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A h istó ria d e n ó s d o is_m io lo .

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SUMÁRIO

Prefácio..............................................09

Introdução..............................................13

Capítulo 1.................................................17
Deus, a Bíblia e o casamento

Capítulo 2.................................................29
Um pacto e suas caracterís cas

Capítulo 3.................................................43
Para tudo há um limite

Capítulo 4.................................................71
Mudanças à vista!

Capítulo 5.................................................93
Fases? O casamento não é um jogo
de videogame

Conclusão..............................................115

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PREFÁCIO

A história de nós dois é uma obra que me


faz lembrar a passagem de Gênesis 13, na qual
Abraão é desafiado por Deus a levantar os olhos,
virar para todos os lados e adquirir um olhar que
atravessa o tempo, que passa pelas gerações.
Neste livro, o pastor Josué também nos
pega pela mão e conduz até este lugar alto a
contemplar as paisagens distantes, nas quais
nossos filhos, netos e bisnetos nos observam e
admiram. Ele cochicha em nossos ouvidos que
vale a pena lutar usando os princípios divinos.
Do alto deste lugar adquirimos uma nova
ó ca, outra perspec va na qual o co diano é
coroado de perenidade e o trivial se reveste de
excelência. A di cil luta do presente promete

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um resultado promissor para as outras gera-
ções, que olharão nossa família como valentes
imigrantes desbravadores, que enfrentaram as
agruras deste século para estabelecer um ter-
ritório, um modelo de vida que vale a pena ser
imitado e ampliado.
Uma vez contemplando o futuro, resta-
nos viver de modo digno e a pergunta que se
apresenta é: como posso viver meu casamento
baseado nos princípios de Deus? Tal questão vai
sendo esclarecida ao longo da leitura, enquanto
as ferramentas para os desbravadores deste sé-
culo de trevas são apresentadas – os padrões e
definições bíblicos a ngem clareza e relevância.
Embora falemos do mundo que vive alheio
aos padrões de uma família feliz, segundo os
padrões de Deus, o campo de batalha no qual
usaremos nossas armas é a nossa própria vida

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que precisa se ajustar, se reprogramar e desfru-
tar dos presentes que o Criador já nos confiou
– cônjuge, filhos e parentes.
Nesta viagem em que o passado, presen-
te e futuro são vistos do alto da montanha da
sabedoria as etapas da vida em família são apre-
sentadas, de modo que o leitor se iden fica, se
encontra e se prepara para as próximas.
Aceite este convite. Dê a mão ao pastor
Josué e suba com ele nesta caminhada que
promete abrir seus horizontes e encher seu co-
ração de sonhos. Saia cheio de ânimo e certeza
de que vale a pena lutar e deixar registrada esta
história de amor. Boa viagem.

Pr. Salomão Santos


Conselheiro Família Debaixo da Graça

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INTRODUÇÃO

Casamento é um erro da juventude,


que todos deveríamos cometer.
Don Herold

Ao longo de nossa vida, atravessamos ex-


periências as mais variadas. Muitas delas são admi-
ravelmente prazerosas, outras repugnantes, outras
memoráveis. Todas elas deixam marcas em nós e
com elas construímos nossa personalidade, nosso
caráter, nossa maneira de ser.

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Há um ditado que diz que todo homem – con-
sideramos aqui homem e mulher – deveria plantar
uma árvore, escrever um livro e ter um filho. Pra ca-
mente todos nós plantamos uma árvore na infância,
nem que seja aquela que a professora nos mandou
plantar. Lembra-se da experiência do feijão no al-
godão úmido?
Penso que você leitor tem, de alguma forma,
envolvimento no casamento. E se está casado ou
pensando em casar-se, certamente tem expecta vas
de ter um filho. Faltará, então, escrever um livro. Já
escreveu algum?
Caso a resposta seja “não”, chegou a sua vez!
Não me refiro a um livro propriamente dito, mas
a uma bela e interessante história, uma daquelas
histórias prazerosas, agradáveis, boas de serem lem-
bradas e contadas para os outros. Essa história é a
que você escreverá com o seu cônjuge agora, pois o

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seu casamento renderá uma boa história de amor e
superação.
Este livro servirá como uma espécie de roteiro
para você escrever a sua história. O roteiro é a parte
da história que dá orientações para a composição
do texto. Ele traça os limites, orienta os papéis dos
personagens, indica o começo, meio e fim, e pon-
tua as tramas com seus desfechos. É assim que você
poderá u lizar este livro e extrair dele boas lições.
São lições prá cas, exemplos, experiências de outros
que podem enriquecer a sua experiência e ajudá-lo
na superação dos momentos de transição. Muitos
de nossos problemas, senão todos, são momentos
de transição. Os problemas não vêm para ficar a vida
toda entre nós.
Superados os problemas, restam as experiên-
cias e as boas histórias para contar. E é isso o que
você terá quando, daqui a alguns anos, olhar para a

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longa jornada percorrida com a sua pessoa amada,
seus filhos, seus netos. Você terá uma história de vida
conjugal e familiar que valerá a pena ser contada.
Vamos escrevê-la?

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CAPÍTULO 1
DEUS, A BÍBLIA E O CASAMENTO

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O casamento é um edi cio que deve ser
reconstruído todos os dias.
André Maurois

“Põe-me como selo sobre o teu coração, e como


selo sobre o teu braço, porque o amor é forte
como a morte, e duro como a sepultura o ciúme;
as suas brasas são brasas de fogo, são veemen-
tes labaredas. As muitas águas não poderiam
apagar o amor, nem os rios afogá-lo; ainda que
alguém desse todos os bens da sua casa pelo
amor, seria de todo desprezado”.
(Cantares de Salomão 8.6,7)

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Quem se casa decide escrever
uma história de amor a dois.
Todos escreverão uma história, seja ela
como for. O grande desafio está em escrever
uma história que seja digna de ser contada e,
depois disso, que nossos filhos e netos tenham
orgulho em poder recontá-la para as pessoas do
seu convívio. Por isso, não basta compor uma
história; é preciso compor uma história que seja
digna de ser compar lhada, de ser contada pela
geração seguinte.
A história de amor que minha esposa e eu
estamos escrevendo já conta que nasceram três
filhos, que são o Douglas, a Le cia e o Pedro.
Recentemente, entrou em nossa história mais
uma personagem, a Luísa, a nossa ne nha, que
é um presente maravilhoso de Deus para a nos-
sa família e um elemento a mais em nossa fan-
tás ca história de amor.

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Meu pai e minha mãe compuseram a sua
história de amor. Meu sogro e a minha sogra
também compuseram a sua história de amor.
Minha esposa e eu estamos escrevendo a nossa
história de amor. Meu filho Douglas começou a
escrever a sua história de amor com a Valéria re-
centemente, como também minha filha Le cia
começou a sua história de amor com o Felipe.
Nós não podemos ser negligentes no fazer
esse trabalho, pois precisamos escrever uma
história a qual nossos filhos terão orgulho de
compar lhar com outras pessoas no futuro.
Constantemente vejo pessoas na mídia
falando sobre casamento. E quem são essas
pessoas? São aquelas que já contabilizam três,
quatro casamentos no seu lamentável currí-
culo. Casaram-se cinco vezes, falharam em to-
das, mas insistem em dar palpites e conselhos a

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seus ouvintes sobre como eles devem conduzir
a história de sua vida. Um dos consultores que
vejo na televisão é psicólogo, outro é sociólogo,
outro ainda é psiquiatra... mas não são bons
contadores de uma história de amor que valha a
pena ser contada.

O que é o casamento do ponto de


vista cristão?
O casamento precisa ser orientado pela
perspec va de quem o criou, Deus. Precisamos
pensar o casamento a par r de sua perspec va
original. Em Gênesis 2.22, lemos:

Com a costela que havia rado do homem, o


Senhor Deus fez uma mulher e a levou até ele.

Que resposta devemos dar à pergunta: “O

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que é o casamento do ponto de vista cristão?”
Formulei uma resposta que penso condensar e
contemplar apropriadamente vários aspectos
envolvidos nesta questão:

Casamento, do ponto de vista cristão, é uma re-


lação amorosa entre um homem e uma mulher
que, sob orientação e direção de Deus, manifes-
tam publicamente o desejo de pertencerem um
ao outro até que a morte os separe.

O casamento não é uma invenção cristã. Ele


vem desde muito tempo antes do cris anismo
exis r. O casamento originou-se na mente e no
coração de Deus como a primeira ins tuição
para ser realizada entre os seres humanos. Sua
ordem foi estabelecida no paraíso.
Por isso, o casamento tem uma natureza
que lhe é própria, peculiar. E qual é a natureza

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do casamento? Lemos no livro de Malaquias 2.14:

E perguntais por quê? Porque o Senhor foi tes-


temunha da aliança entre e a mulher da tua
mocidade.1

Casamento é um relacionamento pactual


entre dois cônjuges e Deus. Deus, marido e es-
posa formam um pacto. Primeiramente, esse
pacto tem uma essência sagrada, pois Deus foi
testemunha na sua realização. Deus foi invo-
cado na celebração desse pacto que aconteceu
em resposta à própria determinação divina, a
fim de preservar a raça humana. Essa é uma das
claras finalidades do casamento: a preservação
da raça. Não é a única, mas é uma das finali-

1. Devemos acrescentar, ainda, o texto de Gênesis 2.24-25: “Por


essa razão, o homem deixará pai e mãe e se unirá à sua mulher, e eles
se tornarão uma só carne. O homem e sua mulher viviam nus, e não
sen am vergonha.” N.E.

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dades fundamentais.
Sem o casamento heterossexual não have-
ria con nuidade da raça humana. Há muita dis-
cussão em nossos dias sobre a legalização das
uniões homoafe vas, incluindo uma discussão
jurídica sobre heranças e bens adquiridos con-
juntamente. Este é um dos muitos aspectos da
questão, que não cabe a nós discu r aqui. No
entanto, não podemos deixar de tocar no tema
e adver -lo, caro leitor, sobre o ponto de tensão
existente nessa questão. Acabar com as rela-
ções matrimoniais normais, heterossexuais, ou
pregar contra elas (como tem sido feito), é de-
cretar a ex nção da própria raça humana. Esse
é um dos mo vos pelos quais aprendemos na
Palavra de Deus que um homem deve casar-se
com uma mulher. E é isso o que promovemos
por meio do pacto ins tuído pelo Senhor.

