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Informamos que é de inteira Processo Penal 2ª edição/ Obra organizada pelo Ins-
responsabilidade do autor a emissão tituto IOB - São Paulo: Editora IOB, 2013.
dos conceitos.
Nenhuma parte desta publicação ISBN 978-85-63625-34-2
poderá ser reproduzida por qualquer
meio ou forma sem a prévia
autorização do Instituto IOB.
A violação dos direitos autorais é
crime estabelecido na Lei nº
9.610/1998 e punido pelo art. 184
do Código Penal.
Sumário
Capítulo 2 – Princípios, 10
1. Princípios do Processo Penal: Princípio do Devido Processo Legal,
do Contraditório e da Ampla Defesa, 10
2. Duplo Grau de Jurisdição, Imparcialidade do Juiz e Presunção da
Inocência, 11
3. Verdade Real, Identidade Física do Juiz e Inadmissibilidade das
Provas Ilícitas, 12
Capítulo 6 – Prisões, 47
1. Prisões – Conceito e Espécies, 47
2. Prisão Preventiva e Medidas Cautelares, 48
3. Prisão Temporária, 49
Capítulo 8 – Provas, 54
1. Fatos que não Necessitam de Provas e Sistema de Apreciação de
Provas, 54
2. Ônus da Prova, Prova Emprestada e Princípio da Comunhão das
Provas, 55
3. Princípio da Verdade Processual, Prova Inadmissível e Princípio
da Proporcionalidade dos Valores Contrastantes, 57
4. Prova Ilícita por Derivação. Teorias da Fonte Independente e da
Descoberta Inevitável, 58
5. Prova Pericial e Prova Testemunhal, 59
Capítulo 9 – Competência, 61
1. Competência: Conceito & Competências Absoluta e Relativa, 61
2. Competência pela Natureza da Infração, 62
3. Competência por Prerrogativa da Função Ratione Personae, 63
4. Competência pelo Lugar da Infração – Ratione Loci
e Competência pelo Domicílio e Residência do Réu, 65
5. Competência por Distribuição e Prevenção, 66
Gabarito, 68
Capítulo 1
1.2 Síntese
Na antiguidade, quando um delito era cometido, a justiça era realizada
com as próprias mãos. Exemplo: se “A” praticasse homicídio contra a irmã de
“B”, “B” cometia homicídio contra a irmã de “A”.
Tempos depois, o Estado passou a ser detentor do jus puniendi, passando a
deter o direito de punir. Assim, sendo detentor do direito de punir, precisava de
um instrumento para aplicação da lei penal.
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Desta forma, o processo penal surge como um instrumento de aplicação da
lei penal e também como forma de pacificação social.
Nota-se que o processo penal tem duas finalidades: aplicação da lei penal
e pacificação social.
A aplicação da lei processual penal é dividida em aplicação da lei penal no
tempo e aplicação da lei penal no espaço.
De acordo com o art. 1º do CPP, aplicar-se-á o direito processual brasileiro
em todo o território nacional, sem prejuízo dos tratados internacionais.
Cumpre observar que leis esparsas poderão ser aplicadas, bem como o Có-
digo de Processo Penal Militar, que terá sua aplicação em casos específicos.
Em relação à aplicação no tempo, é preciso entender que a lei processual
penal tem aplicação imediata (tempus regit actum).
Exercício
1. A lei processual penal retroage?
2.2 Síntese
Estabelece o art. 3º do Código de Processo Penal:
“Art. 3º A lei processual penal admitirá interpretação extensiva e aplicação
analógica, bem como o suplemento dos princípios gerais de direito.”
Interpretação extensiva quer dizer que o legislador não tem como prever
todas as possibilidades, todas as atitudes do ser humano. Desta forma, a inter-
pretação extensiva seria a utilização de um “etc.” pelo legislador.
Analogia é uma forma de autointegração da norma. Se para determinada
situação o legislador não previu uma norma, o intérprete, o aplicador do direito
processual penal, pode utilizar uma norma do Código de Processo Civil, por
exemplo, e aplicar ao caso semelhante.
Por fim, o direito processual penal admite a interpretação analógica. Neste
Processo Penal
3.2 Síntese
O sistema inquisitivo foi o sistema processual utilizado do século XIII ao
século XVIII, momento em que todos os poderes se concentravam nas mãos do
monarca. Assim, nota-se que não existia imparcialidade e o réu não era sujeito
de direitos, mas um mero objeto de investigações.
No sistema inquisitivo (ou inquisitório), vigorava o sistema de provas tarifa-
das, ou seja, as provas já tinham valor predeterminado em lei.
O segundo sistema é o sistema acusatório, aquele em que as funções dentro
do processo são bem definidas. Neste sentido, o juiz julga, o órgão acusador
acusa e o réu é aquele que ocupa o polo passivo na ação penal.
Neste sistema, o réu é um sujeito de direitos, tem direito à aplicação dos
direitos fundamentais.
O sistema adotado no Brasil é o sistema acusatório não ortodoxo. Isso por-
que, no sistema acusatório puro, o juiz não pode colher provas e, no sistema
acusatório não ortodoxo, o juiz pode perseguir provas.
Por fim, o terceiro sistema processual é denominado sistema misto. Trata-se
do sistema que tem sua origem na Revolução Francesa e é aplicado até os dias
atuais na França. Este sistema é dividido em duas fases: na primeira, ocorre a
investigação policial e, na segunda, o juiz, além de julgar, também investiga.
Processo Penal
Capítulo 2
Princípios
1.2 Síntese
O Princípio do Devido Processo Legal quer dizer que no processo penal
não há que se falar em ação penal sem a existência de um devido processo.
Assim, para que uma pessoa seja processada em razão da prática de infração
penal, essa pessoa deve ser submetida a um processo.
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O devido processo legal está previsto no art. 5º, LIV, da Constituição Fe-
deral de 1988.
O Código de Processo Penal e as leis processuais penais surgem para traçar
o devido processo legal.
