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O Brasil possui a maior diversidade genética em espécies de plantas no mundo, porém,

menos de 10% foram avaliadas quanto as suas características biológicas e, menos de 5%


foram submetidas a estudos fitoquímicos detalhados. Apesar de um recente aumento de
pesquisas nesta área, as plantas ainda constituem uma fonte relativamente subutilizada e,
potencialmente, muito valiosa para descoberta de novas substâncias biologicamente
ativas (DO AMARANTE, 2011).

A utilização de plantas com fins medicinais, para tratamento, cura e prevenção de


doenças, é uma das mais antigas formas de prática medicinal da humanidade, sendo que
a vegetação da Caatinga apresenta grande potencial botânico, porém pouco explorada
quanto ao conhecimento da constituição química e do potencial terapêutico dos seus
vegetais, assim o interesse pela descoberta dos constituintes do metabolismo secundário
destas plantas tem estimulado a busca, nos vegetais, de compostos com atividades
farmacológicas. A fitoquímica tem colaborado para o conhecimento da constituição
química dos vegetais, suas propriedades e funções, direcionando sua utilização, seja como
alimentos ou fármacos, confirmando ou não sua indicação no conhecimento popular
(JUNIOR, 2005; BEZERRA et al., 2011).

O conhecimento prévio dos componentes químicos encontrados nos vegetais é


necessário, pois fornece a relação dos seus principais metabólitos. Uma vez detectada a
presença de determinados grupos químicos, direciona-se para futuras análises
(BEZERRA, 2011).

Compostos bioativos são quase sempre tóxicos em altas doses. Desta maneira, a avaliação
da letalidade em um organismo animal menos complexo pode ser usada para um
monitoramento simples e rápido durante o fracionamento de extratos. O ensaio de
letalidade para larvas de Artemia salina tem sido introduzido na rotina de muitos grupos
de pesquisa envolvidos com isolamento, purificação e elucidação estrutural, já que muitos
laboratórios de fitoquímica não estão preparados para a realização de ensaios biológicos
(RUIZ, 2005).

Para os testes de toxicidade são escolhidos os organismos-teste, selecionados de acordo


com a sua abundância, com a facilidade de se manter ou de se cultivar em laboratório,
com a sua representatividade no ecossistema, com a sua sensibilidade, e com a
disponibilidade de informação suficiente (FERREIRA, 2006).
O bioensaio de toxicidade com Artemia salina é em geral simples, rápido, sensível e
barato, e consiste na estimativa da concentração de uma substância através da medida de
uma resposta biológica, na qual existe apenas um parâmetro envolvido: vida ou morte. O
ensaio de letalidade permite a avaliação da toxicidade aguda e, portanto, é considerado
essencial como bioensaio preliminar no estudo de compostos com potencial atividade
biológica, sendo atualmente aceito pela comunidade científica (CAVALCANTE, 2000).

Referências bibliográfica

DO AMARANTE, C. B.; MOURA, P, H, B.; UNO, W, S.; PRADO, A, F. Estudos


farmacognósticos, fitoquímicos, atividade antiplasmódica e toxicidade em Artemia
salina de extrato etanólico de folhas de Montrichardia linifera Arruda.
ENCICLOPÉDIA BIOSFERA, Centro Científico Conhecer. v.7, n. 12, p. 1-6, 2011.

BEZERRA, D. A. C., RODRIGUES, F. F. G., COSTA, J. G. M., PEREIRA, A. V.,


SOUSA, E. O., RODRIGUES, O. G., Abordagem fitoquímica, composição
bromatológica e atividade antibacteriana de Mimosa tenuiflora (Wild) Poriet e
Piptadenia stipulacea (Benth) Ducke, ACTA SCIENTARIUM BIOLOGICAL
SCIENCES, v.3, n.1, p. 99-106, 2011.

CAVALCANTE, M. F.; OLIVEIRA, M. C. C.; VELANDIA, J. R.; ECHEVARRIA, A.


Síntese de 1,3,5-triazinas substituídas e avaliação da toxicidade frente a Artemia salina
Leach. QUIMICA NOVA, v.20, n.1, p. 20-22, 2000.

FERREIRA, A. A., OLIVEIRA, P. M., EVANGELISTA, E. A., ALVES, R.B.,


PIZZIOLLO, V.R., BRASILEIRO, B. G., RODRIGUES, F.M.O., SILVEIRA, D.,
RASLAN, D.S. Atividades biológicas das partes aéreas de Ipomoea cairica
(Convolvulaceae), REVISTA BRASILEIRA DE PLANTAS MEDICINAIS, v.8, n.2, p.
14-18, 2006.

JUNIOR, V. F. V., PINTO, A. C., MACIEL, M. A. M. Plantas medicinais: cura segura?


QUIMICA NOVA, v. 28, n.3, p. 519-528, 2005.

RUIZ, A. L. T. G., MAGALHÃES, E. G., MAGALHÃES, A. F., FARIA, A. D.,


AMARAL, M. C. E., SERRANO, D. R., ZANOTTI-MAGALHÃES, E. M.,
MAGALHÃES, L. A., Avaliação da atividade toxica em Artemia salina e Biomphalaria
glabrata de extratos de quatro espécies do gênero Eleocharis (Cyparaceae). REVISTA
BRASILEIRA DE FARMACOGNOSIA, v.15, n.2, p.98-102, 2005.

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