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A presença de Deus na celebração de um
pacto – qualquer que seja o pacto e aqui, em
especial, o casamento – traz um peso de sacrali-
dade. O casamento é uma ins tuição sagrada
porque é realizado tendo o Senhor por tes-
temunha e, ao mesmo tempo, como uma das
partes que integram a aliança. Sendo o Senhor
um Deus santo, é natural que esse caráter seja
transferido para o casamento. E a sacralidade
no casamento, ou seja, o seu aspecto ín mo,
o leito sem mácula, aquele ambiente privado,
separado das misturas propostas hoje em dia,
precisa ser recuperada por todo aquele que
quer escrever uma história feliz.
Há muitas histórias sendo escritas. Lamen-
tavelmente, nem todas terão um final feliz. Há
histórias de todo po, mas o seu interesse é na
melhor história. Por isso, dê atenção à presença

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de Deus no seu casamento. Os modelos popu-
lares para o casamento, os modelos da moda,
os das revistas e sites, os dos “consultores” em
programas de televisão não são receitas in-
falíveis nem indicadas para quem estabeleceu
um pacto com Deus.
No capítulo seguinte, exploraremos mais
caracterís cas de um pacto e com isso, pouco
a pouco, você conhecerá mais sobre esse tema
tão palpitante.

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CAPÍTULO 2
UM PACTO E SUAS
CARACTERÍSTICAS

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O casamento é como uma longa viagem
em um pequeno barco a remo: se um
passageiro começar a balançar o barco, o
outro terá que estabilizá-lo; caso contrário,
os dois afundarão juntos.
Dr. David Reuben

Nos tempos bíblicos do An go Testamento,


muitas relações eram estabelecidas com base
em um pacto. As relações às quais me refiro são,
por exemplo, relações tribais, que aconteciam
entre grupos de pessoas e suas famílias e eram
estabelecidas com os líderes das tribos. Os casa-

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mentos também eram firmados em forma de
pacto. Um pacto, de acordo com a Bíblia, pode
ser entendido como uma aliança, mas não um
contrato.
Veja, por exemplo, que as nossas Bíblias
têm An go e Novo Testamentos. “Testamento”
é uma palavra sinônima de “aliança”. Jesus,
quando celebrou a primeira Santa Ceia, men-
cionou isso. Veja como funciona.

Da mesma forma, depois da ceia, tomou o cálice,


dizendo: “Este cálice é a nova aliança no meu
sangue, derramado em favor de vocês”.
(Lucas 22.20)

Essa aliança que Jesus fez foi o novo pacto


em seu próprio sangue. Dessa forma, as alianças
ou pactos de acordo com o que a Bíblia ensina

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diferem dos contratos que conhecemos hoje. Os
contratos também são acordos entre as partes,
mas eles têm cláusulas que preveem penaliza-
ções ou multas em caso de descumprimento;
em outras palavras, os contratos podem ser
quebrados desde que observadas as obrigações
legais de cada parte.
Já as alianças ou pactos não trazem essa
caracterís ca. O pacto, é estabelecido com Deus
e perante Deus, portanto, não tem fim e só pode
ser encerrado com a morte de uma das partes.
Por isso Paulo escreve em 1Corin os 7.39:

A mulher está ligada a seu marido enquanto ele


viver. Mas, se o seu marido morrer, ela estará
livre para se casar com quem quiser, contanto
que ele pertença ao Senhor.

Vamos, portanto, entender as caracterís cas

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do casamento na perspec va correta: a pers-
pec va de Deus e da Bíblia.

Quais são as implicações de um pacto?

Os pactos englobam direitos e deveres,


bene cios e responsabilidades. Os pactos feitos
nos tempos bíblicos e que dão suporte para
muitas ins tuições encontradas na Bíblia como,
por exemplo, o casamento – comportam as se-
guintes cláusulas.

1. Todo pacto tem proteção da lei.


O casamento é um pacto legal em duas ins-
tâncias: a divina e a humana. Deus, através da
sua Palavra, esboçou as leis para reger o casa-
mento dentro da instância divina. Há várias di-
retrizes, e você certamente conhece ao menos

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algumas delas. Veja a seguir alguns textos que
regem um casamento.

Por essa razão, o homem deixará pai e mãe e se


unirá à sua mulher, e eles se tornarão uma só
carne. (Gênesis 2.24)

Tanto a mulher não casada como a virgem


preocupam-se com as coisas do Senhor, para
serem santas no corpo e no espírito. Mas a casa-
da preocupa-se com as coisas deste mundo, em
como agradar seu marido. (1Corin os 7.34)

Mulheres, sujeite-se cada uma a seu marido,


como ao Senhor, pois o marido é o cabeça da
mulher, como também Cristo é o cabeça da igre-
ja, que é o seu corpo, do qual ele é o Salvador.
Assim como a igreja está sujeita a Cristo, tam-
bém as mulheres estejam em tudo sujeitas a seus
maridos. (Efésios 5.22-24)

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Maridos, ame cada um a sua mulher, assim como
Cristo amou a igreja e entregou-se por ela para
san ficá-la, tendo-a purificado pelo lavar da
água mediante a palavra, e para apresentá-la a
si mesmo como igreja gloriosa, sem mancha nem
ruga ou coisa semelhante, mas santa e inculpável.
(Efésios 5.25-27)

Da perspec va de Deus, essas são algumas


leis que garantem o bom funcionamento, o res-
peito mútuo e a liberdade daqueles que estão
empenhados na composição e manutenção de
um casamento, de uma história de amor.
Da perspec va humana, o Estado também
estabeleceu leis que dão segurança ao homem,
à mulher e até mesmo aos filhos. Logo na de-
cisão pelo casamento civil, o casal deve optar
sobre o regime de bens e o sobrenome que a es-
posa adotará – e atualmente o homem também

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pode adotar o sobrenome da esposa. Isso tudo
é amparado por lei com a finalidade de garan r
à ins tuição do casamento o seu bom funcio-
namento, firmando os direitos e os deveres das
partes envolvidas.
Mesmo assim, repito que o casamento no
ambiente divino não é um contrato conforme é
no âmbito humano e civil. O casamento na pre-
sença de Deus é um pacto, uma aliança, não um
contrato.2

2. Um pacto é um ato público, pois nos fala


do peso da responsabilidade social.
Dietrich Bonhoe er, um importante e co-
nhecido teólogo alemão, disse certa vez:

2 O autor norte-americano Glover Shipp tem um pequeno livro


publicado no Brasil pela Ed. Vida Cristã, chamado “Casamento é uma
aliança, não um contrato”.

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O casamento não pertence apenas a vocês, é um
símbolo social, uma função de responsabilidade.

O aspecto público do casamento é percebi-


do, por exemplo, na cerimônia. São convocados
os familiares dos noivos, os amigos, as teste-
munhas, a autoridade civil e a autoridade espiri-
tual. Essa reunião é realizada com a finalidade
de informar publicamente a disposição dos noi-
vos em formar uma nova família. Eles se amam
e estão dizendo isso em público: “Vamos nos
pactuar em casamento e cons tuir uma família”.
Agora eles não serão mais vistos separa-
damente nos ambientes sociais, nas festas, nos
cultos – eles se tornaram uma só carne. Não es-
tarão mais à disposição para os amigos, se con-
siderarmos as saídas só entre homens ou só en-
tre amigas. Há diversas implicações envolvidas

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no casamento no que diz respeito ao seu caráter
social. Os solteiros são privados de algumas
a vidades, e vice-versa. Até mesmo no futebol
há a conhecida brincadeira de jogar “casados
contra solteiros”. Os casados não jogam no me
dos solteiros.
Quando preenchemos um cadastro, numa
empresa ou no comércio, devemos indicar se
somos casados ou solteiros. Isso tem uma razão
de ser para o analista de crédito; a pergunta não
está ali por um acaso.
Uma pessoa casada tem, portanto, sua re-
presentação e responsabilidade, tem o status
social diferente da pessoa solteira.

3. Um pacto reúne forças e créditos


antes separados
Lembra-se de que mencionei que os an gos

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pactos tribais eram celebrados entre comuni-
dades diferentes? Nos tempos de Abraão, por
exemplo, quando um líder tribal celebrava um
pacto com outro chefe ou líder tribal, eles se
consideravam unidos para sempre. Esses pactos
colocavam as forças, os guerreiros, as riquezas,
os bens de um líder à disposição do outro líder.
As alianças ou pactos eram celebrados en-
tre famílias, tribos, etnias e comunidades com a
finalidade de fortalecerem-se mutuamente. Elas
melhoravam a condição de vida e ampliavam os
recursos que as partes anteriormente separadas
não poderiam usufruir. Com isso, cada comuni-
dade ou família poderia avançar nas conquistas,
estender seus domínios a outros territórios e, no
dia da adversidade, elas teriam à sua disposição
a aliança com um exército mais numeroso que o
seu, o que por si já era um fator inibidor: ora, se

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o inimigo sabe que eu tenho aliança com outro
exército mais forte que o meu, ele pensará duas
vezes antes de atacar-me. O próprio Jesus falou
isso:

Ou, qual é o rei que, pretendendo sair à guerra


contra outro rei, primeiro não se assenta e pen-
sa se com dez mil homens é capaz de enfrentar
aquele que vem contra ele com vinte mil? Se não
for capaz, enviará uma delegação, enquanto o
outro ainda está longe, e pedirá um acordo de
paz. (Lucas 14.31,32)

Semelhantemente, o casamento reúne as


forças e recursos de um homem e de uma mu-
lher, ampliando os bene cios e meios colocados
à disposição de ambos. Sua força será maior
com a realização de um bom casamento. Seus
recursos serão ampliados. O afeto e o cuidado

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serão maiores. O amor existente será duplicado.
Se você já ama a si mesmo, haverá outra pessoa
que também o amará; se você tem um coração
amoroso, poderá expressar esse amor a outra
pessoa.
Como é bom o casamento!
Da perspec va do pacto, o casamento ain-
da envolve outros pontos que necessitam ser
observados. Vamos, então, tratar dos limites
que o pacto impõe ao casamento.

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CAPÍTULO 3
PARA TUDO HÁ UM LIMITE

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Casamento é uma longa conversa
entremeada de disputa.
Robert Louis Stevenson

No capítulo anterior, vimos que um pacto


gera bene cios para as partes que o celebram. Ele
amplia os recursos, une as forças, é garan do por
leis. Alguém poderá, então, pensar que um pacto
“é só alegria”. Claro que há muitos bene cios em
pactuar-se com a pessoa amada e com Deus, que
também par cipa dos pactos matrimoniais.

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Os pactos, no entanto, também preveem res-
ponsabilidades e têm limites que precisam ser ob-
servados e respeitados. Embora os bene cios do
pacto possam dar um “brilho” a essa nova situa-
ção, os limites é que reforçam os laços e podem
garan r a sua estabilidade.
Vejamos:

Quais são os limites do pacto conjugal?

