 2K. O castigo do pecado no mundo por- vir (29) 21. A graga de Deus depois da queda (30~88) 1 J. O Pacto da Graga de Deus (30~32) 2J.A administragio do Pacto da Graga de Deus (33~35) 1K. A administragao no Velho Testamen- to (34) 2K. A administragio no Novo Testamen- to (35) xxiii Um Essogo po CaTEcismo 3.J.O Mediador do Pacto da Graga (36~45) 1K. Como Cristo, o Filho de Deus, tor- uou-se homem (37) 2K. Porque o Mediador tina de ser Deus (38) 3K, Porque o Mediador tinha de ser ho- ‘mem (39) 4K. Porque o Mediador tinha de ser Deus e homem (40) 5K, Porque o Mediador foi chamado “Je- sus” (41) 6K. Porque 0 Mediador foi chamado “Cristo” (42~45) 1 L, Como Cristo é Profeta (43) 2.L. Como Cristo é Sacerdote (44) 3.L, Como Cristo é Rei (45) 4. A obra do mediador (46~56) 1K. A Sua obra de humilhagio (46~50) 1 L. Humilhagdo na concepgio e no nascimento (47) 2.L, A humilhagao na Sua vida (48) 3L.A bumilhagéo na Sua morte (49) 4.L. A bumilhagio apés a Sua morte (50) 2K. A Sua obra de exaltagio (51~56) 1L. Exaltado na Sua ressurreigio (52) 2.L. Exaltado na Sua ascensdo (53) 3 L. Exaltado ao sentar-se & mio di- reita de Deus (54) 4L. A Sua intersegao pelos crentes (55) 5L. A Sua volta para julgar (56) 51. Os beneficios da mediago de Cristo no Pacto da Graga: Recipientes (57~88) 1K, Como nos tornamos recipientes (58) 2K, Quem sao os recipientes? (59~88) 1L. Os beneficios da igreja visfvel (62-63) 2L. Os beneficios da igreja invisi- vel (64~88) 1M. A chamada eficaz A unitio com Cristo (65~69) 2M. A justificagiio (70~73) 3M, A adogio (74) 4M. A santificagao (75~78) IN.A santificagio defi- nitiva (76) Um Esnoco po Carecismo 2N.A santificagio com- parada A justificagio (78) 3.N.A santificagio pro- gressiva (78) 5M. Aperseveranga dos verda- deiros crentes (79) 6M.A certeza da salvagio (80~81) 7M. A comunhio na gléria de Cristo (82~88) 1N.A comunho nessa vida (83) 2.N. Acomunhio na mor- te em si (84~85) 3N.A comunhio ime- diatamente apés a morte (86) 4.N.A comunhio na res- surreigéo (87) 5.N. A comunhio imedia- tamente apés a res- surreigio (88) 31. 0 juizo final (89~90) 1J. O julgamento dos {mpios (89) 25. O julgamento dos justos (90) 2.D. O dever que Deus requer do homem: Obediéncia & Sua vontade revelada (1~196) 1 E. A vontade revelada de Deus antes da queda era a lei moral (92) 2B. Definigao da lei moral (93) 3 E, O uso da lei moral desde a queda (94~97) 1 EO uso da lei moral para todos os homens (95) 2 F, O uso da lei moral para os homens nfo-regenerados (96) 3 F, O uso especial da lei moral para os homens regenerados (96) 4E.A lei moral esté resumida e contida nos Dez Mandamentos (98~148) 1 F. Regras para compreender-se corretamente os Dez Mandamen- tos (99) 2A exposigdo dos Dez Mandamentos (100~148) 1G. O preféicio (101) 2G. O resumo dos 4 primeiros mandamentos (102~121) 1H. O primeiro mandamento (103~106) 11. Deveres exigidos (104) 2.1, Pecados proibidos (105) 31.0 significado particular de “diante de mim’ (106) 2H. O segundo mandamento (107~110) 11, Deveres exigidos (108) 2.1. Pecados proibidos (109) 3 1. Razdes anexas que para reforgd-lo (110) Um Esaoco po Caracismo 3H. O terceiro mandamento (111~114) 11. Deveres exigidos (112) 211. Pecados proibidos (113) 31. Razdes anexas ao mandamento (114) 4H, O quarto mandamento (115~121) 11. Deveres exigidos (116~118) 1 J. Como santificar 0 dia do Senhor (117) 2.1. A responsabilidade especial dos superiores (aig) 211, Pecados proibidos (119) 31. Razdes anexas que servem para reforgd-lo (120) 41, A importincia da expresso lembra-te (121) 2G. O resumo dos 6 tiltimos mandamentos (122~148) 1H. O quinto mandamento (123~133) 11.