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0 Autoconfiança – João Calvino

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- Por esse motivo, aquele que pensa estar de pé, preste atenção para que não venha a cair (1Co
1012). -

Paulo conclui, à luz do precedente, que não devemos ensoberbecer-nos de como começamos, ou de
nosso progresso, de modo a nos tornarmos complacentes e indolentes. Pois os coríntios se sentiam
tão vangloriosos de sua própria situação que se esqueceram de quão fracos eram, e caíram em
muitas práticas vergonhosas e nocivas. Mergulharam numa injustificada autoconfiança, semelhante à
que os profetas estavam sempre a condenar no povo de Israel. Porém, visto que os papistas torcem
este versículo com o fim de estabele¬cer seu ímpio dogma de que devemos viver sempre num estado
de incerteza no tocante à fé, notemos bem que existem dois gêneros de confiança.

Um repousa nas promessas divinas, de modo que o crente é convencido, em seu coração, de que
Deus jamais o deixa, e, escudado nesta invencível convicção, ele enfrenta a Satanás e ao pecado,
alegre e destemidamente. Ao mesmo tempo, contudo, rememorando suas próprias fraquezas, ele se
abandona em Deus, em temor e humildade, e, em sua angústia, se confia a ele de boa vontade. Este
tipo de confiança é algo santo e saudável, e não pode ser alienado da fé, como é evidente de muitas
passagens da Escritura, especialmente Romanos 8.33.

O outro tipo de confiança tem suas raízes na indiferença, quando os homens ardem de orgulho em
virtude dos dons que possuem, e vivem completamente despreocupados sobre sua própria situação,
senão que, ao contrário, aquiescem nela como se estivessem fora do alcance de qualquer perigo; com
o danoso resultado de se verem expostos a todos os ataques de Satanás. E este tipo de confiança
que Paulo deseja que os coríntios renunciem, porquanto ele percebia que sua presunção repousava
numa crença irracional. Não lhes diz, porém, que vivessem num estado de ansiedade e in certeza
quanto à vontade de Deus, ou que alimentassem medo de que a sua salvação não fosse algo definido
e definitivo, segundo imaginam os papistas.

Sumariando, lembremo-nos de que Paulo está falando a homens que viviam convencidos em razão
de uma equivocada confiança no ser humano, e ele está procurando pôr fim a tal fraqueza, a qual teve
sua origem na dependência humana e não na divina. Pois, após louvar os colossenses por sua solidez
ou 'firmeza na fé' (Cl 2.5), convida-os a permanecerem firmes, radicados em Cristo, e a serem
"edificados nele e estabelecidos na fé" (Cl 2.7).

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