Em nossos dias, ouvimos a todo o momento


alguém falar em pós-modernidade. Vivemos na
pós-modernidade. Em seguida, as pessoas afir-
mam que “hoje os valores são outros”. Na pós-
modernidade, tudo é rela vizado. Isto significa
que aquilo que vale para mim pode não valer para
você. Em outras palavras, não há absolutos. Tudo é
rela vo. Será que isso funciona na prá ca?

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Imagine uma situação hipoté ca. Você tem o
seu cônjuge, ama o seu cônjuge e está feliz com
ele. Vocês vivem um conto de amor. São fieis um
ao outro e estão seguros na sua relação. No entan-
to, uma pessoa de fora da sua relação, com a men-
talidade pós-moderna, rela viza os valores e não
acredita que é preciso haver valores absolutos.
Essa pessoa, então, “dá em cima” do seu cônjuge,
paquera o seu cônjuge e o seduz. Você descobre e,
naturalmente, fica indignado ou indignada.
Para você, a fidelidade é um valor absoluto.
Ora, cada panela com a sua tampa! Mas “uma
outra” panela está querendo ser “fechada” com a
sua tampa.
O que eu quero dizer com isso, e você já deve
ter notado a mensagem, é que, embora a mentali-
dade corrente na atual geração queira nos impor
uma nova maneira de pensar, isso não faz com que

JOSUÉ GONÇ ALVES 47

A h istó ria d e n ó s d o is_m io lo .in d d 47 05/03/13 10:06


os limites e valores absolutos do pacto criado por
Deus há milhares de anos devam ser alterados por
conta das nossas variações e da rela vização na
maneira de pensar. Não somos nós que alteramos
o curso das coisas criadas por Deus.
Os casais que celebram um pacto na presen-
ça de Deus – e digo mais! – os casais que preten-
dem estabelecer uma relação sólida e cons tuir
uma família, ainda que pensem diferentemente
de Deus, devem seguir os parâmetros que estão
postos desde sempre. O casamento, como pacto
criado por Deus, segue necessariamente essa
linha de condução. Os tempos mudam – e mudam
mesmo! – mas isso não significa que Deus ajuste
o Seu modo de pensar e valorizar as coisas sim-
plesmente porque nós mudamos. Aliás, é o con-
trário. A estabilidade de Deus e a sua permanência
imutável é que se tornam para nós o referencial

48 A H ISTÓ RIA D E NÓS D OIS

A h istó ria d e n ó s d o is_m io lo .in d d 48 05/03/13 10:06


seguro. Imagine se o Senhor mudasse de opinião
cada vez que o homem muda o seu modo de pen-
sar e comportar-se! O mundo estaria pior do que
vemos. O escritor russo Fiódor Dostoievski sabia-
mente escreveu:

Se Deus não existe, tudo é permi do.

Assim, como Deus existe, nem tudo é permi-


do. Sigamos, então, os limites estabelecidos para
o casamento. Vejamos alguns deles.

1. O casamento é uma união heterossexual.


Na sociedade rela vista, o homem ou a mu-
lher que pensa e age de acordo com as “novas
convenções” o faz seguindo os seus próprios inter-
esses egoístas. Pensa em si, não nos outros, não
na espécie, não em Deus.

JOSUÉ GONÇ ALVES 49

A h istó ria d e n ó s d o is_m io lo .in d d 49 05/03/13 10:06


Não é, portanto, uma união homossexual que
delineia o limite do pacto, mas sempre e somente
a união heterossexual. É bom que se deixe isso
bem claro.
Lembro-me de ouvir o Douglas contar de
quando estava na faculdade e ouviu um de seus
professores dizer em sala de aula: “Olha, não é
uma questão de sexo, é uma questão de papéis: se
duas mulheres cumprem bem o papel de marido
e de esposa, se dois homens cumprem bem o pa-
pel de marido e de esposa, o que importa são os
papéis”.
Não. Não. Não. Esse é um modo rela vista de
pensar. A sociedade não pensa assim; quem pensa
assim é uma minoria, mas como é uma minoria
que faz barulho por ter os meios de comunicação
nas mãos, fica a impressão de que de repente to-
dos pensam assim.

50 A H ISTÓ RIA D E NÓS D OIS

A h istó ria d e n ó s d o is_m io lo .in d d 50 05/03/13 10:06


A Bíblia também não diz isso nem dá margem
para uma interpretação dessa natureza. O que
lemos na Bíblia é:

Por essa razão, o homem deixará pai e mãe e se


unirá à sua mulher, e eles se tornarão uma só carne.
(Gênesis 2.24)

Isso também deve ficar bem claro para os


nossos filhos e para toda a nossa família: o casa-
mento é uma união heterossexual. Somente um
casamento cuja caracterís ca seja heterossexual
pode prover a plenitude dos propósitos para essa
união e, consequentemente, o pacto. Estou fa-
lando de procriação de modo natural, de afetuosi-
dade, de papéis “de fato” (não de men rinha), de
desenvolvimento emocional e coisas como essas.
O casamento heterossexual é a única maneira

JOSUÉ GONÇ ALVES 51

A h istó ria d e n ó s d o is_m io lo .in d d 51 05/03/13 10:06


de propiciar as mais profundas realizações ao ser
do gênero masculino e ao ser do gênero feminino.
O homossexualismo, embora alguns argumentem
em contrário, sempre será limitador, castrador das
possibilidades mais amplas de realização sica,
emocional, efe va, biológica e, especialmente, es-
piritual pela perspec va bíblica tradicional.3
Você quer realizar-se plenamente? Case-se com
alguém do sexo oposto. É assim que Deus planejou
o casamento. É assim que a biologia provê os meios
para a con nuidade e preservação da espécie. É esse
o modo natural, mais básico e simples de ser feliz. E
esse é o primeiro limite do pacto.

3 Os grupos LGBTs com interesse no cris anismo adotam uma


chamada nova hermenêu ca, que é uma maneira de interpretar a Bíblia
segundo os seus próprios interesses. Assim, eles “fazem a Bíblia falar”
aquilo que eles querem que seja dito. Não interpretam a Bíblia a par r
do seu contexto real, histórico, mas usando os paradigmas do “poli -
camente correto”, que se valem da sociologia moderna, da psicologia
moderna e de outras ciências que não têm compromisso nenhum com
a verdade de Deus. N.E.

52 A H ISTÓ RIA D E NÓS D OIS

A h istó ria d e n ó s d o is_m io lo .in d d 52 05/03/13 10:06


2. O casamento é uma união monogâmica.
Outro equívoco sobre o casamento e suas
possibilidades, e também equívoco sobre como a
Bíblia nos orienta, é a questão de o casamento ser
uma união monogâmica. Nunca foi o ideal divino
permi r no casamento a bigamia nem a poligamia.
A monogamia, como norma divina para o bem
estar do homem, está implícita primeiramente na
história de Adão e Eva. A história que lemos no
livro do Gênesis é que quando Deus criou a mul-
her, “ele aplicou uma anestesia geral” (estou re-
contando a história, evidentemente do meu jeito),
o homem adormeceu profundamente e então o
Senhor fez uma cirurgia. Ele rou uma costela do
homem e fez a mulher. O texto diz:

Então o Senhor Deus fez o homem cair em profundo


sono e, enquanto este dormia, rou-lhe uma das
costelas, fechando o lugar com carne. Com a cos-

JOSUÉ GONÇ ALVES 53

A h istó ria d e n ó s d o is_m io lo .in d d 53 05/03/13 10:06


tela que havia rado do homem, o Senhor Deus fez
uma mulher e a levou até ele. (Gênesis 2.21,22)

A minha pergunta diante deste texto é: Quan-


tas costelas ou quantas “derivadas” o Senhor ex-
traiu do homem? Olhando para o texto e o cenário
onde tudo aconteceu, não é di cil perceber que
aquele foi um momento único. O Senhor fez o que
deveria ter sido feito e o fez muito bem.

E Deus viu tudo o que havia feito, e tudo havia


ficado muito bom. Passaram-se a tarde e a manhã;
esse foi o sexto dia. (Gênesis 1.31)

O Senhor poderia ter feito duas mulheres


para o homem? Sim, poderia. O Senhor poderia
ter feito três, quatro ou mais mulheres para o
homem? Sim, poderia. E por que poderia? Porque
não falta poder ao Senhor. E por que não o fez?

54 A H ISTÓ RIA D E NÓS D OIS

A h istó ria d e n ó s d o is_m io lo .in d d 54 05/03/13 10:06


Será que ele “deixou” para o homem essa tarefa?
Não. Deus não o fez porque havia um limite que
definiria o bem estar e o respeito, e dentro deste
limite estava contemplado o atendimento das
necessidades todas, tanto do homem quanto da
mulher.
Essa não era uma impossibilidade para o Se-
nhor, mas seguramente posso afirmar que seria
uma inadequação para o casal. O que o Senhor faz
é muito bom aos seus próprios olhos. Aos nossos,
é tudo perfeito. Quando o Senhor estabeleceu
essa realidade para o casal, ele estava estabe-
lecendo a situação ideal na qual deve ser encon-
trado e considerado o limite. Não há nem no An-
go Testamento nem no Novo Testamento outra
passagem posterior onde lemos que o Senhor re-
vogou a determinação, ampliando esse limite que
fora estabelecido desde o princípio.

JOSUÉ GONÇ ALVES 55

A h istó ria d e n ó s d o is_m io lo .in d d 55 05/03/13 10:06


Agora, permita-me demonstrar a extrema im-
portância do que estou afirmando. O casamento é
bom para o homem e para a mulher. Nisso todos
concordamos. Sendo assim, por que Jesus não se
casou? Se o casamento é tão bom assim e é uma
ins tuição divina, por que Jesus não se casou?
Jesus não se casou “ainda”. Mas irá se casar
em breve. Jesus tem uma noiva com a qual ele
irá se casar nas Bodas do Cordeiro. Lemos isso na
Bíblia. Se Jesus vesse se casado enquanto esteve
entre nós em carne, ele estaria traindo a Igreja!
Quantas noivas Jesus têm? Uma só. Jesus tem
uma única noiva, com a qual irá se casar nas Bo-
das do Cordeiro. Então, o ideal divino estabelecido
no jardim é um homem para uma mulher. E Cristo
respeita isso também. O ideal divino seguido pelo
exemplo que Cristo nos deixou é um homem para
uma mulher. O que passar disso não procede de
Deus.

56 A H ISTÓ RIA D E NÓS D OIS

A h istó ria d e n ó s d o is_m io lo .in d d 56 05/03/13 10:06


O que está escrito nos Dez Mandamentos?
“Não adulterarás.” É o sé mo mandamento. A
monogamia como norma divina para o bem estar
do homem está implícita na história de Adão e Eva,
no Decálogo para o povo de Deus no An go Testa-
mento, no relacionamento entre Deus e seu povo
e entre Cristo e a Igreja. E isso traz bene cios para
ambas as partes. O mandamento que proíbe o
adultério, preserva a fidelidade; do mesmo modo,
por exemplo, o mandamento que proíbe o roubo,
protege a propriedade privada. Os mandamentos
de Deus sempre visam o bem comum e a ordem
geral.
Portanto, cuide bem de seu cônjuge e você já
estará cumprindo bem a sua missão.