“Pai” e “mie” incluem todos os superiores (124~125) 21, Deveres e pecados de inferiores, superiores € iguais (126~132) 1J. A honra que os inferiores devem aos seus superiores (126~127) 2.1. Os pecados dos inferiores contra os seus superiores (128) 3 J. O que se exige dos superiores para com os seus inferiores (129) 4,J. Os pecados dos superiores (130) 5,1, Os deveres dos iguais (131) 61. Os pecados dos iguais (132) 31. Razbes anexas que servem para reforgé-lo (133) 2H. O sexto mandamento (134~136) 11. Deveres exigidos (135) 2.1, Pecados proibidos (136) 3H. O sétimo mandamento (137~139) 11. Deveres exigidos (138) 2.1. Pecados proibidos (139) 4H. O oitavo mandamento (140~142) 11, Deveres exigidos (141) 21, Pecados proibidas (142) 5H. O nono mandamento (143~145) 11, Deveres exigidos (144) 2.1. Pecados proibidos (145) 6H. O décimo mandamento (146~148) 1. Deveres exigidos (147) 2.1. Pecados proibidos (148) SE. Ninguém pode guardar perfeitamente os mandamentos de Deus (149) 6 E, Alguns pecados so mais hediondos que outros (150~151) 7 E, Todos os pecados merecem a ira de Deus (152) Xxvi Um Espogo bo Carucismo BE. O que Deus exige de nés para que escapemos & Sua ira (153~196) 1 F Arrependimento (153a) 2F. Fé (153b) 3 F. Uso diligente dos meios externas de graga (153¢~196) 1G. O nso da Patavra (155~160) 1H, Leitura da Palavra (156~157) 11, Quem deve ler a Palavra? (156) 21. Como a Palavra deve ser lida’ (157) 2H, Pregando a Palavra (158~160) 11. Quem deve pregar a Palavra? (158) 2.L Como deve ser pregada a Palavra’ (159) 31. O que se exige de quem ouve a Palavra pregada (160) 2.G. O uso dos sacramentos (161~177) 1H, Como os sacramentos se tornam meios eficazes de salvagio (161) 2H, Definico do sacramento (162) 3H, Partes do sacramento (163) 4H. A revelagiio do mimero de sacramentos (164) 5H. O sacramento do batismo (165~167) 6H. A Ceia do Senhor (168~175) 11. 0 significado da Ceia do Senor (168~170) 214A correta celebragio da Ceia do Senhor (171175) 7H. Em que concordam e diferem o batismo e a Ceia do Senhor (176-177) 3.G. O uso da oragio (178~196) 1H. Explicagio dos prineipios da oragio (178~185) 2H. Regra especial de diregdo: A Oragdo do Senhor (186~196) 11. Como deve ser usada a Oragdo do Senhor (187) 21. Explicago das partes da Oragio do Senhor (188~196) 1]. O preficio (189) 2.5. A primeira petigao (190) 3 J. A segunda petigao (191) 41. Aterceira petiggo (192) 5,5. Aquarta peti¢do (193) 61. A quinta petigzio (194) 7. A sexta petigio (195) 8 J. Aconclusio (196) XXVii Parte 1 ACERCA DO QUE 0 HoMEM DEVE CRER a) Capituto 1 Doutrinas Fundamentais Pergunta 1. Qual é 0 Fim Supremo e Principal do Homem? R. O fim supremo e principal do homem € glorificar a Deus e gozé-lo para sempre. Referéncias biblicas * Ap 4.11. Tudo foi criado para o gozo de Deus. * Rm 11.36. Todas as coisas existem para Deus. * Co 10,31. B nosso dever glorificar a Deus em tudo 0 que fazemos. ¢ SI 73.24-28. Deus nos ensina como O glorificar, e que devemos goza- 10 para sempre. * Jo 17,21-24. O nosso supremo destino é gozar a Deus em gl6ria. Comentirio 1. Qual é 0 significado da palavra “fim” nessa pergunta? Significa o propésito para o qual algo existe. 2. Seria possivel algum evolucionista coerente concordar com a resposta do catecismo a pergunta 1? Nao. Um evolucionista coerente nao concordaria que o fim supremo e princi- pal do homem seja glorificar e gozar a Deus, porque ele precisa defender que a raga humana evoluiu de um ancestral primitivo mediante um processo do acaso. Por isso ele tem de sustentar que a raga humana nao pode existir com nenhum outro propdsito fora dela mesma. Existem os “evolucionistas teistas” que acreditam que a evolugaio foi o método de criagéo de Deus, mas nao sio coerentes porque a criagio diz respeito 4 origem das coisas, ao passo que a evolugio comega assumindo que as coisas j4 existiam e procura mostrar 0 de- Acerca po Qua o Homem Deve Crer senvolvimento delas em outras formas. Um evolucionista coerente nao pode crer numa criagao do puro poder de Deus, ¢ por isso nao pode crer que a raga humana exista nao para si mesma, mas para Deus. 3. Qual é 0 erro da seguinte declaragao: “o fim supremo e principal do homem é buscar a felicidade”? Essa afirmaciio faz do propésito da vida humana algo voltado para o préprio homem. Isso nao se harmoniza com o ensino da Escritura de que todas as coisas existem para Deus, pois foram criadas por Deus para a Sua propria gl6ria. Dizer que o fim principal do homem é buscar a felicidade € 0 contrério de crer no Deus da Biblia. A verdadeira felicidade do homem, é dbvio, resulta de reconhecer e buscar 0 seu verdadeiro propésito, a saber, glorificar e gozar a Deus, 0 seu Criador. 