O Princípio do Contraditório diz que o sujeito tem o direito de ter ciência
da acusação, dos fatos narrados na petição inicial acusatória. Este princípio
pode aparecer como Princípio da Bilateralidade da Ação.
O Princípio da Ampla Defesa dispõe que o réu, no processo penal, tem o
direito de utilizar de todos os meios lícitos de prova admitidos em lei.
O juiz não deve considerar as provas ilícitas levadas ao processo, porém,
estas provas poderão ser utilizadas para o exercício da defesa.
Ainda, ampla defesa se divide em: defesa técnica exercida pelo advogado
(obrigatória) e autodefesa, exercida pelo próprio réu (facultativa).
O Princípio do Juiz Natural quer dizer que ninguém será processado e
julgado senão pela autoridade competente.
Exercício
2. Dispõe o art. 5º, XXXVII, da Constituição da República que não have-
rá juízo ou Tribunal de Exceção. Dispõe, por sua vez, o inciso LIII do
mesmo artigo que ninguém será processado e nem sentenciado, senão
pela autoridade competente. Tais disposições consagram o seguinte
princípio:
a) Presunção de Inocência.
b) Devido Processo Legal.
c) Ampla Defesa.
d) Juiz Natural.
e) Verdade Real.
3.2 Síntese
O Princípio da Verdade Real quer dizer que o juiz, quando exerce sua fun-
ção de julgar, deve observar e analisar os fatos como ocorreram na época dos
fatos. Por isso, o Código de Processo Penal autoriza que o juiz busque provas.
O Princípio da Identidade Física do Juiz foi inserido no Código de Processo
Penal em 2008, após a reforma realizada.
Observa-se que o art. 399, § 2º, do Código de Processo Penal prevê o prin-
cípio referido:
“§ 2º O juiz que presidiu a instrução deverá proferir a sentença.”
Processo Penal
Processo Penal
Capítulo 3
Inquérito Policial
1.2 Síntese
Disposição legal:
– Art. 144, CF.
– Arts. 4º a 23 e 107 do CPP.
– Súmulas Vinculantes nos 14 e 24.
– Súmula STF nº 524.
– Súmulas STJ nos 234 e 444.
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A finalidade do Inquérito Policial é apurar e investigar os indícios de autoria
e de participação, bem como prova de materialidade do delito – art. 4º do CPP.
A presidência do Inquérito Policial é da autoridade policial, que tem atri-
buição exclusiva – art. 144, § 4º, CF.
O Ministério Público pode presidir investigação, mas não Inquérito Policial.
Inquérito Policial é um procedimento administrativo prévio, ocorre antes
do processo penal, que tem como finalidade a investigação de infrações penais.
A natureza jurídica do Inquérito Policial é de procedimento administrativo.
Outras formas de investigação: TCO (Termo Circunstanciado de Ocor-
rência). Para crimes de menor potencial ofensivo, para pena máxima de até
dois anos.
Exercícios
3. O Ministério Público pode presidir o Inquérito Policial?
2.2 Síntese
Autoritariedade: a autoridade policial é do delegado de polícia. É ele que
tem autoridade para presidir o Inquérito Policial. Vale lembrar que o delegado
alcança tal posição por meio de concurso público, passando pelas fases de pro-
va teórica, prova física e prova psicotécnica.
Inquisitoriedade: ligado ao sistema inquisitivo. Isto significa que durante
o Inquérito Policial não há acusação formal, somente há atos de investigação
e, portanto, não é necessário o contraditório ou procedimento rígido pela au-
toridade policial, como demonstra o art. 14 do Código de Processo Penal: “O
ofendido, ou seu representante legal, e o indiciado poderão requerer qualquer
diligência, que será realizada, ou não, a juízo da autoridade.”
Processo Penal
Exercício
4. O Inquérito Policial é um procedimento não prescindível?
3. Oficiosidade e Oficialidade
3.1 Apresentação
Exercício
5. O Ministério Público não tem poderes investigatórios, mas apenas para
propor a ação penal?
4. Peças Iniciais
4.1 Apresentação
Processo Penal
Exercício
6. A partir do requerimento da vítima, a autoridade policial é obrigada a
instaurar o inquérito.
6.2 Síntese
Formas de instauração de inquérito policial: quando falamos de forma,
em regra, estão previstas no art. 5º do CPP e são, basicamente, cinco formas:
mediante portaria ou de ofício; em crimes de ação penal pública condiciona-
da; requisição da vítima ou de seu representante, em ação penal de iniciativa
privada; requisição do magistrado ou do representante do MP; e quando há a
lavratura do auto de prisão em flagrante.
Mediante portaria de ofício ou mediante notitia criminis: esta forma só é
possível em relação aos crimes de ação penal pública incondicionada, sendo
que aqui a autoridade recebe a informação da pratica do crime e verificando
que existe um mínimo indício da prática do crime ela deverá instaurar o inqué-
rito, podendo obter esta notícia pela vítima, terceiros, televisão, etc.
Em crimes de ação penal pública condicionada: será mediante representa-
ção da vítima ou de seu representante legal ou mediante requisição do ministro
da justiça, para crimes praticados contra honra do presidente da república ou
chefe de governo estrangeiro e crimes praticados por estrangeiro contra brasi-
leiro, fora do território nacional. Aqui o prazo decadencial é de seis meses, para
a representação, contado a partir do conhecimento da autoria delitiva (art. 38
do CPP).
Em relação à requisição do ministro da justiça, não existe prazo previsto em
lei, podendo fazer enquanto não se verifica a prescrição.
Mediante requisição da vítima ou de seu representante em ação penal de
iniciativa privada: alguns crimes só pode se proceder se a vítima se manifestar,
sendo que aqui a vítima deve requerer ao delegado a instauração do inquérito.
Requisição do magistrado ou do representante do MP: aqui ocorre o reque-
rimento do inquérito em casos onde o magistrado ou o representante do MP te-
Processo Penal
nha contato com o fato, por exemplo, em um caso de falso testemunho. Neste
caso, não se considera um requerimento e sim uma requisição, não podendo,
em regra, que a autoridade discorde da decisão.