JOSUÉ GONÇ ALVES 57

A h istó ria d e n ó s d o is_m io lo .in d d 57 05/03/13 10:06


3. O casamento é uma união
monossomá ca.4
Um só corpo ou uma só carne. O casamento,
de modo essencial, lá no seu âmago, tem o poder
de tornar duas pessoas, dois corpos, dois seres em
um só corpo, uma só carne. Quando nos casamos,
tornamo-nos uma unidade indivisível, inseparável.
Você já encontrou na Bíblia alguma evidência
de que pai e filho se tornam uma só carne? Você
já encontrou na Bíblia um irmão com outro irmão
(ou irmã) que se tornaram uma só carne? Você já
encontrou na Bíblia nora e sogra que se tornaram
uma só carne? Você já encontrou na Bíblia evidên-
cia de sogro e genro ou nora que se tornaram uma
só carne? “Não” é a resposta para todas essas per-
guntas.

4 O Novo Testamento foi escrito em grego. Desse idioma temos a


palavra soma, que significa corpo, daí a nossa expressão monossomá -
ca, que quer dizer um só corpo.

58 A H ISTÓ RIA D E NÓS D OIS

A h istó ria d e n ó s d o is_m io lo .in d d 58 05/03/13 10:06


Segundo a Bíblia, a única relação na qual dois
se tornam uma só carne é entre um homem e uma
mulher marido e esposa. O casamento leva duas
pessoas de sexos opostos à unificação mais estrei-
ta que se possa imaginar, nos âmbitos sico, emo-
cional, moral, ideal e espiritual.
O casamento é um relacionamento que está
acima do relacionamento entre pais e filhos. O
casamento é um relacionamento que está acima
do relacionamento entre irmãos. O casamento é
um relacionamento que está acima do relaciona-
mento entre a igreja e eu ou a igreja e você, entre
o pastor e você, entre seus irmãos e você. O casa-
mento só não está acima do relacionamento entre
Deus e você.
Portanto, uma vez estabelecida a união, ne-
nhum agente externo ao casal tem força ou po-
der que supere a força da unidade matrimonial.

JOSUÉ GONÇ ALVES 59

A h istó ria d e n ó s d o is_m io lo .in d d 59 05/03/13 10:06


Imagine que agora, casados, marido e esposa se
tornam um único “bloco”, uma unidade indivi-
sível maior e mais resistente do que eram antes
da união. Isso é muito interessante, e é isso o que
acontece no ambiente do matrimônio. A sogra, o
sogro, os filhos, ninguém possui poder para pene-
trar a unidade estabelecida na união matrimonial.
Esse limite estabelecido também tem des-
dobramentos para o casal no modo de realizar as
suas a vidades. Estou refle ndo sobre o planeja-
mento de uma viagem ou da compra do primeiro
carro, o planejamento para pouparem ou terem
filhos, e sobre as demais decisões importantes. Há
casais que fazem tudo separadamente:
– cada um tem sua conta bancária,
– cada um tem o seu carro,
– cada um tem o seu banheiro,
– cada um tem os “seus” amigos.

60 A H ISTÓ RIA D E NÓS D OIS

A h istó ria d e n ó s d o is_m io lo .in d d 60 05/03/13 10:06


No entanto, não vejo espaço para esse pro-
cedimento quando leio na Bíblia que ambos se
tornam uma só carne. É preciso rever esse con-
ceito errado – e eu diria até mesmo an bíblico –
de que cada um se vira como quer e como pode.
Nada mais longe dos limites estabelecidos e plane-
jados por Deus para um casal. Se entenderem
como o Senhor pretende que os casais vivam e se
protejam dos ataques e influências externas, eles
nunca, jamais, serão separados.
Por meio do casamento vocês se tornaram
uma só carne, uma união monossomá ca.

4. O casamento é um pacto indissolúvel.


Além da união estabelecida no ponto anterior,
a união monossomá ca em que ambos se tornam
uma só carne, o casamento tem outro limite posto
por Deus para que o seu funcionamento aconteça

JOSUÉ GONÇ ALVES 61

A h istó ria d e n ó s d o is_m io lo .in d d 61 05/03/13 10:06


da melhor maneira possível. O casamento é um
compromisso para toda a vida. Veja o que Jesus
disse sobre isso:

Assim, eles já não são dois, mas sim uma só carne.


Portanto, o que Deus uniu, ninguém separe.
(Mateus 19.6, NVI)

Quando o casamento foi ins tuído não ha-


via lugar para separação. Essa possibilidade não
fez parte da ins tuição do casamento. Você não
encontra um só caso de divórcio nas páginas da
Bíblia, como parte do plano de Deus . Essa era uma
alterna va inexistente.
Viver um compromisso com a qualidade
de uma aliança ou pacto, nos moldes que tenho
demonstrado aqui, significa lealdade até a morte.
Reflita sobre esta afirmação: “Viver um compro-

62 A H ISTÓ RIA D E NÓS D OIS

A h istó ria d e n ó s d o is_m io lo .in d d 62 05/03/13 10:06


misso de aliança significa lealdade até a morte”.
Um dos propósitos do casamento é refle r a
imagem de Deus. Isto inclui a ideia de aliança in-
dissolúvel e eterna entre Pai, Filho e Espírito Santo.
Você consegue imaginar divergência e separação
na Trindade? O Pai para um lado, o Espírito para
outro e o Filho órfão? Isso “não entra” em nossa
cabeça, não é mesmo?
Portanto, preservar o casamento como reflexo
de uma ins tuição divina é o grande desafio da igreja
cristã hoje. Em países como Estados Unidos, Bélgica e
Inglaterra, o divórcio alcança 60% dos casamentos re-
alizados. No Brasil, segundo os dados do IBGE (2008)
a taxa de divórcio é 25% - um a cada quatro casamen-
tos termina oficialmente em divórcio no Brasil 5. São
índices alarmantes! E o grande desafio para a família
cristã hoje é rejeitar a banalização do casamento e
preservá-lo como ins tuição divina.

JOSUÉ GONÇ ALVES 63

A h istó ria d e n ó s d o is_m io lo .in d d 63 05/03/13 10:06


Criou-se um ditado popular que os casais
dizem antes de se casarem: “Se não der certo,
separe”. Nada mais nega vo do que esse pensa-
mento. A pessoa já entra derrotada no relaciona-
mento, ou predisposta a abandonar o cônjuge na
primeira discussão. É uma resistência à perseve-
rança. É um desperdício de tempo, dinheiro, afeto
e oportunidade. Se nossos avós pensassem assim,
nunca saberíamos o que é uma festa de bodas de
ouro.
Os casais contam belas histórias quando per-
severam diante de todas as dificuldades, saben-
do que cada uma delas é exterior ao casamento.
Quando nos casamos fazemos juras de amor.
Então, ou a pessoa é uma tremenda men rosa, que
disse amar só da boca para fora, ou ela não soube
enfrentar uma adversidade passageira até vencer o
problema e permanecer com a pessoa amada.

64 A H ISTÓ RIA D E NÓS D OIS

A h istó ria d e n ó s d o is_m io lo .in d d 64 05/03/13 10:06


Quando olhamos e ouvimos histórias de ca-
sais que completaram bodas de prata ou bodas de
ouro, por exemplo, ouvimos histórias fantás cas
de superação, verdadeiras lições de vida, que po-
dem ser aplicadas até mesmo na vida social, pro-
fissional e espiritual. A perseverança, a fé de que
venceriam cada obstáculo, o exemplo de união e
unidade, de sen do e propósito de vida tudo
isso só é possível se a linguagem da separação não
fizer parte do vocabulário do casal e da família.
A separação não deve estar em nossos pla-
nos porque a reconciliação faz parte do dever e
do viver cristão. E saiba que a superação de uma
grande dificuldade junto com o seu amor e com
seus filhos (se os ver) tem o poder de fortalecer
ainda mais a sua relação, de unir com maior inten-
sidade e prepará-los para desafios ainda maiores,
para alturas ainda mais elevadas.

JOSUÉ GONÇ ALVES 65

A h istó ria d e n ó s d o is_m io lo .in d d 65 05/03/13 10:06


Quer contar uma boa história? Aprendam a
superar as barreiras juntos.
Dentro deste ponto, quero apresentar a você,
leitor, o que chamo de “TRÊS VERDADES IRRE
FUTÁVEIS SOBRE O DIVÓRCIO”.

PRIMEIRA VERDADE: O divórcio não foi


ins tuído por Deus.

O casamento é fruto do coração amoroso de


Deus. O divórcio é fruto do coração endurecido do
homem. A Bíblia fala do divórcio, mas não o apoia.
Veja o que o próprio Jesus disse sobre o divórcio:

Moisés permi u que vocês se divorciassem de suas


mulheres por causa da dureza de coração de vocês.
Mas não foi assim desde o princípio. (Mateus 19.8)
Deus ins tuiu o casamento, mas a perversão

66 A H ISTÓ RIA D E NÓS D OIS

A h istó ria d e n ó s d o is_m io lo .in d d 66 05/03/13 10:06


humana estabeleceu o divórcio. Não procure na
Bíblia um amparo para o desejo de separação, pois
a separação não representa a vontade de Deus.
Aprenda que, mesmo a Bíblia dizendo haver divór-
cio, não é este o propósito de Deus para o homem
desde o An go Testamento, e o próprio Jesus re-
forçou essa posição no Novo Testamento.

SEGUNDA VERDADE: O divórcio não faz


parte da vontade de Deus.

Embora a Bíblia lide com a questão da per-


missão do divórcio em casos de infidelidade e
abandono (2Corin os 7), ele não é uma decisão
única e obrigatória. Há alterna va? Sim, e uma
alterna va cristã: melhor do que o divórcio é o
perdão e a restauração. Essa alterna va é possível,

JOSUÉ GONÇ ALVES 67

A h istó ria d e n ó s d o is_m io lo .in d d 67 05/03/13 10:06


viável e muitos casais cristãos optam por ela com
pleno sucesso.
Lidamos com a vida e suas ocorrências, e
sabemos que algumas vezes uma viagem não se-
gue o i nerário ideal. No entanto, quando se tem
no coração que o des no a ser seguido aponta em
determinada direção, mesmo havendo um desvio
de percurso, é possível retornar à estrada principal
e seguir em frente. Quando há perdão, o Senhor
age e restaura, cura as feridas e faz descer o seu
bálsamo sobre o casal.