4, Qual é 0 erro da seguinte declaracio: “o fim supremo e principal do homem é buscar o melhor para a maioria”? Essa declaracaio envolve o mesmo erro da afirmagao discutida antes, pois faz do propésito da vida humana algo voltado para o préprio homem. A diferenga é que esta afirmativa faz da felicidade ou bem-estar da raga hu- mana em geral o propésito da vida, enquanto que a afirmativa anterior fez da felicidade individual 0 seu propdésito, Ambas sao contrérias ao ensino biblico sobre Deus como 0 Criador e o Fim de todas as coisas. Ambas sao em esséncia a mesma coisa, como a idéia pagd de que “o homem é a medida de todas as coisas”. A vida moderna, por estar amplamente dominada por essa falsa idéia, é essencialmente paga e nao crista. Até mesmo algumas igrejas absorveram esse ponto de vista pagao e falam de Deus como “um Deus democratico”. 5. Por que é que o catecismo pée glorificar a Deus antes de gozar a Deus? Porque 0 componente mais importante do propésito da vida humana é glo- Tificar a Deus, ao passo que gozar a Deus est4 estritamente subordinado ao glorificar a Deus. Na nossa vida religiosa deverfamos colocar sempre a énfase maior no glorificar a Deus. Quem assim o faz iré gozar a Deus em verdade, tanto aqui quanto no porvir, Mas quem pensa que pode gozar a Deus sem O glorificar corre o risco de supor que Deus existe para 0 homem, e nao 0 homem para Deus, Enfatizar 0 gozar a Deus mais do que o glorificar a Deus resultaré num tipo de religiao falsamente mfstica ou emocional. 32, CarfruLo | — Doutainas FUNDAMENTAIS 6. Por que a raca humana, ou qualquer um de seus membros, jamais podera alcancar a verdadeira felicidade sem que tenha de glorificar a Deus? Porque a verdadeira felicidade depende do nosso objetivo consciente de ser- virmos ao propésito para o qual fomos criados, isto é, glorificar e gozar a Deus, Servir conscientemente ao propésito para o qual Deus o criou é a gloria do homem, e fora da consagrag4o consciente de si mesmo a esse propésito nao pode haver felicidade real, profunda e satisfatoria. Conforme disse Agostinho em suas Confissées: “Tu nos criaste para Ti mesmo, oh Deus, e 0 nosso cora- ¢4o nao descansa até que repousa em Ti”. Pergunta 2. Como podemos saber que hd um Deus? R. A prépria luz da natureza no homem, e as obras de Deus, claramente testi- ficam que existe um Deus; porém, sé a Sua Palavra e o Seu Espirito o revelam de um modo suficiente e eficaz, aos homens, para a salvagao. Referéncias biblicas * Rm 1.19-20. Deus revelado pela luz da natureza e por Suas obras. * Rm 2.14-16. A lei de Deus revelada no corago do homem. * $1 19.1-3, Deus revelado pelo céu. * At 17.28, A vida humana depende totalmente de Deus, * 1Co 2.9-10, A revelagao natural de Deus nao é€ suficiente nem igual 4 Sua revelagao especial, dada por Seu Espiito. * 2Tm 3.15-17. A Sagrada Escritura é revelagao suficiente para a salva- go. * Is 59,21. O Espirito e a Palavra de Deus foram dados ao Seu povo do pacto, diferentemente da Sua revelacdo natural, que foi dada a toda a humanidade. Comentario 1. O que significa “luz da natureza no homem’”’? Significa a revelagdo natural de Deus no coragdo e na mente do homem. Essa “Juz da natureza” € comum a todo o género humano. Os pagdos que jamais receberam a revelagdo especial de Deus, a Biblia, possuem por natureza um certo conhecimento de Deus e tém em seus coragdes uma certa consciéncia 33

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