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Quando há lavratura do auto de prisão em flagrante, também conhecido
como cognição coercitiva: aqui, simplesmente, lavrado o auto de prisão em
flagrante, estará instaurado o Inquérito Policial.
Em relação à suspeição do delegado de policia, demonstrado no art. 107
do CPP: ninguém poderá arguir a suspeição do delegado de polícia, sendo que
somente ele pode reconhecê-la, de ofício, já porque no Inquérito Policial não
há acusação formal.
Formas de instauração do inquérito policial: para iniciar o processo, é pre-
ciso que a autoridade policial fique sabendo do ato do crime, por meio das
seguintes formas:
– Notícia-crime Imediata ou Notícia-crime de Cognição Direta/Imedia-
ta: ocorre por meio das atividades rotineiras policiais (Ex.: investigação
policial).
– Notícia-crime Indireta ou Notícia-crime de Cognição Mediata/Indire-
ta: é aquela em que a autoridade policial tem ciência da prática crimi-
nosa por intermédio de terceiros (Juiz, Ministério Público, Vítima).
– Notícia-crime Inqualificada: denúncia anônima.
Exercício
7. A Notícia-crime Inqualificada não pode dar ensejo ao início do inqué-
rito policial?
7.2 Síntese
Prazos de conclusão: quando o delegado de polícia, ciente de um crime,
em regra de ação penal pública incondicionada, instaura o inquérito por porta-
ria. No decurso do inquérito, a autoridade policial irá realizar diligências, tais
como: ouvir testemunhas, cumprir mandados de busca e apreensão (ordem
judicial), enfim, realizará as diligências que achar necessárias. Após isso, a au-
Processo Penal
Exercício
8. Os prazos previstos na Lei nº 11.343/2006 poderão ser prorrogados?
8.2 Síntese
Arquivamento do Inquérito Policial – Art. 28 do CPP: Se o órgão do Mi-
nistério Público, ao invés de apresentar a denúncia, requerer o arquivamento
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do inquérito policial ou de quaisquer peças de informação, o juiz, no caso de
considerar improcedentes as razões invocadas, fará remessa do inquérito ou pe-
ças de informação ao procurador-geral, e este oferecerá a denúncia, designará
outro órgão do Ministério Público para oferecê-la, ou insistirá no pedido de
arquivamento, ao qual só então estará o juiz obrigado a atender.
A partir do momento que o delegado instaurar o inquérito, ele não poderá
arquivar. Sendo assim, o delegado irá remeter os autos para o Juiz, para ouvir a
opinião do Ministério Público no sentido de saber se este irá oferecer a denún-
cia, requerer o arquivamento ou solicitar novas diligências.
Oportunamente, cabe ao Ministério Público ver se os elementos de indícios
de autoria e prova da materialidade, estão presentes no inquérito. Cabendo ao
Ministério Público duas possibilidades: requisitar novas diligências, em que o
inquérito será novamente remetido ao Juiz e, posteriormente ao delegado para
assim cumprir com as novas diligências. Vale frisar: as novas diligências devem
ser especificadas pelo promotor competente. Caso o Ministério Público não
solicite novas diligências ou faça a denúncia, poderá requerer o arquivamento
do inquérito ao Juiz.
Somente o Juiz pode determinar o arquivamento do inquérito; o Ministério
Público só requer, não determina.
Caso o Juiz acate o pedido de arquivamento do Ministério Público, o In-
quérito Policial será arquivado, porém, se o Juiz não concordar com o arqui-
vamento, será aplicado o art. 28 do CPP, ou seja, encaminhará ao Procurador-
-geral de Justiça.
Ao Procurador-geral de Justiça caberá oferecer a denúncia, designar outro
membro do Ministério Público para oferecer a denúncia, obrigatoriamente
(longa manus), ou poderá também insistir no arquivamento.
Exercício
9. Marque certo ou errado: O Promotor de Justiça que, a princípio, pediu
o arquivamento será obrigado a oferecer a denúncia se designado pelo
Procurador-geral?
Exercício
10. (Cespe/UnB) Se o Juiz se dá por competente e membro do Minis-
tério Público se manifesta por não querer oferecer a denúncia, por
considerar-se incompetente, ocorre por parte do Ministério Público
um pedido de arquivamento indireto.
Processo Penal
Capítulo 4
Ação Penal
1. Considerações Gerais
1.1 Apresentação
1.2 Síntese
O Estado assume o jus puniendi (dever poder de aplicar direito penal no
caso concreto).
Ação Penal:
Regra: se o tipo penal não diz nada, então o crime será de ação penal pú-
blica incondicionada.
Entretanto, se o artigo referente ao crime disser “mediante representação
do ofendido”, é então dependente da vontade do ofendido o início da perse-
cução penal.
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Analisar o tipo penal para saber se são:
Crimes de Ação Penal Pública
Incondicionada – se o crime é de Ação Penal Pública Incondicionada, o Es-
tado não precisa de manifestação da vítima para iniciar a persecução criminal
(Ex.: Homicídio, roubo, furto, o estado age de ofício).
Condicionada à representação do ofendido ou condicionada à requisição
do Ministro da Justiça – para que o Estado inicie a persecução penal, depende-
rá de manifestação da vítima. A condição será a manifestação/representação do
ofendido, para o Estado agir (Ex.: estupro de pessoa maior de 18 anos, somente
poderá processar o agente, se a vítima assim representar).
Crimes de Ação Penal Privada
Exclusiva
Personalíssima
Subsidiária da Pública
Obs.: queixa é a peça inicial da ação penal privada.
§ 2º Seja qual for o crime, quando praticado em detrimento do patrimônio
ou interesse da União, Estado e Município, a ação penal será pública. (Incluí-
do pela Lei nº 8.699, de 27.08.1993)
Esta matéria é encontrada nos arts. 24 a 62 do CPP e 100 a 106 do CP,
bem como no art. 129 da CF e Súmulas nos 608, 609, 696 e 714 do STF e 234
do STJ.