TERCEIRA VERDADE: O divórcio é a quebra


de uma aliança feita na presença de Deus.

O casamento é uma aliança que tem Deus


por testemunha maior e como parte integrante
no pacto. Quando nos casamos, o próprio Deus

68 A H ISTÓ RIA D E NÓS D OIS

A h istó ria d e n ó s d o is_m io lo .in d d 68 05/03/13 10:06


entra em aliança conosco, e é ele quem promove
o sucesso do nosso casamento, pois foi Ele quem
estabeleceu os limites e os princípios que regem
o matrimônio. Romper uma aliança dessa nature-
za é romper com um pacto realizado juntamente
com o Senhor.

E vocês ainda perguntam: “Por quê?” É porque o


Senhor é testemunha entre você e a mulher da sua
mocidade, pois você não cumpriu a sua promessa
de fidelidade, embora ela fosse a sua companheira,
a mulher do seu acordo matrimonial. Não foi o Se-
nhor que os fez um só? Em corpo e em espírito eles
lhe pertencem. E por que um só? Porque ele dese-
java uma descendência consagrada. Portanto, te-
nham cuidado: Ninguém seja infiel à mulher da sua
mocidade. (Malaquias 2.14,15)

A história escrita por um casal tem, como

JOSUÉ GONÇ ALVES 69

A h istó ria d e n ó s d o is_m io lo .in d d 69 05/03/13 10:06


vimos, limites. Quando sentamos para escrever
algo, sabemos que a folha de papel tem seus li-
mites. Não podemos escrever sem levar em conta
onde o papel acaba. Quando chegamos ao final da
linha, vamos para a linha de baixo e avançamos na
história. E há histórias belíssimas!
A redação também tem seus limites: existe o
limite das regras grama cais, regras de ortografia,
acentuação e outras. Não podemos escrever uma
história de qualquer jeito, pois corremos o risco de
não sermos compreendidos pelos leitores. Quan-
do escrevemos, respeitamos as regras e os limites
da língua portuguesa, pois somente assim outras
pessoas podem ler, compreender e apreciar o que
escrevemos.
É assim que surge uma boa história.

70 A H ISTÓ RIA D E NÓS D OIS

A h istó ria d e n ó s d o is_m io lo .in d d 70 05/03/13 10:06


CAPÍTULO 4
MUDANÇAS À VISTA!

A h istó ria d e n ó s d o is_m io lo .in d d 71 05/03/13 10:06


A h istó ria d e n ó s d o is_m io lo .in d d 72 05/03/13 10:06
O problema do casamento são as diferenças
de expecta vas: a mulher acha que o
homem vai mudar após o casamento,
enquanto que o homem acha que a mulher
não vai mudar após o casamento.
Anônimo

Estamos trabalhando duro para escrever


uma história à prova de divórcio. É o obje vo
de todos nós. Para isso, é preciso compreender
as dinâmicas de envolvem a união entre um
homem e uma mulher. A vida a dois é diferente
da vida de solteiro. Quem demora em com-

JOSUÉ GONÇ ALVES 73

A h istó ria d e n ó s d o is_m io lo .in d d 73 05/03/13 10:06


preender isto, demora a fazer os ajustes ne-
cessários e enfrenta problemas que poderiam
ser facilmente evitados.
As mudanças radicais movidas pelo casa-
mento exigem humildade e serenidade para
que o período de transição seja fru fero e pra-
zeroso. Quem não está disposto a se submeter
de modo suficientemente humilde para aceitar
essas mudanças não deve se arriscar a um casa-
mento.
De maneira ampla, quero listar e tecer uns
breves comentários sobre quais são as princi-
pais mudanças que todo casal deve enfrentar.

PRIMEIRA MUDANÇA: Deixar o útero do


lar dos pais para nascer como marido e esposa
em um novo lar.
Toda separação, seja quel for sua natureza,

74 A H ISTÓ RIA D E NÓS D OIS

A h istó ria d e n ó s d o is_m io lo .in d d 74 05/03/13 10:06


implica dor. A separação envolve o rompimen-
to de laços afe vos intensos, confortos e cari-
nhos agradáveis, a perda da proteção e a conse-
quente superexposição repen na. Estou sendo
econômico nas implicações, mas isso tudo está
implícito no processo de cons tuição de um
novo lar. O “deixar” o útero do lar dos pais exi-
ge paciência, compreensão, uma disposição
vigorosa. Do contrário, será um parto abor vo:
a pessoa nem deixa a casa dos pais nem nasce
como marido ou esposa no outro lar.
“Deixar” implica, portanto, dor tanto para
quem sai, como para os que ficam. No entanto,
é necessário haver essa mudança. E aqui eu in-
voco, novamente, as palavras de Jesus que sus-
tentam a minha afirmação sobre essa primeira
mudança:

JOSUÉ GONÇ ALVES 75

A h istó ria d e n ó s d o is_m io lo .in d d 75 05/03/13 10:06


Por essa razão, o homem deixará pai e mãe e se
unirá à sua mulher, e os dois se tornarão uma só
carne. (Mateus 19.5)

Esse “deixar o útero do lar” é traumá co,


repito, pois uma vez que o novo pacto é indis-
solúvel aos olhos de Deus, não devemos esperar
retorno. Aliás, a bem da verdade, é uma grande
distorção da realidade imaginar que, casando-
-se, alguém perderá a família de origem. Não
estou me contradizendo. Explico.
Há moças e rapazes que temem não pode-
rem mais usufruir as regalias da casa dos pais.
No entanto, é preciso separar bem as coisas.
Quando nos casamos, nossos pais não se tor-
nam nossos inimigos. Nossos principais laços
relacionais estavam tecidos com a casa paterna,
porém, uma vez casados, fazemos um novo nó.

76 A H ISTÓ RIA D E NÓS D OIS

A h istó ria d e n ó s d o is_m io lo .in d d 76 05/03/13 10:06


Quando falo nestes laços principais, pen-
so naquilo que diz respeito à responsabilidade,
maturidade e inclinação do novo casal. Eles
não devem contar com a intromissão dos pais
na solução dos seus problemas: rompem com a
família no sen do de que, de agora em diante, é
nova vida, novo lar. No entanto, o carinho, o afe-
to, a atenção de seus pais estarão sempre à dis-
posição. Apenas peço atenção a que saibamos
separar as coisas.
Para ter um exemplo de como isso é ver-
dadeiro, veja as mães já maduras. Quando suas
filhas se casam, elas dizem que “ganharam um
novo filho”, ou as mães dos rapazes costumam
dizer que “ganharam uma nova filha”. Por quê?
Porque elas sabem que a responsabilidade, a
maturidade frente aos problemas, o planeja-
mento e tudo o mais agora depende do novo

JOSUÉ GONÇ ALVES 77

A h istó ria d e n ó s d o is_m io lo .in d d 77 05/03/13 10:06


casal, mas nem por isso elas deixam de ser mães!
Um conselho, portanto, para os novos ca-
sais: saibam separar as coisas sem separar as
pessoas.

SEGUNDA MUDANÇA: Assumir a família


do outro como parte da nova história que es-
creverão.
Penso que todo marido deveria dizer para a
futura esposa algo assim:

A tua família será a minha família. Os teus ir-


mãos serão os meus irmãos. Os teus pais serão
os meus pais.

Esta frase eu parafraseei da resposta de


Rute para Noemi (Rute 1.16). Penso que não
pode ser diferente na nossa experiência. O casa-

78 A H ISTÓ RIA D E NÓS D OIS

A h istó ria d e n ó s d o is_m io lo .in d d 78 05/03/13 10:06


mento necessariamente aproxima duas famílias
inteiras, com tudo o que elas têm a acrescentar
(quer coisas boas, quer coisas ruins!). Casou?
Leve o pacote todo.
E por que eu penso assim? Porque não
existe “ex-mãe”, não existe “ex-pai”, não existe
“ex-irmão”. Uma vez pai, mãe ou irmão, para
sempre pai, mãe ou irmão. Como disse na Pri-
meira Mudança, separamos as coisas, as res-
ponsabilidades, os deveres e obrigações, mas
não podemos “desfiliar” uma moça de suas ori-
gens nem podemos “desfiliar” um rapaz de seus
familiares.
Por isso digo que “Casou? Leva o cunhado,
leva a cunhada, leva a sogra, leva o sogro”.
Por mais que se saiba (e deva) separar de-
terminados aspectos, como estou insis ndo,
sempre haverá o relacionamento familiar pre-

JOSUÉ GONÇ ALVES 79

A h istó ria d e n ó s d o is_m io lo .in d d 79 05/03/13 10:06


sente. Não podemos ser indiferentes às de-
mandas do nosso cônjuge. Imagine se a sua
sogra adoecer e o seu cônjuge, naturalmente,
entristecer-se e preocupar-se. Não faz sen do
você tomar a tudes que demonstrem total falta
de sensibilidade. É preciso ocupar-se do caso,
oferecer ajuda, dispor-se a par cipar.
Tenho defendido a sogra e elaborei uma
frase para ilustrar isso. Tome nota e reflita sobre
ela:

Quem não sabe honrar a sogra cospe no


útero que gerou o amor da sua vida.

Dizer para o nosso cônjuge que nós o ama-


mos, mas não queremos os pais dele ou dela
por perto, é uma estupidez sem tamanho. Se a
minha esposa disser para mim “Meu bem, eu te

80 A H ISTÓ RIA D E NÓS D OIS

A h istó ria d e n ó s d o is_m io lo .in d d 80 05/03/13 10:06


amo. Mas não suporto sua mãe e não a quero
por perto; se ela morrer, não fará falta”, devo
imaginar que ela não me ama, porque quem
ama, trata com dignidade e respeito as pessoas
que são importantes para a pessoa amada.
Deixo uma reflexão para você: um dia você
será sogro ou sogra. E como a lei bíblica da se-
meadura não falha, o que você plantar hoje será
colhido por você amanhã. Fica, então, a dica:
ame os parentes do grande amor da sua vida e
escreva uma verdadeira história de amor!

TERCEIRA MUDANÇA: O casamento implica


dividir a vida com a pessoa amada.

O nosso terceiro ponto é uma mudança da


qual não gostamos, pois por natureza somos

JOSUÉ GONÇ ALVES 81

A h istó ria d e n ó s d o is_m io lo .in d d 81 05/03/13 10:06


egoístas. Temos um pouquinho de narcisismo.
Essa terceira mudança incomoda porque o casa-
mento nos impõe dividir a nossa vidazinha par-
cular e exclusiva com outra pessoa, e respeitar
as suas diferenças. Temos que dividir a cama.
Temos que dividir o quarto. Temos que dividir o
banheiro. Temos que dividir o dinheiro. Temos
que dividir a mesa. Temos que dividir o tempo.
O casamento implica dividir a vida com
outro. Parece um paradoxo: eu deixo pai e mãe
para unir-me à pessoa amada e, em seguida,
devo dividir as coisas! Não deveria somar? Não,
a união divide!
O casamento muda até mesmo a u lização
dos pronomes. Casou? Agora não existe mais o
pronome possessivo singular “meu”: é usado o
cole vo “nosso”.

82 A H ISTÓ RIA D E NÓS D OIS

A h istó ria d e n ó s d o is_m io lo .in d d 82 05/03/13 10:06


Já não cabe mais dizer “meu carro”;
agora é “nosso carro”.
Já não cabe mais dizer “meu dinheiro”;
agora é “nosso dinheiro”.
Já não cabe mais dizer “minha casa”;
agora é a “nossa casa”.
Já não cabe mais dizer é o “teu filho”;
agora é “nosso filho”.
São “nossas batalhas”, “nossas tristezas”,
“nossas alegrias”.

Viu como muda?


Não resista a abrir-se para essa realidade
sobre o pacto de casamento. A felicidade na
vida a dois depende diretamente da rapidez e
da forma de assimilação dessa mudança. Inde-
pendentemente de quem será seu companhei-
ro ou companheira, terá que aprender a dividir

JOSUÉ GONÇ ALVES 83

A h istó ria d e n ó s d o is_m io lo .in d d 83 05/03/13 10:06


tudo. Essa mudança está presente em todas as
uniões e aqueles que encontram dificuldades
para admi -la retardam diversas outras bên-
çãos, alegrias e o próprio amadurecimento que
ela proporciona.
Ajuste-se ao seu cônjuge o quanto antes e
aprenda a dividir a carga, o dia a dia, os proje-
tos. Sim! Pois não se divide apenas o que é ruim
– as coisas boas estão inclusas e você terá com
quem dividir as suas alegrias e vitórias também.
O casamento traz novos componentes: o
dever e a responsabilidade. Casar é deixar a in-
dependência ou dependência e assumir a inter-
dependência.

84 A H ISTÓ RIA D E NÓS D OIS

A h istó ria d e n ó s d o is_m io lo .in d d 84 05/03/13 10:06


QUARTA MUDANÇA: Devo viver para
fazer o outro feliz.

Das muitas mudanças promovidas pelo


casamento, esta talvez seja a mais empolgante.
O casamento é uma missão, e essa missão é vi-
ver para fazer o outro feliz.
Parte do seu projeto de vida, agora, é esfor-
çar-se para que a felicidade seja uma realidade
plena na vida de outra pessoa. Isso tem impli-
cações? Sim, implica renúncia da sua parte, im-
plica abrir mão, ceder. E como você pode notar,
relaciona-se com as mudanças anteriores. Per-
ceba que é uma cadeia de acontecimentos, de
modo que queimar ou pular etapas pode com-
prometer todo o projeto.
Siga, portanto, as mudanças e as mudanças
farão com que os bons resultados sigam você e
seu lar.

JOSUÉ GONÇ ALVES 85

A h istó ria d e n ó s d o is_m io lo .in d d 85 05/03/13 10:06


Vejamos na Bíblia uma base para esta afir-
mação. Leia o que está em Deuteronômio 24.6:

O homem recém-casado não sairá à guerra. Por


um ano ficará livre em sua casa, promovendo fe-
licidade a mulher que tomou.

Memorize isso: “Casar é abraçar a missão


de fazer o outro feliz”. O amor real tem essa ca-
racterís ca de que poucas pessoas se dão conta:
à medida que cuidamos em fazer o próximo fe-
liz, nós é que somos recompensados. Quando
estou empenhado em tornar feliz a vida da pes-
soa amada, esse amor semeado é colhido tam-
bém por mim.
Quem não vive para fazer o cônjuge feliz,
nunca será feliz.
Se você não viver para fazer seu marido fe-

86 A H ISTÓ RIA D E NÓS D OIS

A h istó ria d e n ó s d o is_m io lo .in d d 86 05/03/13 10:06


liz ou sua esposa feliz, você nunca saberá o que
é felicidade. Isso porque parte do projeto ma-
trimonial previsto por Deus para você não está
sendo considerado nem buscado e, consequent-
emente, não está sendo realizado. Deus quer ca-
sais e famílias felizes e por isso incumbiu-nos de
cuidar da felicidade uns dos outros. Veja como
Paulo explica isso:

O homem que não é casado preocupa-se com as


coisas do Senhor, em como agradar ao Senhor.
Mas o homem casado preocupa-se com as coisas
deste mundo, em como agradar sua mulher [...]
Tanto a mulher não casada como a virgem preo-
cupam-se com as coisas do Senhor, para serem
santas no corpo e no espírito. Mas a casada pre-
ocupa-se com as coisas deste mundo, em como
agradar seu marido. Estou dizendo isso para o
próprio bem de vocês [...]. (1Corin os 7.32-35)

JOSUÉ GONÇ ALVES 87

A h istó ria d e n ó s d o is_m io lo .in d d 87 05/03/13 10:06


Se um irmão disser para mim: “Eu sou feliz”
– mas deixou a esposa chorando, com o coração
ressen do por causa da sua indiferença – essa
felicidade não é segundo Deus. Devo presumir
que tal felicidade é segundo o Diabo, pois só é
possível ser feliz de fato quando se faz o outro
feliz.
Viver a vida é viver para fazer o outro feliz.

QUINTA MUDANÇA: Sair da


independência para a interdependência.

Quando toco neste ponto vem à minha


mente uma chave para entendê-lo em poucas
palavras: prestação de contas.
Este é outro ponto no qual tenho insis ndo,
do mesmo modo como venho “promovendo” a

88 A H ISTÓ RIA D E NÓS D OIS

A h istó ria d e n ó s d o is_m io lo .in d d 88 05/03/13 10:06


sogra. E faço questão de insis r, pois a repe ção
gera o hábito e ajuda a fixar aquilo que não está
bem fixado em nossa mente e em nosso coração.
Prestar contas é levantar um muro de pro-
teção em torno do coração, da mente, da vida.
O casamento em que não se cul va o hábito
de prestar contas fica vulnerável. E essa vulne-
rabilidade ocorre diante daquele que é o nosso
principal adversário: o Diabo.
Maridos devem prestar contas à esposa.
Esposas devem prestar contas ao marido. O
casamento implica prestação de contas e pen-
so que todo aquele que se dispõe a unir-se em
casamento precisa, irremediavelmente, refle-
r sobre esta questão, pois ela é fundamental
na consolidação de uma união do po “uma só
carne”.
Ignorar a interdependência é a mesma coi-

JOSUÉ GONÇ ALVES 89

A h istó ria d e n ó s d o is_m io lo .in d d 89 05/03/13 10:06


sa que não se unir em uma só carne com seu
cônjuge e ataca frontalmente o princípio divino
para o casamento. Decorre daí que não é pos-
sível esperar bons frutos, nem longevidade,
nem felicidade, nem bênçãos, pois o Senhor não
abençoa nem faz prosperar uma união na qual
não há união! Pode soar estranha essa úl ma
afirmação, mas a falta de interdependência é o
diagnós co da ausência de união e unidade.
Casais que não pra cam a interdependência
não se uniram ainda. Em outras palavras, ainda
não desfrutam o que chamamos de casamento.
Podem ter feito uma bela cerimônia, podem ter
gasto dinheiro com uma festa requintada, po-
dem ter feito a viagem dos sonhos, podem ter
gasto uma fortuna na montagem e decoração
de uma casa ou apartamento, mas não uniram
o principal: a sua alma, a sua devoção pela pes-

90 A H ISTÓ RIA D E NÓS D OIS

A h istó ria d e n ó s d o is_m io lo .in d d 90 05/03/13 10:06


soa amada. Eles não se deram por inteiro, pois
ainda guardam reservas par culares, escondem
nos recônditos do seu coração suas fantasias,
nutrem um desejo pelo privado e todas essas
coisas são nocivas à saúde de um lar.
Essas são algumas das mudanças pontuais
que devem ocorrer em um pacto, mudanças que
preparam o ambiente no lar para a composição
de uma boa história de amor que valha a pena
ser contada aos quatro cantos.
Não paramos, porém, aqui. Além das mu-
danças, os casamentos, em geral, têm fases. Ve-
jamos no próximo capítulo algumas coisas inte-
ressantes sobre as fases no casamento.

JOSUÉ GONÇ ALVES 91

A h istó ria d e n ó s d o is_m io lo .in d d 91 05/03/13 10:06


A h istó ria d e n ó s d o is_m io lo .in d d 92 05/03/13 10:06
CAPÍTULO 5
FASES? O CASAMENTO NÃO
É UM JOGO DE VIDEOGAME

A h istó ria d e n ó s d o is_m io lo .in d d 93 05/03/13 10:06


A h istó ria d e n ó s d o is_m io lo .in d d 94 05/03/13 10:06
O valor do casamento não está no fato de
adultos produzirem crianças, mas de crianças
produzirem adultos.
Peter de Vries

Você já deve ter observado um adolescen-


te jogar videogame. Na maioria dos joguinhos,
os “atletas” humanos precisam passar de fase
em fase para avançar no jogo. Cada fase tem
um cenário, tem suas dificuldades próprias, e
cada dificuldade vencida dá pontos de crédito

JOSUÉ GONÇ ALVES 95

A h istó ria d e n ó s d o is_m io lo .in d d 95 05/03/13 10:06


– maior a dificuldade, maior a pontuação – até
que, finalmente, quando são bons no que fazem
e chegam à úl ma fase, vencem o jogo!
Se você já notou, a garotada que começa a
jogar não vence “de cara”, facilmente. Eles ficam
uns dias na primeira ou nas primeiras fases. Per-
dem e repetem; perdem e repetem por horas.
Aí vem um amiguinho deles e dá alguma dica,
algum macete, e eles conseguem passar pela
dificuldade de cada fase.
À medida que os garotos ficam bons, outros
amiguinhos passam a procurá-los para obter
informações sobre boas jogadas que os façam
passar de fase. Com o tempo, eles também já
podem dar suas dicas. Logo essa relação trans-
forma-se em “uma rede social” na sua casa –
quem tem filhos adolescentes sabe bem como
é isso, salvo se o seu filho joga online. Aí é outro

96 A H ISTÓ RIA D E NÓS D OIS

A h istó ria d e n ó s d o is_m io lo .in d d 96 05/03/13 10:06


papo um está em São Paulo, outro em Nova
Iorque e outro ainda em Pequim. Pois é, as fases
dos joguinhos “caseiros” também já está fican-
do para trás, não é mesmo?
O que quero dizer é que o casamento não
se parece com um jogo de videogame, no qual
ou você vence ou você perde. O casamento é
uma história de amor com muitas fases que de-
vem ser superadas conjuntamente. Cada fase
tem a sua situação e as dificuldades próprias.
Enquanto atravessa essas fases, cada um de nós
também precisa da ajuda de gente mais ma-
dura, que nos dá dicas para avançarmos até às
fases seguintes. E com o tempo, teremos uma
rede de casais amigos que se relacionam em
companheirismo para se fortalecerem, alimen-
tarem e encorajarem uns aos outros.
Neste capítulo, quero tratar especifica-

JOSUÉ GONÇ ALVES 97

A h istó ria d e n ó s d o is_m io lo .in d d 97 05/03/13 10:06


mente de algumas dessas fases mais comuns
encontradas na história de um casal.