Não há diferença entre as ações penais, mas existe diferença entre sua titula-
ridade, sendo assim, existem duas espécies: iniciativa pública e iniciativa privada.
Iniciativa pública é subdividida em: ação penal pública incondicionada e
condicionada.
Iniciativa privada é subdividida em: iniciativa privada exclusiva, personalís-
sima e subsidiária da pública.
A ação penal pública incondicionada ocorre quando a lei, o tipo penal ou
o capítulo que tratam daquele crime ficam em silêncio sobre a ação penal,
significando que, no silêncio, será ação penal pública incondicionada, não se
imposto qualquer requisito.
Ação penal pública condicionada ocorre quando a lei, expressamente, es-
tabelece que aquele crime só se procede mediante representação da vítima ou
de seu representante legal, ou ainda condicionada a requisição do ministro
da justiça que ocorre em duas hipóteses: crimes cometidos contra honra do
presidente da república ou de chefe de governo estrangeiro e quando o crime é
cometido por estrangeiro contra brasileiro fora do território nacional.
Processo Penal
A ação penal pública, como um todo, possui princípios que são: princípios da
obrigatoriedade, da indisponibilidade, da intranscedência e da indivisibilidade.
Pode-se citar também o princípio da oficialidade, mas não é pacífico na doutrina.
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Princípio da obrigatoriedade: o membro do MP está obrigado a oferecer a
ação penal quando entender que estão presentes indícios de autoria ou prova
da existência do crime suficiente.
Princípio da indisponibilidade (art. 42 do CPP): após o oferecimento da
denúncia, o membro do MP não pode desistir da ação penal.
Princípio da intranscendência: a ação penal só pode ser oferecida contra
aquele indivíduo que de alguma forma participou daquele crime.
Princípio da indivisibilidade: o membro do MP pode oferecer a denúncia
contra um dos autores, não oferecendo contra outros, quando não houver pro-
vas suficientes, mas após obter, irá oferecer denúncia.
Princípio da oficialidade: existe um órgão oficial que deve oferecer a de-
núncia, ou seja, o MP (arts. 129, I da CF e 157 do CPP).
Exercício
11. (Esaf 2010) Segundo o Código de Processo Penal, seja qual for o
crime quando praticado em detrimento do patrimônio ou interesses
da União, Estado ou Município, a ação penal será pública incondi-
cionada.
2.2 Síntese
Ação Penal Pública (É necessária a manifestação da vontade do ofendido,
mas esse não é o titular).
Incondicionada: (regra: se o tipo penal nada disser, será Ação Penal Pública
incondicionada). Sua titularidade cabe ao Ministério Público.
Processo Penal
Exercício
12. Oferecida a representação pelo ofendido, o Ministério Público não
é obrigado a intentar a Ação Penal Pública Condicionada à repre-
sentação.
3.2 Síntese
Característica da Ação Penal Pública Condicionada à representação é
semelhante à Ação Penal Pública à Requisição do Ministro da Justiça.
28
A retratação da representação é possível, desde que seja antes da oferta da
denúncia, pelo Ministério Público, conforme o art. 25 Código de Processo
Penal. (A representação será irretratável, depois de oferecida a denúncia.)
Conseguintemente, a retratação da retratação, que nada mais é que repre-
sentar novamente mesmo tendo já retratado anteriormente, é possível, desde
que seja dentro do prazo de 6 meses, caso contrário ocorrerá a decadência do
direito de representar.
A Ação Penal Pública Condicionada à Requisição do Ministro da Justiça,
a requisição do ministro da justiça é condição de procedibilidade, ou seja, nos
crimes que dependem desta requisição, eles necessariamente precisarão de tal
instituto, caso contrário não será instaurada a Ação Penal (Ex.: crimes contra
honra do Presidente da República).
O prazo para oferecer essa requisição não é previsto em lei, então, não há
prazo. Todavia, se o crime prescrever, a requisição não poderá ser realizada.
Outrossim, a retratação da requisição segue dois posicionamentos:
– não é possível, pois essa requisição é um ato muito sério;
– é possível aplicando-se como analogia o art. 24 (Nos crimes de ação
pública, esta será promovida por denúncia do Ministério Público, mas
dependerá, quando a lei o exigir, de requisição do Ministro da Justi-
ça, ou de representação do ofendido ou de quem tiver qualidade para
representá-lo).
§ 1º No caso de morte do ofendido ou quando declarado ausente por de-
cisão judicial, o direito de representação passará ao cônjuge, ascendente, des-
cendente ou irmão).
Exercício
13. É possível a retratação da representação até o recebimento da
denúncia.
5.2 Síntese
Em um crime de ação penal pública, encerrado o inquérito, o delegado
manda o inquérito para o Juiz e o mesmo manda para o promotor. O Ministério
Público pode pedir o arquivamento, novas diligências ou oferecer a denúncia a
partir do recebimento do Inquérito Policial começa-se a contar os prazos para
manifestação do Promotor.
Os prazos serão:
– se o acusado estiver preso: 5 dias para manifestação do Ministério Públi-
Processo Penal
Exercício
7.2 Síntese
Ação Penal Pública
Divisibilidade – segundo o STF, tem justa causa apenas para propor a ação
penal, para um acusado; o Ministério Público pode dividir a denúncia, sendo
oferecida contra um dos acusados e, durante o curso do processo, se tiver pro-
vas, pode acusar o outro investigado.
Ação Penal Privada
Disponibilidade: a vítima pode desistir da ação por meio de três institutos:
– desistência – para que a vítima desista da ação, é imprescindível que o
querelado concorde com a desistência;
– perdão do ofendido – no curso do processo, o ofendido pode acabar
com o processo, mas o querelado terá que concordar para a ação ser
extinta, caso não concorde, a ação continuará;
– perempção – forma de extinção da Ação Penal Privada, art. 60 do CPP.