PRIMEIRA FASE: A fase do encantamento.

Gosto dessa fase. E eu a acho, de certo


modo, uma fase “engraçada”. Às vezes, viajo
para Gramado, na serra gaúcha, onde muitos
jovens casais passam a lua de mel. Lá é comum
encontrarmos casais na fase do encantamento.
Es ve em Paris com a minha esposa para
comemorarmos as nossas bodas de prata, os
nossos 25 anos de casamento. E, uma vez na
França, fomos até os Alpes franceses. Lá eu tam-
bém observei os casais em lua de mel.
Vou dizer por que a fase do encantamento é
interessante. Nessa fase, cada parte do casal não

98 A H ISTÓ RIA D E NÓS D OIS

A h istó ria d e n ó s d o is_m io lo .in d d 98 05/03/13 10:06


vê a outra parte como realmente é. O maridinho
não vê a esposinha como ela é e a esposinha
não vê o maridinho como ele é. Cada um vê a
projeção que fez; cada um vê no outro aquilo
que imaginou para si. Olham um para o outro,
mas não veem o que são: veem o que querem
ver. Só isso.
Na fase do encantamento tudo é – ob-
viamente – “encantado”. É um conto de fadas.
Nessa fase, por exemplo, ela não ouve (ou vê)
o ronco dele como estorvo, incômodo. O ronco
soa como uma “sinfonia angelical”. Nessa fase,
as esposinhas encantadas seriam capazes de
pedir que eles repe ssem o ronco:
– Ronca, meu fofinho.
E ele roncaria... Não é assim?
É nessa fase que a inspiração para a poe-
sia vem até mesmo quando ela baba durante o

JOSUÉ GONÇ ALVES 99

A h istó ria d e n ó s d o is_m io lo .in d d 99 05/03/13 10:06


sono. E os maridinhos encantados diriam:
– Baba, minha babadinha, porque “até
babada você é uma gracinha”.
Não é assim?
Essa é uma fase maravilhosa. É uma fase
quando não vemos os defeitos da pessoa ama-
da. Ou se você não quiser chamar de “defeitos”,
podemos chamar de “imperfeições”.
Ele é o seu príncipe, ela é sua princesa. É
uma fase fantás ca, fase pela qual a maioria dos
casais passam sem maiores problemas.

SEGUNDA FASE: A fase do desencantamento.

A segunda fase eu a chamo de fase do de-


sencantamento.
Agora os dois estão em outra situação.

100 A H ISTÓ RIA D E NÓS D OIS

A h istó ria d e n ó s d o is_m io lo .in d d 100 05/03/13 10:06


Caíram na real e começaram a entender que
não existe casamento sem papel higiênico. O
que era cheirosinho também tem seus períodos
de “fedidinho” – ou “fedidinha”. O pezinho deli-
cado também pode ter um chulezinho.
Não existe casamento sem determinadas
inconveniências. A permanência no mesmo am-
biente forçosamente revela cada um de nós nas
mais diversas situações. A tensão pré-menstrual
e as irritações dela, os acessos de raiva e a im-
paciência dele. Essa é a fase quando o príncipe
azul desbota e a princesinha cheirosa perde o
seu buquê. É a fase do desencantamento: sai o
encanto e entra em cena a verdade “nua e crua”,
como costumamos dizer.

JOSUÉ GONÇ ALVES 101

A h istó ria d e n ó s d o is_m io lo .in d d 101 05/03/13 10:06


TERCEIRA FASE: A fase do crescei e
mul plicai-vos.

Avançamos e chegamos à terceira fase, que


já é bem mais complexa, embora não impos-
sível de superar. Essa fase é interessante porque
inaugura ou estabelece a maternidade e a pa-
ternidade na vida do casal.
E essa é uma fase delicada.
Se o casal não for sensível e não ver dis-
cernimento e maturidade para administrar as
implicações da nova situação de maternidade e
paternidade, pode haver rompimento.
A chegada de uma nova vida na relação
de vocês exige que os laços originais estejam
bem ajustados. Digo isto porque vemos casais
que sofrem com a chegada de um filho ou uma
filha. A nova situação modifica radicalmente as

102 A H ISTÓ RIA D E NÓS D OIS

A h istó ria d e n ó s d o is_m io lo .in d d 102 05/03/13 10:06


situações iniciais. A primeira fase já passou e a
segunda é transformada pelo novo cenário que
surge com a chegada de um ou mais filhos.
Há uma dica, porém, um macete que ajuda
o casal a enfrentar essa nova fase e sair vito-
rioso: o diálogo e o planejamento. Querem ter
filhos? Desejam crescer e mul plicar-se? Tudo
isso é bom e orientado pelo próprio Senhor. Está
na Bíblia. Conversem, porém, e planejem.
E mais: antecipem-se aos problemas. Vi-
sualizem o horizonte antes de chegarem a ele.
Combinem, conversem, simulem situações e
entrem em acordo sobre como enfrentar e sair
delas. Não deixem para resolver os conflitos no
calor do problema.
Tenho um amigo, pastor, que permaneceu
casado por dez anos antes de ter o primeiro
filho. É um bom tempo dez anos! Um belo dia,

JOSUÉ GONÇ ALVES 103

A h istó ria d e n ó s d o is_m io lo .in d d 103 05/03/13 10:06


a esposa veio com a conversa de que precisa-
vam “passar de fase”; ela queria um filho. Eles,
então, passaram a conversar constantemente.
Cada um falava o que imaginava, o que pensava.
Ela engravidou, e eles con nuaram a con-
versar, combinar, fazer acordos, antes que o
filho e alguns inconvenientes surgissem. Eles
falaram sobre coisas como:
– quando quisermos ir ao cinema, vamos
deixar o bebê com quem? Combinaram que não
dependeriam da família para essas coisas;
– quando um es ver disciplinando o filho,
o que o outro fará? Ficará quieto para não -
rar a autoridade de quem es ver disciplinando
o filho;
– quando houver um possível conflito en-
tre os três, que posição irão tomar? O casal é o
laço original da família; os filhos se casam e vão

104 A H ISTÓ RIA D E NÓS D OIS

A h istó ria d e n ó s d o is_m io lo .in d d 104 05/03/13 10:06


embora. Portanto, num conflito que envolva a
todos, o filho será orientado e amado, mas pre-
valecerá a posição do casal: o casal ficará unido
e o novo membro deverá ajustar-se enquanto
es ver debaixo do mesmo teto.
Esses são alguns exemplos de coisas que
foram “costuradas” e combinadas nas conver-
sas que veram enquanto esperavam a chegada
do bebê. O garoto nasceu (hoje já está com sete
anos de idade) e o casal pode contar vitória so-
bre essa fase. Pra camente, em 99% dos casos
de conflitos que envolveram o filho, sua educa-
ção, disciplina e tudo o mais, os acordos sobre
como resolver as questões já nham sido feitos
com antecedência, com o clima e o sangue frios.
Eles venceram a batalha antes mesmo que ela
aparecesse no horizonte.
Este é um bom modo de antecipar-se aos

JOSUÉ GONÇ ALVES 105

A h istó ria d e n ó s d o is_m io lo .in d d 105 05/03/13 10:06


problemas da terceira fase e superá-los sem
combates e sem derrotado e vencedor.

TERCEIRA FASE, PARTE “B”: A fase


de aprender a ser pai e a ser mãe.

Existe, digamos, “outra fase” dentro da fase


da preparação para a maternidade e a paterni-
dade. Falo de aprender a ser mãe e aprender a
ser pai.
Há uma estreita relação entre a teoria e a
prá ca, em quase tudo. E não seria diferente na
questão de ter filhos. Toda mãe é a maior mãe
do mundo até nascer o seu primeiro filho.
Costumo observar as futuras mães; obser-
vo como as mulheres que não têm filhos falam
daquelas que os têm. Veja se você já notou uma

106 A H ISTÓ RIA D E NÓS D OIS

A h istó ria d e n ó s d o is_m io lo .in d d 106 05/03/13 10:06


situação como essa. As mães que não têm fi-
lhos, quando veem como as mães de fato lidam
com as situações que surgem, dizem:
– Ah, se fosse meu... Ah, se fosse eu ali...
Passa o tempo, e aquelas que falaram têm o
seu próprio filho. O que acontece? Muitas delas
não sabem o que fazer! Isso quando não fazem
pior do que a mãe que foi cri cada.
O mesmo parece acontecer com os futuros
pais. Todo pai é o maior e melhor pai do mundo
até nascer o seu primeiro filho. E não preciso
dizer o que acontece daqui para frente, pois o
mesmo que acontece às mães, acontece aos
pais.

JOSUÉ GONÇ ALVES 107

A h istó ria d e n ó s d o is_m io lo .in d d 107 05/03/13 10:06


TERCEIRA FASE, PARTE “C”: A fase do
conflito de gerações.

Depois de decidirem ter filhos, a vida do


casal muda. Você já deve ter notado isso ou ou-
vido comentários a respeito. Até o meu texto
mudou depois que toquei no tema “filhos”.
O conflito de gerações é real. Penso na ge-
ração do meu pai, naquele conjunto de informa-
ções de que ele dispunha, naquele conjunto de
certezas que ele nutria e como esses conjuntos
que habitavam a consciência dele foram usados
na minha educação.
Meu pai me levava para a olaria de carroça.
A carroça era puxada por um burro. As rodas não
nham pneus de borracha, eram de ferro e esse
ferro entrava em contato direto com o chão.
Imagine que coisa horrorosa. Creio que

108 A H ISTÓ RIA D E NÓS D OIS

A h istó ria d e n ó s d o is_m io lo .in d d 108 05/03/13 10:06


muitos hoje não sabem sequer o que é uma
olaria. Alguns de nossos filhos pequenos talvez
jamais tenham visto uma carroça.
Vamos em frente. Para calçar nossos pés,
meu pai comprava Kichute. Sabe o que é um par
de Kichute? Se não sabe, pergunte ao seu mari-
do; ele deve saber. Algumas famílias nham por
hábito calçar seus filhos com Conga, outras com
Bamba “cabeção”.
Aparelho telefônico? Era quase impossível
ter um. No tempo do meu pai, eram raras as
famílias que nham telefone. Tempos atrás, era
preciso comprar uma linha, que era caríssima.
Era um inves mento quase equivalente a com-
prar um automóvel. Depois era preciso esperar
a disponibilidade de uma linha e, em seguida, a
instalação. Era muito diferente.
Na minha época, já melhorou um pouco.

JOSUÉ GONÇ ALVES 109

A h istó ria d e n ó s d o is_m io lo .in d d 109 05/03/13 10:06


Hoje você liga para a companhia telefônica
da sua região, faz o pedido e na mesma semana
já fala ao telefone em casa, pagando uma taxa
mensal baixa e mais a conta daquilo que usar.
Hoje vejo meu filho Pedro, por exemplo,
que nunca andou de carroça puxada por um
burro. Ele nunca calçou um Kichute, um Conga
hoje usa-se Nike, Puma.
Na minha infância, eu fazia os carrinhos
para brincar. Eu e muita gente. Fazíamos carri-
nhos de madeira, fazíamos carrinho de rolimã
e andávamos na rua com eles. Íamos ao mato
e cortávamos o bambu, descascávamos e fazía-
mos as varetas. Depois fazíamos as pipas para
empinar em algumas regiões do Brasil, elas
são chamadas de “barrilete”, “quadrado” ou
“papagaio”.
Hoje não. Os meus filhos não querem nem

110 A H ISTÓ RIA D E NÓS D OIS

A h istó ria d e n ó s d o is_m io lo .in d d 110 05/03/13 10:06


jogar dominó comigo porque “é coisa de velho”
– dizem eles. O negócio hoje é digital. É Playsta-
on, é X-box e tantos outros jogos na internet.
Às vezes, observo os meninos enquanto
brincam e não sei nem como é que funciona
aquilo. E o pior é que nós queremos lidar com
os nossos filhos pensando como pensávamos há
40 anos atrás. E dizemos:
– No meu tempo, era diferente. Vocês têm
que ser como eu.
Esse tempo ou essa fase já passou, assim
como o nosso tempo em relação ao dos nossos
pais. Quer falar a mesma língua de seus filhos?
Então há uma alterna va: aprenda a lidar com
as novas tecnologias digitais. Do contrário, você
não saberá lidar com seus filhos, e que dirá com
seus netos.
O conflito de gerações é um subproduto da

JOSUÉ GONÇ ALVES 111

A h istó ria d e n ó s d o is_m io lo .in d d 111 05/03/13 10:06


fase da maternidade e da paternidade. Estou fa-
lando da ro na pica de um garotão que está na
pré-adolescência. Depois há o desafio chamado
adolescência. A fase da adolescência costuma
ser tão di cil para o adolescente quanto para
os pais do adolescente. É uma fase dificílima.
Depois vem a fase gostosa, a da “missão cum-
prida”, quando o pai vai à formatura do filho e
diz algo mais ou menos assim:
– Aleluia! Venci! Meu filho virou homem e
está pronto para vencer na vida.
E ainda não acabou, pois os filhos são para
sempre. Aí chega a fase dos ques onamentos
e redefinições. Essa fase também é conhecida
como “a síndrome do ninho vazio”. Os pais que
se concentraram e se dedicaram tanto aos filhos,
durante anos a fio, agora os veem se casarem e
irem embora. O casal volta para casa, senta-se

112 A H ISTÓ RIA D E NÓS D OIS

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para tomar um chá e um pergunta para o outro:
– Quem é você?
Ela havia perdido ele de vista em função
dos filhos. Ele havia perdido ela de vista em
função dos filhos. Então vem a fase dos ques o-
namentos e das redefinições. Essa fase não é de
todo ruim, pois é seguida por outra fase muito
agradável, que é a fase da reintegração. Agora
eles se redescobrem e compreendem que po-
dem viver a vida tão sonhada. Os filhos casaram
e eles podem ir pescar ou fazer a viagem dos
sonhos em paz, sem aquela preocupação:
– Com quem meu filho está agora? Com
quem o meu filho saiu? Será que há alguém em
casa? Será que estão cuidando bem dele?
Vocês descobrirão que esta fase deve ser
vivida com intensidade um para o outro. Eu es-
pero chegar lá, em nome de Jesus.

JOSUÉ GONÇ ALVES 113

A h istó ria d e n ó s d o is_m io lo .in d d 113 05/03/13 10:06


Quando você vê a história por essa perspec-
va, deve imaginar que vale a pena construir
juntos uma história digna de ser contada. É pre-
ciso chegar lá e chegar bem. Seus filhos e netos
falarão e contarão com a boca cheia a história
de vocês. Vale a pena!

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CONCLUSÃO

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O casamento é um livro cujo primeiro capítulo é
escrito em verso e os demais, em prosa.
Beverly Nichols

Preste atenção a essa fotografia. Quantos


filhos você vê nela? São seis filhos.

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A h istó ria d e n ó s d o is_m io lo .in d d 117 05/03/13 10:06


Preste atenção na cama: só tem dois pés.
Do outro lado, há dois jolos que a sustentam.
A galinha e o cachorro têm acesso livre ao
quarto porque ele não tem porta. Há uma única
cama neste quarto.
Repare que as crianças estão dormindo e
têm na face um sorriso discreto. Estão dormin-
do com uma expressão facial de alegria, de feli-
cidade.
Preste atenção. Há uma goteira caprichosa-
mente situada em cima da cama, vertendo na
cabeça do pai; para evitá-la, foi improvisado um
guarda-chuva.
Deus, quando pensou a família, não pen-
sou em criá-la como um campo de concentra-
ção. Deus, quando pensou a família, não pen-
sou em criá-la como um ambiente de conflitos
intermináveis. Deus, quando pensou a família,

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A h istó ria d e n ó s d o is_m io lo .in d d 118 05/03/13 10:06


não pensou em criá-la para ser um lugar de pa-
tologias, um lugar tóxico. Deus, quando pensou
a família, não pensou em um lugar onde as pes-
soas iriam como a um hotel ou pensão, apenas
para dormir e sair no dia seguinte sem ter-se co-
nectado a ninguém.
Quando Deus pensou o casamento, quando
Deus pensou a família e o lar, Ele pensou em
um ambiente e uma estrutura para nutrição. Ele
pensou em um ambiente para o nosso cresci-
mento. Ele pensou em um cenário onde todos
pudessem se reabastecer depois de um dia de
muito trabalho e estudo.
Quando Deus pensou a família, Ele pensou
exatamente nisso.
Deus quer que a sua casa seja o melhor
lugar do planeta para você e sua família esta-
rem.

JOSUÉ GONÇ ALVES 119

A h istó ria d e n ó s d o is_m io lo .in d d 119 05/03/13 10:06


Sua história de amor pode ser melhor do
que ela é hoje, pois podemos mudar o rumo de
qualquer história que ainda não tenha chegado
ao seu fim. Sua história de amor pode ser tão
grandiosa como demonstrado nessa fotografia
tão suges va, onde as pessoas têm prazer e sa-
sfação em conviver.
Nenhuma história de amor vem pronta.
Você decide como será a sua história. Você de-
cide como ela terminará. Você decide o que
haverá de posi vo ou de nega vo na história
que é sua, pois nós mesmo escrevemos a nossa
história – ela não é escrita por alguém de fora.
Eu estou escrevendo a minha, e confesso
que está sendo muito interessante. Meu pai
escreveu a dele. Encontrei aspectos preciosos
na história dele, que eu trouxe para a minha
história e estou passando como cultura familiar

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A h istó ria d e n ó s d o is_m io lo .in d d 120 05/03/13 10:06


para a história dos meus filhos.
Como você está escrevendo a sua história?
Como você deseja que a sua história fique re-
gistrada para as gerações seguintes? Será uma
história de terror ou um legado? Dá para ser
bem melhor do que está sendo, ou seja, sempre
é possível melhorar o enredo de nossa história.
Sabe quando é que a história é construída
de uma forma que vallha a pena ser contada?
Quando Deus é o Senhor absoluto de todas as
fases, mudanças e limites da nossa história.
É por isso que há anos eu tenho nutrido um
hábito. E que bom se todos adquirissem esse
hábito. Todos os dias pela manhã, a primeira
coisa que faço quando levanto da cama é dobrar
os meus joelhos – onde quer que eu esteja, num
hotel ou na minha casa. Em seguida eu oro:
– Senhor, venha o teu Reino. Venha o teu

JOSUÉ GONÇ ALVES 121

A h istó ria d e n ó s d o is_m io lo .in d d 121 05/03/13 10:06


governo. Venha o teu domínio. Venha a tua so-
berania.
Quando Deus está envolvido na sua história,
pactuado com você, não há como o Diabo que-
rer ser um personagem na sua vida. Quando
Deus está envolvido como Senhor da história
da nossa vida, não há como o Diabo se envolver
nela para mudar o enredo.
A sua vida e a sua família estão nas mãos
de Deus, pois ele é quem está escrevendo com
você uma nova história. É como bem diz a canção:

Uma nova história Deus tem pra mim


Um novo tempo Deus tem pra mim.

É essa história que vocês dois estão constru-


indo, uma história de vida conjugal que valha a
pena contar para os filhos e netos!

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A h istó ria d e n ó s d o is_m io lo .in d d 122 05/03/13 10:06


ORAÇÃO
“Nosso Deus e nosso pai, contempla-me
agora. Senhor, preciso de uma resposta que
venha de , preciso de um movimento do Teu
Espírito em minha vida, preciso da manifesta-
ção da Tua graça, da Tua glória e do Teu poder.
Minha oração é que o Senhor comece a fazer
algo de extraordinário e que, após a leitura
deste livro, eu e minha família possamos juntos
dizer: ‘Valeu a pena! Deus marcou a nossa vida.
Deus começou algo novo no nosso casamento.
Deus começou algo diferente na nossa família’.”
“Age, Senhor. Quebra todos os laços. Que-
bra todas as cadeias. Quebra todas as armadi-
lhas do maligno. Aplica o poder do sangue ver-
do da cruz do Calvário sobre mim e minha
família. Move-te, ó Deus, com toda liberdade

JOSUÉ GONÇ ALVES 123

A h istó ria d e n ó s d o is_m io lo .in d d 123 05/03/13 10:06


no nosso meio. Envia sobre nós um ba smo de
alegria. Envia sobre nós um ba smo de amor.
Envia sobre nós um ba smo com o Espírito San-
to. Que a tua unção esteja sobre todos aqui e
que entremos em um tempo de refrigério, de
renovação, de cura e de libertação. Em nome de
Jesus. Amém.”

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