Nos casos em que somente se procede mediante queixa, considerar-se-á
perempta a ação penal:
I – quando, iniciada esta, o querelante deixar de promover o andamento do
processo durante 30 (trinta) dias seguidos;
II – quando, falecendo o querelante, ou sobrevindo sua incapacidade, não
comparecer em juízo, para prosseguir no processo, dentro do prazo de 60 (ses-
senta) dias, qualquer das pessoas a quem couber fazê-lo, ressalvado o disposto
no art. 36;
III – quando o querelante deixar de comparecer, sem motivo justificado,
a qualquer ato do processo a que deva estar presente, ou deixar de formular o
pedido de condenação nas alegações finais;
IV – quando, sendo o querelante pessoa jurídica, esta se extinguir sem dei-
xar sucessor;
Indivisibilidade – se houver vários autores do crime, a vítima tem que pro-
por ação penal contra todos.
Princípios relacionados a ambas as ações:
Processo Penal
Processo Penal
Capítulo 5
Sujeitos do Processo
1.2 Síntese
Sujeitos processuais: existe uma relação jurídica processual, ou seja, dentro
de um processo, há uma relação jurídica, formada pelos sujeitos autor, juiz e
réu. O autor, se na ação penal pública, será o Ministério Público. Se a ação for
privada, o autor será o querelante.
O réu na ação penal pública é denominado como acusado. Na ação penal
privada, é denominado querelado.
35
É importante diferenciar sujeitos do processo e partes do processo. Partes
do processo são apenas autor e réu, que também são sujeitos; o juiz é apenas
sujeito.
Classificação de sujeitos do processo:
Na classificação de sujeitos do processo, deve ser entendido que existem os
sujeitos principais e os sujeitos secundários.
Os sujeitos principais são o juiz, autor e réu; já os sujeitos secundários são
os assistentes de acusação, peritos e servidores da justiça ou do poder judiciário.
Os servidores da justiça são aqueles que exercem cargo técnico, de analista, e
auxiliam o poder judiciário no exercício da Justiça.
Obs.: o defensor, segundo Guilherme de Souza Lucci, não é considerado
sujeito principal ou secundário do processo, mas, sim, um sujeito especial da
relação jurídica; sendo assim, o defensor não participa da classificação dos su-
jeitos entre principais ou secundários.
Exercício
17. (MP Goiás) São partes do processo penal.
2.2 Síntese
O juiz está entre os sujeitos processuais principais. É o sujeito processual
com a função de aplicar a lei ao caso concreto, é ele que, com o recebimento
da petição inicial, aplicará a lei ao caso concreto. Sua principal função é julgar
o caso que lhe é levado, ocupando uma posição suprapartes, ou seja, as partes
se submentem à decisão dele. Vale lembrar que o juiz deve manter equidistân-
cia em relação às partes, não pode beneficiar autor ou réu, qualquer que seja
o motivo.
Processo Penal
3.2 Síntese
Classificação do órgão jurisdicional: pode ser monocrático ou colegiado,
homogêneo ou heterogêneo.
Será monocrático o órgão que é composto por um único juiz. Órgão juris-
dicional colegiado é composto por mais de um juiz.
Os órgãos colegiados homogêneos são aqueles formados por juízes da mes-
ma espécie, como as câmaras dos tribunais, turmas do STF, etc. Por outro lado,
os órgãos colegiados heterogêneos são formados por juízes de espécies diversas.
Ex.: Juiz presidente profere a sentença, baseado no que estipulou o conselho
de sentença. A decisão desse conselho prevalece, pois, a sentença deve obriga-
toriamente obedecer à decisão deste conselho.
O Ministério Público é dividido em Ministério Público da União (que se di-
vide em Ministério Público Federal, Ministério Público do Trabalho, Ministé-
rio Público Militar e Ministério Público do Distrito Federal e Territórios), Mi-
nistério Público dos Estados e no Ministério Público dos Tribunais de Contas.
A função do Ministério Público no processo penal é de titular da ação penal
pública, conforme Código de Processo Penal (que diz que compete privativa-
mente ao Ministério Público propor a Ação Penal Pública). Outra função é a
de exercer o controle externo da polícia judiciária e de requerer diligências.
Vale lembrar que o Ministério Público não pode determinar a quebra de
Processo Penal
4. Acusado
4.1 Apresentação
Processo Penal
Exercício
19. (Cespe/UnB – AGU) Pessoa Jurídica pode ser sujeito passivo na relação
jurídica do processo penal, pode ser acusada?
ingresso do assistente.
A função do assistente de acusação é a de propor meios de provas, indicar
testemunhas e apresentar alegações orais (participando dos debates).
45
Conforme art. 400 do CPP, o assistente de acusação pode também apre-
sentar alegações finais; pode, ainda, apresentar recurso e arrazoar o recurso
interposto pelo Ministério Público.
Art. 400 do CPP – Na audiência de instrução e julgamento, a ser realizada
no prazo máximo de 60 (sessenta) dias, proceder-se-á à tomada de declarações
do ofendido, à inquirição das testemunhas arroladas pela acusação e pela de-
fesa, nesta ordem, ressalvado o disposto no art. 222 deste Código, bem como
aos esclarecimentos dos peritos, às acareações e ao reconhecimento de pessoas
e coisas, interrogando-se, em seguida, o acusado. (Redação dada pela Lei nº
11.719, de 2008)
§ 1º As provas serão produzidas numa só audiência, podendo o juiz indefe-
rir as consideradas irrelevantes, impertinentes ou protelatórias. (Incluído pela
Lei nº 11.719, de 2008)
§ 2º Os esclarecimentos dos peritos dependerão de prévio requerimento das
partes. (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008)
Exercício
20. (Cesgranrio) Contra decisão que admite ou não admite a entrada do
assistente no processo penal, cabe recurso?
6.2 Síntese
A ampla defesa é realizada por uma autodefesa (facultativa) e por uma de-
fesa técnica (obrigatória).
Para Lucci, o defensor é aquele que faz a defesa técnica do réu, logo, deve
ter capacidade postulatória, que é a possibilidade de exercer a defesa em juízo;
capacidade essa adquirida com a inscrição na OAB.
Denominações:
Processo Penal
Exercício
21. (Fundep – MG) Marque falso ou verdadeiro: Todo defensor dativo é
defensor público.
Processo Penal
Capítulo 6
Prisões
1.2 Síntese
Tipos de prisões no processo penal: prisão em flagrante, prisão preventiva
e prisão temporária.
No Brasil, vigora a prisão civil do devedor de alimentos, de forma voluntária
e inescusável; esse tipo de prisão é chamado de prisão coercitiva.
Prisão em flagrantes se materializa mediante um instrumento que se chama
Auto de Prisão em flagrante delito. Nesse Auto, conterá:
48
– depoimentos/declarações: depoimento do condutor, quem realiza a
captura do agente que cometeu uma infração penal. Conterá também
os depoimentos de duas testemunhas e, por fim, constarão as declara-
ções do conduzido, que é quem cometeu o ato criminoso. Lavrado o
auto, deverá ser comunicado imediatamente ao juiz, ao promotor de
justiça (Lei nº 12.403), à família ou outra pessoa indicada pelo preso.
Espécies de flagrante:
– obrigatório ou facultativo (art. 302 do Código de Processo Penal): o fla-
grante obrigatório, a autoridade policial e seus agentes devem prender
sujeitos que efetuaram a prática criminosa, tendo em vista que presen-
ciaram o ato. No flagrante facultativo, qualquer pessoa do povo pode
realizar a prisão em flagrante;
– flagrante próprio (art. 302, I e II do Código de Processo Penal): o sujeito
que pratica o crime é surpreendido praticando o crime ou logo que
acaba de cometer o crime;
– flagrante impróprio (art. 302, III do Código de Processo Penal): é aque-
le em que o sujeito é preso logo após a perseguição deste sujeito;
– flagrante presumido (art. 302, IV do Código de Processo Penal): é aque-
le em que o sujeito é encontrado logo depois do ato criminoso, com
objetos que levam a presumir ser ele o autor do crime.
Atenção, nas expressões logo após e logo depois. Logo depois representa um
período de tempo maior em relação ao logo após.
Exercício
22. (Cespe/UNB – Agente Federal 2006) Analise se a alternativa está
correta ou incorreta:
Não há crime quando a preparação do flagrante pela polícia torna im-
possível a sua consumação.
Exercício
23. (Cespe/UnB – Agente Federal) Marque certo ou errado:
A prisão preventiva tem prazo determinado.
3. Prisão Temporária
3.1 Apresentação
Processo Penal
Exercício
24. (Cespe/UnB – Delegado Federal) Após o prazo da prisão temporária, a
autoridade judiciária deverá expedir um alvará de soltura.
Processo Penal
Capítulo 7
Atos de Comunicação do
Processo
1.2 Síntese
O juiz deverá chamar o réu para participar do processo. Se o juiz enten-
der que a petição inicial proposta pelo titular da ação penal preenche as con-
dições da ação e todos os pressupostos processuais, deve então o juiz chamar
o réu a integrar a relação processual. O ato processual destinado a chamar o
réu para integrar a relação jurídica é denominado citação.
A citação tem duas finalidades:
– chamar o réu ao processo;
– chamar o réu para apresentar sua defesa.
52
Os princípios que envolvem as finalidades da citação são: o devido processo
legal, o contraditório e por último a ampla defesa.
Espécies de citação:
Citação real ou pessoal: há a citação realizada por mandado.
Citação ficta: realizada por edital e por meio de citação por hora certa.
A citação real, ou realizada por mandado, é realizada quando o réu está em
local certo e sabido.
Se o sujeito a ser citado estiver no mesmo local, na mesma comarca do juiz,
o Oficial de Justiça, a partir de uma ordem judicial, citará o sujeito. Assim, o
oficial irá até a central de mandados e cumprirá a citação.
Os arts. 352 e 357 do Código de Processo Penal trazem os requisitos intrín-
secos e extrínsecos da citação. Os requisitos intrínsecos (art. 352 do Código de
Processo Penal) devem contar do mandado.
A leitura do mandado pelo Oficial de Justiça é requisito extrínseco. Tais
requisitos representam atos que devem ser praticados pelo Oficial de Justiça no
cumprimento do mandado.
Se o indivíduo a ser citado estiver em comarca diversa, será usada a mo-
dalidade de citação por carta precatória. É um meio de comunicação entre
comarcas diversas.
O juiz que expede a carta precatória é o juiz deprecante e o que recebe é
o juiz deprecado; este último é que irá determinar a citação. Todavia, se o juiz
deprecado, na realização da diligência do Oficial de Justiça, descobre que o su-
jeito a ser citado está em comarca diversa daquela, deprecada, surge a hipótese
da carta precatória itinerante.
Conseguintemente, se o sujeito a ser citado estiver em outro país, em local
certo e sabido, o juiz do Brasil expedirá carta rogatória para que seja cumprida
no país em que o sujeito encontra-se.
Espécies de citação por mandado:
– citação do militar: será realizada a partir do chefe do respectivo serviço;
– citação do funcionário público: será realizada pessoalmente ao servidor
e entregue uma notificação ao chefe desse funcionário público;
– citação do réu preso: é realizada pessoalmente, entregue nas mãos do
réu preso.
2. Citação Ficta
2.1 Apresentação
Processo Penal
Provas
1.2 Síntese
Princípio basilar do processo penal, ou melhor, chamado de Princípio da
verdade processual (verdade real).
Não são todos os fatos que precisam ser objetos de prova; há fatos que não
necessitam ser provados, como os fatos notórios ou a verdade sabida.
55
Fatos notórios ou verdade sabida são aqueles de amplo conhecimento pú-
blico e não precisam ser provados; são fatos nacionalmente e/ou mundialmente
conhecidos.
Nos fatos evidentes, também conhecidos como fatos axiomáticos, também
não é necessário provar, pois esses fatos são evidentes, extraídos de diversas
ciências (Ex. lei da gravidade).
Nos fatos evidentes, a verdade “salta aos olhos do julgador”, graças às ciên-
cias gerais; sendo assim, não precisa de prova (art. 162, parágrafo único do
Código de Processo Penal).
Outros fatos que não dependem de provas são os decorrentes de presunção
absoluta, pois a prova do fato já decorre da própria lei. São juízos de certeza
que decorrem da própria legislação, não cabendo ser provado (Ex.: não é pos-
sível provar que o menor de 18 anos tem capacidade penal, pois não cabe esta
prova. O Código Penal estabelece que os menores de 18 anos são penalmente
inimputáveis. Sua presunção decorre da lei).
Os fatos inúteis não são objeto de prova, pois são fatos irrelevantes para o julga-
mento da causa. Não serão provados, pois não dizem respeito à solução da causa.
Não serão objetos de provas os fatos impossíveis, pois não serão praticados.
Eles afrontam o conhecimento do homem médio.
Observação: Os fatos incontroversos são aqueles alegados por uma parte e
atestado por outra; esses dependem de prova.
Sistemas de apreciação da prova, adotados pelo Código de Processo Penal.
Como regra adota o Sistema do Livre Convencimento Motivado (Sistema da
Persuasão Racional).
O magistrado analisa as provas, se convence em relação a eles, profere a
decisão devidamente fundamentada, motivada, em respeito ao art. 93, IX da
Constituição Federal (Princípio Constitucional das Decisões Judiciais).
Entretanto, o Código de Processo Penal adota também o sistema da íntima
convicção do julgador. O indivíduo que julga a causa, mas não fundamenta
sua decisão; é uma situação excepcional, somente o Tribunal do Júri e os jura-
dos usufruem desse sistema, pois seus votos não precisam de fundamentações.
3.2 Síntese
Princípio da verdade processual é também conhecido como verdade real.
No processo penal, busca-se a verdade a todo custo; essa “busca” é mais
aprofundada, intensa, extensos. O Princípio da verdade real é aquilo que acon-
teceu de fato, pois o crime que foi praticado jamais será constituído realmente.
Não é possível a produção de toda e qualquer prova no processo penal bra-
sileiro. Há uma espécie de limitação, chamada de prova inadmissível, ou seja,
prova vedada é prova obtida por meio ilícito.
A prova inadmissível tem como base o art. 5º, LVI da Constituição Federal
e o art. 157 do Código de Processo Penal.
Tais artigos estabelecem que são inadmissíveis no processo as provas produ-
zidas por meios ilícitos.
Caso haja provas ilícitas no processo penal, estas deverão ser desentranhadas.
A prova inadmissível é dividida em duas espécies: prova ilícita e prova
ilegítima.
A prova ilícita afronta as normas do direito material (Ex.: realização de in-
terceptação telefônica clandestina, ou seja, sem autorização judicial).
Entretanto, no Brasil, excepcionalmente, os nossos Tribunais admitem a
produção de prova ilícita, pelo Princípio da Proporcionalidade dos Valores
Contrastantes ou Teoria do Sopesamento.
Tal teoria admite a prova ilícita em favor do réu, desde que não haja pre-
juízo a direito de terceiros; essa teoria é reconhecida pelo Supremo Tribunal
Federal e pela doutrina.
A prova ilegítima afronta a norma de direito processual (Ex.: No plenário
Processo Penal
4.2 Síntese
A prova ilícita por derivação, originária do direito americano do norte em
1919-1920, é conhecida como “os frutos da arvore envenenada”.
Sendo assim, essa teoria diz que todas as provas que obrigatoriamente
derivarem de uma prova ilícita, serão consideradas também provas ilícitas.
Daí o nome da teoria, pois todos os frutos que dela derivarem serão ilícitos,
envenenados.
A derivação deve ser necessária, ou seja, o vínculo entre a prova ilícita e
a prova derivada é obrigatório. Está previsto no art. 157, § 1º do Código de
Processo Penal.
A teoria que só foi adotada a partir de 2008, pelo Código de Processo Penal,
conhecida como Teoria da Fonte Independente, é resultado do direito ame-
ricano do norte, fazendo com que a prova ilícita por derivação possa não ser
reconhecida como tal, desde que a prova derivada tenha sido originária de uma
fonte independente de prova ilícita.
A Teoria da Descoberta Inevitável tem a finalidade de informar que uma
prova que parecia ilícita por derivação não será declarada como ilícita [Ex.:
mediante tortura o suspeito de um crime revela onde está a arma do crime.
Se a arma for encontrada será prova ilícita por derivação (a confissão é a prova
ilícita). Entretanto, na busca pela arma do crime, encontra-se outra equipe de
policiais com outro mandando de busca e apreensão. Sendo assim, chegar-se-
-ia à prova pelos meios típicos de investigação. Nesse caso, a prova (confissão
mediante tortura), não é ilícita por derivação].
Processo Penal
5.2 Síntese
A prova pericial só ocorrerá nas infrações penais que deixam vestígios, con-
forme arts. 158 a 184 do Código de Processo Penal.
Na hipótese de os vestígios desaparecem e não tenha sido realizado o exa-
me de corpo de delito, serão provadas, as lesões, por meio da prova testemu-
nhal, fotográfica e filmagem, conforme art. 167 do Código de Processo Penal.
A prova pericial diz respeito também aos números de peritos oficiais. Caso
na localidade não haja peritos oficiais para realização da perícia, deverão ser
nomeados os peritos não oficiais (peritos louvados); vale lembrar que o número
de perito oficial é 1 só e dos peritos não oficiais são 2.
Para que esses peritos não oficiais sejam nomeados, precisar-se-á seguir al-
guns requisitos. São eles:
– diploma em curso superior;
– pessoa idônea;
– tenha capacidade técnica para a natureza do exame que será realizado.
O Código de Processo Penal estabelece que o perito não oficial, quando
nomeado, deve aceitar o encargo, salvo escusa atendível.
O exame de corpo de delito pode ser feito a qualquer dia e a qualquer hora.
O prazo estabelecido pelo Código de Processo Penal, para o laudo ficar
pronto, é de 10 dias.
A prova testemunhal é regida pelos arts. 202 a 225 do Código de Processo
Penal.
O Código nos diz que toda pessoa poderá ser testemunha, observando o
compromisso de dizer a verdade sob pena de cometer crime de falso testemu-
nho, conforme art. 342 do Código de Processo Penal.
A regra é que toda a testemunha presta depoimento por meio oral, não
poderá ser por meio escrito.
Entretanto, o Presidente da República e o vice-presidente da República
Processo Penal
Exercício
25. (Cespe/UnB – 2012-Polícia Federal-Agente da Polícia Federal) Com
base no direito processual penal, julgue os itens que se seguem:
De acordo com inovações na legislação específica, a perícia deverá ser
realizada por apenas um perito oficial, portador de diploma de curso
superior; contudo, caso não haja, na localidade, perito oficial, o exame
poderá ser realizado por duas pessoas idôneas, portadoras de diploma
de curso superior, preferencialmente na área específica.
Nesta última hipótese, serão facultadas, a participação das partes, com
a formulação de quesitos, e a indicação de assistente técnico, que po-
derá apresentar pareceres, durante a investigação policial, em prazo
máximo a ser fixado pela autoridade policial.
Processo Penal
Capítulo 9
Competência
1.2 Síntese
Competência é regida no Código de Processo Penal, nos arts. 69 a 91; vale
lembrar que a definição de competência é o limite da jurisdição.
Observa-se que jurisdição é diferente de competência. A jurisdição é a ca-
pacidade de julgar, de dar solução justa à lide. A competência é o limite de
atuação do magistrado em sua jurisdição.
62
A doutrina e jurisprudência dividem a jurisprudência em duas espécies:
– competência absoluta e competência relativa.
A competência absoluta é uma hipótese de fixação de competência; caso
haja o desrespeito a esta hipótese de competência, o vício gerado será a incom-
petência absoluta. Este vício não tem conserto.
O magistrado que é absolutamente incompetente para a causa sempre o
será, não há prorrogação de competência.
Entretanto, a incompetência absoluta pode ser reconhecida a qualquer
tempo, inclusive de ofício pelo juiz.
Conseguintemente, não é o que ocorre na competência relativa. O desres-
peito às suas hipóteses geram vícios mais brandos e tem reparo.
Sendo assim, a incompetência tem prazo para ser arguida, sendo esse prazo
o 1º prazo para manifestação da defesa.
Caso não seja arguida no momento oportuno, haverá a possibilidade de
prorrogação de competência.
Segundo o Superior Tribunal de Justiça, a incompetência relativa não po-
derá ser reconhecida de ofício pelo juiz, conforme a Súmula nº 33. Mas, con-
soante entendimento minoritário doutrinal, o magistrado pode, mesmo que de
ofício, reconhecer a incompetência relativa desde que seja feito até o momento
em que a parte possa argui-la.
Formas de competência absoluta estão basicamente relacionadas no art. 69
do Código de Processo Penal.
Neste artigo, devemos dividi-lo em hipóteses de competência absoluta e
hipóteses de fixação de competência relativa.
São hipóteses de fixação de competência absoluta as competências pela
natureza da infração (em razão da matéria) e competência originária por prer-
rogativa de função.
Já as hipóteses de fixação de competência relativa são pelo lugar da infração:
competência pelo domicílio/residência do réu, competência pela distribuição
e competência por prevenção.
Quando ocorre um crime no Brasil, a competência relativa obrigatória a
ser analisada é a competência pelo lugar da infração, as outras hipóteses são
alternativas; já nas hipóteses de competência absoluta o que se deve observar
primeiro é a competência em razão da matéria.
Exercícios
26. O militar que, dolosamente em serviço, matar um civil responderá
pela justiça comum e não pela justiça especializada.
27. O crime praticado por militar fora de serviço, mas com a arma da
corporação.
4.2 Síntese
Competência pelo lugar da infração e a competência pelo domicílio e re-
sidência do réu são hipóteses de competência relativa que, se não respeitadas,
geram a incompetência relativa.
Não sendo arguida em momento oportuno, haverá a prorrogação de
competência.
Na competência em lugar da infração, o Código de Processo Penal, para
crime consumado, crime tentado no território de uma só comarca, adota a
Teoria do Resultado, ou seja, o crime deve ser julgado e processado no local de
sua consumação, conforme dita o art. 70 do Código de Processo Penal.
Processo Penal
5.2 Síntese
As competências pela distribuição e pela prevenção são hipóteses de com-
petência relativa. O desrespeito por essa forma gera a incompetência relativa.
67
Segundo a Súmula nº 33 do Superior Tribunal de Justiça, não pode ser
reconhecida de ofício.
Na competência por distribuição, não é obrigatória. Só há tal competência
se na comarca do lugar da infração existir mais de um juiz igualmente compe-
tente para processar e julgar. Não são todos os crimes que passam pela fixação
de competência pela distribuição.
Para a aplicação, vale observar o crime consumado, pois aí sim será julgado
na comarca onde houve a consumação.
Entretanto, na comarca onde houve a consumação, existem mais varas cri-
minais, todas aptas a julgar o crime praticado; por exemplo, contra funcionário
público federal, no exercício de suas funções.
Sendo assim, deve haver a distribuição automática para uma dessas varas,
conforme art. 75 do Código de Processo Penal.
Se a Vara que analisar antecipadamente alguns elementos, antes das outras
Varas e antes da denúncia ou queixa, a primeira Vara que realizou a análise
destes elementos ficará preventa diante das outras Varas, de acordo com o § 1º
do art. 75 do Código de Processo Penal.
A prevenção é uma espécie de fixação de competência relativa que pode re-
solver questões de lugar da infração, domicílio/residência do réu e distribuição.
Processo Penal
68
Gabarito